Não, estrela, não te vás...
Fica um pouco mais...
Ainda há tempo, a noite se inicia,
a lua de prata ainda nem se pintou.
Não deixes teu brilho se apagar
nesse teu bailado ensaiado
deixando vazios pra quem quiser ocupar
e a cada vez mais, teu brilho intensificar.
Ensina-me a luzir, a sorrir, a bailar
por esses vácuos entre a escuridão e teu cintilar,
brilho que inebria sem cegar,
ou cega a quem não sabe te olhar.
Derrama tua lágrima azul e pura
no branco de minha alma a pulsar,
em meu coração descompassado,
tatua meu corpo em tua explosão estelar,
desconcerta-me com toda tua beleza que seduz,
crava tua luminosidade em minha cruz.
Empresta-me os vazios desse teu caminho
deixados no infinito a se apagar
pra que neles eu possa trilhar
e recolher as faíscas
que tu deixaste ficar...
Agora vás, estrela,
não deixes o dia te roubar...
Tragas de novo teu brilho
quando a noite acordar.
(Carmen Lúcia)