Som

Foto de Naja

TRIBUTO A UM CÃO DESCONHECIDO

Tributo a Um Cão Desconhecido

Era um boxer tamanho médio. Pertencia a uma senhora, umas casas antes da minha, num Condominio Fechado, onde carros sem responsabilidade corriam além do permitido.
Dizem que os câes têm o dom de ver o que nós, sem preparo, não conseguimos ver, ou sentir...raros os que os têm normalmente. Para isso é preciso um desenvolvimento espiritual, em alinhamento com a energia cósmica. No entanto, para os cães , é um dom nato. A intelidência dos mesmos, é como dos Humanos, diferem entre si.
Falava do Boxer, o cão da vizinha. Sabia que ele vivia naquela casa com gatos e três outros cães miúdos, e que os protegia dos perigos. Jamais o tinha visto.
Certo dia, ao passar com o carro na porta dessa vizinha, devagar, justamento por causa dos gatos, vi que os cães miudos estavam do lado de fora, o portão encostados e que não poderiam entrar. Fiquei preocupada e chamei o porteiro para chamar a dona da casa e avisar dos cães...O porteiro tinha medo do boxer.
Então fiquei parada e já ia sair para tocar a comapainha, quando ao me pressentir do lado de fora, o boxer colocou a cabeça para fora do portão e ficou olhando para mim, enquanto colocava os pequenos pra dentro do portão...Então falei diretamete com ele..." tome conta dos pequeninos, você, que eu saiba, é o responsável por eles e dos gatinhos também..."
Foi quando ele aproximou-se do carro e , em pé, fitou-me bem dentro dos meus olhos e aconteceu uma das situações mais incríveis que já passei em contato com os animais.
Houve entre nossos olhares uma comunicação intensa, em que eu sentia que ele falava comigo, sem articular um único som. Foi como se dissesse.."nós nos conhecemos... você já foi minha amiga e dona...já vivemos na mesma casa..." e não tive nenhum medo dele. Saí do carro, apesar dos avisos do porteiro e falei para o cão..."entre, aqui fora passa carro veloz...fique aí dentro..." Ele entrou e novamente colocou a cabeça para fora do portão , enquanto dizia "adeus", fui dirigindo devagar e vi que finalmente entrou... Passaram-se dias ou um mês, não lembro bem,,,e senti que nunca mais o vira e resolvi perguntar por ele. Foi quando tive uma das mais tristes noticias naquela manhã de domingo...ele estava com câncer e teve que ser sacrificado...Minha familia não entendeu porque chorei o dia todo, não conseguia parar, e lembrava daquele olhar amigo e carinhoso, comunicativo que trocamos naquele dia...
Sei que jamais o esquecerei, talvez já tenha mesmo sido meu...nem sei seu nome, mas não importa, sua lembrança ficará para sempre guardada na minha memória e no meu coração. Era apenas um cão...
Não,,,não era apenas um cão...Era um cão muito especial, que com um único olhar se fez entender e ficar para sempre meu amigo e quem sabe, ainda nos encontraremos um dia...Esta é minha homenagem a um cão desconhecido, sem saber seu nome, mas que tive um intenso momento de interação de amizade.
Andarela

Foto de Carmen Lúcia

Que seja sempre assim...

Que seja sempre assim...

Manhãs que se recolhem ao cair da tarde,
Noites que despontam a anunciar
Que o dia já termina pro amanhã recomeçar...
Acordes interrompidos, a pausa que prepara
Um novo som que virá...
É o movimento ondulante, constante, incessante...
Renovando a Vida!
Levando-me,enlevando-me, conduzindo-me.

Que seja sempre assim...

Basta um começo...leve arremesso...
Após o primeiro passo, outros surgirão,
Após a tempestade, novos tempos virão...
Depois da chuva o frescor
Levando embora o dissabor.
Tudo leva para o depois...
Como se o agora fosse uma passagem constante
Que me leva a seguir confiante
Conduzida por um cordão invisível
A desvendar o indizível, o imperceptível...
A curiosidade me move, me remove, me comove.
Eu vou.Impossível não ir.Todo dia partir...
E me entregar...e em partes, me doar...
Devolver o que já sou...
Vivo pra desvendar...
Manhãs recolhidas, tardes caídas,
Noites a anunciar...
Que o dia se foi...o amanhã irá chegar...
Dobrar esquinas, descobrir o que há de mais...
Esparramar partes de mim...não olhar para trás...
Estar sujeita a reformas...Há muito o que reformar!
Sentir a presença divina...fazer um poema...
De amor, gratidão, emoção...Rimas triviais!
Externar o que está dentro de mim...
Poetas são todos iguais!

