Pureza

Foto de Carlos Henrique Costa

Sete meses

A ti entrego os meus primeiros passos,
Nasci na margem do ribeiro lago,
Criança prematura que nos teus braços,
Dependerá desse teu carinho e afago.

Filho primogênito e único desses laços,
Os laços familiares de valores... Pago!
E pagarei com risos, choros e abraços!
Aos meus pais, terno amor vós trago.

Só de lembrar, a longa e tortuosa tristeza,
De longos e longos anos para me ter,
Tantos sacrifícios e votos de pureza.

No céu, Deus a ouvir esta razão de crer,
De sua nobreza rege sua grandeza,
E no útero da minha mãe põe o meu ser.

Foto de Carlos Henrique Costa

Tecelagem do amor

Pedaço de queijo, doce, favo de mel...
Um beijo teu é como se subisse ao céu,
Mais alta expressão neste gesto de amor,
Que mostra a paz de te receber em valor.

Rosa formosa no jardim do sobrecéu...
Exala teu perfume jasmim, sobre o véu,
A instalar teu querer no palco desse ardor,
No ato poderoso do vigoroso esplendor.

Nem que seja só um pouco na razão,
Preenche meu frio coração com calor,
E apaga o passado de pavor e escuridão.

É tu agora querida, que lida meu clamor,
Nesse argumento que reges com aptidão,
Na pureza de teus olhos que tecem o amor.

Foto de Wendel Camargo

À Noite

O céu sem estrelas; o chão ainda estava molhado pela água da chuva; o vento desarrumando os cabelos quase que de propósito. As ruas vazias; ninguém para cumprimentar, ninguém para se preocupar. No mesmo local onde o Sol traz a agitação, o estresse, a aceleração do tempo, a Lua recupera o que foi perdido, com sua calmaria e tranquilidade.
Esse dualismo permanente parece estar presente na vida dos homens desde que estes começaram a ter consciência de si mesmos: em várias sociedades, o dia foi visto como o local dos homens e a noite, dos que morreram. Talvez seja pelo sentimento de morbidez, meio sombrio a quem não consegue ver a pureza da luz da Lua.
A energia perdida durante o dia é recuperada a noite, mas só para os que sabem aprecia-la. Eu escreveria mais, mas já amanheceu e minha inspiração se foi.

*ouvindo: "At The Drive-in - Non-Zero Possibility"

Foto de marylife

EM SEU RASTRO!

Tenho andado tão distante de você preocupando-me com pessoas que não
São e nem foram tão importante quanto você foi para mim.
Sei que tenho andando para bem longe do seu alcance para viver mais daqueles que
Estão cada vez mais longe de mim.
Você sempre tão perto que às vezes sinto uma brisa em meu rosto, sinto
Sinto carinhos em minhas faces e seu olhar bem dentro dos meus olhos
Faz-me as vezes sair do meu torpor trazendo minha menti sinto sua presença
Através de um objeto que cai, um ruído invisível uma sombra em meio a minha noite
Meu escaro se tornava tão legível me faz sempre ter a sensação de que andas
Sempre ao meu lado esquerdo demonstrando sempre o seu amor infinito
Que até então desconhecia.
Sinto meu coração ser levado por suas mãos esta sempre apontando me apontando os
Perigos em minha volta sempre querendo me proteger.
Pegando em minhas mãos me leva a ver coisas que sinto que sei mas que não quero
Enxergar a cada cortina levantada havia somente decepção por detrás delas
Viajou a lugares onde me trouxe todas as inverdades que eu pensava serem verdades
Descobriu um véu negro que eu pensava que era literalmente branco
Levando-me a lugares onde pude ver todas as promessas falsas, sorriso enganosos e olhares vazios que se mostravam doces mas eram frios afiados cortavam feito faca
Carinhos palavras que eu absorvia soavam como mel mas eram amargos como fel
Via apenas pureza eram almas de toda impuras.
Afasto-me de tudo para estar apenas em seu rastro e não ficar distante de ti
Em você eu sei que posso encontrar o verdadeiro amor límpido e transparente
Um amor que é para a eternidade.
marylife

Foto de Welington Pecoraro

Sentido

Ja fiz poemas, estrofes e ate versos;
mas nenhuma eu escrevi como a beleza do universo;
Por que o universo é uma imensidão sem fim;
E lindo como uma flor no jardim;
E essas e outras belezas eu posso comparar com a pureza do meu amor;
Por isso minha princesa que te amo, e sempre te amarei, mesmo na alegria e na dor;
Dor que em nossas vidas não terá vez;
Por que tudo sera lindo como se fosse a primeira vez;
Um beijo, abraço e ate um aperto de mão;
E tudo isso por vc cativou um espaço no meu coração.

