Semana

Foto de Miguel Duarte

Alterações no Poemas de Amor

Caros poetas,

O Poemas de Amor irá sofrer alterações profundas durante os próximos dias, facto que irá significar que tudo andará um pouco caótico e algumas coisas não estarão a funcionar a 100%. Facto pelo qual peço as minhas desculpas.

O objectivo é evidentemente criar no fim um site melhor, mais organizado e mais dinâmico.

Dentro das alterações previstas, uma já foi implementada, uma nova forma de classificação dos conteúdos, que passa por classificar primeiro o tipo de conteúdo e posteriormente, o sentimento(s) expresso no conteúdo.

Outra alteração profunda, será o desaparecimento dos fóruns enquanto tal. Os mesmos não têm sido usados correctamente, gerando bastante confusão ao nível da classificação dos conteúdos e devido a isso decidi terminá-los (basicamente, os mesmos nunca se destinaram à publicação de poemas, mas sim ao debate - algo que não foi compreendido pelos utilizadores).

Finalmente, é de destacar que, todos os conteúdos submetidos passarão a poder receber votos e os mais votados da semana e do mês passarão a ser os conteúdos com destaque na página principal do poemas de amor. Esta nova forma de gerir os conteúdos e moderar os mesmos passará também a substituir os chamados concursos literários. Ainda relativamente a este tema, o último concurso literário vai ficar sem efeito, devido à saida do moderador Fernanda Queiroz, das suas funções.

Mais para a frente e à medida que faço as alterações no site, irei dando mais novidades. Quem desejar pode colocar comentários a esta notícia, como forma de dizer os seus desejos, o que está a funcionar mal, o que lhe desagrada, etc., relativamente ao poemas de amor.

Miguel Duarte

Foto de Lou Poulit

ARTE VIRTUAL

Em menos de duzentos anos a velocidade das transformações da nossa identidade aumentou vertiginosamente, como um cometa de rumo duvidoso. Na proa dessa nave vai a tecnologia, na propulsão o capital e, no leme, o capitalista. No bojo desse processo, a maior mudança está na massificação da informação (que contempla todas as outras), entretanto, uma mudança interessa particularmente à arte e ao artista. E a sua compreensão deve ser considerada imprescindível ao bom admirador de arte também: a imagem virtual. Ela nos é oferecida (e quase sempre aceita) como a melhor imagem possível, um dos principais pratos do cardápio tecnológico. E de fato o é, como produto da tecnologia moderna.

Não se deve questionar que seja possível fazer arte virtual. Mas será que ela será sempre melhor, apenas por ser virtual? Sem dúvida, uma imagem virtual pode expressar uma linguagem artística, transmitir e despertar subjetividade, quer através da criatividade inusitada quer por capturar um realismo que seria inviável de se repetir (nesse último caso, a tecnologia atual já se coloca além dos limites puramente humanos). Como tecnologia, repito, é maravilhosa. Contudo, o superficialismo e o gosto pelo descartável, a preferência por preços pequenos, enfim, o consumismo a que nos deixamos levar, tende a nos velar os olhos da alma para virtudes outras, mais tradicionais. Além de fazer-se presente desde o berço da intelectualidade, como meio de transmissão de idéias e sentimentos, da divindade e de fenômenos sobre-humanos, de conceitos e padrões comportamentais, ou seja, meio de perpetuação do entendimento, não é isentamente presumível que a arte deixe de ser útil. A arte, como o que é belo e bom para o espírito (atributos seus irrecusáveis), tem um papel em relação à humanidade, mas já havia tido desde a criação do universo, pois há razões para que se creia que nele todo, ela esteja presente. Seria muito mais razoável imaginar que a matéria física (meio comum da arte tradicional) seja, futuramente, menos necessária como veículo de subjetividade.

Como o efeito da arte nas pessoas independe dos recursos utilizados para construí-la, resta sermos menos consumistas, menos imediatistas, mais zelosos de nós mesmos. Ainda podemos, apesar do fortíssimo condicionamento que recebemos desde a infância, resguardar as boas coisas tradicionais, cujos resultados são bem conhecidos, inclusive a longo prazo. Podemos ser criteriosos em ceder à sedução das novidades. Podemos ser mais lúcidos, a respeito do que fazemos, e entender que, queiramos ou não, fazemos parte de um processo de enorme amplitude. E que a fórmula mágica do capitalismo moderno, que não pressupõe apenas investimentos e lucros, mas principalmente a fabricação de preferências populares e a substituição de produtos por outros de menor custo e maior lucratividade para os fabricantes, ainda que seja um direito desses, não se constitui (ainda) uma obrigação generalizada para os consumidores.

