Pela estrada da vida vou andando
em cada rio que avisto no horizonte
eu sento na beira dele e começo a pescar...
O pensamento dispersa e fica longe...
E pergunto sempre aos peixinhos:
- Por acaso viram o meu amor
emergindo no fundo do mar?
eles voltam para a água desanimados
aglomerando uma tempestade de
momentos adormecidos e enraizados...
e o céu começa logo a anuviar...
mais uma vez, os peixinhos deslizam
sem resposta na palma da minha mão...
levanto, dou um suspiro fundo...
Não sei se estou no meu presente, passado
ou futuro...
estremeço ao vento a isca do meu coração
E sigo novamente sem rumo e sem direção...
Inocente e já no inconsciente...
a certeza que seus sonhos nunca iriam se concretizar...
veio a esse mundo pra resgatar...
Seu mundinho feito ostra a deriva a beira mar...
O sonho apareceu e a envolveu...
Faceira e esbaforida acreditou nesse sonho...
dançou em nuvens de algodão...
brincou com as estrelas e sorriu pra lua...
e para o sonho se fez nua... aguardou...
amou... desejou e quis...
mas...o sonho era de papel...
que essa mesma menina mulher desenhou no céu...
Mas o mundo desmoronou...
A menina sonhadora que dera asas ao seu sonho de vento
transformou-se em mulher e se entregou ao momento sorrateiro
que lhe deu uma rasteira e mais uma vez... o sonho se desfez!
E o vento levou como numa tempestade intrépida e cruel
sem dó e piedade a deixando atônita sem chão...
e novamente voltou a ser apenas menina juntando os
pedacinhos de seus sonhos dispersos na imensidão...
mas agora vê que seu sonho é apenas infante...
um esboço que se perde em farelinhos de giz...
e assim segue sua sina...
brincando de ser feliz!
Não me fale de razão, não me cobre
lógica e perfeição, sou a luz da lua que
espreita a luxúria e a paixão...
desvendo mistérios e segredos...
que extravasa desejos... excitação...
envolvo... libero... atiço... os sentidos...
perigo... ousadia... libido
e transcrevo pelo teu corpo
em pausas reticentes...
versos de pura magia...
e sinto dentro de mim
no ato do prazer iminente
teus espasmos que gotejam
a transgressão em poesia...
Um casulo
em constante
metamoforse
dentro de mim
mesma,
e no meu
inconsciente ...
me transformo
numa linda
borboleta
livre e
esvoaçante...
e nesse vôo
de encontros
e dencontros...
procuro uma
saída dentro
de minha própria
alma errante...
Dizem que as pessoas entram em nossa vida por acaso...
Mas nada é por acaso!
Tudo já está escrito, tudo já está determinado.
Pessoas ficam outras saem...
Nossa vida é como uma estação de trem...
Todos têm um destino pré definido.
Todos têm um lugar para ir, para voltar...
A gente desembarca em algum lugar e fica algum tempo e volta...
Assim são nossos sentimentos...
Assim é nossa vida! Nada é para sempre...
Então mesmo que seja por um curto período
a pessoa que se atravessar em teu caminho,
eternize esse momento como se fosse o último de tua vida...
E que seja eterno enquanto dure...
Portanto, aproveite a vida enquanto ainda há tempo...
O tempo não espera...
Cada um de nós tem seu prazo de validade...
Porque esperar que esse prazo vença?
Aí quando nos dermos conta, a felicidade passou a galope...
E sobrarão de nós apenas cinzas jogadas ao vento...
Celebre a Vida, sorria e VIVA!
E deixe o acaso acontecer...
E saiba que é assim que tinha que ser!
Vejo as pessoas que caminham apressadas
se perdendo no meio da multidão...
Eu as observo em silêncio e estagnada
num ponto qualquer...
não consigo sair e nem mover meus pés
pois fico levitando sem teto e sem chão
procurando-te dentro da minha solidão...
Tatue!
em meu corpo palavras insidiosas
goteje nele metáforas libidinosas
contorne-me!
com tua língua e rastreie
pontos obscuros desse nosso
mistério e decifra-o no escuro...
entorpeça-me!
nessa lassidão na penumbra
estonteante, acariciando-me
sem demora, fico indolente e
entrego-me a essa loucura...
faça-me!
ter espasmos orgásticos, nessa
tua aproximação, onde meu instinto
selvagem aflora nessa perdição...
Arrepia-me!
Para que eu possa levitar quando tua mão
numa umidade extasiante vier me tocar...
Queime-me!
em labaredas desse fogo incontido e
devasso, latejante que arde e fere...
quanto tocas com teus dedos em minha pele
aglutine!
teus beijos em meus sonhos
e com tua luz ofusca meu olhar
imersa nas profudenzas desse prazer
eu naufrago em teu mar...
serpenteie-me!
enrosca-me, prenda-me em teus braços
e deixamos nos embalar nesse vaivém
entre beijos e amassos, deslizando em
mim o teu afagos...
Desordene!
a minha razão nessa total
incoerência, nesse desatino inexplicável
forjamos o bem e o mal, a luxúria e o pecado
que nos arrebata nessa inebriante incongruência...
Sacie-me!
nessa vontade louca e explicita de tanto
te querer, deixe escorrer em mim a simetria
morna de tua demência, e faça de meu orgasmo
o apanágio de nossas penitências...
*
* NUANCES DO PASSADO!
* ((inspirado no poema Sonhos de Menino - Imagens Coloridas de Dirceu Marcelino)
Imagens coloridas são as nuances
que pincelam em nossa memória,
sonhos esquecidos, e é por
isso que espelham e refletem
as marcas e cicatrizes de um
passado adormecido...
Mesmo que me esqueça,
minha essência ficará tatuada
pra sempre em ti
e jamais vai esquecer
a vibração do meu corpo
que no teu eu senti...
Agora, sigo meu destino
e deixo-te ir!