Grito

Foto de Ronita Rodrigues

Abismo

Vou andando por aí,
Meio afobada
A procura de mim.

Corro ruas,avenidas,
Dobro esquinas,
Vou de encontro
A contra mão.

Meu relógio parou,
É inverno,
O sol se apagou.

Escrevo o passado a gis,
Apago as tristezas
E arrisco dizer
Que fui feliz.

E o vento da noite
Vem me falar:

-A vida é mesmo assim;
Posso e falo por mim
Que ontem bramia
Com a tempostade no mar
E hoje sou brisa solitária
Na noite fria a sussurrar.

E...vou indo por aí,
Na companhia
Do meu grito calado,
Escalando o abismo
Que há em mim.

Vou em busca de outros braços
Para abraçar meu abraço;
E eu possa,quem sabe um dia
Emcontrar-me,
Em fim...

Foto de ykharus

Tu (Ykharus)

Condenado,

Vagueio por mundos

De razão e loucura,

Professando a fé inaudita.

Creio

Na verdade, sensível,

Dos teus lábios.

Prostado

No calor irreprimível

De teu ventre.



Mergulho no pecado,

Onde me elevo

Ao divino calor

Do teu corpo.

Mundano eremita,

Ergo o silêncio

À lenta cadência

De um grito absurdo.

Revolvendo,

Em teus cabelos,

O destino

Que me abandona.

E,

Lentamente,

Recobro a original

Consciência:

Tudo se perde,

Tudo se reparte.

Ykharus

Foto de Kalyxynha

Para Sempre (Thaís Caliman)



Sangue, por todo lado, Sangue!

Meu sofrimento está acabado

Estamos juntos para sempre

Gritos abafados, gargalhadas

Esse é o som da minha felicidade

O lençol ensangüentado,

Você em cima dele, quieto

Sem brigas...Sem sofrimentos

Um ultimo grito,

Levo minhas mãos ao meu peito...

Meu sangue escorre por um corte

pequeno..mas fatal

Finalmente juntos, sem brigas

Eu ao seu lado..

Meu sangue misturado ao seu

Foi

Foto de FERNANDO_JOSÉ

Amor a quanto obrigas !!! (Fernando José)

Amar é sofrer...

Porque vou ficar outra vez sozinho ?

Porquê ficar sem teu carinho ?

Quero afogar-me no teu rio de ternura

Quero sentir tuas mãos,

Quero beijar tua boca tão pura !!

Sabes que meu corpo rebelde

De tremuras teu mimo amansa ?

Porque de ficar só, minha vida já se cansa?...


Vieste qual deusa bendita

Num regaço de Rosas de amor

Por ti minha alma rouca ainda grita....

Negando a evidência de nova dor !!!

Qual troiano pássaro maldito

Te leva quase até ao infinito

E eu grito.....

Mas minha garganta

De dor já cansada

Que de canto, já cantou e agora nada...

Mas o futuro será risonho...

O real será o sonho....

O frio será calor...

A felicidade será sem dor...

E vencerá o nosso amor...

Fernando José
11/01/2003

Para a minha adorada Rosinha

Foto de quimnogueira

Ouvindo a noite...(Quim Nogueira)



alguém a ouve?...

...sentado nesta cadeira de frente para o meu computador, numa mesa de madeira, branca de sua cor, eu teclo nas letras paradas ao redor dos meus dedos...preparo um texto, sem contexto, com uma textura qualquer, talvez de amargura...não me preocupa a forma, nem as palavras que me vão deslizar pelos dedos e destes para o écran que, de vez em quando, olho prevenindo um possível erro de escrita...não me preocupa o tema, mesmo que sem lema não se torna um dilema neste plural sistema de escrever prosa ou poema...

...trata-se de fazer deslizar apenas o teclado pelos meus dedos e deixar sair as palavras da minha mente numa constante busca da semente do significado para aquilo que estou a fazer neste momento...e que faço eu, nesta hora, aqui, sozinho e agora, batendo lento ou apressado nas teclas do meu teclado...olho em frente e vejo um relógio que marca as horas lentas que passam por mim e que marcam o tempo de viver a sorrir e a amar...tudo e todos, sem olhar a quem...somente por amar...

...e que espero eu obter desse amargor doce da alma que sofrendo não chora, pelo contrário, vive e implora...e que espero eu senão encontrar o caminho mais leve que me percorra o corpo como quente neve branca como o luar que lá fora, no céu cinzento, teima em espreitar numa noite fria de chuva que se aproxima do meu solitário estar...

...não percorro os corredores do dia que passou nem choro as lágrimas que retive dos acontecimentos que por mim passaram como uma brisa leve pousando no lugar onde estou e me sinto pairar dentro do meu próprio eu...

...procuro o sentido da vida que não encontro, numa procura constante de mim mesmo, na luta insana da loucura que afasto de mim nem que seja por um instante...

...e esse instante está chegando na forma da noite que se aproxima, daquele estado de espírito que me anima, pois a solidão resta a meu lado sem um mudo som nem qualquer grito abafado de dor...

...e aqui fico...

...esperando a noite chegar para nela me agachar e aninhar...povoar nela os meus sonhos de aqui me sentir e de aqui gostar de estar, neste lado do meu mundo, sozinho, de dia ou de noite, a mim próprio mentindo...

...mentindo-me em constante delírio duma busca que ufana luta me provoca na mente que, pensando, não me escuta...

...e não me oiço a pensar, nem quero sequer isso imaginar; oiço apenas a noite chegar e a sua escuridão me abraçar, sem me possuir nem me ter, apenas me rodeando de um leve prazer por ouvir os seus sons sobre mim verter...

...e vertem-se esses sons em pancadas surdas de palavras mudas, livres e desnudas de sentido ou de intenção...

...a noite traz paz ao meu coração...ouvindo-a, fico sossegado e dou a mim próprio a minha própria mão...segurando-me para não a possuir...para ficar aqui e não ir...

...senti-la apenas num, pequeno que seja, luxuriante som...

...ouvindo a noite, parto para o êxtase do meu ser, não pretendendo ver, apenas ouvi-la...

...dentro de mim, a bater...

Quim Nogueira

Foto de Carlos

O Canto do Amor (Guillaume Apollinaire)

Eis de que é feito o canto sinfónico do amor

Há o canto do amor de outrora

O ruído dos beijos perdidos dos amantes ilustres

Os gritos de amor das mortais violadas pelos deuses



As virilidades dos heróis fabulosos erguidas como peças antiaéreas

O uivo precioso de Jasão

O canto mortal do cisne

O hino vitorioso que os primeiros raios de sol fizeram cantar a Mémnon o imóvel)

Há o grito das Sabinas ao serem raptadas

Há ainda os gritos de amor dos felinos nas selvas

O rumor surdo da seiva trepando pelas plantas

O troçar das artilharias que coroa o terrível amor dos povos

As ondas do mar onde nasce a vida e a beleza

O canto de todo o amor do mundo

Guillaume Apollinaire (1880-1918)

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