Areia

Foto de Rosamares da Maia

RESSACA

Ressaca
A curva forte e sinuosa do vento
Saudava a saudade no meu corpo.
A força queria faze-me flutuar,
Mas sem qualquer legitimidade.

Quebrou o pudor das minhas saias,
Devassando a minha intimidade.
Nada mais tinha eu para esconder.
Nada havia para perder ou temer.

Mas em fuga corri, busquei abrigo,
Entre as paredes do sétimo andar.
Pelas janelas altas e esvoaçantes,
Divisei a silhueta do vento, o perigo.

Pude ver a vela que teimava no mar,
Presenciei sua força, o tolo destemor,
Levantaram-se ondas em espuma e sal.
Cova cavada na areia da praia.

Beleza destroçada pela tempestade.
Que sepultou a doce e frágil nau,
Junto com os despojos do meu amor.
Que se deitou na areia, só para morrer.

Rosamares da Maia 21/07/2020

Foto de Rosamares da Maia

O Amor

O amor,
Ah! O que é o amor?
Ah! Que droga é o amor.
Droga no sentido de sentir - literal,
Pior ainda, droga no sentido visceral.
Dor física mesmo quando não é carne.
Dor se o prazer realizado transborda.
Porque é a agonia do momento que foge,
Que lateja em seu corpo, ecoa e explode.
Dor em contrações, resultado do prazer.
O amor tortura o espírito com dúvidas,
Ciúmes que amiúda e aniquila a dignidade.
E quando é ausência espalha, espelha maldade.
Mas, engana-se quem pensa que é apenas um.
O amor tem múltiplas formas para a tortura.
A Estação na despedida de um filho,
A sepultura, derradeiro adeus a um pai.
São idas e vindas por ele impulsionadas.
Razões, contrarrazões, batalhas, umas por nada.
Morte que defende a vida, uma alma que cai.
Lógica absurda é por amor ter que causar dor.
E o amor tem muitos irmãos e irmãs:
Dor, tristeza, despedida, ódio que é irmão gêmeo.
Todos plantados no terreno fértil do coração
Mas, espere...
O amor tem como irmãos a Humanidade,
Que gera a esperança, a bondade, os sonhos.
Temos também, a felicidade, a boa saudade,
Nasce a alegria, renasce a fraternidade,
E a paixão? Ah! A paixão!
Encantamento tolo dos enamorados, desvairados.
Ah o amor! Tem a dor gostosa de partir e esperar,
Esperar o retorno, a volta do Ser amado,
A poesia dos versos pelos cantos, suspirados.
A soma do amor e dor fazem eclodir vida,
Estão juntos sintetizando o processo da criação,
Como a ostra que processa em suas entranhas areia.
Da sua dor surgirá a pérola, joia da sua gestação.
Ah o amor! Quanta dor eu já senti.
Mas quanto prazer através dele eu vivi.
Quero a vida a doer até o último momento,
Dor pior é o vazio da ausência deste sentimento.

Rosamares da Maia

Foto de Siby

Passageiros do tempo

Merecem um respeito profundo,
Todos aqueles que na vida marcam,
Que deixam algo de bom onde passam,
Destacam-se porque deixam melhor o mundo.

Solidários, só fazem o bem na vida,
Na vida e no tempo são passageiras,
Como bons ventos, passam ligeiras,
Sabem que nada levam na despedida.

O tempo faz a tristeza passar lenta,
E a alegria parece passar tão ligeira,
Mas o tempo é igual em uma ampulheta.

Se é largo ou estreito o caminho onde passamos,
Como o curso da areia em uma ampulheta,
Na vida, passageiros do tempo, todos somos.
(Siby)

Foto de Arnault L. D.

Dinossauros em janeiro

De tempo em tempo o mundo
Torna-se noutro, se renova
Sucedem gerações e coisas,
vão cada vez mais ao fundo,
soterrados a alicerces, piso, cova,
sob os passos em que pisas.

Apartado a reboque ao desconecto
os valores e poderes que podemos,
cristalizados, em rocha permanente.
Obeliscos imutáveis, marcam secto
das antigas almas que encarnamos,
desengrenadas, vagam soltas na mente.

Novo mundo nos vê como fósseis.
Nas luas que ficaram perdidas,
nas auroras a muito amanhecidas
que em um despertar a mais, eis:
Soltaram do roteiro das vidas,
desprenderam sequer despedidas.

Longe, as vezes noutro mundo ando,
a vagar entre os dinossauros...
Entre casulos ocos de borboletas,
explorando, não onde, mas quando.
Arqueologia de vestígios e muros.
escavo areia em girar de ampulhetas.

A alma confinada nesta Terra,
por fora, corpo aqui; longe por dentro.
O relógio fará a todos estrangeiro,
alienígena na era em que erra.
Neste novo, novo, novo que enfrento
de tempos em tempos... é janeiro.