Foto de Edson Milton Ribeiro Paes

"PRESENTE DE NATAL"

“PRESENTE DE NATAL”

Hoje eu quero um presente...
Um presente muito especial...
Quero o perdão de todos que ofendi...
Como um lindo presente de natal!!!

Quero o carinho de uma lagrima verdadeira...
Quero o olhar de pureza total...
Quero pro resto da vida inteira...
Viver como sempre se fosse natal!!!

Quero o milagre da solidariedade...
Estampado na face das pessoas...
Quero viver com simplicidade...
E que todos vivam uma vida muito boa!!!

Quero a paz entre todos os povos...
Que a vaidade seja moderada...
Quero que os homens renasçam de novo...
E parem de fazer coisas erradas!!!

Quero também como presente...
Que o amor vire epidemia...
E que nunca mais ninguém se ausente...
E que vivamos em plena harmonia!!!

Quero a inocência das crianças...
Permeando a vida de todo ser vivente...
Que seja extinta toda ignorância...
Quero tudo isso como presente!!!

Foto de Graciele Gessner

Na Cor do Mar... (Graciele_Gessner)

“Em breve teremos o verão, época de renovar. Muitos sentimentos do coração serão um cintilar de emoções. Vamos levar conosco a cor do mar, o azul como a cor da paz e da meditação. O céu, a água... A pureza, a sabedoria... O mar que leva é o mesmo mar que revigora. Nova estação! Muitas alegrias nos espera...”.

02.12.2009

Escrito por Graciele Gessner.

*Se copiar, favor mencionar a devida autoria. Obrigada!

Foto de David--Ávila

Em Tuas Asas

Na luz do luar
No nascer e pôr do sol
Na imensidão do mar
Na diversidade das rosas
Na pureza das flores
No azul do céu
No verde das árvores
Nas cores do arco-íris
No toque suave do vento
Na alegria dos sorrisos
No calor de um abraço
Nas perfeitas gotas de chuva
No cheiro agradável de terra molhada
Na doçura das palavras
No encanto dos sonhos
Na magnificência dos sentimentos
No fugor das estrelas
Na maciez das nuvens
No mistério da vida
Em tuas asas.

Foto de Marsoalex

ENCONTRO-ME EM TI

ENCONTRO-ME EM TI

Quando me procuro,
Sempre me encontro em ti.
Em tua tristeza, em tua alegria,
Em tua solidão, em tua companhia...

Estou em teu olhar absorto,perdido, distante...
Nas recordações do passado,
No vazio do presente, na incerteza do futuro...
Estou em teu sorriso enigmático,
Na lágrima retida,
Na insônia cheia de presença...

Estou na música que ouves, no livro que lês,
No carinho que expressas,
No que externas, no que escondes...
Estou em teu desejo, em teu medo,
Em tua lucidez, em tua loucura,
Fora dos teus limites,
Além de tua imaginação...

Estou reduzida ao teu ontem,
Esgueirada no teu hoje,
Projetada em teu amanhã...
Estou em tua emoção mais sincera,
Em tua tristeza mais profunda,
Em tuas recordações mais felizes...

Estou em teus sonhos sem fantasias,
Em tuas ilusões inconstantes,
Na saudade que finges não sentir...
Estou em teus devaneios passageiros,
Nas tuas buscas inconscientes,
Na memória de tua pele,
No desejo de tua boca,
Que ainda guarda o sabor
E a avidez dos meus beijos...

