Que se agite os inimigos:

Que se abrem fendas na terra
Que todos os mudos falem,
Que os homens bons se calem
Pra dar espaço pra guerra.
Que aqueles que não erram
Passem a errar em fim,
Porque em nosso jardim
Nasceram à planta do amor,
Estes teus olhos de flor
Ninguém vai roubar de mim.
Que a pás seja enterrada
No lugar desconhecido,
o amor seja esquecido
Na curva de uma estrada.
Que mim entreguem a espada
Dos braços do inimigo,
Que o céu mude os artigos
Da verdade e do amor,
Mas por ti juro que vou
Me entregar aos perigos.
Que eu vacile e que caia
Nos braços da solidão,
Que sinta o meu coração
Sendo desmanchado em vaia.
Mas eu vou andar na raia
Das águas do seu amor,
Nem que mim reste o rancor
De uma triste derrota,
Mas eu vou bater na porta
Deste teu jardim de flor.
Que o mal da embriaguez
Fique em pé, sobre os meus pés,
E seu amor nota dez
Mim ponha sobre o xadrez.
Mas eu vou sem escassez
Atrás de ti conquistar,
Porque tenho pra ti dar
Um mundo cheio de amor,
Neste jardim és a flor
Que mais aprendi amar.
Que as colinas vacilem
E que os montes desabam,
Que os homens se acabem
E os anjos de Deus cochilem.
Que os meus não se destilem
Na boca do sonhador,
E um fogo arrasador
Devore a pás dos gentios,
Mas, eu irei ti dar rios
De águas limpas de amor.