Portanto, caso no próximo fim-de-semana você se decida a admirar pinturas e esculturas, ou ir a um espetáculo de dança, ou preferir um recanto sossegado para ler poesia, com certeza qualquer dessas alternativas (além de muitas outras não virtuais) lhe fará muito bem. Caso, em vez de admirar a de outros, prefira construir sua própria arte, poderá vislumbrar o quanto lhe seria possível partilhar o espírito da arte na condição de criador, e descobrir depois, mesmo se passando muitos anos, que suas criaturas artísticas lhe serão sempre fiéis. Talvez a perspectiva que você tenha para sua vida (e a dos seus filhos) até seja modificada, pela simples canalização da sua boa energia. Mas, com muita segurança, isso já estará acontecendo, caso se preocupe em educar mais de pertinho as suas crianças, em termos do uso que fazem dos computadores.

Foto de altyeres

um amor mais que virtual

Minha historia de amor , e a coisa mais linda que aconteceu, começa assim eu tinha uma namorada , no brasil, e ai casei para mim vir pro japao.... um casamento apenas por contrato..... ai terminei com minha ex..... e procurei pessoas interessantes na net... uma vez por um caso do destino ou coisa de deus.... eu encontrei grande amor da minha vida... ela tambem era separada..... era da mesma cidade que eu e assim começamos a conversar pela net, uma semana depois ja estavamos fazendo juras de amor, mais o mais interessante ela tinha dois filhos maravilhosos... uma coisa que nao fez desistir jamais dela.... assim estamos ate hj nos amando , nunca toquei nela ao menos de dei um beijo, mais oque sinto e ela sente por mim e uma coisa inacreditavel..... se falamos todos os dias pelo msn e mesmo que o horario nao bata a gente faz um sacrifcio par nos vermos , ainda me encontro no japao ,,, estou fazendo um esforço aqui para dar um lar muito bom a minha nova familia... a sintonia que temos e simples apenas no amamos de verdade ..... nosso destinos estavam traçados no horario e momento exato.. naquele dia que comemoramos nosso aniversario de namoro tudo começou dia 23 de maio de 2006 te amo muito minha linda vc sempre sera minha linda........
quando se tem amor nada mais importa , apenas nossas vidas juntos...... aos que lerem exemplo de vida e nunca
discriminar por alguns itens e obstaculos que a vida nos prega.......... beijos e abraços a todos.....amantes virtuais mais amor de verdadeiro esta dentro do coraçao....... acreditem nisso.....

Foto de lih

Amo você

Amo você,presente de Deus,
Amo você,com amor supremo,
Amor de mãe não se mede,se sente,
Ternura que afaga,cuida e protege,
Noites em claro velando seu sono,
Fico ao seu lado nas asas dos anjos,
Força e coragem é você quem me dá,
Pois só por você sou grande,sou forte,
Quando está triste,sofro com você,
Quando tens dor,queria tomá-las para mim,
Amo você,desde que soube que viria pra mim,
Amor e carinho esperavam por ti,
O tempo passou,
Meu presente chegou,
Enviado por Deus,
Endereçado à mim,
Misto de carinho e ternura,
Carinha de anjo com sorriso bonito e maroto,
Franca e leal,assim é você,
Meu amor por ti é infinito,
Se compara a areia do mar e as estrelas do céu,
Amo você,e vou te amar sempre,
Mesmo quando já não me fizer presente,
Serei a brisa,a flor,o perfume,
Asas transparentes a te proteger,
Serei sol,chuva,frio e calor,
Carinho sem presença a te embalar com amor sem igual.

Minha mãe escreveu pra mim... Mais conhecida aqui como Ceci_Poeta rsrs
Mais perfeito não poderia ser.
Amei demais mamis!
Como eu não escrevo,vai esse feito por ela x)
Bom final de semana à todos.

beijos

Foto de Remisson Aniceto

Realeza

Por que em tudo quanto vejo cuido vê-la?
Por que não fico um segundo desta vida
Sem pensar na minha amada e esquecê-la,
Se é uma jóia que pra mim está perdida?

A cada fim-de-semana tão sofrido
Me transformo nas flores que lhe oferto,
Mágica forma que creio ter aprendido
Para vê-la, pra senti-la, pra estar perto...

Abdico hoje da tristeza,
Do sofrer e da amargura abdico,
Qual um rei que não quer na dor a realeza.

E como antes, para tê-la eu me dedico,
Para ser rei, mas rei feliz e tenho certeza:
Quando a tiver, serei de todos o mais rico!

