Pausa

Foto de Lucíola

Reencontro

Era uma linda manhã de verão. O sol iluminava a paisagem, enquanto Celina caminhava lentamente pelas ruas da cidade em busca do seu destino.
A vida lhe reservara sempre grandes surpresas, pois Celina acostumara-se a esperar o oposto do que queria. Isto facilitava nas decepções e propiciava alegrias inesperadas. Resolveu então pensar que aquele era um dia comum, com pessoas comuns ao seu redor e que seus passos comumente lentos a levariam tão somente na direção do mar.
Chegou, finalmente. Seu destino estava ali traçado naquele calçadão. Em seu peito, a ânsia da incerteza atravessada no coração feito faca afiada que corta a carne ainda viva. Não podia mais recuar. Não tinha forças. Restava apenas esperar até que tudo terminasse. Queria apenas encontrar uma última chance de poder falar o que realmente sentia.
Pensou então em buscar as palavras que usaria para dizer tudo o que desejava tanto. Mas as palavras sumiram instantaneamente de sua cabeça. Como num passe de mágica, tudo ficou branco, por um momento, tudo parou.
Celina, então, simplesmente ouviu:
- Oi, bom dia!
Foi difícil acreditar naquela voz ao seu ouvido. Desejou por um momento o fracasso de uma longa espera sem esperança. Seria então esta uma grande surpresa, ou uma decepção? Não sabia explicar.
Seu coração bateu tão forte que teve medo que todos pudessem ouvir. Não conseguia se mover. Não sabia como. Como conseguiu chegar então até ali? Precisava criar coragem. E após uma longa pausa, enfim, respondeu:
- Bom dia.
Seus olhos de repente alcançaram a plenitude nos olhos dele. Naquele momento, as palavras já não eram mais necessárias. Tudo estava tão profundamente explicado que o mundo parou um instante para ver aquelas almas se tocarem silenciosamente, imaterialmente, irracionalmente, num momento pleno de amor.
- Pensei que você não viesse. - Disse ela com a voz trêmula, rompendo o grande silêncio e trazendo o mundo ao seu devido lugar.
- Eu disse que vinha. – Respondeu ele com certa impaciência.
Era estranho imaginar que aquele ser tão próximo, tão conhecido seu, de certa forma, em algum momento, denunciava-se tão estranho. Mas se o peso dos anos tinha a força de mudar tudo de lugar, como então poderia explicar aquela sensação de estar revivendo um passado tão distante? A circunstância permitia mesmo sensações ambíguas. O momento era tenso. O sentimento, intenso. O tempo seguramente não pudera remover ou mudar o amor contidamente existente nas almas daquelas duas pessoas.
Como nos tempos idos, os olhos dos dois falavam mais do que as palavras. Não se importaram sequer em identificar as marcas do tempo em seus rostos. Parecia que nada havia mudado - nada. Até mesmo as dúvidas e receios eram os mesmos de antes. Apenas a ansiedade dera lugar à serenidade daqueles que verdadeiramente se amam para além dos tempos e da própria existência terrestre.
- Eu não acredito que estamos aqui, agora. – Disse Celina, com um largo sorriso no rosto e um brilho nos olhos inconfundível.
- Por quê? – Perguntou ele, mesmo sentindo no peito a mesma emoção de quem racionalmente não consegue mensurar a plenitude de um momento tão raro, onde o sentimento é quem comanda cada palavra, cada gesto, cada pensamento.
- Porque imaginei que a nossa história havia terminado, mesmo que ainda inacabada, assim como uma criança que morre em tenra idade, de qualquer mal súbito, ou por qualquer fatalidade. Então, dessa criança, restam apenas as doces recordações e a lembrança do seu sofrimento, de sua dor e de seu triste fim.
