Administrar um fundo monetário internacional na teoria é ter uma posição de muito poder e prestígio na realidade em que vivemos. Na teoria, é como se o sujeito fosse o chefe do banco do mundo, um Sílvio Santos melhorado, sem o sorriso forçado e o cheiro de circo mambembe. Administrar um fundo monetário internacional na teoria é ter dinheiro para dar e emprestar, colocar de joelhos nações continentais e influir diretamente na vida de milhões de pessoas. Administrar um fundo monetário internacional na teoria é fazer o planeta girar a sua volta, é ser presidente de algum país se desejar, ser o dono da bola, de modo literal ou não, é ser alguém que na teoria só pode ser atingido por forças maiores.
Não é bem verdade.
Administrar um fundo monetário internacional é carregar o duro carma de crianças que morrem de fome e miséria. É ter nas mãos o tabuleiro, sem de fato mover as peças. Administrar um fundo monetário internacional é deixar de ser humano em alguns aspectos, é se robotizar, tornar-se um cargo, um encargo. Um administrador de fundo monetário internacional na verdade é a caricatura de uma pessoa, na teoria não erra e tem as opiniões mais inteligentes possíveis, desperta inveja, e pode fazer da sua e de outras vidas o que quiser. Uma inverdade.
Administrar um fundo monetário internacional é ser gente do mesmo jeito. È sentir atração pela mulher mais próxima, tomar banho, não se vestir. Faltou bom senso àquele senhor de setenta anos, que se encorajou em ser tarado, certo de sua fiança. Administrar um fundo monetário internacional é ser rejeitado por ser velho e sentir-se humilhado por isso, também. Só que aquele homem não se lembrou disso. Nem todas as reservas financeiras curam a já conhecida sina de se ficar marcado negativamente. Isso sem contar no susto que a camareira levou, proposital ou não, nessa eterna incerteza que são todas as acusações.
É por isso que não somente o amor é injusto, a excitação também é.