Vida

Foto de vania

Volta...(Vânia Nunes)

Ó, vida minha, ternura pura,

Porque me deixaste nesta hora escura?

Como pudeste partir com tanta calma,

Deixando este corpo sem sua alma?

Estou cega e só, com o passo incerto,

Ando perdida, sem guia, neste deserto...

Com o espírito triste, o juízo escuro,

Em toda a parte te vejo e te figuro!

Como pude eu deixar partir-te,

Estando minha alma tão insegura?

Triste de mim por não poder seguir-te!

Volta, musical tesouro, vem-te a mim...

Alivia esta alma de tanto aperto,

Impõe a estes negros fumos, maus ventos, o fim!!!

Vânia Nunes

Foto de vania

Promessas...(Vânia Nunes)

Fiei-me nas promessas que declamavas

Nas lágrimas doridas que vertias

Nos ternos carinhos que me fazias

Nesses olhos que nos meus pousavas...

Um subtil fogo me arrepiou a pele,

Riso teve o meu coração de súbito,

Emudeci de palavras, nem um som único,

A minha vida foi mais doce que mel!

Ainda adoro os teus olhos puros

Ainda está mais doce a vida sendo

Contigo, que derrubas todos os meus muros!

E mais, e mais amor em mim acendo

Mesmo com os ledos afectos mal seguros

Mas de amar-te nunca, nunca me arrependo!!!

Vânia Nunes

Foto de LEOANDRADE

Universo (Leonardo Andrade)

Cada vez que a ouço, todo nosso passado retorna, como se você jamais houvesse se ausentado, apagando tudo que aconteceu desde que você se foi até aqui.

O seu perfume preenche o ar e o desejo corre como louco pela veias incendiando meu corpo e querendo romper seus limites para desaguar no seu coração.

Quando nossos olhos se encontram há um perfeito himeneu, nem sei mais onde começa você e onde termino eu.



O amor vence distâncias, rompe barreiras, afoga mágoas e enlouquece a razão.

Aqui estamos nós, sós, num Dèja Vu eterno e cíclico, como as ondas que nos assolam, balançam e depois sôfregas lambem nossos pés e acumulam a areia molhada que nos sustenta.

Aqui não há razão, a emoção é a base do nosso universo composto de camadas e camadas de amor, do nosso amor e suas derivações.

Se existiram erros , eles desapareceram engolidos pela fome desenfreada de nossas bocas, ávidas uma da outra.

Nada mais é real além de nós dois, obrigados a viver num mundo de marionetes funcionais e situações fictícias, somos meros tintereiros que não precisam de platéia.

Meu Universo é você.

Seu corpo é meu continente, onde vivo, morro e renasço em noites infinitas de amor.

Sua alma, o oceano onde mergulho cada vez mais fundo desvendando e me encantando com deliciosos segredos e preciosidades abissais.

Sua boca, louca, minha fonte de água e desejo onde mato minha sede e sorvo meu prazer.

Sem você, sou apenas um corpo solto no espaço, sem vida, destinado a vagar num caminho escuro, num caos eterno.

O passado desaparece para sempre ofuscado pelo brilho ímpar da felicidade esmeralda de seus olhos.

Em breve astrônomos descobrirão uma nova constelação , formada pela união de dois planetas que colidiram e se tornaram um, em formato de diamente, perfeito e inquebrável.

Mais um segredo indecifrável do Universo ...

Leonardo Andrade

Foto de LEOANDRADE

Hoje (Leonardo Andrade)