Foto de asml

O nosso amor Luis&Sofia

Apenas aqui vou contar como tudo aconteceu...No verão passado dia 16 de setembro andava na net no aeiou a conhecer pessoas novas eu e uma colega minha tavamos lá a falar... e até tinha muita gente a falar conosco...até que apareceu um rapaz e dei o email da minha amiga...eu é que falei do email da minha amiga e conheci-lo no 1º momento achei-o estranho porque dizia logo que ia ser dele e que niguem tocava em mim nem com um fio de cabelo...Assim passou...como minha amiga não tinha gostado dele dixe que o ia bloquear...então eu dei o meu email pa falarmos...trocamx nº de telemóvel e fomxos falando ele pedium em namoro...e eu disse que não sabia e pedi lhe uma semana para pensar...chegado a uma sexta-feira tinha de dar a resposta a ele e aceitei...uma resposta k nunca me arrependo...apesar de os desentendimentos k temos tido...e apesar de o tempo k me pediste de 3 das...que digo msm foi um autentico inferno...quase não aguentei mesmo esses 3 dias e pensava que isso ia ser o fim de tudo...demos o tempo no domingo as 12:00 e voltavamos na quarta a 12:00 chegado as 10 mandaste-me uma mensagem a dixer amor não aguento mais fala comigo por favor e ai falei com imensa alegria por te ter de volta e nunca mais mesmo quero sentir a dor de te perder... porque apesar de tares no porto e eu em são miguel (açores) Amo-te como se tiveses aqui comigo... agora temos 7 meses de namoro e tamos quase a fazer 8 meses e vamos continuar se deus quiser para sempre unidos nessa distancia que muitas vezez me leva ao choro não por sfrer mas sim pk te amo e pk te kero cmg e cm mais ng... Por vexex ponho musica no meu kuarto e a unika pessoa k penso es tu...se ando na rua a unika pessoa k penso es tu...kuando vou dormir a unika pessoa k me da sono e k me da bons sonhos es tu...Ex a lux da minha vida amr...Ex o caminho pa minha vida...Ex o rapax k me fax a rapariga mais felix do mundo...Amo-te Luis para semp meu amor...

Espero k tenhas gxtado dixo foi especialmente dedicado a ti meu amor (Luis) bjx Sofia

Foto de elaine.cerqueira

O que será o amor?

Eu conheci o amor da minha vida quando eu tinha 14 anos. Eu realmente não me lembro exatamente quando foi... mas me lembro sofrendo por que na minha opinião ele não estava nem aí pra mim. O nome dele era Bernardo, e ele morava bem longe da minha casa, e por causa disso, nós não podíamos nos ver muito frequentemente...

As pessoas dizem que quando nós realmente encontramos o amor de nossas vidas, distância e tempo não importam... o que eu sei é que nós “terminamos” muitas vezes por causa da distância... eu nem sei se posso dizer “terminamos”, por que eu não me lembro de usar essa palavra durante nossa relação... nunca mesmo...

O ponto é que nós nunca ficamos juntos mais que 5 ou 6 meses... eu realmente não me lembro mais tempo que isso... O tempo passou e ele sempre esteve na minha cabeça....

Durante esses anos, nós nos víamos uma vez aqui outra lá, entre os casamentos...

Bem... eu me casei em 2002 (eu acho) não com ele... meu casamento foi uma tortura... mas foi ok...mas não era O HOMEM... o que te traz paixão pra vida... e eu sempre disse pra mim mesma, que eu deveria me casar com o homem que eu estivesse realmente completamente apaixonada... depois de 2 anos de casamento, claro,eu estava de saco cheio e nós terminamos....

Deste casamento, eu tenho Lucas, meu filho adotivo. Ele tem 6 anos.

Quando terminei esse relacionamento eu liguei para o Bernardo... como eu disse, ele sempre esteve na minha cabeça... Nós saímos para uma cerveja... Eu estava (eu acho) uns 15 quilos acima do meu peso... e claro que muito envergonhada pela minha aparência... Numa conversa muito “legal”, em frente a faculdade que ele estava estudando, ele me disse que ele estava para se casar... ah meu Deus eu pensei comigo mesma... claro...como sou estúpida....

Bem... eu fiu embora esperando não vê-lo nunca mais...

Eu fiquei sozinha por quase 2 anos... algumas pessoas apareceram na minha vida... mas nenhuma delas me faziam sentir borboletas no estômago...

Bem... ano passado... Quem me liga novamente?

É... ele Bernardo... era final de outubro... ele me disse que viria para o fim de semana... eu não sabia o que fazer primeiramente... mas eu não queria ter muita expectativa... na minha cabeça ele era casado...

Quando ele chegou eu não acreditei nos meus olhos... mas ele estava lá...o mesmo de 19 anos atrás...

Num tempo muito curto de conversa, nós estávamos juntinhos... e ele me disse que não estava casado...

