Diz o poeta que dorme em mim:
Que não sou triste,
Que sou um poço de amor sem fim,
Seco, neste mundo agreste
Diz que escrevo em linhas retas
As tortas coisas, podre, vil
Que escrevo ódio, pelas canetas
Em ponta suave, fina e dócil
Que acuso o Homem, eternos imperfeitos
Em palavras que nascem perfeitas
Que crescem em estrofes aprazíveis, afeitos
De sentimentos em rimas feitas
Diz o poeta que dorme em mim,
Que faça sonetos desse avesso,
Dos desígnios versos do Caim,
Do carma que segue em mal confesso
Que fale do amor, não por fim
Mas em quantas horas vagas…
Diz o poeta que dorme em mim:
Não esmoreças pelas pragas