Estou perdida em tua descrença,
Esmagada pelo teu desamor,
Distorcida em teus conflitos,
Escondida nas tuas dissimulações...
Estou inteira em teus pedaços,
Cravada em teus espinhos,
Espedaçada em tua complexidade...

Estou concreta em tua verdade,
Diluída nas tuas mentiras,
Real em tua abstração...
Estou em algum lugar de ti
Onde ninguém nunca esteve,
Em caminhos por onde ninguém andou,
Em estradas que ninguém se atreveu a percorrer...

Estou em teu sim, no teu não,
No teu ir, no teu vir, no voltar...
Estou intácta em tua pureza,
Pura em tua inocência,
Iluminada pela visão mágica do amor do menino,
Refletida na maturidade, na racionalidade,
Na lógica do homem...

Estou nas tuas perdas, nos teus ganhos,
Fóra de tua vida, dentro de teu viver,
Desmentida pelas tuas palavras,
Reafirmada pelos sentimentos...
Estou como quem nunca deixou de ser
Ou como quem sempre esteve
Apesar de nunca ter estado...

Estou no teu tudo, no teu nada, no sempre...
Estou apagada de teu programa mental
Mas refeita em holograma
Que vives a deletar e os neurónios
Continuam a refazer a imagem
Arquivada no profundo da mente
Onde o pensamento não alcança
Para a razão desfazer definitivamente...

Quando me procuro em ti
Sempre me encontro,
Mesmo que me negues, que finjas,
Que mintas, o amor faz de cada negação
Uma afirmação, e eu me vejo em ti
Cada vez que me procuro...

O destino me riscou de tua vida
Para me escrever na tua história
E me fez poeta,
Para que eu fizesse dessa história
O mais belo poema de amor
Que alguém já escreveu...