Eu me senti como uma adolescente novamente... desde então ele está de volta na minha vida... Eu estou completamente apaixonada pelo homem que eu estive apaixonada minha vida inteira...

Foto de Concursos Literários

Resultados dos Concursos, Premiação e Comemoração

Oi Poetas, enfim, risos...
Agenda de eventos da semana.
Dia 26.03.07 até as 23.59, horário de Brasília Resultado do V Concurso Literário Categoria *Contos.
Dia 27.03.07 até as 23.59, horário de Brasília Resultado do V Concurso Literário Categoria *Poemas.
Dia 28.03.07 até as 23.59, horário de Brasília Resultado do VI Concurso Literário Categoria *Contos - Microcontos - Mensagens.
Dia 29.03.07 até as 23.59, horário de Brasília Resultado do VI Concurso Literário Categoria * Poesias – Sonetos - Duetos.
Dia 30.03.07 até as 23.59, horário de Brasília Resultado do Concurso Literário Relâmpago.
Dia 31.03.07”Grande Baile Comemorativo”.
Local www.poemas-de-amor-net
Sala House dos Poetas
Premiação On -line
Organização Fernanda Queiroz
DJ- Fábio Satcarca
Horário 20.00 horários Brasília
Ingressos – Um poema inédito.

Grande abraço
Fernanda Queiroz

Foto de Lou Poulit

São Jorge e o Dragão

Sentados em bancos tipo meia-bunda, Hermes e Cuia haviam acabado de chegar ao balcão da birosca. Cuia era bebedor dos bons. Mulato quase negro, de fala mansa e bigodinho de chinês. Bom malandro, sobrevivente a tudo. De terno e gravata daria um excelente relações públicas. Só bebia cachaça e tinha preferência: Ô Portuga, dá meu marimbondo aí! Já seu amigo Hermes era letrado. O Vela, como era chamado na adolescência, era magérrimo, branco como um defunto, parecia meio lento em tudo. Havia se afastado dali por alguns anos e nesse tempo fez faculdade, arrumou emprego, casou, separou, casou de novo, separou de novo, casou mais uma vez... Continuava mal bebedor, pedindo a mesma marca de uísque: Ah... Bota qualquer um aí, Portuga.

O Cuia só observando. Em sua cabeça um silêncio era bom conselheiro: gozado, o tempo passa e as pessoas vão se misturando. Aquela que conhecemos desde dos tempos das pipas e peladas, agregam-se com outras que não conhecemos ainda, mas parecem tão importantes quanto as antigas, senão mais. E todas se dão muito bem umas com as outras, dentro do mesmo corpo.

Era manhã de domingo, dia de decisão no campeonato local de futebol. A birosca na encosta da favela já parecia lotada. Se a polícia chegasse de repente, com certeza ganharia o dia, porque já era quase impossível aos de dentro vigiar os que viessem de fora. O tumulto pacífico da birosca era como o Hermes. Com o passar dos anos alguns não arredam pé. Outros, desconhecidos, chegam, depois voltam e vão ficando. E outros tantos somem, por algum tempo ou definitivamente. Mas a birosca ainda era a birosca do Portuga e as alterações individuais não modificavam muito a mistura. Fora a fauna birosqueira, tudo mais parecia continuar nos mesmos lugares: as garrafas de bebidas mais caras, os salames e enlatados cobertos de poeira, no nicho de táboa a lâmpada devia estar iluminando o São Jorge que, a despeito da ausência de uma lança, não fora ainda comido pelo dragão, apesar de tantos anos de luta. O próprio Portuga sempre se dizia convencido de o aquele dragão enchia a cara de madrugada, depois que fechava as portas, e que só por isso não conseguira ainda comer o santinho.

O Hermes agora tinha uma identidade virtual, a julgar pelo palavriado que estava usando e que provocava a indignação dissimulada dos bebuns mais próximos: sabe, Cuia, o Portuga devia deletar aquele mictório compactado... Como é que é? – Espantou-se o amigo. É verdade, mermão... Aquilo é um banco de vírus! O Portuga é meio lento mesmo. Ele quer que esses caras acertem uma latinha daquelas. Já viu bêbado bom de mira?... Não – Cuia achou melhor não interromper – Nunca vi não... Então, Cuia, pra começar você tem que se espremer pra passar na portinhola. Só nisso já vai um risco. Depois tem que segurar a bebida, o cigarro, a portinhola... A portinhola?... Claro, mermão, vai que alguém deixa pra última hora e entra lotado. É uma senhora “portada”!... Riram-se os dois e o Cuia completou: É o que chamo de um arranca-rabo!... E o cara que não queria encostar em nada... Vai chegar em casa todo molhado – Hermes interrompeu - e a dona encrenca vai inserir o cara na casinha do quintal, vai passar a noite junto com o Totó!

