ALGUMAS VEZES

Para amar, algumas vezes,
é preciso renunciar à prepotência,
saber administrar a dolorida carência,
prá não perder a paz de vez...
E saber que enxergamos com olhos de amor,
que falamos com a voz embargada pela dor,
e escutamos sussurros com muita nitidez.
Para amar, algumas vezes,
se deixa de pensar, é irracional,
e por tanto desvelo, é só emocional
o que o ser de paixão sente.
Sentimentos aflorados, impetuosos,
às vezes têm muito de tempestuosos,
transforma em vida tudo que era carente.

Para amar, algumas vezes,
é necessário ser um tanto exagerado,
mas sem parecer desesperado;
o amor é leve, suave. É carinho em densidade.
É sentir a saudade minuto a minuto na ausência,
o coração ligado na mais alta freqüência,
e se morrer um pouco mesmo em total liberdade.
Para amar algumas vezes, e SEMPRE,
é indispensável conseguir flutuar e abraçar o vento,
cruzando os próprios braços com o amor em pensamento,
e ouvir a música “nossa” mesmo sem nenhum som no ar.
É ter vontade de entrega, de por tudo em outra mão,
e confiar, deixar falar a razão, a razão do coração;
e viver o amor...que pode ser prá sempre,
ou durar alguns momentos... e se eternizar...