fantasia

Foto de Carmen Vervloet

Poesia no Canto, um Encanto!

Bordo meus versos
no aconchego do meu canto.
Que encanto!
Desenho, com palavras, coloridas telas...
Encho balões com meus sonhos
e os solto no iluminado espaço
no exato momento
em que passa uma corrente de vento.
Sobem aos céus, lá… bem junto às estrelas
e são abençoados por Deus!…
Depois retornam num rabo de cometa
pousando aqui e acolá…
Deixando um pouco de mim em cada lugar...
Lá... onde os silêncios rugem
em meio às dores que surgem.
Onde o tempo é quando… a dor passar!
E o amanhã é quando… a ferida secar!
Preciso plantar meus versos de amor e ternura,
fazer o reverso do sofrimento,
levar um pouco de loucura,
fazer voar, sem sair do chão,
por um ponto final no tormento,
alimentar… distribuir o pão…
Oferecer as mãos em conchas de amor…
Abraçar, com a esperança,
de que a dor suavizou,
a treva se acendeu em luz,
e a poesia trouxe a paz de Jesus!

Foto de carlosmustang

DEIFICAMENTO

Eu não gosto do meu corpo
Barrigudo, descuidado, sem vontade
Eu gosto do seu corpo, trabalhado, esbelta
Com vontade, cuidadosa, auto-suficiente

Eu não gosto do meu, por isso venero o seu
Faço de Ti assumpção principal
Te presenteio com carinho, tesouro, dedicação
Se não gosto do meu corpo, posso matar o desejo.

Eu não vivo por meu corpo, insulado de conhecimento
Me basta o seu corpo, de perfeito inebriamento
Se me desejar, morro sem minha vontade

Corpo santo, santa da minha estetização
Meu corpo descuidado de prazer sem fim
Devoro seu corpo, esperando dar-lhe um pouco de mim

Foto de Rute Mesquita

O pacto

O Mundo gira,
as trevas ausentam o sol...
Sinto a minha ira
acima da cantiga daquele rouxinol.
A lua cheia,
contrasta com o céu
e eu acordo com uma voz que diz:
‘Vinde tomar a sua última ceia.
Vinde ao meu acordo
e verás que não estás só’.
O meu corpo,
levantou-se,
correspondendo ao chamamento
contradizendo,
a minha mente que ia enfraquecendo.
Movo-me num andar assombroso.
Rastejo-me… num olhar penoso…

†††

Chego, à grande sala do castelo,
vejo uma mesa enorme cheia de sacrifícios.
A minha alma diz que de nada tem belo
mas, a voz interfere:
‘Eis os nossos delícios.
Sentai e brindai comigo’.

†††

O meu corpo obediente,
ergue o corpo que derramava sangue.
A minha mente fraquejava e fraquejava…

†††

Aquela voz suava a mestre,
a possessão, a poder,
e fazia-me nas suas palavras ferver
como se me afundasse no manto da crosta terrestre.

†††

Brindámos e a minha visão alterou-se…
Tudo se cobria de vermelho
e nós gargalhávamos sem razão.

†††

Eu acabara de perder a minha alma,
Havia punido
e estava na sua grande palma.
Tornei-me uma criatura insaciável.
Já não era aquele ser racionável.
Agora, sou uma predadora
e à noite saio do castelo.
Sempre com um ar de desconhecedora,
sentada naquele jardim,
afagando o meu cabelo.
Tentando parecer normal
para atrair atenção.
Desejando, que alguém caísse na tentação
do mal.
Na verdade, conheci muitas bocas,
que me elogiavam
mas, tinha de levá-las às minhas tocas.
as minhas presas assim o ditavam.
Conheci muitos corações,
uns puros, outros marginais.
Hum, como já tanto saboreei por dois furos,
aqueles racionais.

†††

Continuarei a crescer,
continuarei a matar.
Não me assusta morrer
mas, sim ir sem te provar.

Foto de carlosmustang

AURORA BOREAL

Eu vi, posso testemunhar
Um rosto, para me encantar
Não era meu espelho, nem poucos cabelos
Uma questão de viver melhor

Era questão de saber a questão
Resposta é pra qualquer um
Que a gente gosta
Amor cego vê aurora boreal

Quem existe, devia achar bom!
E sonhar com a conquista
Mesmo que amor exista!

É tão bom, é sonhar
Acabar em seus braços
Me fazer te encantar.