Ô Hermes, por falar nisso, cadê a Laurinha?... Laura? Ô Cuia, que estória é essa de “por falar nisso”? Eu nunca dormi com o Totó não. Você precisa ler as atualizações do meu perfil... Ler as atualizações... – Repetiu o outro perplexo. E faz isso rapidinho, porque eu tô saindo, Cuia... Você tá saindo... Já vai embora?... Que vou embora, cara? Quis dizer que tô desistindo das mulheres dos outros... – e aproximou-se do ouvido do amigo – Estou apostando todas as fichas na mentirinha... Que mentirinha, Hermes?... Ô rapaz, aquela gata gorducha, que trabalha na “lan house”, vai dizer que nunca viu?... Sei, da loja de internet ali no fim da ladeira. Mas não era a Laurinha a razão da sua vida?... Laurinha nada... Se arrumou com o dono da firma, agora desfila de gerente... Ô meu irmão... – O Cuia mostrou-se penalizado – Que azar... Azar? Você não sabe da missa a metade. Depois dela já tive a Mariazinha, a Teresinha e a Socorrinho... É mesmo Hermes?... Tô te falando, Cuia, mulher dos outros agora pra mim é homem!... Nenhuma delas deu certo, né?... Não podia dar: A Mariazinha só queria saber de ganhar coisas caras... Ih, mermão, isso ia te deixar na miséria... Deixou mesmo. A Teresinha no início era uma santinha, o marido tinha sido atropelado, vivia numa cama, e ela passava o dia fazendo sexo pelo computador... Mas isso não resolve, Hermes... Não, a gente saía toda semana... Então, qual foi o problema?... Ela acabou viciada, Cuia. Perdeu a fibra... Como assim, não era a sua mulher?... Não!! Era mulher do computador!!... Ô Portuga, dá mais um aqui pro Hermes!

Cuia precisou pedir mais bebida para dissimular. Tinha muita gente em volta olhando, querendo saber quem era aquela tal mulher do computador. Sem se dar conta e parecendo soterrado de alguma culpa, Hermes foi se explicando: Mas a Laura, ô Cuia, ela não foi a única culpada, sabe? Porque quando comecei a desconfiar dei de ficar deprimido. Depois, sabe... Eu não dava mais cem por cento, depois nem oitenta, e foi diminuindo, diminuindo a transmissão dos dados... Entende?... Os dados? Ah, sim, acho que entendo. Mas e a outra?

Quem, Cuia? Já te falei, depois foi a Mariazinha... Me deixou numa miséria de dar gosto. Ô acesso caro aquele, sô... Aí eu não podia mais fazer outras coisas das quais gostava e sentia falta, não tinha grana pra nada. Estourei o cartão de crédito. Ninguém olhava mais pra minha cara, mermão... Tentando entender melhor, o Cuia perguntos pelos dados... Ah, a transmissão voltou a cair, né? Chegou a menos de um quilobite por segundo! Ô desespero o meu... Por que você não fez uns programas, pra variar?... Programa, não fiz nenhum, Cuia. Mas baixei tudo que pude baixar. Todo dia era dia de “down”... E nada de “up”... Nem um cachorrinho? – O Cuia perguntou brincando, para tentar levantar o astral do amigo... Nem um, era só cavalo-de-tróia!... Essa eu não conheço ainda, mermão... Nem queira, Cuia. Depois você tem que fazer uma faixina geral. É muito chato mesmo. E se perdesse o HD nunca mais vinha aqui beber com você. Em falar nisso, ô Portuga! Cadê o meu uisquinho?... Já vos dei, ó pá!... Tão dá outro!

Da posição em que estava, Cuia percebia o interesse crescente dos bebuns em volta na estória do Hermes, mas achou melhor não interromper. O amigo devia estar precisando desabafar. Depois, eles não poderiam mesmo entender aquele dialeto de informática. Também não entendia bem. E o Vela continuava falando: Agora a Teresinha, Cuia, nas primeiras vezes aquilo chegava sem jeito, olhando pro chão... Mas dali a pouco a santinha virava o demônio com rabo e tudo. Caraca, mermão! – O Cuia completou – Você só no piloto-automático... É isso, Cuia, o navegador era dela. Ela que escolhia a página... E num tinha anúncio não!...

