Blog de Ana Botelho

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EDUCAÇÃO É A ÉTICA QUE RESIDE NOS PEQUENOS DETALHES

EDUCAÇÃO É A ÉTICA QUE RESIDE NOS DETALHES
Não podemos nunca pensar que os nossos atos individuais não afetam o todo, que somos apenas um e que não fazemos a diferença, porque as nossas ações se somam a milhares de outras iguais a elas, formando a mudança positiva que precisamos com tanta urgência para engrossarmos as fileiras voluntárias ao nosso próprio bem.
A ética se caracteriza a partir das coisas pequenas. Só a mentira e a ignorância justificarão a falta de conhecimento disso. Temos que entender e aplicar a ética nas pequenas coisas, porque são os atos isolados e individuais que, somando-se uns aos outros, formarão o modelo ético de cada indivíduo, depois o de alguns e, finalmente, o de todos, até se tornar uma cultura, a cultura de uma nação. Ou continuaremos adeptos da "ética pequena", aquela conveniente aos nossos egoísticos interesses. Cegos, surdos, mudos e negligentes ao fato simples de que basta um pouco de fermento para levedar toda a massa.
Precisamos aprender a agir acreditando que:
Um papelzinho de bala no chão é lixo mesmo;
Uma garrafa pet, uma só, entope o bueiro e gera uma grande inundação. Um colchão, um pneu velho, ou um saco de lixo faz o córrego transbordar;
Uma árvore derrubada sem ser substituída é desmatamento;
Um animal silvestre abatido é uma ameaça à extinção de espécie ( nossa inclusive);
A fumaça do nosso cigarro afeta a saúde do outro, imagina a nossa;
Um barulho alto na nossa casa perturba a soneca do vizinho. Assim como falarmos alto com os outros, ou ao celular em casa, em locais de trabalho, ou de lazer, perturba as pessoas em volta;
Um xingamento no trânsito agride a nossa imagem, a do outro motorista e provoca a vontade de ele também nos agredir;
Aqueles "gorós" a mais, ou aquela "saideira", que nos deixa bêbados e incapacitados para dirigir, assim como aquela ultrapassagenzinha rápida na curva em faixa dupla, ou dirigirmos acima da velocidade permitida vão nos matar, os demais ocupantes do nosso carro e ainda os do carro de quem vier em sentido contrário;
Uma mentirinha magoa muito os amigos, a esposa, ou marido e principalmente o filho;
Uma pequena interferência, ou adiamento em um caso, ou num processo pode prejudicar outros envolvidos;
A falta de atenção com nossas obrigações profissionais afeta o cliente, os fornecedores, nossos colegas de trabalho e a sociedade como um todo, os resultados da nossa organização é a nossa chance de continuarmos empregados;
Fazermos vistas grossas aos contrabandos , ao tráfico nas ruas, ao excesso de velocidade, à documentação vencida, às pixações de propriedade privada e pública, ao direito do menos favorecido e vendermos como favores o direito público é mau uso de autoridade;
Colocarmos só um parentezinho no gabinete, votarmos em lei sem nem conhecermos no que votamos, seguirmos a maioria em vez de nossa própria consciência, esquecermos a Constituição e a isonomia deixando que iguais sejam tratados como diferentes, fazendo da coisa pública apenas uma "coisa" e o erário como "limite do cheque especial" é faltarmos com respeito ao voto de confiança recebido;
Chamarmos de preto, quatro olhos, baleia, deixa que eu chuto, furúnculo, de japona, turco, favelado, pivete, não é engraçado, é um ato de violência. E violência de qualquer tipo gera mais violência;
Ocuparmos os lugares reservados para pessoas especiais no transporte coletivo, ou em qualquer outro local é desrespeito com o mais necessitado. Assim como não cedermos espaço a quem precisa mais do que nós também o é;
Não darmos preferência ao idoso e não tratá-lo como se fosse nosso pai ou avô, mãe ou avó, é repetirmos a mesma falta de respeito que os nossos sofrem e que vivemos reparando e reclamando;
Chegarmos atrasados em horários combinados é atraso sim, que atrasa a vida de todo mundo. E ninguém quer pedido de desculpa, quer sim, pontualidade;
Darmos tapas e chamarmos de burro e de outros adjetivos medíocres é agressão, não é jeito de educarmos ninguém.
Enquanto não resolvermos ser éticos nas pequenas coisas de forma individual e cotidianamente, o que acontecerá na prática com a nossa sociedade?
Ela continuará condenada a viver na ilusão de que os problemas não residem em nós, colocaremos sempre a culpa nos outros, passando a repetir os mesmos padrões vergonhosos que ouvimos dos menos esclarecidos: "é os omi... é os cara lá di cima... é tudo ladrão e incompetenti qui não si importa co’a gente...não tem jeito mermo...fazê o que se tudo tá perdido?...isso é coisa de disocupado..."
A educação é, antes de tudo, a mola propulsora do progresso, da paz e do respeito mútuo e que deverá funcionar em nossa vida como uma viga-mestra bem estruturada para que ao construirmos os nossos atos, eles sejam fortes e decisivos, verdadeiros diferenciais arrastando muitos dos que nos cercam ao caminho do bem.