Hoje eu me deixei pensar novamente em você
Abri aquele armário pesado onde guardo toda imensa saudade que ficou
Saudades de você, do que eu era, do nosso amor de ontem
Revivi tudo que passou como um filme de amor
Daqueles que tem uma música perfeita , um final triste e a gente chora todas as inúmeras vezes que o revê.
Senti seu perfume no ar, embora distante, simplesmente inesquecível.
Pareci ouvir sua voz em sussurros que eram deliciosamente comuns e agora são quase imperceptíveis.
Num relance de luz vislumbrei seu sorriso, absolutamente fascinante...
Me arrepiei, tremi
As pernas vacilaram ... o ar ficou rarefeito ...
Os lábios secaram numa sede infinita de você
O coração, como uma casa vazia e sem luz está de portas e janelas abertas para você entrar e iluminá-lo, revive-lo ...
Fechei os olhos
Relutei em abri-los ...e quando o fiz tudo parecia como antes
Inalienavelmente perdido, natureza morta, música sem som ...
Você realmente não está aqui, nem esteve recentemente
Sumiu e levou junto a vida, as cores, a luz.
O silêncio retorna e cala as emoções
Que só reaparecem em flashbacks
Em recordações que se esmaecem ...
Mas Hoje, especificamente
Eu te amei de novo.



Leonardo Andrade

Foto de LEOANDRADE

Casulo (Leonardo Andrade)

Cada vez mais longe de mim...

Cada dia mais distante da minha essência...

Navegando por mapas que não escolhi,

Refazendo rotas ao sabor da maré.

Violentando meus sentidos,

omitindo minhas idéias...

Desenvolvendo personas funcionais,

Personagens adequados a cada momento

Máscaras que escondem o que sou

e que se renovam a cada atuação convincente

chorando por dentro e sorrindo para o mundo

tecnicamente perfeito, emocionalmente falso...

Viver dói , machuca, dilacera...

Sobreviver é preciso

Mesmo pagando com sua identidade, com sua alma ...

Lenta maturação da vida que se esconde

Lagarta no casulo

Preparando a borboleta que irá sair

Para ganhar o mundo

Se mostrar,

Voar sem limites,

Plena, autêntica, real

Viver na plenitude do sentido da palavra....

Leonardo Andrade

Foto de Lex

Um momento de eternidade

um poema de quem teme o amor...

O Sol nasceu,
vi-o de relance,
parecia ser meu...

mas desapareceu
tão rápido que mal o vi,
morreu como nasceu...

em segundos fiquei com esperanças
a felicidade foi efémera,
em segundos fiquei sem esperanças
a tristeza vivi-a como eterna...

um momento muda a vida
um olhar desvia a felicidade,
um momento torna a alma fria,
um olhar... um momento... mudam a eternidade...

Foto de Patrícia

Canção Perdida (Guerra Junqueiro)

Hálitos de lilás, de violeta e d'opala,

Roxas macerações de dor e d'agonia,

O campo, anoitecendo e adormecendo, exala...

Triste, canta uma voz na síncope do dia:

Alguém de mim se não lembra

Nas terras de além do mar...

Ó Morte, dava-te a vida

Se tu lha fosses levar!

Ó Morte, dava-te a vida

Se tu lha fosses levar!


Com o beijo do sol na face cadavérica,

Beijo que a morte esvai em palidez algente,

Eis a Lua a boiar sonâmbula e quimérica...

Doce, canta uma voz melancolicamente:

O meu amor escondi-o

Numa cova ao pé do mar...

Morre o amor, vive a saudade...

Morre o Sol, olha o luar!

Morre o amor, vive a saudade...

Morre o Sol, olha o luar!

Lactescente a neblina pálida flutua,

Diluindo, evaporando os montes de granito

Em colossos de sonho, extasiados de Lua...

Flébil, chora uma vez no letargo infinito:

Quem dá ais, ó rouxinol,

Lá para as bandas do mar?

É o meu amor que na cova

Leva as noites a chorar!

É o meu amor que na cova

Leva as noites a chorar!

A Lua enorme, a Lua argêntea, a Lua calma

Imponderalizou a natureza inteira,

Descondensou-a em fluido e embebeu-a em alma.

Triste, expira uma voz na canção derradeira:

Ó meu amor, dorme, dorme

Na areia fina do mar,

Que em antes da estrela d'alva

Contigo me irei deitar!

Que em antes da estrela d'alva

Contigo me irei deitar!

Guerra Junqueiro (1850 - 1923)

Foto de JorgeAndré

Desculpa (Jorge André)

Desculpa...