Que seja sempre assim...

Foto de Joaninhavoa

No Jogo do Cabra-Cega

Vem brincar à cabra-cega
por mim. Porque tu nunca cais!..
Ergues-me e vestes-me de carmim
Fazendo amor e querendo cada vez mais!..

E. logo pela manhã ao romper da aurora,..
Embrulhada como um presente
Deixas-me voar lembranças de outrora,..
Como cartas sem remetente!..

Que voz vem do som perdida
Que não é a minha voz?
É a voz de alguém muito querida
Que fala perdida através de nós!

Com duas mãos descobrimos o caminho!..
Uma com gestos gratos ao céu
Enquanto a outra segura o véu!

No jogo da cabra-cega, mistério
E tu ergues-me num imprevisto
Dás-me a mão e sinto-me rainha de um Império!

Foto de HELDER-DUARTE

Beethoven

Beethoven, Beethoven!
Surdo fostes.
Mas de música, composições deixastes,
Que nossos ouvidos, no tempo ouvem...

Tua música, tem alto som,
Que não chegou a teus ouvidos.
Mas com esse teu dom!
Céu e terra unidos...

No tempo, espaço e eternidade,
Tu, homem e anjos a Deus louvam...
Com plena liberdade...!

Essa música, afinal é d´ele.
Vem da sua eterna verdade...
Ele eternamente, reinará...
Está vindo, num cavalo branco. Sim! O de Apocalipse, aquele!

HELDER DUARTE

Foto de JGMOREIRA

POEMA DO MENINO JESUS - ALBERTO CAEIRO

Poema do Menino Jesus

Num meio-dia de fim de Primavera
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.

Tinha fugido do céu.
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
No céu tudo era falso, tudo em desacordo
Com flores e árvores e pedras.
No céu tinha que estar sempre sério
E de vez em quando de se tornar outra vez homem
E subir para a cruz, e estar sempre a morrer
Com uma coroa toda à roda de espinhos
E os pés espetados por um prego com cabeça,
E até com um trapo à roda da cintura
Como os pretos nas ilustrações.
Nem sequer o deixavam ter pai e mãe
Como as outras crianças.
O seu pai era duas pessoas -
Um velho chamado José, que era carpinteiro,
E que não era pai dele;
E o outro pai era uma pomba estúpida,
A única pomba feia do mundo
Porque nem era do mundo nem era pomba.
E a sua mãe não tinha amado antes de o ter.
Não era mulher: era uma mala
Em que ele tinha vindo do céu.
E queriam que ele, que só nascera da mãe,
E que nunca tivera pai para amar com respeito,
Pregasse a bondade e a justiça!

Um dia que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz
E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o Sol
E desceu no primeiro raio que apanhou.
Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz ao braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras aos burros,
Rouba a fruta dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães.
E, porque sabe que elas não gostam
E que toda a gente acha graça,
Corre atrás das raparigas
Que vão em ranchos pelas estradas
Com as bilhas às cabeças
E levanta-lhes as saias.

A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as coisas.
Aponta-me todas as coisas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.

Diz-me muito mal de Deus.
Diz que ele é um velho estúpido e doente,
Sempre a escarrar para o chão
E a dizer indecências.
A Virgem Maria leva as tardes da eternidade a fazer meia.
E o Espírito Santo coça-se com o bico
E empoleira-se nas cadeiras e suja-as.
Tudo no céu é estúpido como a Igreja Católica.
Diz-me que Deus não percebe nada
Das coisas que criou -
"Se é que ele as criou, do que duvido." -
"Ele diz por exemplo, que os seres cantam a sua glória,
Mas os seres não cantam nada.
Se cantassem seriam cantores.
Os seres existem e mais nada,
E por isso se chamam seres."
E depois, cansado de dizer mal de Deus,
O Menino Jesus adormece nos meus braços
E eu levo-o ao colo para casa.

Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano que é natural.
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.

E a criança tão humana que é divina
É esta minha quotidiana vida de poeta,
E é por que ele anda sempre comigo que eu sou poeta sempre.
E que o meu mínimo olhar
Me enche de sensação,
E o mais pequeno som, seja do que for,
Parece falar comigo.

A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.

A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direcção do meu olhar é o seu dedo apontado.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.

Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos e dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda.

Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas
No degrau da porta de casa,
Graves como convém a um deus e a um poeta,
E como se cada pedra
Fosse todo o universo
E fosse por isso um grande perigo para ela
Deixá-la cair no chão.

Depois eu conto-lhe histórias das coisas só dos homens
E ele sorri porque tudo é incrível.
Ri dos reis e dos que não são reis,
E tem pena de ouvir falar das guerras,
E dos comércios, e dos navios
Que ficam fumo no ar dos altos mares.
Porque ele sabe que tudo isso falta àquela verdade
Que uma flor tem ao florescer
E que anda com a luz do Sol
A variar os montes e os vales
E a fazer doer aos olhos dos muros caiados.

Depois ele adormece e eu deito-o.
Levo-o ao colo para dentro de casa
E deito-o, despindo-o lentamente
E como seguindo um ritual muito limpo
E todo materno até ele estar nu.

Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos.
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
E bate palmas sozinho
Sorrindo para o meu sono.

Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.

Esta é a história do meu Menino Jesus.
Por que razão que se perceba
Não há-de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam ?

Foto de Joaninhavoa

Gosto de ti

Queria correr para ti
e abraçar-te!...

Queria beijar-te
tanto, tanto,..
como vento agreste
e brisa suave!..

Queria sentir tua pele,..
Ouvir tua voz, falar,..
Como concha do mar ondelante,..
Como som do mar a praiar!..

Queria dizer-te um segredo;
«gosto de ti»!

JoaninhaVoa,
em 30 de Setembro 2007

Foto de HELDER-DUARTE

Sonhei

Ia caminhando p´ela cidade,
Até, que me senti cansado, apesar da minha mocidade.
Cansaço, físico e espiritual...
Não parecendo, este estado, pertencer à lógica racional.
Com verdade, eu era um humano ser, cheio de infelicidade.
Como quem, não tem liberdade.
O estado de ser feliz, não viera a encontro meu.
Sabe Deus, porque isso me aconteceu!
À frente estava um jardim.
Então pensei:
Sentar-me-ei,
Naquele banco, perto do jasmim.
Havia um ribeiro, que som não entoava,
Ao descer um monte, onde as águas não o magoavam.
E um rouxinol, nele bebia;
Pois morrer, não queria,
Como o das «...longes terras...»
Que no ribeiro do século dezasseis,
No mesmo, caia e morria.
Naquela terra, de sofrimento, mil vezes!
Este jardim, tinha vida.
Como o tinham «A Cidade e as Serras»
Do Eça de Queirós, romancista.
Lembrava ainda, «O vale de Azambuja» de «Viagens na Minha Terra»
Do poeta, que a mulher, exaltava
E anjo lhe chamava.
Então, no banco me sentei.
Adormeci...
E sonhei... sonhei...
Que feliz era...
Com a felicidade, que este pó, jamais tivera!!!...

HELDER DUARTE

Foto de HELDER-DUARTE

Ainda o sou

Ainda o sou,
Pois vivo estou.
«Bocage» já não era...
Já força não tivera.

Mas meu inimigo,
Que de mal nome te chamas!
É certo que te cruzaste comigo,
Em minha vida dramas.

Mas ouve alto,
E em bom som!
Tu e forças do teu lado!

Com Jesus em mim,
Não há em ti do mal dom,
Para vencer o bem que pela fé, Deus me deu enfim!

HELDER DUARTE

Foto de Soninha Porto

A NOITE

A NOITE

O poeta aprisiona
os fragmentos da noite.
Sacia a alma no beijo do luar,
no sabor da cama quente
dos amantes,
ao beber seus vícios
ao som dos copos de bar.

Farta-se no silêncio que acalma,
no breu que estremece
dos becos e vãos
nas esquinas da mente
chora e briga com a solidão,
ri e faz amor com a vida.

A noite é uma criança,
uma dama
tem boca e ventre
à espera da poesia.
soninhaporto

Foto de HELDER-DUARTE

Dormi

Estava cansado.
Então adormeci...
Foi um dia de enfado.
Parecia, que jamais teria fim.

Dormi, dormi...
Não sei por quanto tempo?!
Não me lembro.
Dessa noite em si...

Uma cousa sei.
Passou o enfadado dia.
A longa noite, terminei.

Assim acordei...
Ao som de uma música que ouvia.
O dia esse! n´ele jamais cansaço terei!

Helder Duarte

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