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A UM AMIGO

A UM AMIGO

"Furto-lhe a atenção, o tempo e o interesse,
E, invade-me logo todo o pensamento,
Apropriando-se das minhas fraquezas
E nelas, absorve tantas angústias...
Nesse exato e precioso momento
Disfarçamos cada óbvia intenção,
Falamos então, de conceitos e sonhos
E em nossos belos ideais viajamos...
Eu, como sonâmbula noturna da dor,
Vagueio em meio a um leito obscuro
Para só acordar, pelo seu precioso resgate,
Nesse traiçoeiro rio caudaloso da solidão.
Você, com a sua alma lavada e balsamizante
Alavanca-me docemente até segura margem
Desprendendo-me com uma incomum sutileza
Das torrentes confusas em que me achava,
Olho para cada fibra do seu interior
E o vejo tão querido, tão próximo, tão íntimo
E, justamente esse especial e ímpar instante,
Que você me faz sentir em luz e em paz!
Abraçamo-nos e, em pleno aconchego,
Ficamos quietos, patéticos e apascentados
Em energias afins, com certeza etéreas,
Que irão sempre nortear esta nossa vida,
Ou quem sabe grandes futuros cumpliciados...
Só sei que quero você aqui comigo
Não importando a que tempo, ou a que hora
E assim serei feliz, muito feliz, anjo de amor
Tendo você pairando por perto de mim,
Néctar da minha alma, amigo sem fim..."

Ana Botelho, 12/06/2006

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PÃO E VINHO

PÃO E VINHO

( In memorian: Eurípedes (Macedônia), Omar Khayyan e F. Pessoa)

Sem vinho, onde haveria amor?
E quando o inverno nos batesse à porta,
Que ares deveríamos logo assumir?
Recorreríamos aos do Mediterrâneo,
Filtrando o binômio trigo/vinha
E passaríamos as tardes os saboreando.
À noite, quando tudo parecesse dormir,
Ficaríamos inertes até nos pensamentos,
Buscando somente uma cristalina taça
E o que houvesse de precioso a acompanhá-la.

E sem pão, qual fibra vibraria em nós?
Tudo fluiria, pegaria o veio do vento
Passaria eqüidistante por entre dois pólos,
Dentre os quais existiriam indiferentes
Apenas os dias, o que foi e o que virá,
Já que o hoje seria o bastante
E completo para nos alimentar.

A vida pode até ser boa, mas o vinho
Ah, esse sim, é muito, muito melhor!
Quem sabe amanhã a lua nos procurasse em vão,
Sentemo-nos ao relento, sentindo-nos, apenas...
E o regresso do sol apagaria as estrelas
E desvaneceria as luzes mais soberbas
Das tantas salas requintadas e vazias.
Tudo a nos mostrar o curso da vida,
De que ela deveria ser simples e natural.
Com luta para nunca nos sentirmos sós
E sempre brindarmos a um prenúncio
Dos bem - vindos e necessários amores.

Foto de Ana Botelho

MIRAGEM POSSÍVEL

MIRAGEM POSSÍVEL

Atordoada, mil palavras me envolveram,
Recostei-me então, ao tronco da oiti,
Com a mente fervendo de tantas imagens
Adormeci e este primeiro soneto eu teci...

Minha cabeça rodou e voou para longe,
Viajou por seqüentes montanhas e prados
De repente, parou numa antiga estalagem
Onde inúmeros felizes pares enamorados

Recitavam os versos do mestre Khayyan
Que ao Deus Baco faziam total alusão,
À meia-luz e sentados em macios divãs.