Em seu coração, Celina temia ouvir duas palavras: sinto muito. Estas palavras quando ditas em certas ocasiões produziam conseqüências quase que letais para quem as ouvia. Ouvira uma só vez em sua vida, o suficiente para lhe trazer noites intermináveis de angústia, pelo peso de um amor fracassado.
O momento de êxtase agora dera lugar a uma inquietação, daquelas que trazem ardor à alma e a insatisfação antecipada de quem imagina agora tudo perdido, sem conserto mesmo.
- Você disse que me esperaria... E eu acreditei. Você não só não me esperou, mas também me esqueceu. Seu amor por mim foi tão sincero e tão verdadeiro como um feriado que cai no domingo. – Respondeu ele, visivelmente perturbado. Naquele momento, por um instante, arrependeu-se de estar ali entregando tudo o que de mais profundo carregara durante todos aqueles anos. Arrependeu-se. Aborrecido, achava-se um tolo. Não suportaria aquela situação por mais tempo.
Celina sentiu o mundo sobre suas costas, temia profundamente aquela reação. Desejava que tudo fosse mais fácil. Mas a inocência dos velhos tempos de juventude havia perecido. Agora não havia mais tempo. Tudo deveria ser esclarecido. Tudo. Não poderia hesitar nem um só minuto. Precisava sinceramente falar para ser compreendida e desejava mais do que tudo que ele soubesse que o seu amor, um feriado num dia de domingo, foi, era e sempre seria um domingo sem fim.
Então, ela retrucou:
- O domingo, o sétimo dia ou o primeiro dia da semana, é o dia do descanso. A semana vai passando e ele lá, inerte, parado. Ou ele espera por você ou você espera por ele. Feriado ou não feriado, de uma forma ou de outra, inevitavelmente ele está lá. Seja você feliz ou triste. Durante um passeio, ou uma viagem, numa festa ou no sofá da sua sala, é domingo. Eu sei, você sabe, todos sabem. É domingo. Às vezes temos sono, às vezes não. Às vezes queremos que a segunda-feira venha nos salvar, ou que o domingo seja o único dia da semana, se estamos cansados. Mas se eu estiver feliz é porque você não só está em mim, mas eu também estou com você verdadeiramente. É por isso que eu quero que você saiba, independentemente de tudo e de todos, eu te amo. E nada nesse mundo poderá mudar essa triste realidade que me corrói a alma e me faz viver sempre esperando a realização desse amor, que eu sei, não tem mais futuro, apenas passado. Não pense em como tudo aconteceu, pois não há racionalidade para as coisas do amor. Eu apenas amo e nem sei como. Eu amo tão simplesmente que até parece complicado. Meu amor por você está além de onde se pode ir. Vive e revive a cada dia que se passa, com maior intensidade. Eu sei disso porque quando encontro você é tudo tão inexplicavelmente mágico! O tempo parece não ter passado. O dia não parece dia, as pessoas parecem não estarem lá, a vida parece ganhar outra dimensão. A partir daqui, eu sei, tudo vai mudar. A magia será enfim explicada e então perderá o encantamento. Mas o amor, esse sentimento que carrego dentro de mim e que só eu sei o quanto é puro e verdadeiro, esse não mudará. Eu sim, não serei mais a mesma. Imagino que deixarei de sonhar com você, meu grande e eterno amor. Mas saiba, eu te amo, te amo, sinceramente...
Depois dessas palavras, não havia mais o que ser dito. Todas as dúvidas não podiam ali ser esclarecidas. O amor e sua verdadeira face envolveram de tal sorte aquele homem e aquela mulher, que eles, do magnetismo do momento, não puderam mais fugir. Arrebatadoramente, abraçaram-se, em corpo e alma. Beijaram-se e, na mais completa plenitude, enfim, compreenderam que não há explicação para o amor. Ama-se e fim.

