Blog de Bira Melo

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SÚPLICA AO CRISTO

Senhor Jesus, te peço agora
Nessa humilde e singular oração
Cala e emudece minha voz
Se perceberes que meu verbo,
Como um fio de navalha
Possa ferir ou magoar meu irmão.

Peço-Te também a decência
De meu ouvido ensurdecer
Aos verbos da maledicência,
Com o soar forte dos sinos angelicais
Para que eu possa ouvir as singelas notas
E colocar à minha frente
Meus desafetos que deixei pra trás.

Quero perder por hora a visão
Para que não possa me comprazer
Com o sofrimento do meu inimigo e ou irmão
Faze dos meus olhos divinas lanternas
Que levem somente luz e amor
A esse mundo cheio de desunião.

E se meus pés quiserem levar
Meus companheiros a caminhos tortuosos
Faça-os por favor por hora parar,
Para que assim eu reflexione
Que por ser Seu amado filho,
Jamais possa me dar ao luxo
De todos que me acercam, fazer cambalear.

Por isso Mestre Divino
Confio em vossas promessas
Sei que sou imagem e semelhança
Como a Vossa, estou sempre a caminhar.
Agradeço-Te pelos dons que me destes
Em especial por poder nesse pergaminho
Em parcas letras estar a grafar:
Essa oração singela representando o que sinto
Dessa vida, da passada e das próximas...
Pois tenho plena certeza que um dia irei Te encontrar.

Bira Melo *

*Direitos autorais reservados

Foto de Bira Melo

MENSAGEIRO DOS VENTOS

Tento traduzir tua mensagem
Escuto e reluto em vão
E como um pueril ancião
Vejo que só quem pode é o vento...
Do inverno ao de verão.

Tento decodificar teus ícones
Entender tua lógica e signos
E como um pobre letrado
Percebo que só a brisa do ar
É quem pode decodificar...
A linguagem muda dos ventos.

Tento cantar tuas baladas
E como um pato bobo
Percebo que não se canta nada nesse momento
Apenas silencia-se: corpo e alma
Para sentir, ouvir e pasmar
Com os utópicos e lindos sons...
Dos mensageiros dos ventos.

Bira Melo *

* Direitos reservados, 26/06/2008.

Foto de Bira Melo

ANJINHO MALVADEZA

Agulhas sem linha
Chupadinhas na espinha
Mãos bobas na minha...
Óleo de florzinha...
Parece frutinha,
Eu sei que né não.

Orelha fresquinha
Cheia de agulhinha
Pra que seu coisinha
Fazer com o Birinha
Bolhinhas de sabão?!
Não sou besta não...

Mas sei que é bom
Massacre com som
Sem luz, nem néon
Nem drinque do bom
Pois afino meu tom
No divã com um PAIzão!!!

Bira Melo in Anjinho de CARvão.

Foto de Bira Melo

SE EU PUDESSE

Se eu pudesse
Transformar-me-ia em Marte
Teu planeta regente,
Não para te reger simplesmente
E sim para gozar de tua maestria.

Se eu pudesse
Passaria férias em Plutão,
Quando voltasse à Terra
Estaria bem transformado
Em tua persona de alegria.

Se eu pudesse
Rasgaria o meu peito
Mostrar-te-ia meu coração marrom-carmim
Que pela distância física, nos separa
Vive constante saudade e agonia.

Fecho meus olhos e agora posso:
Sentir o absinto, azaléia e a rosa clarinha
O sândalo, o topázio, o rubi e a água marinha
Posso ver o que não via
Mesmo louco, insano e bobo
Sou neném pra tia Lia.

Bira Melo in Há um Anjinho de CARvão*

*Diereitos reservados.

Foto de Bira Melo

QUISERA

Quisera ser
Quem sabe, por um momento
A luz do Sol de um verão
Para dissipar
Essa sombra que tolda de tristeza
Esse teu negro olhar.
Quisera por um só momento
Ser um exorcista
Para poder esconjurar a palidez
Da tua face que chora
Essa ausência exótica
Que nem ao menos
Sabes de que ou quem é !!!
Pobre de mim...
Fracassei e somente pude
Contemplar uma lágrima
Ousada
Que dos meus olhos semivivos e verdes
Porfiou em cair.

Bira Melo in Há um Anjinho de CARvão*

*Direitos reservados.

Foto de Bira Melo

CABELO ENCANECIDO

Meu cabelo encanecido
Denota agora o quanto sou bobo
Por trazer no peito um coração lasso e ferido.