Cantavam os prazeres da entrega total,
Parecia estarem em nirvana eterno,
Uma visão, um postal, que quadro divinal!

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O NÃO

O NÃO

Eu estava só
Você adentrou,
Não bateu à porta
Nem nada falou

Pegou o seu copo,
De água o encheu,
Mexeu um refresco
Virou e bebeu

Ali eu estava
Sei que percebeu
Seguro dos gestos
O cigarro acendeu

Na turva fumaça
Fez várias bolinhas
Deixou no cinzeiro
As cinzas todinhas

Olhou para o carro
A chave apanhou
Pegou um boné
E a porta fechou

De capa e galocha
Na chuva partiu
Cantando pneus
Na lama sumiu

Tomei entre as mãos
O meu doce amor
E na solidão
Tratei-lhe a dor

No dia seguinte
Custei acordar
Para meu pensamento
Se reorganizar

Mas vi que você
Perdeu grande bem
Não quer os meus beijos
E eu a ninguém

Oh, triste destino
Sei que vou sonhar
Com dias felizes,
Não mais acordar

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AMADA AMIGA ( presente de um grande amigo, o poeta Albino Mello)

Amada Amiga
Andei por belos e verdes prados,
Alimentei pobres, ajudei necessitados,
Ouvi muitos sons angelicais.
Enveredei por cerradas florestas,
Na vida, aparei tantas arestas,
Aqueles sons, eu quero ouvir mais.

Caminhei solitário pelo deserto,
O que era errado, virou certo,
As harpas me iluminaram.
Mergulhei em águas profundas,
Limpei algumas mentes imundas,
Os anjos me acompanharam.

Escalei altos paredões rochosos,
Consolei amigos e pessoas chorosas,
Com a realidade me identifiquei.
Passei por perigosas corredeiras,
Pessoas mentirosas e verdadeiras,
Mas, com os anjos, sempre andei.

Percorri muitas e longas estradas,
Encontrei pessoas encantadas,
Que me encantaram também.
Passando por essas paragens,
Percebi em todas minhas viagens,
Que me faltava o carinho de alguém.

Ela veio, me aconselhava, ouvia,
Acordou-me com linda poesia,
Trouxe aquela esperança antiga.
Anjos amigos, flores, trombetas,
Caminhos divinos, cheio de facetas,
Obrigado, amada poetisa amiga.

15/09/07 Albino S. S. Mello

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MEU PRIMEIRO AMOR

MEU PRIMEIRO AMOR.

De repente, distante de tudo eu me senti,
Foi-se a luz que me sustentava e reluzia
A minha vida e, com isso, esta se apagou
Por tudo que a sua ausência me causou ...
O meu mundo caiu em doídos pedaços
Arrastando-se ao chão e em meus passos.
De lágrimas se fez todo o meu jardim
E a minha alma em tristezas sem fim.

Você era o caudaloso rio que passava
E deslizava, lá, e nem sequer se tocava,
Que eu houvera nascido em suas margens
E que grudada, entrelaçada às amoreiras,
Banhávamos as nossas longas cabeleiras
Continuamente, apinhadas de longas mágoas
Na pureza das suas corredeiras e frescas águas.

Se era estio, escasseava nosso sugar em seu leito,
Mas nas chuvas, nos saciávamos, e tudo ficava perfeito.

Verdejantemente, rebrotávamos na primavera,
Estação dos amores, flores e mil quimeras.
E assim fora por meses e muitas, muitas estações
Todos nós em um só tom, nos mesmos diapasões,
Afinados na melodia da vida, amando e mais amando...
Mas veio o tempo e foi logo nos separando,
Porque ele já sabia o que o destino guardara,
E assim, distantes, consumou-se o que tramara.

Numa tarde fria de chuva, bateu-me uma agonia sem fim
Era a má notícia chegando, tomando conta de mim
Falaram que você havia partido, pro outro lado da vida,
Fiquei uma eternidade parada, cuidando da minha ferida
Que não cicatrizou ainda, só fica quietinha pulsando
Por isso eu vivo sozinha, e aqui, de tristeza falando.
Ninguém vai encher de amor o meu pobre coração
Ele é uma casa vazia, mal assombrada por esta paixão.