Ao ouvir tais palavras, um dos bebuns já bastante calibrado, amigo dos tempos das pipas, chegou-se ao ouvido do Cuia e perguntou: Ele tava vendo televisão ou o que?... O Cuia dissimulou: Ainda não sei, mermãozinho. Fica na tua aí, na moral. Deixa o cara acabar de falar, valeu? O bebum voltou meio inconformado pro canto dele e o Hermes falando: Mas foi assim só nas primeiras vezes. Pôxa, Cuia, eu já tava apaixonado por ela quando, numa tarde, começou a balbuciar umas arrôbas diferentes... Que arrobas, Hermes?... Endereços, Cuia... Ah, dos outros amantes dela?... Que outros amantes? Amante era eu, o resto era virtual! - Hermes indignou-se, deu um murro na táboa do balcão e pediu mais uísque. Do seu canto, sentindo-se desprezado, o bebum disse com a voz lenta: Taí... Que machão que ele é... E recebeu um olhar enviezado do Cuia.

O Vela nem se dava conta do que acontecia à sua volta, ia desfiando o seu rosário enquanto a audiência dos bebuns aumentava: Eu não queria bloquear nem excluir a Teresinha, mas a cada nova tentativa ficava pior... Aí conheci a Socorrinho, que também era Maria, Maria do Socorro... E qual era o problema dela, mermão?... Não era ela não, Cuia. O problema era o marido dela... Ué, por que?... Porque o cara tinha mais de dois metros de altura, era muito forte e ruim que só o cão... E ele sabia que era chifrudo?... Sabia, mas era apaixonado pela Socorrinho e já tinha mandado dois pra lixeira, cara!... Ih, canoa furada, Hermes... Então uma tarde ela me chamou na casa dela... E você foi, maluco?!... Fui, ela me disse que estava precisando de um desencanador... Ocê é doido... É foi doidice mesmo. Quando eu pensei que ia carregar o arquivo, a trezentos kilobites por segundo... O cara te deu o flagrante... Não, tocaram a campanhinha... Ô mermão, ninguém toca a campaínha pra entrar na própria casa... Pois é, mas já derrubou a velocidade, né? Era o filho da vizinha. Ela despachou o moleque a agente voltou pro matadouro...

O bebum desprezado era um bebum respeitado. Toda hora fazia uma careta, ou um gesto, e os demais bebuns, formando já uma meia-lua às costas do Hermes, trocavam impressões. Percebendo tudo, o Cuia tentou levantar a moral do amigo: Aí você fez o couro comer... O bebum balançou o dedo indicador e fez beiço, querendo dizer que não acreditava. O Hermes respondeu: Mais ou menos, Cuia... Os bebuns metidos a jurados dissimularam uma estrondosa risada, quando o bebum desprezado saiu da birosca fazendo uma porção de gestos. Mas não demorou muito, alguns minutos depois lá estava ele novamente, pedindo licença para passar e voltar ao seu canto. Que mais ou menos é esse? – Perguntou o Cuia. Eu disse mais ou menos porque quando o programa estava quase carregado, ela me sussurrou que ouvira um barulho na cozinha. De repente o cara entrou no banheiro, já tirando a roupa, e quando me viu perguntou o que eu estava fazendo ali... E você, mermão, por que não pulou a janela?... Que janela, Cuia? Primeiro porque não tinha uma por onde eu pudesse passar. Segundo porque o banheiro era tão pequeno e o cara tão grande, que eu tinha a impressão de que éramos duas sardinhas numa lata. Ou melhor, uma sardinha e um tubarão! Que coisa, rapaz. Ele entrou tirando a roupa e eu tentando vestir a minha!... E aí?... Ai eu disse que já sabia qual era o problema... Como assim, Hermes?... É, mermão. Vou explicar: Quando corri pro banheiro, logo vesti a cueca. Aí ouvi o cara falando que havia chegado o caça-vírus. Então, em vez de por a roupa, eu desenrosquei o sifão da pia e abri a torneira. Só não deu tempo de abotoar as calças... E o cara caiu nessa? Mas que otário!... Bem isso eu não sei. Porque eu disse a ele que no dia seguinte voltava pra tirar o entupimento. Ele me pediu que saísse do banheiro porque queria olhar o serviço. Enquanto ele olhava eu fui saindo. Quando pus o pé na rua, mermão, desembestei que nem a mula-sem-cabeça! E ainda passei uma semana correndo. Vendo o cara atrás de tudo que era poste.

