A MORRER!
Transformo-me em poeta para falar da morte!
E a ela entrego com doçura os sonhos e a sorte!
Se na vida encontrei os padecimentos e o degosto...
Redima-me a alma das feridas do sentir exposto!
Senhora! Liberta-me das torturas do entendimento!
Sou escrava destinada à subserviência e ao fingimento!
Familiariza-me com a sensação de superar o desafio...
Temo ser pássaro a jamais ultrapassar as barreiras do ninho!
Deixa-me descansar à tua sombra rompendo, enfim, a rigidez...
Revelando sem cobranças de decência toda a dor e desfaçatez!
Fortalece-me na coragem de abdicar da cômoda indecisão...
Orvalhando com gotículas de confiança a frívola divagação!
E se inútil, opressiva e entediante for a longa espera...
Sejam as lágrimas testemunhas do verão em plena primavera!
E assim, reverenciarei a ti com pujante ardor e cumplicidade...
Por ensinar-me a valorizar o momento despida de vaidade!
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