Vila Rica
No ventre das montanhas, cenário alpino,
Torres são erguidas e apontam para o céu...
Vila Rica, burgo pequenino, subindo a encosta,
É um luminoso véu, a entrar no ventre seco...
Da janela tudo vejo e vejo tudo, vejo brasões
De ouro e festas e apogeu, ouço o bimbalhar do sino
E a velha Vila Rica no esplendor do sol a pino,
E arcos de pedras erguidos, as pedras de cal...
Da janela que tudo vê e vê tudo, vê tirania entre
Grandezas, botas batem nas pedras, pedras caiadas
De cal, coches reais rolando com altezas, pendões ao vento,
Em corsos triunfais, e os arcos de pedra afiada,
Somente pó e matéria nas mãos operárias...
Nada restou além das montanhas e das pedras...
Fim a tanta gala! Liberdade! Fulge e se perde...
Feriu ferida funda e o sangue correu...
Conspira a solidão da montanha e sangue sugando
A serra, velando a alma exilada nos caminhos da
Montanha...
Marta Peres