Se um dia me perdoar

Saiba que ainda meu coração é todo seu

Tendo meus olhos a te admirar

Meus ouvidos a te escutar

E de minha cabeça

Não irás escapar

Mas não vou tentar te surpreender

Pois a qualquer instante

você pode me esquecer

e se um dia a tragédia se cumprir

minha vida irei perder.

Jorge André

Foto de quimnogueira

Ouvindo a noite...(Quim Nogueira)



alguém a ouve?...

...sentado nesta cadeira de frente para o meu computador, numa mesa de madeira, branca de sua cor, eu teclo nas letras paradas ao redor dos meus dedos...preparo um texto, sem contexto, com uma textura qualquer, talvez de amargura...não me preocupa a forma, nem as palavras que me vão deslizar pelos dedos e destes para o écran que, de vez em quando, olho prevenindo um possível erro de escrita...não me preocupa o tema, mesmo que sem lema não se torna um dilema neste plural sistema de escrever prosa ou poema...

...trata-se de fazer deslizar apenas o teclado pelos meus dedos e deixar sair as palavras da minha mente numa constante busca da semente do significado para aquilo que estou a fazer neste momento...e que faço eu, nesta hora, aqui, sozinho e agora, batendo lento ou apressado nas teclas do meu teclado...olho em frente e vejo um relógio que marca as horas lentas que passam por mim e que marcam o tempo de viver a sorrir e a amar...tudo e todos, sem olhar a quem...somente por amar...

...e que espero eu obter desse amargor doce da alma que sofrendo não chora, pelo contrário, vive e implora...e que espero eu senão encontrar o caminho mais leve que me percorra o corpo como quente neve branca como o luar que lá fora, no céu cinzento, teima em espreitar numa noite fria de chuva que se aproxima do meu solitário estar...

...não percorro os corredores do dia que passou nem choro as lágrimas que retive dos acontecimentos que por mim passaram como uma brisa leve pousando no lugar onde estou e me sinto pairar dentro do meu próprio eu...

...procuro o sentido da vida que não encontro, numa procura constante de mim mesmo, na luta insana da loucura que afasto de mim nem que seja por um instante...

...e esse instante está chegando na forma da noite que se aproxima, daquele estado de espírito que me anima, pois a solidão resta a meu lado sem um mudo som nem qualquer grito abafado de dor...

...e aqui fico...

...esperando a noite chegar para nela me agachar e aninhar...povoar nela os meus sonhos de aqui me sentir e de aqui gostar de estar, neste lado do meu mundo, sozinho, de dia ou de noite, a mim próprio mentindo...

...mentindo-me em constante delírio duma busca que ufana luta me provoca na mente que, pensando, não me escuta...

...e não me oiço a pensar, nem quero sequer isso imaginar; oiço apenas a noite chegar e a sua escuridão me abraçar, sem me possuir nem me ter, apenas me rodeando de um leve prazer por ouvir os seus sons sobre mim verter...

...e vertem-se esses sons em pancadas surdas de palavras mudas, livres e desnudas de sentido ou de intenção...

...a noite traz paz ao meu coração...ouvindo-a, fico sossegado e dou a mim próprio a minha própria mão...segurando-me para não a possuir...para ficar aqui e não ir...

...senti-la apenas num, pequeno que seja, luxuriante som...

...ouvindo a noite, parto para o êxtase do meu ser, não pretendendo ver, apenas ouvi-la...

...dentro de mim, a bater...

Quim Nogueira

Foto de quimnogueira

Queria ser o mar (Quim Nogueira)

desejo...

para te sentir dentro de mim a nadar,

esbracejando vigorosa e forte

em longas braçadas de vida

e respiração molhada...

para te sentir a pele gotejada da minha maresia

em total contorno da tua existência

e contínua persistência...


para teus lábios beijar

com o sal ardente deste meu ser

em contínuo movimento

que de doirado e sedento se move para dentro...

para teu corpo desejar

e em ondas te tornar

e

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