Blog de Carmen Lúcia

Foto de Carmen Lúcia

Como esconder a verdade?

Quem sabe se eu risse aos cântaros,
mostrasse a face desconhecida,
riso imbuído de mágoas,
de futilidades estabelecidas,
abrir-se-ia novo cenário,
passarelas de falsos amigos
cobrindo-me de flores surradas
assim como seus parcos sorrisos
querendo brindar comigo
o riso forçado e inibido,
enquanto os soluços da alma
irrompem por serem traídos...

Quem sabe se até gargalhasse
e virasse de pernas pro ar,
um palco seria estendido
para meu personagem atuar
cenas banais, amores persuadidos,
aplausos soariam tão fortes
como a mentira conivente
da intérprete que transborda e mente
uma reles história irrisória,
enquanto por dentro chora
a sua verdade escondida,
essência que a ninguém interessa,
o que ninguém mais apreça,
e o que tanto espero...

Valores já esquecidos,
como chorar num ombro amigo
meu pranto sincero.

Carmen Lúcia

Foto de Carmen Lúcia

Momento certo

Só me pronunciarei no momento exato,
aquele que me trouxer a certeza
de que as incertezas se esvaíram pelas frestas
e as asperezas, num pacto com a fumaça,
perderam toda a força, esvoaçaram sem arestas
e o que prevaleceu não há o que desfaça.

Só me farei presente ante a resposta convincente
de que o passado realmente passa,
concedendo mudança de estação,
ainda que a resposta de hoje
mude a pergunta do amanhã.

Só me mostrarei quando o sonho se tornar real...
Quando puder tocá-lo e não me fizer mal
como tantos outros que não pude viver,
onde a duras penas precisei retroceder...
E perder...

Só retornarei quando se abrir a pista
sentindo cores costuradas em minh’ alma
permeada por essências de flores e amores...
onde dores execradas em jazigos, sepultadas,
não mais permitam que eu perca de vista
...a primavera...

Carmen Lúcia

Foto de Carmen Lúcia

Um olhar para si...

Esperanças crescem das derrotas;
são respostas aos silêncios da vida...
Ouvir a voz dos acontecimentos
e saber discerni-los...Grandes desafios!
Calar perguntas desnecessárias, abafá-las...
Nunca perder o poder de ouvir...Refletir!
Respostas imbuídas no interior dos fatos...
Pior do que caladas é não poder sentir
a essência que prevalece aos atos.

Perseguir o silêncio é buscar sabedoria...
Percorrer distâncias, ser capaz de ouvir mais,
sem pressa de nomear realidades
ao separar do trigo, o joio...
Saber apreciá-las no olhar devagar;
E divagar...
Preconceitos nascem de olhares apressados,
Um ver sem mesmo nunca ter visto...
É olhar o diamante sem ter visto a pedra bruta,
olhar o pecador sem imaginá-lo na luta,
em seu arrependimento, em sua dor...
Olhar o covarde sem enxergar o vencedor,
sem um olhar detalhado, julgando-o perdedor.

E quando voltar os olhos pra si mesmo
não deixar que se percam a esmo!

(Carmen Lúcia)

Foto de Carmen Lúcia

Se não for amor...

Se não for amor
qual outra definição
a esse enlevo que me enleva
e me leva a toda hora
para onde tu estás?
Ainda que meu corpo fique
minh’alma sempre vai.

Se não for amor
que nome então se dará
a esse fogo que acende,
incendeia sutilmente
aquecendo sem queimar...
Que me ruboriza a face,
rouba todos meus disfarces
e revela o meu pensar?

Se não for amor
por que esse ardor em nós persiste
na entrega às carícias,
à doçura dos momentos
de emoção e de malícia
e ainda quer prevalecer
na mais bela forma de querer?

Se não for amor...
por que o brilho em nosso olhar
confundindo o luar
a beirar nossa janela,
prateando nossos corpos
entrelaçados, enamorados
em graciosa trama de calor?

Só pode se chamar Amor!

_Carmen Lúcia_

Foto de Carmen Lúcia

Circunstâncias

Circunstâncias reverteram meu perfil,
invadiram-me a alma,
redigiram meu destino...
Teia ardilosa!Armadilha sutil!
Transtornaram os meus planos,
vasculharam meu avesso...
Fizeram-me, da medalha, o reverso
e de meu sorriso, o inverso.

Circunstâncias mudaram o meu rumo,
inverteram meu trajeto,
impuseram-me decreto...
Tomaram-me as rédeas,
conduziram meu futuro,
embargaram-me o presente,
embaçaram meu passado
que prefiro nem lembrar
para não me ver chorar...

Circunstâncias são tratores,
represálias aos amores...
máquinas devastadoras
que arrastam e assolam
sentimentos mais profundos
e a dor maior do mundo
vem à tona...E detona!
Reabrindo as feridas,
impugnando a vida.

