Exponho tão fácil o que sinto,
Tão forte o que vejo,
Que torna-se resoluto o meu desejo,
De deixar fluir pelos poros meu sentimentos.
Desnudo minh'alma empírica,
Nesta tarde fria e cinza,
Entrego em palavras e versos,
Todo desespero de minha solidão.
Agora o que cerca-me são ambientes vazios,
Paredes nuas em tons ambíguos,
Sons fortes e torturantes,
Do mais obsceno silêncio.
O que resta além de tudo isto?
A tentativa vã de um sorriso?
Mesmo buscando encontrar motivos,
Com palavras apenas para meus ouvidos?
Pois assim vivo e me vejo,
Como louco falando comigo mesmo,
Distante da algazarra da vida,
Morrendo aos poucos, aos poucos ficando sem vida.
Tão severo castigo imposto,
À quem buscou errar tão pouco,
À quem quase acredita ainda,
Que um dia não haverá lágrimas vertidas.