Não espere de mim compaixão...
Há muito congelei a emoção,
sem razão de ser, calei os sentimentos
que secaram junto às minhas lágrimas,
sem luz, sem sol, sob o confronto das mágoas.
Não espere sinal de alegria...
Batizou-me a tristeza, um dia,
na água impura, drenada da lama
moldando meu ser que ajuda reclama
em silêncio, em segredo, sem mudar o enredo.
Não espere a contradição, voltar atrás...
As decisões fizeram-me incapaz.
Jamais ando na contramão do tempo,
não há como mudar a trajetória do vento.
Fatos sacramentados são fatos consumados.
Siga em frente, não espere,
nada há que se altere...
A sombra que umidifica me persegue,
gera musgos, ardilosas correntes
a prender nossos pés em prisão permanente.
Não espere reações impossíveis,
nem das vozes da alma, impassíveis,
um grito de arrependimento, uma nesga de amor...
Sou aquela que se fragilizou
e de encontro à parede, acuada,
não ousou, não lutou, não fez nada.
_Carmen Lúcia_