3º Concurso Literário ( Eterna Saudade)
Saudade
Através de aniversários percebi que o tempo passara, entretanto, os fatos continuavam vivos, meu corpo ainda respondia aos estímulos da primeira paixão.
Repentinamente, fragmentos de uma poesia invadiram meus pensamentos, desviando-os de uma linda valsa para a montagem de um quebra-cabeça.
As peças estavam todas embaralhadas e inúmeros anagramas foram montados, até que a magia de uma palavra fez-me desvendar o enigma: Neruda. Certamente, Neruda não respondia ao que era “sentir que existe o que não existe mais”, porém, em fração de segundos lembrei que o nome da poesia era saudade, escrita pelo “Pablinho”, meu amigo íntimo das horas difíceis.
Ciente de que a leitura que transforma a vida é inesquecível, convenci-me de que essa foi a melhor entre tantas que já li.
Mergulhei então, nas profundezas das sutis palavras, que bailavam em meu interior e que juntas formavam um mar de lembranças, capazes de arrancar lágrimas de sangue e suspiros de despedida.
Descobri águas agitadas, turbulentas, escuras, com vaga luminosidade, que alimentavam a única gota de esperança existente nos corações assolados, avistei todas as minhas conquistas ali, presas em uma redoma que eu não conseguia alcançar, dominadas por emoções incontroláveis, tristes, porque eu as entristeci. Fracas, magoadas, talvez; mas não mortas, pois, jamais morrerão, ficarão registradas na memória do tempo, nas linhas onde eu escrevi minha própria história.
Às vezes, parecia que havia silêncio, mas não o havia, já que os sentimentos revoltados, pediam a volta do ser amado, um exército deles partiam em direção a um túnel, onde o futuro convidativo não poderia alcançar.
O presente, simplesmente seria o passado que jamais passaria.
Mas se não houvesse passado, não haveria saudade e nunca se saberia o sabor de descobrir o que é belo, o que faz bem, o que é viver.
E assim, desejei sair daquele refúgio que era o mar da minha sobrevivência, para voltar a sentir falta, em terra firme, e esperar por um futuro, para que eu sempre possa sentir saudades, pois,“o maior de todos os sofrimentos, é nunca ter sofrido."
- Login ou registre-se para postar comentários
Stacarca - Paty Fraga
Oi Paty, seu texto ficou excepcional, você escreve muito bem, em alguns pontos aachei o conto um pouco confuso, nada prejudicial, as palavras usadas parecem ser milimetricamente escolhidas.
“o maior de todos os sofrimentos, é nunca ter sofrido."
Esse final ficou de arrasar, meus parabéns pelo texto.
Stacarca