Foto de Arnault L. D.

O recado do morto

Quando uma vida se acaba
a quem fica faz-se pausa
como a esperar a resposta
E nossa mesquinhez desaba
na certeza que a morte causa:
Viva rápido o que gosta!

No amanhã nada prenda,
é ancorar um návio no ar
Faça-o, mas não se ancore
Quem sabe onde acaba a senda?
Ninguém sabe até onde irá andar
então ame, sonhe, chore...

O relógio o tempo não volta
só os ponteiros memória irreal
ele ignora e continua.
Não conte, do tic-tac solta,
seja humano e viva o real
é o que tem da verdade nua

Faça o melhor que puder
e não se deixe vampirizar
valores de um mundo torto,
no que os outros vão dizer.
Seja-se, para não precisar
do recado de algum morto

Foto de Magno Aquino Miramontes

Vintém do teu olhar

_ Vintém do teu olhar
_________________ Magno Aquino Miramontes
______________________________________

Ensaiei horas a fio a minha fala
Dediquei-me com afinco
Insisti muitas caras
E bocas
Investi n’outros trejeitos
Nem tão meus
Pra te agradar
Pra te ver olhar
Mas qual nada
Nunca olhas
Ataviar o teu dia
Eis meu plano
Tua cama enfeitei
Decorei enorme texto quintanesco
De Bandeira herdei a dor
Adornei ceciliamente
Cada verso e pausa
Com voz de fada menestrel e anjo
Vesti-me de intrépido
De insólito
Quase estúpido
Pra te agradar
Pra te ver olhar
Mas qual nada
Nunca olhas
Pintei a cara
Desandei a boca
Criei tipo
Troquei nome
Mudei hábito
Deixei casa amigos
Pra te agradar
“Até morri muitas vezes
Pra ressuscitar “melhor”
Pra te ver olhar
Mas
Qual nada
Nunca olhas
E se olhas finges tão
Bem ou mal me tornei teu
Pronto e perto sem igual
Ofereço-me com as damas
Da noite dia hora qualquer
Pra te agradar
Pra te ver olhar
Mas
Qual nada
Nunca olhas
Ignora até o fado que aprendi
Pra ti
Desmerece o sentimento
Da angústia que sustento
(Rima infame!)
Pra te agradar
Pra te ver olhar
Mas
Qual nada
Nunca olhas
Olha aqui moça
Qualquer hora dessas
Me canso
Não mais canto
Nem tento mais te agradar
De esperar inda me enfado
De sonhar-te me abalo
De pensar que vens desisto
De achar me perco e então
Faço verso pra primeira
Virgem louca ou rameira
Dou-me inteiro
Pra essa ou aquela que me der
Um vintém que seja
Do olhar teu que não tenho
Debruço-me nesse verso
Ameaço
Prá te ver
Mesmo sem me olhar
Nunca olhas mesmo
Se pudesse desfaria tantos versos
Que faço pra dizer da dor
De fazer tanto
Pra te agradar
Pra te ver olhar
Mas
Qual nada
Nunca olhas
E
Se olhas finges tão
Que nem sei se quero
Descobrir
Se um dia olhou
Sem se perturbar
Com esse fazedor de verso
Mas qual nada
Mudei meu fim
Pra te agradar
Pra te esperar
Pra desistir de desistir

Foto de Sonia Delsin

PARA ME ENCONTRAR

PARA ME ENCONTRAR

Um dia eu percebi que seguia tuas pegadas...
Guardava no coração minhas risadas.
E a vontade de rodopiar.

Guardava no coração meu sorriso e meu eu.
Vivia num mundo que era o teu.

Vivia para teus gostos.
Guardava os meus desgostos.
Vivia a olhar as estrelas e sonhava.
Sonhava em morar numa delas.
Viajava.

Me pegava a olhar a lua...
A olhar a rua.
Imaginava.

Um outro mundo, uma outra vida.
E pensava.

Por que não abraço a minha causa?
Por que vivo nesta pausa?

Por amor?
E amor é isto?
Se anular para bem viver?

Será que isto não é morrer?

Então, eu tomei minha bandeira.
Reformulei minha vida inteira.
E parti.
De ti.
Fui em busca de mim.
Demorei, mas entendi.
Parti de ti. Para me encontrar.

Foto de Felipe Ricardo

Igualdade

Certa ocasião, em uma de minas andanças pelos sonhos, me deparei com uma situaçõ que feiz-me sentar e passa a noite a observa-la.
– Eu senhora de todas as Salamandras tenho o direito de julga-lo, pois eu dou o calor da vida a ele – Dizia de forma forte e agressiva.
Se tratava de um julgamento de um antigo Bruxo, que por muitos anos havia usado de sua sabedoria em prou de atos ruins e insanos.
– Descordo de voce cara amiga – Retrucava um pequeno Doende que no auge de seus 5 mil anos reinava de forma justa o reino terrestre – Sei que tu esquenta os corações de todos, mas todo mal que ele em outros tempo fez foi graças a vida que anda em meu reino e em minhas casa – Respondia ele logo apos uma pausa depois de sua intervenção no julgamento –
– Voces apenas agem pela força, esqueceram que forá por antigos sentimentos que estes atos foram concebidos e digo mais ainda cabe a mim julga-lo, pois é minha a agua que o faz vivo – Falava a mias graciosade todas as ninfas do mar, grande rainha de todas as Ondinas –
Depois de uma breve discusão entre os 3 elementais reparo em um lugar da messa onde sentará um senhor de aparencia bem antiga que de maneira educada pediu a palavra aos seus companheros de conselho e asim proferio a seguinte citação:
– Nenhum de voces, inclusive eu, pode julgar este humano, pois ele é responsavel por seus atos e cabe a grande Mãe dar a ele uma vida sem os seus conhecimentos, já que eu dou o ar que ele respira, tu o solo onde ele tira o alimento, voce o sol que o aquece de dia e o fogo a noite e voce a agua que sacia a sua sede somos todos responsaveis por sua codenação, mas mesmo assim nada faremos, pois em outra vida ele tera para se redimir –
Assim falava um antigo Silfo que com toda a sua sabedoria soube dar igualdade a todos do conslho e a devida punição ao Burxo que não soube usar sua sabedoria.