Esse meu cabelo encanecido
Também denota o quanto sou feliz
Por anos que vivi, viveria e tenho vivido.

A essa minha jovem cã, obrigado digo:
Sempre por ela ter me feito amável,
Às vezes ácido, mas um homem bem mais amadurecido.

Essa mesma pobre cã tem sido:
Testemunha das matizes branco - preto
E por ser eu um jovem ancião de coração partido.

Em oração ela e eu agradecemos ao Altíssimo
Pela vida como passei
E por saber que ainda verei o belo e o belíssimo.

Ao Soberano Senhor do Universo enaltecido
Eu e minha cã temos agradecido,
As vitórias, o dom da vida e o prazer de ser querido.

Bira Melo in Pedaços de um CaraMelo*

*Direitos reservados.

Foto de Bira Melo

SOFISMA

Quando ficas a contemplar
As gotas efêmeras de seda
Que de meus olhos se esvaem,
Fico a me perguntar se realmente
De mim gostas ou do meu sofrer.

Tudo que quisera o fiz,
Tudo que te dera foi bem
E hoje somente consigo ouvir
Um suspiro breve e mudo
Do quanto fui sôfrego e me iludi.

Eras fácil como o viver,
Fria e quente de esquecer...
Sei hoje que não acredito em ninguém!
Quero apenas e somente me perder
Diante da loucura de algo ser.

Bira Melo in Há um Anjinho de CARvão*

*Direitos reservados.

Foto de Bira Melo

HAVIA UM ANJO E HÁ.

Havia em mim um Anjo
Com olhos, cravejados
De esmeraldas, safiras, topázios e rubis
Choravam lágrimas de seda
Em meu mundo era arlequim.

Havia em mim um Anjo
Como a língua das serpentes
As unhas eram tridentes
Quando o mundo era ruim.

Havia em mim um Anjo
Entoava cantos mudos
Embalava-me em quarto escuro
Para me desabrochar.
Havia em mim um Anjo
Hoje em mim um Anjo há.

Bira Melo, in Há um Anjinho de CARvão.

Foto de Bira Melo

FUI ESPANCADO.

Meu corpo arde e queima,
Como salva de fogos...
Foi ele quem fez isso
Eros, o tal de cupido!
Eu ousara rejeitar sua flechada
E ele se indignara em sua razão...
Resolvendo me espancar,
Chegou bem perto, muito perto
Era lindo e assustador.
Seu arco era cravejado de estrelas
A flecha não sei, não vi, só senti...
Tudo, tudo queimando fora e dentro de mim.
Meu coração petrificou-se,
As lágrimas que rolaram em minha face
Eram de seda ou talvez de cetim,
Eram doce, muito doce
Bem mais que um caramelo de mel,
Não sabia se a pancada doía ou se me afagava.
Suplicava para ele parar,
Foi quando volvi meu olhar aos céus
Que surpresa: Zeus estava a me olhar!
Daí Vênus chegara
E Eros com grande medo dela,
Parou de me espancar.

Em 16/05/2008*

*Direitos reservados.

Foto de Bira Melo

AMOR CENSURADO.

Proibiram que te amasse,
Proibiram que me visse
Como um ser apaixonado,
Proibiram que sentisse...
Proibiram que voasse
Em terras longe donde existo.
Cortaram as asas do meu sonho
Meu centauro já não existe.
Proibiram que o cupido
Nessa hora me flechasse
E que eu ficasse triste
Pois que sou desabilitado
A amar o que não existe...
Proibiram sem perguntar
Se aceitava o que agora sinto,
Sem ao menos deixar mirar-me
E perceber que meu viver é triste.
Proibiram que eu lutasse,
Ou então me defendesse.
Ordenaram o meu silêncio...
Queriam sempre que eu morresse.
Proibiram a felicidade
De encontrar-me em qualquer parte,
Não sabendo que proibindo
Eu desenvolvo a minha arte
E revoltado eu me transformo
De mel-melado em doce-amaro.
Quem sabe um dia na proibição
Meu caramelo, o meu bom-bom e os meus doces
Se fortaleçam e virem uma fera
Donde todos sintam medo e amor
E me devorem, em minha tapera...
Simplesmente proibiram,
Só me resta agora hibernar
Até que chegue a primavera
E eu possa me encontrar,
Ouvindo meu lasso coração
Dizendo a mim cadenciado
Eu sou eu, eu só... sou eu!

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