Uma garoa mansa acontece,
trovoadas distantes ecoam,
numa tarde morna, de outono.
O Sol, escuro, como anoitece,
sobre o peso das nuvens que troam.
Hora selvagens, hora com sono.
Pelo breu sei que é tempestade.
Pelo silencio dos passarinhos,
que lhe fazem papel de arauto.
e num voo tropel de ansiedade
fogem, alertando no caminho,
para o súbito não vir de assalto.
Lampadas da rua ascendendo
na ignorância que não é noite.
O clarão mudo dos relâmpagos
dublados em atraso, vou vendo
no suspense do primeiro açoite
desta tempestade a qual divago.