MARSOALEX

Foto de Marsoalex

ESTORINHA BESTA

ESTORINHA BESTA

Há muito tempo, num reino bem distante, havia uma menina muito só, mas muito feliz.Ela sabia que era muito diferente da maioria dos habitantes do reino, e até achava engraçado, embora estranho, alguns de seus costumes. Um deles era o uso de máscaras. A menina compreendia que a visão que ela tinha do reino, não era alcançada pela maioria de seus habitantes, porque as máscaras impediam que eles enxergassem o reino tal qual era: um paraíso. Por mais que a menina tentasse mostrar-lhes essa verdade, eles não entendiam, não acreditavam, e se ela insistia era chamada de louca por todos.
O reino, como todo reino, tinha suas lendas, seus deuses, seus mitos. Havia, no entanto, um deus e um demônio muito cultuados e temidos mais do que todos os outros:o deus "Dinheiro" e o demônio "Sexo".
A menina não compreendia porque ninguém percebia que um não era um deus nem o outro era um demônio, tudo era apenas uma visão distorcida pela máscara, pensava. Ela, como não usava máscara, podia vê-los tal qual eram, anjos bons, necessário à vida de todos, sem que fosse preciso cultuá-los, temê-los, amá-los ou odiá-los, bastando apenas conviver com eles de uma forma simples e natural.
Não era difícil para a menina aceitar e conviver com os habitantes do reino, mesmo não os compreendendo, sabia que eles não eram maus, apenas estavam tão acostumados ao uso da máscara, que mesmo tendo condição de tirá-la na hora que quisessem, eles não sabiam como fazê-lo. Isto tirava-lhes o direito de trilhar a estrada coração, uma das mais bonitas e importantes que havia no reino. Esta estrada era a única que dava total liberdade, levando qualquer um que a trilhasse a outros mundos, outras dimensões infinitas. Poucos habitantes tinham acesso a essa estrada, por isso, a menina sentia-se muito só. Mas ela sabia que um dia encontraria alguém que teria a visão tão ampliada quanto a sua, a quem ela se aliaria e seguiria a estrada coração acompanhada por seu eleito.
Um dia, ela encontrou um menino muito só e muito triste. Apesar de toda tristeza que ela viu em seus olhos, ele não usava máscara, portanto, podia, com ela, trilhar a estrada coração, indo além dos limites do reino, em direção à liberdade de mundos infinitos.E eles se deram as mãos e caminharam como se levitassem. Sabiam que o que estava lhes acontecendo não era simplesmente um encontro entre duas pessoas. Era como se um fosse a parte do outro que estava faltando. E, apesar das diferenças, eles se completavam, pois, falavam a mesma linguagem.
Ele foi contagiado pela alegria que dela emanava, que adormeceu a tristeza que havia em sua alma, e juntos, através da estrada coração, atingiram o mundo mais distante do reino. Um mundo mágico que tinha a palavra "amor" como senha. Aquele que conseguia adentrar nesse mundo, era contagiado pelo sentimento imprimido na palavra da senha, permanecendo puro, livre e criança enquanto vivesse.Eles foram contagiados pelo sentimento e viveram juntos o tempo curto, mais longo de suas vidas.
Não se sabe porque o destino resolveu interferir na estória separando aqueles dois que, pareciam ter nascido um para o outro.Ninguém no reino conhecia as leis do destino, e por mais que a menina perguntasse "por que?", sua pergunta ecoava no vazio dela mesmo.
A menina mais só do que antes, e muito triste, resolveu colocar a máscara e tentar esquecer como tirá-la, para não saber como trilhar a estrada coração, pois, sem a companhia do menino, outros mundos, reinos e dimensões, tinham perdido toda a importância para ela. Com o uso da máscara, ela ficou igual a maioria dos habitantes do reino, aparentemente feliz.
Assim, ela limitou-se e dividiu sua vida com outro habitante do reino, que nunca havia tirado a máscara, por isso, não sabia nada sobre outros mundos nem tampouco sobre o menino.
O tempo passou e na rotina dos dias que se transformaram em anos, a menina se habituara à vida limitada do reino, mas era extremamente infeliz. Sabia que o uso da máscara lhe vetara o acesso a estrada coração, e ela tinha muito medo do desejo que gritava dentro dela. Desejo de tirar a máscara, pois vidas estavam em sua depedência. Se ela tirasse a máscara e enveredasse à estrada coração, iria em busca do menino esquecendo deveres e obrigações que a nova condição trouxera para sua vida.Continuou infeliz, mas consciente da responsabilidade assumida seguiu o seu destino resignada, sem revolta.
Mas, como o destino tem suas ciladas, suas artimanhas, de repente, um dia, ela se viu diante do menino. A emoção que ela tentou conter, irrompeu através da máscara, tomando conta de seus olhos, de suas mãos, de sua voz...