Foto de Graciele Gessner

A Ideia do Tempo. (Graciele_Gessner)

Como uma máquina do tempo
Retrocedemos a nossa história,
Recheada de amor, aventura, alegria...

Os anos voaram na sua ausência,
Nada pode evitar o avanço do tempo.
Nosso amor era puro sentimento.
O reencontro seria apenas um momento.

A ideia que fazemos do tempo,
Transcorre rapidamente, sem pausa.
O que tiver que acontecer, acontecerá.
É preciso cautela, um dia tudo paralisa.

15.08.2009

Escrito por Graciele Gessner.

* Se copiar, favor mencionar a devida autoria. Obrigada!*

Foto de LuizFalcao

"O MENSAGEIRO"

De LuizFalcão

Um homem!...Farrapos!...Pés descalços! Na mão um cajado!...
Uma sensação forte comovia a todos quando chegou o estranho!...
A praça estava cheia naquele dia!...
Era como um imã àquela figura.
Em pouco tempo uma multidão o cercara como se fora conhecido.
Talvez um amigo?
Não era o caso, no entanto, havia um certo brilho no olhar!
Fascinante, inebriante, hipnótico!
De repente brados ecoavam da multidão:

- Fala-me do amor!
Disse o solitário
- Fala-me da esperança!
Implorou o desesperado
- Fala-me de vida oh sábio!
Suplicou o moribundo

Calmamente ergueu a cabeça, olhou fixamente o ajuntamento e como alguém que alcançara o conhecimento disse:

- “Falar-vos-ei a todos de uma só vez”

Uma pausa.

- “Sábio não sou”

Disse ele.

- “Posto que sábio, há um só e é aquele que das vossas necessidades me instruiu, não por palavras jogadas ao vento, mas com poder para aplacar duvidas e sarar feridas dos corações, qual os vossos neste momento”

Assim, continuou o indagado a responder aos seus interpelantes

- Trago-vos a Palavra que expressa a vontade e também o nome daquele que me enviou a responder-vos.
Quando perguntais pelo o amor, ou pela esperança, ou pela a vida, lembrai-vos peço-vos deste nome, posto que fora dele jamais achareis para vós resposta nem solução.

Ele é todas essas cousas e muito mais, e quem a Ele se achegar, jamais sentirá falta delas.

Falo-vos de Jesus Cristo o Salvador, Filho do Deus vivo, que deixou sua glória nas mãos do Pai Eterno e desceu a terra em forma da sua criação e se fez carne.

Ele, o Autor da vida, habitou entre os homens!
Experimentou as limitações humanas como se Deus não fora!
Viu a dor dos desvalidos com olhos de homem!
Sentiu as emoções humanas, das quais, todos vós sofreis os embates.
A tentação suportou em corpo humano e a tudo dominou por amor, para dar-vos a esperança da vida que está por vir.
A morte não pôde derrotá-lo, pois o Senhor da vida, da morte é o Mestre.
Mas ainda que por breve momento, sim, por paixão, por amor profundo pela obra de Suas mãos, que sois vós, permitiu-se perecer até ressuscitar ao terceiro dia depois de entregar nas mãos do Pai Eterno o seu Espírito Incriado.

Como O Cordeiro de Deus foi Ele imolado na cruz do Calvário!” ...
Dessa forma continuava a discursar o emissário, tendo a sua frente uma multidão ainda maior de ouvintes:

- “Amor!” ...

