Vazio

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Segundos (Flavia Pontes)

Não sabes porque não queres

Ignoras a verdade que, diante dos teus olhos, se revela

Naquele momento, triste segundo em que meu coração se partia,

Tomaste para ti minhas lágrimas

Fizeste do meu sofrimento, tua única dor

Tiraste não apenas o peso dos meus olhos,

Mas a fraqueza que neles surgia

E tu, inocente nos teus gestos,

Tiraste, então, o meu sossego

Inquietaste minha alma

Deste a mim o Sol,

Fonte de luz ofuscada pelo teu brilho,

Porém, num segundo, também tornaste o céu escuro

Nuvens negras agora me cercam

Carregadas, trazendo minhas lágrimas,

Meu sangue...

Escuro vermelho,

Impuro alimento,

Forte veneno

Sem ti...

Infinito segundo

Segundo o mesmo em que levaste minha vida

Em que despertaste meus medos

Já não sei de mais nada...

Não sei se és meu conforto

Ou se és meu tormento

Não faze nada...

Apenas dize de uma vez

Num segundo...

Vieste para me completar,

Ou para me prender ao teu ser?

Dize apenas...

E que, desta vez, não demores...

Se tua resposta for minha alegria,

Enche tuas palavras de doçura,

Faze da tua voz minha nova poesia...

Se tua resposta tiver de partir meu coração,

Enche tuas palavras de frieza,

Faze da tua voz meu pesadelo,

Transforma teu rosto num imenso vazio

E leva contigo o que de mim restar

A que ponto chegamos,

Tu e eu,

Presos nesta incerteza,

Neste segundo...

Longo castigo,

Tempo perdido...

E perdi você...

Para o vento...

E, a mim, para o mundo...

Juro-te agora:

Desisto de tudo,

Me entrego ao infinito...

Se puder abraçar-te

Por um segundo...

Um segundo...

Flavia Pontes

Foto de FERNANDO_JOSÉ

Amar é Vida!! (Fernando José)

Para a minha Rosinha

Voltaste tu finalmente

Qual estrela cadente

Brilhante luzente e quente

De um amor sempre presente

Fosses a estrela polar

Fosses o sol a brilhar

Fosses rio, fosses ar

Teu brilho iria iluminar

Este coração vazio

Que de quente...só tem frio

Mas voltaste finalmente...



E ele hoje está bem quente...

Te sente...estás presente...

Sou feliz...estou contente...

Vivo...sou gente!!!

Porque voltaste,

Finalmente!!!

Fernando José

16/12/2002

Foto de quimnogueira

Poema do grito...(Quim Nogueira)

Na solidão do meu remorso do bem que pude fazer e não fiz,

porque não pude ou porque não quis ?...

Eu revejo meus erros e me transformo em borracha;

borracha que apague a razão de aqui estar !

Na solidão do meu erro, do cometido consciente

ou do inconsciente assumido,

eu choro pelo vazio não preenchido,

pela vaga existente...

Por ficar, não ter ido...


Na solidão da minha mágoa sentida eterna e cadente,

eu revejo a ternura que em ti vive,

o carinho ardente do amor que busquei e... não tive.

Parto então em nuvens de gritos abafados

dum coração que arde sangrando,

não pela cruz que carrego mas pela cruz que outros,

irmãos meus, vão transportando.

As nuvens abafam meus gritos

sufocando as gargantas dos Deuses,

que nos seus pedestais,

me negam suas existências para num só Deus,

eu me mergulhe no cais.

Cais onde aporto meu arfar;

cais onde aporto meu ardor;

cais onde me fico, onde me sinto,

onde sou aquilo que sou !

As amarras então se me soltam e do cais me vejo partir...

Para onde vou ?...

Se é aqui que sinto que sou !...

Então, me agarro mais uma vez

e as ondas me embalam devagarinho...

ora fortemente, ora docemente...

