Ao fim
Movido pelo mais cruel instinto,
vago a noite, caindo na tentação
da carne fétida e podre. Mentindo
para todos e para meu coração,
engano meus pensamentos,
alimentando-os de tormentos
e desilusões. Corro a cada minuto,
nesta noite de solidão.
Movido pela mais podre razão,
faço tudo que não posso. Saindo
de minha mesmice tenho a convicção
de que sou triste e agindo
por pura emoção, entrego-me ao sofrimento.
Embriago-me, curo meu ferimento
com uma droga. Sofro a cada minuto
nesta noite de mutilação.
Movido pelo meu verdadeiro eu
cometo um crime, sacrilégio.
Nunca mais serei seu.
Sou da vida, um ser alérgico
a tudo, a todos e ao meu
pequeno ego, que já não existe
e que insiste em morrer, e...
morre neste minuto,
nesta noite de maldição.
by Rogertal
- Login ou registre-se para postar comentários
antes da morte
é anterior ao poema "MORTE"
Muito triste,Rogertal!
Espero que quem tenha se expressado nesse lindo e triste poema seja somente o poeta,que tem o privilégio de ser dono de todos os "eus".Que esse grito de desabafo,de desejo de morte,tenha aliviado a alma do poeta,que conseguiu passar-me uma infinita tristeza.Belíssima obra,Rogertal,que retrata os últimos passos de um homem...e que não sejam os seus.
Um forte abraço!
Carmen
Carmen Lúcia
Não Carmen...
..não sou o "eu" do poema e sim os muitos por aí que estão se drogando, perdidos no mundo. E sim.. podemos ter o privilégio de ser dono de todos os "eus", tentando passar os sentimentos dos que sofrem ou daqueles que estão alegres, acho eu.
Obrigado pelo comentário...
Rogertal