Vilarejo do Encanto

Foto de Izaura N. Soares

Autor: Izaura N. Soares

Numa cidade do interior chamada Vilarejo do Encanto, sim, é assim que é chamada a pequena cidade devido o seu encanto, sua beleza natural, é uma cidade muito linda conservada por todos os moradores da região. É uma cidade turística bastante visitada por pessoas de todos os lugares. Quando os visitantes chegavam, logo se encatavam com a beleza do lugar, com suas casas coloniais, com suas cachoeiras e recebiam um tratamento de primeira; ar puro.

E nesse pequeno Vilarejo havia um casal de adolescentes Jacksom e Sara, que sabiam aproveitar bem a beleza da cidade, nascidos e criados na vila, eles conheciam o Vilarejo do Encanto como a palma de suas mãos. Jacksom e Sara sempre foram muito unidos, era uma amizade forte e muito bonita, em todo o lugar que eles chegavam estavam sempre juntos. A amizade foi crescendo, foi se fortalecendo, eles brincavam como se tivessem dez anos de idade, enquanto na verdade eles tinham quinze anos, mas não se importavam, não tinham malícias e eles exploravam cada canto da cidade como se tivessem a procura da caça ao tesouro. Era uma verdadeira festa.

Cada dia que passava era uma descoberta, a Sara se encantava com tudo e o Jacksom a observava com tanto carinho, com tanta admiração e não demorou muito para a grande descoberta, um sentimento lindo que brotava no coração dos dois. Mas ambos ficaram em silêncio guardando aquele amor dentro do peito sem se revelarem, sem nada a dizer. Mas o Jacksom, tinha algo importante para falar com a Sara era sobre a sua partida ele ia embora com seus pais para um outro Estado,
Jacksom começou a pensar:
Como vou falar para a Sara sem magoá-la, sem deixá-la triste?

_Sara, preciso lhe falar...
_Pode falar Jacksom, estou ouvindo.
_Eu vou embora, _ Mas já! Espere mais um pouco eu também vou!
_ Você não entendeu Sara!
_Eu disse que vou embora com meus pais para um outro Estado, o meu pai recebeu uma proposta de trabalho e ele aceitou e vamos partir amanhã.
_Sara engoliu seco seu desapontamento mas ergueu a cabeça e disse:
_ Que bom Jacksom! Seus pais estão procurando o melhor para sua família e você deve segui-los e procure sempre ajudá-los, para que tudo corra bem, porque a esperança é o conforto d'alma e a fé é o alimento do espírito. Jacksom a olhou com ternura sem entender muito bem aquelas palavras.

O dia seguinte chegou, a hora da partida. Jacksom se aproximou de Sara e a abraçou sentiu o calor do seu corpo, o coração batendo forte, acelerado mas ambos se mativeram firmes para não demonstrar seu sofrimento. O ônibus chegou, era um ônibus bonito com suas poltronas macias digno de uma viagem longa. Jacksom sentou-se ao lado da janela onde ele pudesse ver melhor a Sara. O ônibus foi se afastando de vagar, foi seguindo o seu destino. Sara ficou ali parada vendo o seu grande amor partir, o desespero tomou conta, Sara desabou, um grito de dor ecoou pela cidade, suas lágrimas rolaram pelo o seu rosto demonstrando o quanto ela amava o Jacksom. No ônibus, o Jacksom sentado em sua poltrona todo encolhidinho, amargando aquela dor sufocante dentro do coração e uma vontade louca de sair correndo e gritar, pare! Eu quero voltar! Mas ele não podia fazer isso ele tinha que continuar. Deixou que suas lágrima também rolassem pela seu rosto sem se importar com mais ninguém, então ali mesmo ele jurou que um dia voltaria para buscar o seu grande amor.