Foto de Arnault L. D.

Em outro lugar

Faça um pouco de quietude
para assentar a areia,
decantar a turbidez d’alma.
Faz calar a dor, e amiúde,
quem sabe a loucura meneia
se houver um pouco de calma...

Fecha os olhos, não mais procure
no turbilhão de luz e fúria,
na ensurdecedora algazarra,
um tal remédio que lhe cure
destas feridas, da algúria,
da cica que a vida amarra.

Meu ar, tão cheio de fumaça;
vento não leva, traz areia...
A vida escorre das metas,
quebra os planos, faz mordaça.
A esperança a pulso ateia;
vem o destino a impor setas.

Sigo, mas numa louca dança;
aos trancos, morro abaixo sigo,
mas a ternura ainda existe,
o sonhar ainda se lança
em asas livres, no abrigo
que guarda a fé que insiste.

Foto de O Bardo

Sua Marca

Vamos pensar que a nossa vida seja um misero grão de areia na história do universo. E que esses nossos 70,80 raros 90 anos que passarmos aqui se resuma a pequeno nada. E agora?
Muitos me perguntam o que fazer?, eu queria mudar o mundo!, eu querio deixar minha marca, eu queria ser alguem fora da multidão. Amados e Amadas tudo só depende você! Não queira deixar tua marca no mundo porque o mundo irá te esquecer!, não deixe tua marca na história, porque ela pode ser reescrita, na verdade está apenas deixando pegadas na areia, e elas podem facilmente ser apagadas com a maré! Deixe sua marca aonde realmente será importante, no se amar, no amar ao próximo, no ser ouvido nos momentos de aflicão, apenas cuidar mesmo não precisando de cuidados.

Um bom dia à todos do amigo Bardo

Foto de Dirceu Marcelino

SONHOS DE MENINO IV - Sonhos transformados em lembranças - Saudade. Homenagem de um PAI e AVÔ aos filhos e netos

MEU CAMINHÃO DE MADEIRA
Eu me vejo em cada um de vocês!
Cada um de vocês me traz lembranças...
Gosto tanto, tanto eu amo vocês!
Fazem me recordar quando criança...

Brincando com meu belo caminhão
Um caminhão vermelho de madeira
Com o qual puxava cargas do chão
Ora pequenos gravetos ou areia...

Ora toras imensas e pesadas...
Fruto de minha imaginação
Ora plumas leves misturadas

Com capim arrancado com a mão
Que com flores belas e arranjadas
Visavam criar o nosso coração.

Dirceu Marcelino

Foto de Carmen Vervloet

Ondas do Mar

Brancas ondas do mar
Que vestem em rendas as areias
Embalam barcos a navegar
Encrespam os cabelos das sereias...

Inquietas ondas do mar
Que invadem minha íntima praia
E vem buscar meu triste olhar
Que sobre seu mar se espraia.

Cantantes ondas do mar
Que desenham seu palco sobre a areia
Melodiosas a me incitar
A flertar com a lua cheia.

Revoltas ondas do mar
Que quebram este meu sonho moço
Nos meus versos a se enroscar
Neste poema que não ouço.

Foto de Rosamares da Maia

EU QUERO O MUNDO E IR ALÉM

EU QUERO O MUNDO E... IR ALÉM

Eu quero o Mundo até onde a vista alcançar.
E ir além.
Eu quero ser homem e mulher,
Não mais homem ou mulher,
Mas, Homem medida perfeita do Universo.
Homem - Humanidade,
Cidadão da vastidão do Mundo.

Quero o sopro da vida na narina de barro,
E depois o pó soprado pelo vento,
Espargido pela terra e elevado às montanhas.
Do pó ao pólen das flores seus frutos e folhas,
Ciclo que retorna ao chão.
Eu quero a Terra e a ela consagrar o meu corpo,
Entregar-lhe tudo o que nele há,
Até que a ela retorne na forma do pó,
E que a nossa união seja perfeita.

Quero o Mundo até onde a vista alcançar,
E ir além.
Terra, pedras, mar e ondas, céu e azul,
Ar e todos os seus ventos, zéfiros e vendavais.
O sol tostando a minha pele, e mais vento,
Desfazendo o meu cabelo, levantando as saias.
Quero o fogo até a brasa fria
E retornar como Fênix.
E a água refrescante da chuva, seiva da vida.
Quero beber e matar a minha sede.

Eu quero cobrir os olhos com as mãos em concha,
Para aliviar a intensidade da luz.
Quero toda a luz que a minha retina puder filtrar.
O frio da noite com todo o medo da escuridão,
Todos os sustos e fantasmas que ela me trouxer.
Uma cama quentinha e um cobertor,
Para esconder a cabeça.
O branco da neve eu quero, com urso polar,
Com pinguins e pinheiros de Natal.

