Distante
O telefone toca novamente e ela, como sempre, foge de onde quer que esteja para atendê-lo. O sorriso apresenta-se antes de ao menos dizer "alô". Sofro com esse gesto que já foi prá mim, porém agora seu tempo é para aquele que não a merece. Então combinam-se de se encontrar.
Na sorveteria perto de casa riem, abraçam-se, beijam-se. Vejo a mão forte e rude percorrendo seu delicado rosto de menina e aquelas pernas tão minhas quanto as minhas próprias. Não mais. O seu cheiro doce que antes eu protegi perdeu-se na frieza daquele olhar que ele a dedicava. Não a ama!
Em casa novamente e ela está feliz. Duvido. Era feliz comigo. Eu a acariciava e ela me beijava o nariz como se brincasse comigo. As vezes que dormimos juntos e ela me acordava no meio da noite para me contar seus sonhos bobos. Adorava sua meninice, embora tenha sido eu quem a tivesse ensinado a ser mulher.
Não sou mais o único homem de sua vida. Se é que realmente o tenha sido, algum dia. A minha bonequinha já é mãe. Agora tenho uma netinha. Reparo, constrangido, uma antiga conclusão precipitada: ele a ama!
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Stacarca - Érica Maia
Oi Érica, ótimo conto, como sempre repito micro-contos são sempre muito difíceis de serem escritos, e quando são compostos de forma bela vale destacar, vejo que levou muito ao masculino no texto, foi proposital? Parabéns.
Stacarca
oi
obrigada!
Erica
Gostei muito do seu conto e ficaria feliz se você lesse os meus e desse tua opinião. um beijo da Fran