E, então, o frio me invade.

Mas é nesse frio que me aqueço;

no frio das lágrimas dos que lentamente

enchem os sulcos do meu mar, deixando antever,

num só olhar, os adeuses perdidos

os choros sentidos

dum barco, só...a navegar !

E as amarras se me soltam...

e as ondas se revoltam...

e os outros barcos nunca mais aportam !

E na solidão do meu remorso do bem que pude fazer e não fiz,

sinto-me voar em altos céus

desejando vencer a inércia do meu desejo,

lutar a teu lado, meu Deus,

sentir-me junto, como um afago,

vencendo os medos,

vencendo os choros,

vencendo as ondas,

vencendo os gritos !

Quim Nogueira

Foto de LEOANDRADE

Partida (Leonardo Andrade)

Você se foi com a noite

e o novo dia não trouxe luz

Você levou minha alma,

deixou um corpo vazio ...

vagando entre rostos inexpressivos,

lugares sombrios,

palavras sem emoção,

vidas sem razão.

O jardim não tem mais flores,

as paisagens perderam suas cores.

Não há mais risos, só dores ...

Aqui, em mim, sobreviverá um terreno estéril, semi-morto.

Enterrada bem no fundo uma única semente,

tênue esperança de renascimento.

Só pode florescer sendo regada pela saliva dos seus beijos

ou pelas lágrimas de felicidade da sua volta...

Volte .. antes que o deserto queime a esperança e a semente seque.

Enterrando um amor que morreu por amar demais

Leonardo Andrade

Foto de LEOANDRADE

Algemas (Leonardo Andrade)

Os nós que nos atam

Embora etéreos são indissolúveis

Invisíveis além do universo de nós dois

Elos imantados de amor



Encaixe perfeito

Côncavo e convexo

Yin e yang

letra e melodia, amor e poesia.

Preso a você, sou livre

Para amar, viver , sonhar

Sou inteiro, amo de forma plena

Sou todo, delicio-me com cada parte

sozinho, sem você

Sinto-me encarcerado num vazio

habitante de um universo sem sentido

sem cores, flores, amores...

Somos fragmentos de uma engrenagem

Que separados são peças inertes,

Juntos movimentamos nosso mundo

E geramos uma existência de amor

Amor, prendo-me a você

Entrego-me de corpo e alma

Pois na cela da solidão,

minha única liberdade é você.

Leonardo Andrade

Foto de LEOANDRADE

A Última Dança (Leonardo Andrade)

Seu perfume mudou, está mais cítrico

Reflexo involuntário (ou não) do tempo.

Sua leveza ao dançar ainda me fascina,

Me faz deslizar e sonhar...

Traz a tona tantas noites

Com você feliz em meus braços

Em ritmos diferentes

Todos executados com a mesma performance

O ar é quase palpável , denso

A música abafa as batidas do meu coração

Os passos parecem ensaiados

Tudo parece tão perfeito

Onde nós nos perdemos?

Em que ponto saímos do tom?

ou mesmo erramos a coreografia?

Onde? Como? Por quê?

Perguntas se desfazem como nuvens

Respostas que se calam

A música está acabando

Você vai embora

O sorriso que era de "até logo"

Agora é de adeus

As despedidas são silenciosas

Mas isso não as torna menos dolorosas

As mãos que se afastam não querendo se afastar

Dizem zil coisas num suave toque

As lágrimas se fundem com a chuva

O vento parece gritar ás arvores

A orquestra para

Você sai sem olhar para trás

Leva com você meu coração

Minha vida, minha alma

Sempre haverá outras danças

Mas sem você , minha partner

Será apenas um "sacudir" de corpos

Você leva a música , fica o som vazio ...

Gritos do silêncio que insistem a ecoar

Sem fim

A noite acabou e eu quero fugir

Mas não tenho para onde

É impossível se esconder de si mesmo

Leonardo Andrade

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