Jacksom e seus pais chegaram nos seus destinos. Tudo era novo, tudo era estranho, começar tudo novamente, começar uma vida nova. O tempo passou, quinze anos se passaram, a vida do Jacksom e de seus pais melhoraram gradativamente, ele estudou, se formou num brilhante Advogado, de alma pura, sempre ajudando os mais necessitados. Era respeitado e admirado por todos e paquerado por todas as mulheres. Mas o Jacksom não ligava, não prestava a atenção o seu coração estava fechado e só abriria para o seu único amor; a Sara. Ele sempre lembrava da Sara com muito carinho, e quando estava em dificuldades lembrava das palavras que ela dizia: a esperança é o conforto d'alma e a fé é o alimento do espírito ele nunca entendeu o porquê mas sempre deu certo pra ele, era uma força, um incentivo vindo do coração de Sara.

_Um belo dia, Jacksom tomou uma decisão, chamou seus pais, o senhor Felisberto e dona Marisa e disse:
_Pai, mãe, eu vou para o Vilarejo do Encanto.
_Seu pai indagou:
_O que você vai fazer lá meu filho? _ Já faz tanto tempo que não temos nenhuma noticias de lá!
_Eu sei meu pai, mas preciso ir!
_Eu preciso organizar a minha vida, descansar minha mente pois sinto a minha cabeça um pouco pertubada.
_Sua mãe, dona Marisa, uma mulher muito sábia, muito meiga e carinhosa olhou para o Jacksom e percebeu o que se passava no coração do seu amado filho.
_Então ela disse:
_Vá meu filho! Vá em busca da sua felicidade e não volte sem ela!
_Jacksom abriu um sorriso como há muito não fazia abraçou sua mãe e seu pai e saiu correndo para arrumar sua mala, todo feliz parecendo uma criança.

Quando o Jacksom chegou na cidade, ficou maravilhado com o desenvolvimento do Vilarejo do Encanto. A cidade havia mudado muito sem perder o seu encanto natural. Ele sentiu a brisa suavemente tocar o seu rosto, um ar límpido de uma cidade sem poluição. Ele não escondia sua alegria, seu contentamento, procurou logo um lugar para ficar hospedou-se no melhor hotel da cidade passou a noite ansioso para que o dia amanhecesse logo para ir a procura da sua amada, sem saber absolutamente nada a respeito da Sara, ele não sabia se ela estava casada, ou se ainda estava solteira, ou se ainda morava no mesmo lugar há quinze anos atrás, ou seja, nada ele sabia.

O dia amanheceu, nem café o Jacksom tomou saiu logo cedo a procura da Sara. Foi na antiga casa de Sara não a encontrou, procurou nos lugares onde eles costumavam ir e não a encontrou. Saiu perguntando para as pessoas sobre a Sara mas ninguém dava nenhuma informação, as pessoas olhavam com desconfianças e se calavam como se quisesse esconder algo, ele não entendia o porquê de tanto silêncio, mas ele não se deu por vencido. Voltou para o Hotel com a esperança de que no dia seguinte ele teria mais êxito na sua procura.
Um novo dia surgiu, o Jacksom animado continuou a sua jornada perguntava pra um pra outro e ninguém dizia absolutamnte nada, todos escondiam como se fosse um segredo, um grande segredo. Isolado, cansado, Jacksom sentou-se num banco de uma praça para descansar, estava um pouco triste sem entender porque as pessoas estavam tão reticentes. Mas continuou sentado naquele banco pensando no passado quando de repente ele olhou para o jardim e viu uma moça muito bonita, cabelos longos, castanhos claro, um corpo de menina, ela estava a brincar e ao mesmo tempo a conversar com as plantas.

