MÍNGUA DE AMOR
Lágrimas na janela do tempo
Contemplam o infinito
O olhar ávido aflito
Bebendo distâncias
Sorvendo ânsias
E loucuras caladas.
Portas fechadas
Emoções aprisionadas
Muros altos de silêncio
E essa estranha ausênsia
De razão para viver...
Ah deter a inclemência!
Portões de fogo
Vidas separadas
Nos resíduos do todo
A exaustão do nada:
Nada ter
Nada fazer
Nada haver; nada!
Pra na alma amada
Cravar o olhar e o coração
Só há manhãs geladas
E o abismo da solidão
Perpetuada
Na inexatidão
Da presença tão desejada.
Alma sufocada
Vã espera
Dias após dias o desencanto
Da falta que agride, desespera
E fere tanto!
Mas, também isso não é nada;
A guarda dos sonhos dilacerada
Trancar procuras ansiadas
Sufocar desejos inesgotáveis
Inúteis e imensuráveis.
Encarcerar lágrimas
Embebidas de dor
Que reclamam ter
Lampejos de vida
Que desfaça a ruína do ser
morrendo à míngua de amor...