Oh Sim! Falar-vos-ei de Amor e direi que não é uma mera palavra a qual os homens vulgarizam”.
Amor é o sinônimo do auto-sacrifício ao qual o Pai das luzes dispôs-se por vós outros que interessados indagam.
O Seu amor é a esperança que traz vida aos corações sedentos da verdadeira justiça, posto que O Senhor dos senhores e O Mestre dos mestres, não vos criou para dar-vos a morte, mas formou-vos do barro para presentear-vos de vida.
Mas então, se assim é, por que vós vos sentis desesperados, abandonados e sem vida em vossos corações?
Porque sentis despojados do brilho da luz que do alto se vos reluz?

Perguntou o que discursava.

- “Responder-vos-ei também a esta questão, ainda que aparentemente possais já não querer saber, visto o tom que estas palavras possam percutir em vossas almas, no entanto, não silenciarei mais os lábios até que tudo o que me foi ordenado vos seja proclamado, porquanto sei que dentro dos vossos corações tais questões foram sondadas por Aquele que tudo vê.”

Fez uma pausa o arauto...

Olhando em volta, encheu-se da graça que do alto lhe trasbordava as entranhas.
Com a voz transformada, como se ele não fora o que discursava, disse em tom mais doce que o mel que escorre dos favos:

- “Por que me negais em vossos corações? Por quê!?...”.
...Minha Palavra o mundo correu e o rodeou e deu voltas e voltou sem nunca me chegar vazia.
Desde o inicio, por todos os meios e modos, através dos astros no firmamento, para que ao olhá-los imaginásseis que não estariam lá por mero acaso, antes, haveria uma mão que os houvera formado e que do acaso não sois vós também o fruto.
E assim, entendêsseis que há quem por vós se importe, e por meio de Homens Santos vos falei.
Assim, através de toda a natureza que vos cerca, Preparei os vossos corações para que quando chegasse aos ouvidos vossos a palavra minha, fosse como boa semente que cai em terra fértil e brota e cresce e frutifica.
Mas vós porém, escutando-a não ouvistes.
E vendo a cruz, altar do sacrifício eterno e definitivo, não crestes e não olhastes dentro dos olhos meus, quando no momento em que o sangue me escorria o rosto, ao Pai clamei por vós, para que não vos destruísse.
Minha cabeça cravada em espinhos foi coroada por todos os homens de sobre a terra, mesmo aqueles ainda não nascidos, para que nenhum de vós fosse inocente.
Sim por todos vós, obra das minhas mãos. Fiz-me sacrifício!
Minha dor e meu amor são o gracioso dom com o qual vos presenteei.
O transpasse dos pregos em mãos e pés, dos quais permiti que minha vida se esvaísse para que por meu sangue o Pai Eterno não vos visse a maldade dos corações, posto que o meu sangue tem este poder.
O poder de lavar-vos as maldades, as quais Eu, Eu mesmo vos perdoei.
Estáveis nus diante de meu Pai, porém, com cada gota do meu sangue confeccionei para vós vestes brancas e cobri vossas transgressões desde as vossas cabeças até a planta dos vossos pés e vos revelei o propósito que desde a eternidade estava no coração do Pai.
Quando subi as minhas alturas para assentar-me ao trono da minha glória, não vos abandonei, antes enviei sobre a terra o meu Espírito para vos guardar, ensinar e conduzir, mas vós não o ouvis, estais surdos com o alvoroço dos povos e as festas das vossas maldades.
E agora?
Que vos farei?
Vós os que não me deram ouvidos perguntais pelo amor, e pela esperança e pela vida?
A todos os que clamais com sinceridade, falo-vos novamente pelo mensageiro, destes últimos dias da terra, que diante de vós está.
Quereis vida?
Ouvi-o!
Quereis amor?
Ouvi-o!
Quereis esperança?
Eis ai diante de vós aquele, por cuja boca falo-vos novamente.
Ouvi-me agora, antes que tarde seja ou com toda certeza, assim como do pó vos tirei para amar-vos, para o pó vos lançarei e no mar do esquecimento, nunca mais sereis lembrados, posto que isto vos prometo, quando voltar nas nuvens com meus santos e anjos, vos declararei também a extensão do meu juízo!
E, se encontrar-vos novamente perguntando por todas estas coisas, sem que delas tenhais tomado à posse que hoje vos dou, por minha palavra eu vos digo hoje:
Não achareis mais em mim clemência e nem misericórdia, ainda que com lágrimas de sangue as imploreis.
Meus anjos tomar-vos-ão de sobre a face da terra, assim como as águias que arrebatam as suas prezas e lançar-vos-ão no lagar da minha ira, pois desprezastes o meu amor que vos derramei.
Assim digo-vos: Vinde!...
...Vinde e banhar-vos-ei no meu sangue!
Tomais, pois a posse da herança que vos preparei para que no lugar da ira minha, acheis os céus em festa ao ver passar pelos portais da santa morada, vós todos, os que para meu Pai, com o meu sangue comprei!...
...Vinde! ...Vinde!!!!!!.."
Calou-se em profundo silêncio o mensageiro e abrindo arcos gigantescos de alvas e reluzentes penas desapareceu!....