Ele estava ali, diante dela, sem máscara. E ela pode ver ver nos olhos dele a mesma emoção que estava sentindo e a mesma pureza do sentimento que eles haviam trazido do mundo mágico, único, capaz de remover a máscara que ela estava usando. A chama que irradiava dos olhos de ambos, deu-lhes a certeza que nada havia mudado. O amor brilhava com a mesma intensidade, com a mesma força e a mesma pureza. Nem o tempo nem a distãncia conseguira desmanchar a magia do sentimento que existia entre eles.
A menina estava presa a uma situação muito comum, mas muito respeitada por ser parte dos costumes do reino. Além desta situação, muitas vidas estavam envolvidas com a sua vida. Vidas que não compreenderiam nada, que não sabiam sequer da existência de outros mundos, e ela precisava ensinar aos pequenos, como evitar o uso da máscara, para que pudessem ter acesso a tudo que a visão ampliada podia lhes oferecer, e isto, exigia tempo, muito tempo...
O menino era livre, não estava preso a nenhuma situação nem tinha vidas em sua depedência. E como ele nunca tinha usado máscara, teve como mostrar a menina que, se a chama continuasse acesa, ela seria livre sempre. Falou, ainda, que ela poderia trilhar a estrada coração quando quisesse estar com ele, mesmo ele não estando junto, estaria com ela, pois nada nem ninguém poderia separá-los, já que eram parte um do outro. E a menina voltou a ser feliz, abulindo definitivamente o uso da máscara de sua vida.
Foram muitas idas e vindas do menino.E quando ele voltava, na chama de amor que havia em seus olhos, a menina encontrava razão de viver e força para continuar presa a situação do reino, mas livre através do que sentia, e que, a cada dia aumentava mais e mais. Quando ele estava perto, bastava se olharem e tinham um mundo só deles, mesmo que não pronunciassem uma única palavra, diziam tudo e se compreendiam mutuamente.
Enquanto isso, as coisas no reino haviam mudado.O demônio "Sexo", se transformara em um deus e estava em pé de igualdade com o deus "Dinheiro". Os dois eram cultuados por quase todos os habitantes do reino de uma forma obsessiva.Com as mudanças no reino, mudaram algumas regras e padrões, costumes e valores. Quanto mais as coisas mudavam, mais os habitantes ficavam desnorteados, confusos, porque continuavam a usar a máscara e as mudanças não se ajustavam a ela. Isso gerava uma confusão tão grande no reino, que ninguém sabia mais o que era certo nem o que era errado. Dinheiro e Sexo eram os únicos objetivos dos habitantes. A menina ficava triste por ver anjos tãop bons transformados em deuses sanguinários. Acompanhava as mudanças sem aderir a nenhuma delas, já que, crescera dentro do reino, mas sempre vivera além dele, e qualquer mudança que houvesse, ela estava adiante, dada a sua visão privilegiada pelo não uso da máscara.
O reino era dividido em muitas cidades, e o menino estava muito distante em algum lugar que a menina não conhecia. Mas através da estrada coração, ele sempre esteve perto e ela se acostumou a tê-lo junto de si, mesmo que quiloômetros e quilômetros os separasse.
Ela sabia que o menino se ligara a uma habitante do reino, numa situação um pouco diferente da sua, mas era algo que ela sabia que mais cedo ou mais tarde, aconteceria. E quando, as vezes, vinha o temor de perdê-lo, lembrava do que ele havia lhe dito: que eles seriam um do outro para sempre, e o temor se dissipava.
Outros anos se passaram para que eles se vissem novamente. E quando aconteceu, foi para viverem um dos momentos mais bonitos de suas vidas.Foram momentos mágicos, quando o amor deixou que o anjo sexo, os envolvesse em suas asas, levando-os, através da estrada fantasia, para o mundo dos sonhos, onde o amor falou a sua linguagem mais bonita: a linguagem do corpo, que vibra de emoção na entrega sublime dos que amam. E o amor se fez corpo, alma e sentidos. Parou o tempo para ser eternidade em apenas um momento...
E a vida seguiu seu curso. Eles foram distanciados novamente, cada um levando suas lembranças...
E mais uma vez, muitos e muitos anos se passaram. O reino estava cada vez mais mudado e seus habitantes cada vez mais confusos. A menina continuava livre, presa dentro da situação que assumira perante o reino. Os pequenos já estavam crescidos, e ela já os ensinara a não usar a máscara. Ensinara também ao parceiro com quem se unira,para que todos que convivessem com ela, desfrutasem de uma visão ampliada, tendo acesso a outros mundos, através da estrada coração. Ela, com toda sinceridade e pureza, que o não uso da máscara lhe proporcionava, deu de si o de melhor, para aqueles que as leis do reino havia colocado sob a sua responsabilidade. Mesmo não levando o seu parceiro ao mundo mágico, levou-o a outros mundos onde conseguiu subsídios que tornou a vida de ambos boa, válida de ser vivida. Levou-o ao mundo da amizade, ao reino da lealdade, a dimensão do companheirismo, enfim, a todos os lugares de onde trouxessem substâncias para uma vida harmoniosa. O mundo mágico pertencia a ela e ao menino, somente com ele, ela se permetia adentrá-lo. O sentimento que acionava a senha para abrir a porta do mundo mágico, fora entregue ao menino, que, mesmo distante, era presente, diário, permanente, e ninguém mais podia substituí-lo em mundo nenhum. Mas isso não impedia qua a menina tivesse uma vida normal, tranquila e em paz. Pois o sentimento era tanto, que preenchia a sua vida de uma forma completa, total.
