és mar
e eu um barco
a navegar
nas águas do teu corpo
rumo-te a sul
adentro o delta
sacio a sede
num rio
que de ti chega
és terra
e eu arado
lavro em teu peito
sulco-te a pele
buscando o húmus
afundo o ferro
sacio a fome
no cheiro
que de ti chega
és mar (de novo)
e eu um barco
pronto a entrar
em todos os teus cais
acerto o rumo
vou onde vais
provo o teu sumo
cheiro os teus sais
és terra (agora)
e eu arado
lavro em teu peito
este meu fado
seara d´água
no semear
colho esta mágoa
no teu olhar