Foto de Carmen Lúcia

Ciclos da Vida

Engulo meu pranto, driblo a dor,
encaro os fatos, os erros, os atos...
Faço-me forte, alço meu porte
e de cabeça erguida
tento me soerguer
das quedas da vida.
Mesmo ainda frágil,
olvidando os medos
sepultando segredos,
demonstro coragem
pra continuar...e lutar.

E assim vou vivendo,
não se deve parar.
São os ciclos da vida,
andar e chegar...
Às vezes me entrego ao vento,
num lânguido e frio lamento:
“ Me leva pra onde soprar...
Bem longe, pra não mais voltar...”
E me pego levitando
num mundo distante
onde quero pousar...

Ou então peço ao tempo,
inflexível, irreversível... Senhor da Razão!
“Ensina-me a viver sem emoção,
já que não se dobra à nenhuma sensação.”
Não para, não sente, segue sempre em frente,
indiferente ao passado,
ao que nos foi tão sagrado...
ao que queremos esquecer.
Precisa cumprir sua missão.
Persegue o futuro, esse desconhecido,
um tanto atrevido, mistério escondido
que chega em arremesso:
“ É o Novo! O recomeço!”
E o Hoje nos dá de presente...
Somente hoje,
vivamos intensamente,
que logo vai se acabar...
Uma pausa pra refletirmos
qual caminho tomar.

Cada um vai para um lado,
jogando na sorte, apressado,
corrida incessante, jogo bizarro.
Partida ganha...É o fim da jornada.

E depois da chegada?

(Carmen Lúcia)

Foto de Felipe Ricardo

Compasso

Musico sem causa
Violão sem cordas
Flauta sem o teu sopro
Precusão em silencio
Nada mais que pausa
Caio em linha feitas
Naquilo que nao gosto
Onde esta este teu sol?

Mostre as chaves disso que
Amo em te amar sabemdo
Que tu amas este meu amor
Que ja nao amo mais [...]
Mostre estas tuas batidas
E assim veras minha harmonia
Sem jamais pulsar por estes
Teus lindos compassos e erros

Diga-me esta tua escala e me
Deixe brincar de ser musico
Pois minhas paixões nascem
E morrem e Sí porém por Dó
Rézares por Mí Fáças do jeito
Que o proprio Sol Lá no céu Sí
Cale perante toda esta cor mas
Não deste amor e sim da flor

Que agora em silencio te entrego
Sei que jamais será aquela nota
Que muito amei, mas qual a
Musica que nao tem compasso?

Foto de Jonas Melo

Desejo de Você

Desejo de Você

Você vem como uma deusa dessas que enfeitiçam os seres mortais;

Sua pele morena, sua boca perfeita,

Como a me convidar para um momento do manjar dos deuses;

Sua pele sedosa, acompanhado dos pelos dourados,

São simplesmente um convite avassalador para prática do pecar venenoso;

Seu cheiro alucinante de feromônios,

São como perfume suave aos meus desejos contidos;

Seu corpo a me abraçar, suas mãos a deslizar pelos caminhos que só você conhece,

Como sempre provocam sensações inexplicáveis;

Suas mãos numa busca insana, por momentos descansam em minha nuca;

E esta pausa é simplesmente enlouquecedora,

Pois teus carinhos e tuas caricias alucinadas me fazem simplesmente flutuar,

E nesse momento tudo nos é permitido, seu gosto, seu sabor,

Seus desejos e suas fantasias me são expostos, através do teu corpo exuberante,

O qual você me oferta com carinho e com amor, sem receio e sem pudor.

Jonas Melo !

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