Mas aquela moça continuou brincando, até então, o Jacksom não havia percebido nada. No meio da brincadeira a moça bonita tropeçou e caiu e o Jacksom mais que depressa como um bom cavalheiro que ele é correu para ajudá-la a se levantar. Quando o Jacksom se aproximou ele perguntou:
_Você está bem moça, se machucou?
_Ela respondeu:
_Estou bem, obrigada, não me machuquei!
_Por um instante, o silêncio tomou conta do Jacksom, ele ficou sem palavras mas logo se recompôs e disse:
_Sara, é você meu amor! Diga-me, por favor é você minha doce Sara!
_A Sara logo reconheceu a voz do seu grande amor e perguntou:
_É você meu anjo? É você meu príncipe? Você é o meu Jacksom?
_Jacksom respondeu:
-Sim, sou eu meu amor.
_Então, a Sara disse:
_Deixe-me te tocar, me deixe sentir o seu rosto eu quero, eu preciso reconhecer o seu lindo rosto pelo toque das minha mãos.

Jacksom feichou os olhos, deixou que as lágrimas caissem e percebeu que o seu grande amor havia ficado cega. Mais uma vez o aperto no coração, o grito sufocante saiu da sua garganta mas em nenhum momento ele blasfemou, ele gritou: Deus, meu Deus! Ajude-me a salvar meu grande amor, faça um milagre e devolva a minha amada os seus olhos novamente. Mas Senhor, se tu não poderes ajudá-la eu a amarei assim mesmo com toda a força da minha alma. Os dois se abraçaram, se beijaram pela primeira vez houve trocas de carinho, de ternura e uma promessa de nunca mais se afastarem um do outro, juraram um amor eterno e no auge da paixão o Jacksom pede Sara em casamento. Radiante de felicidade, imediatamente Sara aceitou se casar com aquele que ela sempre o esperou.

O dia do casamento chegou, Jacksom e Sara estavam felizes como nunca estiveram, os amigos também estavam felizes, a Sara ficou uma noiva linda parecia uma verdadeira princesa, foram todos para a igreja, o Jacksom nervoso como é abitual o noivo ficar nervoso, mas tudo correu bem os dois se casaram e se despediram dos amigos ali mesmo na igreja.
E os dois partiram para a tão sonhada lua-de-mel. A felicidade era tanta que Jacksom e Sara tinham medo que algo de ruim acontecesse e estragasse aquela felicidade, aquela alegria. Já não chega a tristeza que foi a quinze anos atrás quando Sara perdeu a visão devido um acidente de carro que aconteceu.
Sara saira com os amigos no dia que o Jacksom havia partido, eles queriam ajudar a Sara a se alegrar um pouco, mas a fatalidade se aproximou da Sara, ela foi a única a ser atingida com o acidente. Foi uma tristeza só que todas as pessoas ficaram tristes e não queriam tocar nunca mais no assunto. Por isso Sara tem medo que essa harmonia se acaba. Mas Deus não vai deixar isso acontecer.

Para que a Sara não ficasse preocupada, o Jacksom resolver aproveitar a viagem de lua-de-mel deles e levou a Sara para consultar um oftalmologista para que o médico a examinasse e desse um diagnóstico certo , correto para o devido entendimento do problema dos olhos da Sara. Quando chegaram no consultório, logo a Sara foi atendida, o médico se encantou com a beleza da Sara e principalmente com os olhos dela.
Ele a examinou, observou, coçou a cabeça, meio intrigado mas não disse nada. Continuou a examinar os olhos da Sara e chegou uma conclusão e disse:
_Os seus olhos não tem nada, suas córneas estão perfeitas. O acidente não atingiu nenhum órgão do seu corpo e muito menos os seus olhos.
_Sara ficou sem entender nada e perguntou para o médico:
_Como o senhor me explica essa falta de visão? Eu não consigo enxergar nada, há muito anos que eu perdi a visão nunca mais consegui ver absolutamente nada.

