Talvez ...
O tempo reverta
a descrente esperança
em certeza...
e me traga a surpresa
de um bem inesperado
que nem sempre se alcança...
Ou o amanhã retroceda
ao ontem ininterrupto
que se estenda ao futuro...
Caminho obscuro...
E tudo fique na mesma.
História que tento mudar,
rima que não quer mais rimar,
poesia que já não se faz notar...
Enfatizada, mastigada, engasgada ...
Talvez...
O hoje vivido
tenha valido
uma eternidade...
E meu eu distraído
não tenha medido
tanta felicidade...
Nem notou as manhãs
de belezas louçãs,
momentos desprezados
na espera do amanhã
que talvez nunca venha...
Ou se faz de rogado.
Talvez...
Esses versos piegas
sejam fiéis mensageiros
do tempo verdadeiro
de mensagens sinceras...
E carreguem bagagens
de sonhos e miragens,
gerúndio se estendendo
em todos os tempos
trazendo-me a chance
de continuar sendo...
mesmo num tempo já ido...
mesmo sem nunca ter sido.
(Carmen Lúcia)