Pela estrada fora vai caminhando
Os pés descalços com as bolhas em feridas
Ombros descaídos, caminha cabisbaixo
Olhar firme no horizonte que promete esperanças
De passo apressado e persistente, passa sem olhar
Segue em frente sem notar nos que por ele passam
A chuva molha e o vento açoita sem magoar
Na cabeça, lembranças de momentos que passaram.
As costas curvas revelam o peso que carrega sem se queixar
Nos olhos estampada a marca da saudade
O corpo desgastado pelas intempéries da vida parece vergar
Mas os seus passos firmes e rijos demonstram espírito e vontade
Caminha em busca do seu amor perdido
Daquela que um dia violou as portas do seu coração
E numa noite partiu deixando um vazio no seu peito
Expondo ao nu as chamas da sua paixão.
Samory de Castro Fernandes