Ah amor, sentimento que me fazia esquecer o mundo,
E que mais tarde fez o mundo me esquecer,
Que me fez cair no buraco mais profundo,
De tristeza, solidão e me fez sofrer.
Se o meu pertence a ela, como posso ser feliz?
Se a vida me abandona, como não negar a Morte?
Essa dor que sinto agora, não me acaba por um triz,
E o coração, na balança do tanto faz, escolhe a sorte.
Eu aceitei com todas as forças as condições de lhe amar,
Mesmo sabendo que mais tarde isso me machucaria,
E encarei todas as maldades que me fizeram afastar,
Da verdade da solidão, que meu coração um dia cederia.
E como o tempo sempre demonstra-se inimigo,
De todas as almas que desejam encontrar o Amor,
Procuro então, em algum espaço do coração, um abrigo,
Que me acolha de todas as iras, de toda dor.
Seu amor é o cativeiro que me mantém presa,
É a escuridão que me dá segurança ao não ver,
É a dor que consegue eliminar toda e qualquer tristeza,
É a liberdade jogada fora, por querer lhe ter.
É estar certa com todas as incertezas,
É a vontade de querer não fazer nada,
É o ânimo encontrado nas tristezas,
É o estar bem por poder ser amada.
É a esperança que encontro quando não espero mais nada,
É a luz que encontro em anos de cegueira,
É como se depois do deserto, encontrasse a primeira estrada,
É depois de perder, me sentir uma guerreira.