(Carmen Lúcia)

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Insana

E ela renasce a cada fase da lua...
rouba-lhe o brilho e lhe ofusca o luar,
percorre as estrelas seu insano olhar
e penetra o negro véu, indo além do céu.
De seus lábios um balbucio visceral
profetiza um tempo que jamais haverá igual...

De repente dança em estranho ritual
e a cada passo avança, imaginando-se normal,
tomando para si cada pedaço do espaço
sem se importar com a plateia atônita,
que aos poucos se esvai,
se descompassa pelos cantos
a amaldiçoar a figura lacônica...

Gira em torno de si toda sensação
como em movimento de rotação...
Pensa trazer os dias e as noites,
transladando cada estação...
Sinistra, caminha com a lua
que some no céu e ela na rua,
e como miragem, perde-se a imagem.

Deixa o cenário de ilusões e desenganos;
leva consigo a magia e o encanto.

_Carmen Lúcia_

Foto de Carmen Lúcia

Divina inspiração

E as bailarinas bailam,
dão vida à melodia
que invade o espaço
ritmando a euforia
dos corpos que se entregam
a uma louca magia...
alheios aos que os cercam
seguindo o que os inspiram...

A arte está nos pés
que rodopiam em pontas...
A arte está nas mãos
articulando os dedos
gesticulando emoções...
Está na silhueta
frágil, suave, perfeita.
Está por todo o corpo,
em cada expressão,
está dentro da alma...
Divina inspiração!

Carmen Lúcia

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Paisagem Urbana (modificada pelo homem)

O sol começa a se espreguiçar.
É a rotina...São dez da matina...
Embaçado, pretende acordar a manhã,
iluminar a estação...Primavera?
Tão linda ela era...

O céu se acinzenta...
Nuvens?Não!Fumaça!
Fusão de azul e petróleo
sobre veículos e pedestres apressados...
Odor de óleo queimado...
Som estridente, alterado.Rock and Roll?
Não!Buzinaço a todo vapor...

Barulhos de trens do metrô...
Agitos do vai e vem...
Luta do dia-a-dia!
Pela sobrevivência...pela conveniência!
Alguém ainda dorme no banco da praça.
Cachaça?Acordar?Não tem graça!

Algo surge no céu, sem escarcéu...
Não é nave espacial...
É a lua prestigiando um luau.
(saudade dos velhos saraus)
Pontinhos cintilam fraquinhos...
Vaga-lumes?Não!Estrelinhas!
(nas entrelinhas)
Querem dar o ar da graça!
Coitadas!Tão sem graça!

E o corre-corre continua...
Agora a paisagem é crua e nua!
Luzes incendeiam bordéis...
E os sonhos?Vendidos aos tonéis!
Casas noturnas, peças teatrais...
Encenam vidas reais...
Travestis e prostitutas disputam locais,
esquinas se enchem de marginais...

O êxtase excita, alucina,
domina atitudes tribais, canibais...
Poetas observam...perdem-se nas rimas.
Um barzinho, um cantinho e um violão...
Um estampido, um grito, sirene e furgão.
Numa igreja, louvores e cânticos,
nos cantos, clamores do sexo,
e toda a fé perde o nexo...

De repente, um seqüestro-relâmpago...
Nas casas, noticiários na televisão,
em volta, grades de prisão!
Uma coruja espreita, assustada...
Espera surgir o dia
Pra dormir...sossegada(?).

(Carmen Lúcia)

Foto de Carmen Lúcia

Disfarces

Cantava, enquanto a dor dançava
marcando um espaço que não lhe pertencia,
enquanto disfarçava a dor que agora era
bem maior que a fé que já não existia.

Dançava, enquanto a dor cantava
no tom mais agudo que já se alcançara,
enquanto coreografava a dança mais sofrida,
de tão exaurida perdia seu encanto.

Sorria, trazendo o coração em embolia
e a dor em euforia jazendo o seu pranto...
morria, enquanto a dor vivia
surtindo seu efeito na fase terminal.

_Carmen Lúcia_

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Ainda te espero, amor...

Ainda te espero, amor...
Assim como as manhãs esperam pelo sol
que pincela de alegria o arrebol
e de esperança a circundar recomeços...

Ainda te espero, amor...
Assim como o belo, seu expectador,
a olhar extasiado o que sua alma encantou
e como relicário, dentro de si guardou.

Ainda te espero, amor...
Assim como o estio, pela chuva que virá
calando a cigarra que a seca vem agourar
quando o cheiro de terra molhada inundar...

Ainda te espero, amor...
Ainda que em outra vida...
Nosso amor sempre será assim,
sem planos ou trajetórias traçadas,
sem fronteiras demarcadas,
sem previsão de fim.

_Carmen Lúcia_

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