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SABES ( um belo presente do meu amigo poeta Carlos Morais)

SABES
( Presente de um amigo, excelente poeta. Grata, amado!)

"Sabes.. Eu gosto muito de ti e poucas vezes
O tenho dito por palavras e agora
Apetece-me dizer-to
E assenhorear-me do teu corpo
Saboreando a tua alma e ao celebrar
Esse sentimento que me percorre,
Sinto que o universo conspira e agradece
Celebrando na magia dum ritual de amor.
Porque é simples e belo o que sinto por
Ti e a paz que ao escrever-te celebro lembram
Esferas de luz e poesias
Amores e nostalgias,
Expressões de afecto e maresias.
Em rigor e em verdade posso dizer que te amo
Com singeleza pureza e integridade e acrescentar
Beleza á nossa vivência fraterna amada e sublime.
Mesmo que beijos e afagos carícias e prazeres
Permaneçam adormecidos e calados o coração
Não esquece o sabor de puras pétalas de rosa
E cravos vermelhos de paixão.
Em rigor de alma to digo e algo de mim
Te venera como outra parte de expressão
e crê que se tingem de todas
As cores e de todos os universos as sílabas
Deste néctar alado e sempre chegado.
Com amor e pureza e tudo o mais..."

Foto de Ana Botelho

AMIGO É MESMO PARA SEMPRE

AMIGO É MESMO PARA SEMPRE...
Passar a infância no interior do Estado do Rio de Janeiro, com vida pacata, bucólica, como tantas outras crianças, que ali puderam conhecer a simplicidade e aprender o amar a essência que existe em cada ser humano, fez, definitivamente, a diferença para mim.
Quando chegava a época da adolescência, tínhamos que estudar das formas mais estranhas possíveis, ou saíamos para longe, em casas de parentes e amigos, ou ficávamos em sistema interno, em instituições particulares para jovens. E foi lá, justamente às margens do rio Paraíba do Sul,que conheci alguém muito especial, com uma gama de características incomuns, que vieram de encontro às minhas. Tornamo-nos grandes cúmplices em assuntos relacionados a poesias, músicas e a tantas outras afinidades, que só mesmo quem conseguiu se harmonizar com a natureza rústica e intocada, poderá entender o que preencheu cada minuto dos anos que lá estivemos. Uma lástima não termos guardado tantos poemas e registros que fizemos de situações inusitadas e muitas vezes até cômicas, ou trágicas...
À tardinha, quando ficávamos, as minhas amigas e eu, no pátio do referido internato, chovia aviõezinhos e outras dobraduras, com recadinhos carinhosos, através do gradil de madeira, que cercava o nosso espaço físico. Eram poemas lindos e bem trabalhados, que voavam do Clube de Futebol, onde os atletas da cidade treinavam( acho que até muito mais vezes que realmente necessitavam...rsrsrs). Aos fundos do internato, ficava a tal estrada fluvial cheia de corredeiras, que o meu especial a conhecia em suas detalhadas curvas, de tanto ir e vir entre remos e nados.
Chegara a época do vestibular, nos separamos... Os anos se passaram e cada um seguiu o seu curso natural, assim como as águas do velho Paraíba, que a tudo assistiram, mas foi observando o curso do rio, suas voltas , as pedras e as quedas, que aprendemos ver em nossa vida, para que servem e como elas nos colocam, a cada momento, diante dos nossos afins.
Como é bom ter isso tudo na lembrança e sentir agora as mesmas emoções, tal qual aconteceram.
Sempre apareciam notícias ou comentários saudosos e conjecturávamos onde estaria cada um morando e se ocupando do quê.
Os filhos nos chegaram e o tempo, senhor implacável e poderoso transformador da vida, atingiu a muitos com os seus sacodes, testes e até resgates desafiadores. E mais uma década se passou...Eu, a essa altura, já me encontrava cuidando sozinha de três filhos, que tinham entre seis e dez anos de idade, quando numa linda manhã de sol, o interfone tocou e o porteiro anunciou o nome do meu amigo tão lembrado em minhas constantes horas de poesias e divagações...cujo arquivo mental veio à tona imediatamente, era aquele companheiro do passado, que com um calhambeque ou uma vespa, percorria toda a distância entre as nossas cidadezinhas em estradas de terra, para nos vermos nos finais-de-semana, ou para passarmos as tardes e as domingueiras no clube onde nos dias que não tinham "feira", era um cinema de piso em declive, terrível para dançar, mas que achávamos tudo de bom (afinal, era aquele o nosso mundo e que mundo maravilhoso...) Respondi ao porteiro , entre palpitações e descompassos respiratíorios, que ele subisse, momentos preciosos esses... Estávamos de saída para a praia e ele achou ótima a idéia, só que não havia sequer uma sunga de adulto em minha casa. Brinquei, oferecendo uma das peças dos meus biquinis e foi com uma naturalidade ímpar que ele aceitou e se pôs a escolher ... Fui cuidar dos meus filhos e o deixei à vontade. Ao chegarmos à prainha de Itaquatiara em Niterói, nos acomodamos , cadeiras, cangas, brinquedos, foi quando ele tirou a roupa , fez alguns alongamentos e partiu correndo na areia com as tirinhas laterais se agitando ao vento ( só faltaram as bolinhas amarelinhas...rsrsrs).
-Olhem só, dizia eu aos meus filhos naquele instante, esse é um amigo de alma pura, tanto, que nem está aí para o que possam pensar ou falar dele com essa roupa esquisita, se dedicou à psiquiatria por entender a vida sob a ótica do amor.
Rimos muito e ele, definitivamente, caiu nas graças dos meninos também.
Hoje, como se tivéssemos planejado, moramos no mesmo balneário, num remanso onde a natureza, sempre presente, nos brinda a todo instante com uma vida iluminada. Ele é um respeitado profissional e excelente escritor e eu uma sonhadora incorrigível, entre os meus poemas, pinturas e leituras sem fim, mas conservamos ainda os traços que nos uniram: os versos e os "causos" do cotidiano. Quando nos encontramos, rimos muito ao falarmos do passado. Valeu à pena tudo o que aconteceu...
E ao ouvir, em qualquer ocasião, citações como " de médico , poeta e louco todo o mundo tem um pouco", imediatamente, a minha mente passa a caricaturá-lo como agora faço, aqui, em palavras de carinho a você, Zeus, meu doce amigo e parceiro pela eternidade...

