Alimente o seu rancor,
com seu sangue e pensamento.
Com caustica constância e dor,
em doença e isolamento.
Embale-o em seus braços,
como não fora infecto lodo
e molde-o em seus traços,
até estar coberto de todo...
Sua alegria, orgulho declarado
pelo seu sofrer e seu odiar.
Faça-o pão, oração e pecado,
seu tesouro de por gosto chorar.
Renegue com magoa a verdade
dos que se cansaram da porta,
cripta aberta, a repetir a insanidade
de manter viva coisa já morta.
Nutra, viva seu precioso rancor...
Faça seu berço e seja seu ninho,
dele se acompanhe até o ultimo se for
e ele então, de ti se alimentar sozinho.