O médico começou a explicar para Sara e o Jacksom, relatou em curto prazo que a Sara não consegue enxergar porque houve um bloqueio invonluntário da parte da Sara, talvez, por uma decepção ou por ter perdido alguém, alguém que amava muito e foi embora. Portanto, tudo que está acontecendo é verdadeiramente psocológico e a qualquer momento você Sara, voltará a enxergar. Mas Sara não acreditou no médico e disse que só um milagre a faria voltar e enxergar.
O médico pergunta a Sara:
_Você acredita em milagres?
_Ela respondeu: _sim, eu acredito.
_Então, logo o milagre vai acontecer é só uma questão de tempo.
A lua-de-mel acabou, tudo que é bom dura pouco. Jacksom e Sara voltaram para o Vilarejo do Encanto onde o amor dos dois começou, um amor tão lindo que não deve ser esquecido.

O Jacksom começou a trabalhar na sua profissão, a Sara cuidando da casa, das coisas do seu amado, apesar da sua cegueira a Sara aprendeu a conviver bem com a situação ela teve que aprender, portanto ela se saia muito bem com os afazeres domésticos. Não demorou muito a Sara veio com uma noticia de que estava grávida. Ela esperou o marido chegar para dar a noticia. Na hora do jantar Sara revela para o Jacksom que espera um filho dele. O jacksom não sabia o que dizer, de tanta felicidade que não cabia mais dentro do peito.
Resolveu ligar para seus pais dando a noticia de que eles iriam ser avós. Mas um grito, agora é de alegria, os pais de jacksom ficaram tão felizes que resolveram partir pra cidade do Vilarejo do Encanto para ficar perto do seu filho e de sua nora. A felicidade reinava naquela casa. Os meses foram passando o dia estava próximo, a dona Marisa cuidando da Sara como uma verdadeira filha, Sara já estava muito pesada.

Os nove meses chegaram, as dores do parto começaram em minutos e minutos e Sara, tão serena, tão meiga como uma verdadeira Lady aguentava firme transmitindo calma para todos. Ela foi levada para o hospital com muita dor, chegando lá o médido logo a atendeu e disse, está na hora, vamos lá mocinha você precisa ajudar.
Sara foi levada para a sala de parto, o médico a examinou e disse para a parteira, arruma a paciente porque a qualquer momento ela dará a luz, o bebê já está pronto para vir ao mundo.
O Jacksom estava uma pilha de nervosismo, mas ele se controlava pois queria assistir o parto do seu filho. As dores foram aumentando, a Sara gemia baixinho e o médico dizia força Sara já está quase pronto, por mais que a sara forçava parecia que o neném não queria vir ao mundo... Foi então que a Sara começou a pensar nas suas próprias palavras... A esperança é o conforto d'alma e a fé é o alimento do espírto! A Sara repetia várias vezes aquelas palavras atá que, por um milagre o bebê se deslocou e veio com tudo para os braços do médico que ficou encantado com a beleza daquele bebê. A Sara e o Jacksom não sabiam se choravam ou se riam de alegria e de emoção.

Mas com toda essa felicidade, com essa alegria, a Sara ficou preocupada, pensativa, como ela iria cuidar de um bebê se ela ñ conseguia enxergar. Novamente as palavras veio na sua mente. A esperança é o conforto d'alma e a fé é o alimento do espírito!
Deus, meu Deus, pai misericordioso me conceda essa graça de poder ver meu filho crescer. A Sara fechou os olhos, suas lágrimas começaram a cair por sobre sua face, o Jacksom dizia pra ela não chore meu amor! Agora não! A nossa felicidade está completa. Mas a Sara não se conformava de não poder ver seu filho.
De repente, eis que, quase como instatâneo a Sara abre os olhos e qual não foi a sua surpresa, o primeiro rostinho que ela viu foi o rostinho do seu filho.
Sara, acaba de voltar a enxergar. O Jacksom, ajoelha-se, e ergue os braços dizendo: obrigado Senhor por essa graça alcançada porque
o amor, a fé, a esperança, venceram mais uma batalha. mais uma vida foi salva!

FIM

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