Quero a primavera com flores e cores,
Com todos os seus matizes,
Ver a paisagem transformada de forma natural.
Sentir a areia a água e o sal.
Quero o sal estalando na língua,
Com a suavidade de ressaltar o paladar.
E o doce mel das abelhas,
Do açúcar da cana e o amargo do café.

Quero ser um astronauta, um passeio no espaço,
Cumprimentar estrelas e bordar mais uma,
Bordar a manta da noite e acordar as manhãs,
Deslizar no orvalho que embeleza a flores,
E quero ser a rosa vaidosa, perfumando campos,
Como rosa quero esta no buquê das noivas,
Dançar a valsa nos salões de baile.

Eu quero o Mundo até onde a vista alcançar,
E ir além.
Eu quero amar, os risos e lagrimas do amor,
Eu quero os filhos dos meus amores,
Os produtos da Terra, parir todos,
De todas as raças e cores,
De todas as formas, falando todas as línguas,
A verdadeira Torre de Babel.

As crianças eu quero, com todos os seus sorrisos,
Artes, birras e choros.
Quero o afago das mães,
Quero ser a mães das crianças abandonadas,
Das crianças mal cuidadas, torturadas,
Quero sabedoria para sarar suas feridas,
E fazer esquecer, para não reproduzir a dor.

Quero a sabedoria do velho, o peso nos ombros,
E a leveza da sua ausência de razão.
Eu quero o Mundo, virtudes e defeitos,
Força que repele e atrai.
O amor cuidado, desejado e planejado,
E a insanidade do amor sem razão

Eu quero o mundo até não poder mais respirar
E ir além.
Eu quero estar dentro do Mundo e Ele dentro de mim.
Eu quero tudo o que eu puder e aguentar sonhar.
Quero ser Deus, pois Deus está em mim.
Não Deus! Perdão. Não é ambição ou pretensão.
Também não por insanidade. Talvez um pouco.

Quero por que tenho medo e coragem de pedir.
Medo de não desfrutar de todo o seu legado.
Medo de constatação da Vossa grandiosidade,
Que contrasta com o meu pouco tempo.
Porque eu quero a vida até a última gota
E ir além,
Até o último minuto da prorrogação
De tudo o que me concederes de vida para gastar.

Rosamares da Maia – 02 de maio de 2014.

Foto de José Herménio Valério Gomes

ABRAÇO NA TUA SOLIDÂO

MERGULHANDO NO TEU OLHAR
POSSO LER DECLARAÇÔES DE AMOR
QUE TU MURMURAS AO LUAR
ACEITANDO ,ESTRELAS COMO FLORES

UMA DELAS A MAIS BRILHANTE
È UM BEIJO MEU PARA TI
HOJE ESTOU NUM LUGAR DISTANTE
MAS SEI...ESTÀS AI PARA MIM

OBSERVO NO TEU ROSTO
PASSEAR DUAS LÀGRIMAS CONTIDAS
NA PRISÂO DOS DESGOSTOS
QUE TOMBAM NA AREIA,E VÂO NO MAR DE SEGUIDA

ESTE NOSSO AMOR DIVINO
QUE ENTRE NÒS, FOI TÂO AMADO
AQUELE DIA PELA FORÇA DO DESTINO
NOS FOI AFASTADO

COMO O MAR BEIJA OS TEUS PÈS
SERÂO AS MINHAS CARICIAS
O BATER DO TEU CORAÇÂO È A TUA FÈ
DE ESTARES A VIVER AS NOSSAS DELICIAS

A NOITE È O COBERTOR DA NOSSA PAIXÂO
PARA VIVERMOS ESTE MUNDO PARALELO
ONDE EU POSSO ENTRAR NO TEU CORAÇÂO
GULOSO POR ALGO MAIS BELO

AGORA NASCE UMA FINA NEBLINA
QUE SE ERGUE SUAVE
SOBRE A ÀGUA CRISTALINA
QUANDO AINDA DORME A CIDADE

E À LUZ DAS ESTRELAS, DENTRO DA EXISTÊNCIA
DANCAM OS CISNES ,PARA OS AMANTES NA ETERNIDADE
ATENUANDO A MINHA AUSÊNCIA
NO SOM DE UMA MUSICA SEM IDADE.

21/08/2007(zehervago)

Páginas

Subscrever Areia

anadolu yakası escort

bursa escort görükle escort bayan

bursa escort görükle escort

güvenilir bahis siteleri canlı bahis siteleri kaçak iddaa siteleri kaçak iddaa kaçak bahis siteleri perabet

görükle escort bursa eskort bayanlar bursa eskort bursa vip escort bursa elit escort escort vip escort alanya escort bayan antalya escort bayan bodrum escort

alanya transfer
alanya transfer
bursa kanalizasyon açma