Neste amaranhado de vidas, um dia, a menina teve oportunidade de conhecer aquela com quem o menino se unira. Viu, sem nenhuma surpresa, que ela usava máscara. Mas, confiando na visão ampliada do menino, deixou que o destino se encarregasse de reaproximá-los quando fosse tempo.
Algum tempo depois, a menina soube que, como ela, o menino tinha responsabilidade com outra vida, mas continuou confiando na ampliada visão dele e no que sentiam um pelo outro. E foi levando a vida sem drama, sem sofrimento, sem infelicidade, com naturalidade, características peculiares daqueles que têm o privilégio de uma visão sem máscara.
Décadas e décadas tinham se passado quando o destino resolveu que era hora de reuní-los mais uma vez. Quando eles se viram, toda emoção irrompeu novamente através da chama que brilhava nos olhos de cada um, acionando a senha, abrindo a passagem para estrada coração, que os levou ao mundo mágico mais uma vez.
Passado o impácto do primeiro momento, a menina começou a sentir que algo havia mudado no menino, mas ela não conseguia identificar o que era.Ela o olhava e o via do mesmo jeito. Quando o ouvia falar, as palavras eram iguais as que ela estava acostumada a ouvir, mas havia nesta igualdade uma diferença que ela captava mas não sabia definir. Ele sempre se mostrara complexo, ambivalente, paradoxal, contraditório, mas o quê, em suas palavras tão iguais, tinham uma conotação diferente? O quê, naqueles olhos tão transparentes, embassavam o brilho? Por que ele era o mesmo e não era o mesmo?
E um dia a resposta veio deixando a menina atordoada: ele estava usando máscara! Se tornara igual a maioria dos habitantes do reino. A máscara o havia cotaminado, estava tão aderida a ele, que distorcia toda a sua visão. Ele se tornara limitado, padronizado, regulado pelas leis que regiam o reino e deixara de ser livre.Com o uso da máscara, se identificara com a parceira que´há uito tempo estava em sua vida, vivendo num mundo bem menor do que os limites do reino lhe permitia.Não sendo livre, não compreendia a liberdade da menina, que mesmo presa, era tão livre, que podia voar e chegar até à porta de seu pequeno mundo. Ele esquecera totalmente que a ensinara a ter essa liberdade, quando através do amor, mostrou-lhe que o uso da máscara era uma eterna prisão.
O menino tinha aprendido a cultuar o deus Dinheiro, acreitando apenas na força e no poder que esse deus podia proporcionar.Ele deixara de acreditar no sentimento imprimido na senha que um dia lhe abrira as portas do mundo mágico, e ainda debochava da menina, por ela acreditar e viver a força e a beleza de um sentimento, que para ele, não fazia o menor sentido, não tinha a mínima importância e nenhum interesse. Tudo o que eles haviam vivido juntos, era rotulado de "passado", e, as vezes, até vulgarizado por ele, tirando toda pureza, toda beleza, toda magia que envolviam os momentos vividos com tanta intensidade e simplicidade, que seriam eternos para qualquer um que não estivesse contaminado pelo uso da máscara.
E de nada adiantou todas as tentativas que a menina fez para que o menino removesse a máscara e voltasse a ser livre.
Ele não era feliz, ela sabia, mas nada podia fazer. A não ser, ter esperança de que, um dia ele abrisse as portas da própria prisão e voltasse a voar. Mesmo que não fosse em direção a ela, ela ficaria feliz por vê-lo livre outra vez. Era horrível vê-lo tão comum, tão parecido com os outros habitantes do reino. Ela sempre o viu diferente. Se ele fosse realmente diferente como ela o via, bastaria tirar a máscara para que sua visão voltasse a se ampliar, e través dela, ele tiraria de dentro de si, o menino adormecido, para ser livre, puro e criança enquanto vivesse.
A estória não tem final. A menina segue o seu caminho, tentando entender as leis do destino, sem saber porque a sua vida continua entrelaçada a vida do menino, já que hoje há uma enorme distância entre eles, sem nenhuma possibilidade de um dia trilharem novamente a estrada coração. A menina não sabe se esses laços serão cortados um dia, pois, a única coisa que ela sabe, é que o sentimento imprimido na senha que um dia abriu a porta do mundo mágico, continua a existir nela, e através deste sentimento, ela será livre, pura e criança enquanto viver...

Marsoalex

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