e mais um dia monocromático.
Abordo,
um cheiro aromático.
Encontro, cinco cores
e logo surge um pincel na minha mão.
Já percebi, meus amores!
Vou fazer delas uma linda composição.
Então decido sair para o jardim
e começar por pintar aquela relva.
‘Azul’, digo para mim
e ela assim se revela.
Para o céu dito: ‘verde!’,
e o meu grito nele se ergue.
Pinto o sol,
de vermelho
e o cântico de um rouxinol,
obtenho.
Faltam-me duas cores.
O branco, de muitos odores,
na minha casa estanco.
Deixando o amarelo,
para as nuvens de algodão.
E como fica belo,
naquele céu de agrião.
O verde do céu,
completa o vermelho do sol.
E como cedeu,
aquele dia outrora mole.
O azul da relva,
realça a minha linda casa neutra
e faz parceria com o verde do céu.
E como a magia me eleva,
e faz deste mundo tão meu.
Agora sim! Não irei mais dormir,
o meu sonho realizei,
num criar por as cores sentir.
Comentários
Caros leitores,
Este poema contém alguma informação sobre o conceito cor, como as ligações que esta estabelece entre si. Vou explicar de forma rápida e sucinta:
O meu ‘eu’ lírico procura criar uma composição equilibrada com uma gama de cinco cores (azul, verde, vermelho, branco e amarelo que equivalem às três cores primarias e a uma secundária, sendo o branco cor neutra), entre elas temos cores complementares e cores análogas (da mesma gama de cor/ ‘da mesma família’).
Sabendo que:
Verde + Vermelho = Cores complementares (no circulo cromático encontram-se opostas uma a outra), obtemos o raciocínio por detrás da relação entre o verde do céu e o vermelho do sol.
O azul com o branco faz um contraste de luminosidade e por isso realça a casa branca.
Amarelo + Verde não estabelecem nenhuma relação como cores de análogas, nem complementares, contudo contrastam.
Azul + Verde = Cores análogas/’da mesma família’ (no circulo cromático encontram-se adjuntas, na parte das cores frias).
E nisto se pensarmos e quisemos ir mais longe obtemos cores secundárias (cores resultantes de uma junção de pelo menos outras duas).
O vermelho do sol ao reflectir no azul da relva dará violeta, nas partes por este iluminadas.
O mesmo vermelho do sol a reflectir no branco da casa, a casa irá ver-se também violeta.
O mesmo vermelho do sol a reflectir-se nas nuvens amarelas, dará cor-de-laranja.
E quem diria que por detrás de este poema se escondia este grande exercício de cor.
Se quiserem saber mais:
http://www.ffcomputadores.com/hst/TEORIA%20da%20COR%20CFPF.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cor
Espero que vos tenha permitido ter um outro olhar.
Atenciosamente,
P03tiza.
Rute Mesquita