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SILENCIOSAMENTE

SILENCIOSAMENTE

Foi assim que você me chegou, familiar, sem rodeios, de um jeito habitual,
Como se fosse parte da minha vida e soubesse todos os meus segredos
Fazendo gracejos, veio ousado e adentrou, sem reservas, sorrateiro
Ocupando de maneira inédita e acertando em cheio o meu coração,
Manejou, como um velho parceiro, o carteado do amor verdadeiro
Implantou uma rotina, trocando os meus hábitos pelas suas manias
Que inconscientemente assimilei, numa simbiose sutil e total .
Quantos rodeios eu fiz, até chegarmos ao nosso primeiro beijo
Tantos desejos contidos, como me fazem bem só de pensar
Hoje eu quero saber se você ainda pode vir comigo, sem me dizer nada,
Ou se ao menos poderá, ao meu lado, sentir o frio da madrugada, Que me desperta e me deixa fixada nessas imagens, aqui tatuadas
Horas e horas sem fim... até que a luz da manhã devasse o meu quarto
E me conduza à dura realidade. Depois de tantos anos nos amarmos,
Amanheço mais um dia, me arrasto à varanda frente à longa estrada.

Então eu sonho, sedenta e plena, esperando que transponha o meu portão,
Para sentir o quanto e como você me quer... bastando que apenas sorria.
Não, não precisa me falar nada...a mim me basta que você possa entender
Que eu gosto muito de tudo isso e, que só você me faz viver com alegria.
Chama-me ao amor, ato sublime, o maior que já puderam inventar,
Pois não existe no universo, coisa mais grandiosa de se compartilhar,
E me arraste por horas, que absorta e lânguida escorregarei em suas mãos,
Deslizando sobre a minha pele, para que eu sinta a textura que é só sua
Numa troca de energias e sensações sublimadas, fomentando esse amor,
Numa química perfeita, que só pode entender, quem conseguiu experimentar,
E você vem e me chega, assim, feito dono da minha vida, dos meus anseios,
Mas saiba que se ainda me quiser eu me rendo, me entrego em bandeja, na mão,
Com direito a cores, sabores e sons, desde o nada ao tudo, além de todos os tons
Para que a partir daí, só a plenitude fale por nós, bastando que adentre pelo meu portão...

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