O trem errante
Paulo Gondim
10.06.2006
Para onde corre esse trem?
Como expresso do fim do mundo
Empoeirado, sujo, desbotado
Cheio de graxa, de carvão, imundo
Com apito rouco, mórbido
Sobre trilhos tortos
Numa viagem sem volta
Que se faz fora da rota
E me vejo entre os viajantes
Como mero retirante
Fugindo de mim,
Sempre errante
E não sei porque nele embarco
Mesmo sem saber se quero ir
Algo me arrasta e com ele vou
E me apressa com ele a partir
Como mais um passageiro do além
Em qualquer classe, seja como for
Lá vou eu a reboque desse trem
E o trem corre e percorre
Caminhos tão incertos
Em horizontes desertos
Levando tanta gente, tanto sonho
No burburinho da segunda classe
Estonteando quem por ele passe
É o expresso do fim, do abandono
Que não tem destino, nem dono
Apenas corre, sem saber pra onde