Consoada
Teus olhos vermelhos, cansados,
descansam agora
na madrugada envolta
de fitas e papéis,
caixas de papelão vazio
mascarando o chão frio
num imenso lago de coisas
(objectos)
abertos
mãos sôfregas,
sorrindo de fartura.
Teus olhos fecham-se,
Fugindo de um tempo louco
correndo nas escolhas
por templos onde te arrastas,
arrastando teu corpo
procurando razões
sinais de sorrisos
de uma noite.
Dizes adeus à euforia,
ganhas tempo na desculpa
carregas na memória
o tempo das inutilidades
que neste tempo
ganham razão
e o peso inadiável
do que todos precisam gostar.
Teus olhos abrem-se doridos,
estou diante de ti,
os dois
mãos que são nossas, vazias
agarram o novo amanhecer
onde o amor, como sempre
chegará,
apenas dentro de nós,
sem fitas, sem papéis
desembrulhado.
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