Ladrão
Percorro cada rua
com a vontade de me perder.
Solto passos apressados
saboreando a brisa fria
que me envolve,
negando a força
que me empurra
de encontro a ti.
Dou por mim
na tua porta
como ladrão esquivo
penetrando sem bater,
contando que durmas
e não me queiras.
Já em teus braços
percorro-te
derramando meus beijos
no teu colo,
sussurando palavras interditas.
Os meus dedos caminham
por onde meus desejos
já estiveram,
e solto-me dentro de ti,
como onda que se quebra
no areal,
E quando o mar recua,
e o som da areia chora
dizendo adeus,
procuro novamente meus passos,
e volto à brisa fria
fechando a porta
lentamente,
sem vontade de esquecer
passos lentos, quebrados
que a luz já se acendeu
sem vontade de me achar.
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