*
*
*
*
LUA AZULADA
Estrelas, via láctea, lua e sol,
beija-flor, sabiá, rouxinol e bem-te-vi,
rosa, orquídea, tulipa e girassol,
ouro, diamante, esmeralda e rubi...
Paro,
olho,
penso,
reflito,
medito,
entendo,
e me surpreendo...
Como pude perder tempo com tantas coisas banais,
se o que me encanta mesmo são sempre as flores astrais?
Como pude me deixar iludir por tanta pedra falsa e bijuteria,
se só o que me enriquece mesmo são as jóias preciosas da sabedoria?
Como pude ouvir tantos cantos rudimentares, desafinados e tão artificiais,
se os que me encantam são os dos pássaros e das sinfonias angelicais?
Como pude me entreter com faíscas de pensamentos tão iguais,
se o que me fascina são os raios solares das idéias geniais?
Então eu compreendo o vazio existencial
da minha inspiração vital até para o varal
das lágrimas que secam no meu quintal...
Como poderia rimar rancor com amor?
Como poderia rimar bisonho com sonho?
Como poderia rimar hipocrisia com fantasia?
Como poderia rimar tanta monotonia com poesia?
E, finalmente,
porque esta poesia,
que eu tanto queria,
chega assim tão de repente?
Elementar meu caro Wilson...
Mesmo que não tenham rimas,
os astros e as estrelas são as mesmas,
os pássaros coloridos e cantadores também,
as flores sempre voltam nesta mais linda estação,
e os rubis adocicados da romã frutificam a cada manhã...
O que era verde passou, amadureceu e o tempo o amareleceu,
o rio do destino correu e junto ao mar se engrandeceu,
a lua minguante cresceu, ficou nova e voltou cheia,
e a esperada bailarina cigana que saltou dela,
não veio de vermelho nem como cinderela,
veio de azul celeste e como sereia...
Então agora é o tempo de um novo caminhar,
viajar, mergulhar, nadar, flutuar,
rimar o mar com amar,
a lua azular
e voar...
Wilson Madrid o Poeta Azul