Foto de KAUE DUARTE

Maltrapilho de sua realeza

Sou sim...
Sólido como a rocha
Firme como a terra
Molhado como a água
Secreto como o céu
Singelo como o sino
Doce como o mel
Poeta como a lua
Brilhante como as estrelas
Amado quando estás comigo
Contigo não existe castigo
Posso ser o tapete que pisas
O sol que te bronzea
O creme de tua pele
Tudo o que me pedires
Óh imperatriz de minha história
Madame de meu jogo
Rainha do meu tabuleiro
Deusa do meu tempo
Quero ser seu pequeno escudeiro
Defensor de seus sonhos mais intensos
Permita-me tal elegância
Adentrar seus palácios de prazer
E assim estar
Só por ti
Estrela da aurora
Sempre teu
O bobo de sua corte
O maltrapilho que recebe suas migalhas
Suas pequenas misérias são referencia
Pro meu coração amante.

Kaue Jessé 24/07/2011 //*

Foto de Arnault L. D.

Auroras ( Espelho magico )

Quando o Sol levanta a aurora,
sua luz aos poucos se alastra,
a brisa da manha leva embora
as ultimas estrelas, que afasta.

Aos poucos, desperta os passarinhos,
nas copas vai somando-se o cantar,
na musica que brota de seus ninhos,
no ritmo a saudar... Ao sol raiar...

Sopra o vento, ramos, carregados
de canções que as folhas faz assoviar.
Orquestra de “bom-dias”, acordados
na chegada do astro rei, a levantar.

Mesmo noutros corpos, ou lugar,
a vida pode repetir o amanhecer.
Mesmo sendo diferente o espelhar,
a arvor'inda guarda o alvorecer...

É o mesmo vento a vir acordar,
movimenta as folhas de seu galho
e a ave, ali pousada, vem cantar.
Ao sol raiando a aquecer-lhe o orvalho...

Traz no elevar-se, uma luz que acesa,
acorda a musica, pousada... Escuta...
Veja, há pássaros cantando na certeza
de um maestro a levantar-lhe em batuta.

É o mesmo galho que se agiganta,
e corta o vento, orquestra em bando,
como fosse o pássaro acorda e canta.
Espelho magico da aurora começando.

Foto de Arnault L. D.

Sussurro

Sopra uma doce canção de ninar,
diz-me de sonho e ternura,
do amor e do fazer amar,
daquela promessa mais pura.
Do juramento a se perdurar
por quanto a vida me dura,
fala que não e jamais o acabar
se a vida ainda me segura.

Pode até ser loucura,
mas vem a mim sussurrar.
Contos de fada, alem da censura,
dos quais doutores vem duvidar...
Das borboletas, que por ventura,
aos pensamentos veem pousar
e suavemente trazem a dor cura,
para depois voltarem ao ar...

Se é sandice quero delirar,
nestas miragens de doçura,
pequenas fadas verdes a dançar,
flutuando pela noite escura...
Mesmo que for apenas sonhar,
pouco importa se é loucura.
Sei que a vida é mais que pensar;
é sentir... O que o vento sussurra...

Foto de ραłøмα

Reflexão

Se a verdades sempre fosse ditas,
nada seria tão comparável como agora,
tudo teria mais sentido...

Foto de Carmen Vervloet

Arre Morte!

A morte em longas vestes negras,
nariz afilado,
garras afiadas, foice na mão
bate à nossa frágil porta
sem chave, sem tranca, sem escoras...
Diz que é chegada a hora...
E nem se importa
se ainda nos sentimos crianças...
Nem se nossa amiga esperança
empresta-nos forças para enfrentá-la.
Destina-nos um túmulo hostil
um lugar tão frio,
um espaço escuro e vazio
coberto por granito polido
que esconde o anil escorrido do céu!
Asfixia-nos com seu negro véu...
Gatos pretos rondam nossa sorte,
lobos prevêem nossa morte e
soltam uivos que arrepiam na escuridão!
Bate acelerado nosso coração!
Momento de medo e solidão!

Arre morte!...
Bata em outra porta,
não injete seu veneno
em minha aorta
não quero ir, não posso partir...
Cumpro ainda minha missão.
Tenho que fiar poesias...
Tecer versos de alegria,
semear sentimentos em profusão
sobre a terra deste nosso mundo
às vezes cordeiro outras vezes cão.

Foto de Rute Mesquita

A Deusa

Num isolamento,
sem fim
gera um fomento
de Jasmim.
Sigo esse odor,
ele chama por mim...
Já sei!...
É o esplendor
que me leva até ti.
Agora, caminho…
em passos largos,
com o corpo solto.
Adivinho,
onde são os largos
e me volto!
Aquele perfume
toma conta de mim,
não há amor,
não há ciúme,
que me ponha assim!
Magnifico!
Encontrei!
A jóia que ao pacífico,
atirei.

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