Ardo caminho que me segues alma,
Ao falar-te da fome companheira minha,
Não me destes migalhas pois também não tinhas,
Só me destes lágrimas aonde pede calma.
Dei-me resto alma, fome louca,
Tão cruel fome que me seca corpo,
Dei-me o sonho, num sonhar já morto,
Dei-me o farelo que cai da tua boca.
Andas comigo alma caminhante,
Espera certo como é certo o instante,
Comer da boca de outra já comida,
Quase morto sinto alma minha,
Dentre meu corpo, ossos, carne fria,
Me carregue alma, meu alimento vida.