A turma de bebuns já não dissimulava mais as risadas e os julgamentos. E já não era composta apenas de bebuns, nem somente de homens. Haviam chegado mais torcedores e algumas prostitutas mas, devido a bebida já em conta alta e ao peso das lembranças, o Vela não se importava. Expunha-se ao ridículo, despertando a piedade de alguns. Cuia não sabia mais o que fazer. Pensava em como levar o amigo para casa, enquanto ele ainda pudesse andar com as próprias pernas. Mas de repente o Hermes se empolgava e recomeçava a falar, sem tramelas na lingua já melosa. Estava claro que ele não se submeteria a nenhum conselho: E tudo por causa daquela piranha, Cuia! A gente era feliz. Eu percebi muito antes e falei com ela. Disse que o Afrânio ia querer lotar o disco, secretária novinha, com tudo no lugar, se sentindo importante... É, o cara foi esperto... Ela é que foi uma vagabunda! Eu avisei antes, ela aceitou porque se entusiasmou com as gentilezas do Dr. Afrânio – disse o Hermes com desdém... Mas clama, mermão, isso agora já é passado. Esquece essa estória e vai em frente. Você não quer pegar agora a mentirinha? Então pega e esculacha, mermão. Vai te fazer esquecer as outras. Inclusive a Laurinha... Ah, a Laura não, Cuia. Eu não consigo esquecer o que ela me fez. Nunca, jamais vou perdoar aquela mulher. Se encontrar com ela na rua eu arrebento a piranha de porrada.

Sem sair do seu canto, o bebum desprezado balançava o dedo e fazia beiço. Os demais, já em franco debate, se dividiam. As prostitutas, em grupo, se defendiam. Alguns torcedores defendiam as prostitutas, para que tivessem o que fazer depois do jogo, afundar a mágoa em caso de derrota. O Portuga não tomava partido, bastava-lhe vender bebidas para todos. No fundo todos se divertiam, aproveitavam o fim-de-semana. Até o dragão se divertia com aquele São Jorge sem lança! Menos o Vela. Estava realmente consternado, não parava de imaginar formas alternativas de trucidar a Laura. E usava as opiniões dos bebuns para reorientar as suas tramas, curtindo a dramatização da sua desgraça, como se lhe causasse prazer. Numa dessas, ao dirigir-se ao grupo de prostitutas para ver sua reação, percebeu que uma delas saia de trás do grupo e atravessava em sua direção. Ele não queria falar com ela, era apenas uma puta, como dizia ser também a Laura. Tudo farinha do mesmo saco! – Disse em definitivo.

Quando o Hermes escutou aquela voz de mulher lhe dizendo um curtíssimo “Oi” pelas costas, imaginou que o mundo havia parado de repente. Um silêncio palpável preencheu o ambiente. O Vela tentava decidir o que fazer, sob o peso de muitos olhares. Quando se voltou para trás, viu que havia uma mulher muito bonita no centro de um pequeno espaço, obviamente aberto para ela. Apesar do congelamento generalizado, apenas o bebum desprezado balançava a cabeça, mas agora positivamente. O Hermes não conseguia articular uma só palavra. Dentro do seu íntimo encharcado de uísque “qualquer um”, tudo era escuridão, uma multidão de vultos ia e vinha, sem que ele pudesse organizar o pensamento. Não teve coragem de dizê-lo, mas não restava nenhuma dúvida: só podia ser a Laura. Queria olhar dentro dos seus olhos, pois conhecia-lhe o olhar, mas a bebida já não o permitia. E quando a mulher lhe estendeu docemente a mão, com um sorriso calmo e soberano no rosto, o Vela não conseguiu fazer resistência. E deixou-se levar lentamente para fora, pela mão, como uma criança ingênua. Atravessando o silêncio estupefato e o julgamento sem veredicto de cada um dos presentes, sumiram os dois entre os torcedores que, na rua, preparavam-se empolgados para tomar o caminho do estádio. Como se houvessem ali dois mundos paralelos, o casal e os torcedores não se confundiam, mal se notavam. Era de se pensar que não estivessem no mesmo tempo e no mesmo lugar. Uma mão imensa e irresistível parecia abrir aquele mar de gente, enquanto o casal sereno e mudo escapava dos julgamentos, sem que se molhassem sequer no suor dos torcedores.

Na birosca, foi o bebum desprezado que quebrou a perplexidade. Deu um tapa na lateral do balcão, fazendo um estrondo que deixou o Portuga furioso. Ô Portuga! Dá outro marimbondo aqui pro meu amigo Cuia, que ele está pagando o meu também – e virando-se para o mulato, que se mantinha pensativo, sussurrou - como nos bons tempos, hem Cuia? Uma a uma as pessoas foram se reacomodando pela birosca. O bebum sentou-se no banco, que o Hermes deixara morninho, disse com ar sábio: Ah, o amor. Coisa mais linda é o amor... Encafifado, o Cuia não respondeu mas quis saber: Sabe, você até pode me achar com cara de panaca, mas eu não tenho certeza de que aquela mulher era a Laurinha. Se bem que era muito parecida, não vejo há anos, mas acho que não era não... O bebum virou a sua cachaça toda de uma vez e depois ficou olhando para o chão, reflexivo, com um sorriso torpe nos lábios. Depois de um tempo, finalmente falou claramente: Não era ela mesmo, Cuia... Mas então, quem era ela?... Depois de fazer uma careta, como se rebuscasse o passado, explicou: Você não se lembra da Fátima? Não, né. A menina que vendia bala na estação do trem... Não, não me lembro mesmo... Eu conheci as duas desde pequenas, desde quando eu era um homem respeitado. A Fátima é mais nova, mas sempre foi parecida com a Laura. Depois meteu-se com aquele bandido, famoso por cortar as orelhas dos seus desafetos... O Pinga-Fogo... Isso, ele mesmo. Ele sustentava a ela e a outras molecas. A Fátima engravidou para se sentir mais segura, mas o cara apareceu cheio de buracos pouco antes do bebê nascer. Ela então andou na mão de um e outro bandido, pra manter o pirralho. Depois desapareceu de repente. Passou uns anos fazendo programas com gente endinheirada, gerentes de banco, diretores de empresa. Tem três meses que ela reapareceu, está morando no bairro aí de trás... Mas por que ela tomou aquela iniciativa?... Porque, como lhe disse, coisa mais linda é o amor...

O Cuia estava inconformado, não conseguia entender direito. Não vai me dizer que ela está apaixonada pelo Hermes?... Que apaixonada, Cuia. Ela nem conhecia ele direito... E como ela veio parar aqui na birosca?... Eu chamei, ora. Ela é puta, não é adivinha. Mas eu conheço ela muito bem. Você sabe que conheço as putas daqui. Não posso mais pagar pelos serviços delas, mas conheço bem várias delas e sou amigo delas... Que coisa de doido, quem vai pagar? Quando o Vela entender tudo não vai tirar um tostão do bolso... Nada de doido não, Cuia. Ela não veio receber dinheiro não... Como não?... O bebum parou, se ajeitou no banco e continuou: Cuia, meu velho Cuia... Eu já vivi um pouco mais que você. E lhe digo com toda a convicção: As mulheres que vivem de programa não são todas iguais. Mas são seres humanos todas elas, têm sentimento. Eu não pedi, apenas perguntei se ela queria fazer isso. Ela confiou em mim e topou fazer... Mas o Hermes não ama essa mulher... Já deve estar amando, Cuia... Não é a Laurinha... Que diferença faz, Cuia? Ele precisava amar, se regenerar, tirar o paredão de dentro dele. Você acha que o amor dele, que ele não pode exercer e não serve pra nada, é mais amor que o da Fátima, dado de graça, pela necessidade dele e por amizade a mim? E ademais ela não tem nada a perder, tem a dar. Qual o pecado nesse caso? Mas o Vela podia ter perdido a vida, lá no banheiro do caça-vírus. E noutras vezes, porque ficar pegando as mulheres dos outros...

O Cuia ainda não aceitava plenamente a conversa do amigo, porém reconhecia certa razão. E será que o Vela vai segurar a peteca? Do jeito que saiu daqui, não sei não... Ora, Cuia, ela é uma mulher sofrida, experiente, com certeza vai dar o jeito dela... Mas ele não vai se casar com ela, né?... Casar? Acho que ela não ta pensando nisso, não. Prostitutas nunca pensam em casamento numa primeira ocasião. Não é esse o trato. Se você sair com uma delas e falar em casamento, nunca mais ela sai contigo, pra não apanhar do cafetão... Mas vai que a Fátima pensa... E daí? Eu não sou cafetão, não ganho dinheiro com ela... O Cuia pediu a conta ao Portuga, pagou a cachaça e pendurou o uísque, reclamando do preço. Depois, com ar de satisfeito, disse ao amigo: bom, tomara que pelo menos você esteja certo e ela saiba acender velas. Senão, quando ele voltar aqui, vai dizer que de repente bateu um vento... Que nada, Cuia, você num entende nada de velas. Ele vai dizer que quando o programa estava carregado, caiu a conexão!

Foto de henrique araujo

improvisado

quando a noite chega e que descubro o quanto você me faz falta
nao consiguo para de pensa em você e meu coraçao parece esta
se quebrando ou melhor se despedaçando, porem quando durmo
penso que vai melhora, pois mero engano porque ai vem o sonho, sonho
esse que você aparece pra me acalma ou sera artomenta porque quando acordo vejo que foi apenas sonho.
porém aqui fica meu recado que você me faz falta ontém, hoje e sempre e
que você nunca saia da minha vida porque mesmo sabendo que você esta longe durante a semana sei que chega o dia em que estarei junto a você pra sim te dizer o quanto você me fez falta...

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