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O Show

O Show

Terça, 26/09/2006 - 23:23 — Fernanda Queiroz

Em meio aquela multidão eu me sentia perdida. Por mais que imaginasse nunca cheguei a pensar que pessoas poderiam ser tão apressadas e barulhentas.

Na hora de reservar meu ingresso optei pela geral, pensei que assim passaria despercebida, a idéia de camarote não me inspirava privacidade e sim destaque e como jamais tinha assistido a show de uma Banda famosa ou qualquer outra tudo era novidade. Minha experiência se resumia nas quermesses organizadas pela Associação Comunitária da Vila onde o som da banda dominical entoava valsas enquanto desfilávamos entre barraquinha de jogos e doces e aguardávamos os fogos, estes sim eram a estrelas das festas. Ficar olhando para cima vendo um pequeno zumbido se transformar em imensas partículas colorida era um espetáculo, mesmo que ás vezes acarretasse lembranças nostálgicas, eu amava aquele céu pontilhado de luminosidade.

Enquanto tentava entrar em um enorme recinto, daqueles que se vê somente pela TV, empurrada para lá e para cá por uma multidão que parecia não conhecer as normas da boa educação, estava pensando o que tinha me levado a tomar esta decisão.

Já havia se passado quase dois anos desde que falei com ele pela última vez, neste tempo tão forte quanto às lembranças que sobreviveram estava meu medo de saber o rumo que ele tinha dado a tua vida.
Afastei-me completamente do mundo das manchetes, onde certamente ele sempre seria destaque. Não lia revistas, jornais somente seção de investimentos e cultura, TV canal fechado sobre economia e agricultura, assuntos fundamentais em meu trabalho.
É claro que sem que eu pudesse evitar ás vezes os ouvia cantando, no radinho de pilha de algum operário, nas grandes magazines de eletrodomésticos na cidade, na faculdade onde os rapazes bonitos e famosos fazem à cabeça das garotas que até tatuavam em teus corpos nomes juntamente a desenhos exóticos.
No principio sofria muito por isto, depois sabendo que nada podia fazer, passei a ignorar, afinal quem tinha mandado me apaixonar pelo ídolo do Rock?

Finalmente tinha conseguido entrar no estádio onde a multidão se aglomerava onde estar á frente era certamente um privilégio para expressar o fanatismo que alterava o comportamento das mais diversas maneiras.
E agora estava ali, há poucos minutos e metros de onde ele entraria, duvidando de minha sanidade em ter tomado a decisão de ir vê-lo. Talvez se não fosse próximo à cidade que estava a trabalho há dois dias, jamais teria ido. Fui exatamente para ficar dois dias resolvendo questões de Marketing, mas era impossível não ver todos os outdoors espalhados pela cidade. Minha primeira reação foi de pânico, queria voltar sair correndo ao fitar ele entre o grupo sorrindo, como sorriu muitas vezes para mim... Deus...as lembranças voltavam em avalanche fazendo meu corpo estremecer, meu coração disparava, como aquele ressoar de buzinas que soavam atrás de mim, foi quando me dei conta que estava atrapalhando o transito e com mãos tremulas segui em direção ao hotel onde me hospedara, parando somente em uma loja especializada onde adquiri um potente binóculo, se fosse levar esta loucura a frente ele seria necessário, pois pretendia me manter mais distante possível e algo dentro de mim gritava para ir...Eu iria.

Já se passava 1 hora do horário grifado nos cartazes, a multidão que formara era tudo que jamais tinha visto, parecia uma disputa de quem conseguiria gritar mais alto, ou agitar mãos blusas lenços ou faixas mais altos. De onde estava bem retirada da multidão a tudo assistia ocultando minha ansiedade.

De repente os gritos se tornaram mais forte e contínuo em resposta a presença deles no palco.
Minhas mãos suavam tremulas, meu peito parecia que iria explodir lançando meu coração ao palco, por um momento pensei em desistir e sair correndo para meu abrigo, meu canto onde meus segredos me protegiam... respirei fundo, ergui a cabeça, encostei em uma pilastra, como se ela pudesse segurar meu fardo de dor, estava cantando acompanhado eloqüentes pela platéia minhas mãos levantaram o binóculo sem a pressa de quem esperou tanto por este momento, lentamente o ajustei aos meus olhos onde avistei gigantes holofotes, estava tentando me orientar, olhei em volta tentando ajustá-lo. Vi o baterista movimentado ao frenético ritmo que me fez piscar várias vezes, parecia a minha frente, lentamente movi para a esquerda encontrei o saxofonista, voltei-me para a esquerda devagar, quase sem respirar para não perder o foco, quando o vermelho da guitarra coloriu as lentes senti um impacto tão grande que parecia atingida por um soco no estomago.Engoli saliva inexistente, tentei suavizar os ressequidos lábios passando a língua por eles, meu peito arfava e meus olhos buscava naquela potente tecnologia, tua face amada.

Recosta bem no fundo, longe da entusiástica platéia sabia que precisava vê-lo. Determinada, ajustei as lentes tentando reencontrar o foco reluzente de tua guitarra e lá estavam tuas mãos a segurarem firmemente, dedos firmes dedilhando-a, mãos de artista. Fui subindo, encontrei tua camisa alaranjada, Deus eu amava esta cor em você, lembra-se daquele casaco? Quando o vi sabia que tinha sido feito para você. Caiu como uma luva ficou lindo como sempre foi, será ainda que o guarda? Ou estará jogado e esquecido em algum armário?

Pela camisa entreaberta pude ver tua inseparável medalha segura pelo fino cordão de ouro que cismava em colocar entre os lábios quando estava nervoso, como naquela vez que esqueci o celular desligado por toda tarde exatamente no dia que te aconteceu um imprevisto, tinha que viajar, e não conseguia contato. Quando conseguiu falar, a primeira coisa que disse... já mastiguei todo meu cordão... risos, era sinal de perigo... mas também das pazes de teus beijos ardentes de tuas palavras que compunha as mais belas declarações de amor.

Teu rosto... Deus... a barba feita, cabelos desalinhados como sempre te dando um ar de garoto, tua boca em movimento, cantando ... para a platéia...para o mundo, como gostava quando cantava só para mim que entre risos sempre podia ouvir dizer que me amava... muito, fitando-me longamente com este olhos da cor do oceano e infinitamente maior, pois era a janela que me transportava para as portas do paraíso que meus sonhos tanto almejaram.

Deus... é ele, meu eterno amor, há poucos metros de distancia, no palco, no teu show, no teu mundo.
A lente ficou turva, lágrimas desciam copiosamente por minha face, uma dor física me invadiu fortemente fazendo-me escorregar pela pilastra até encontrar o abrigo do chão, pensamentos desatinado trazia o passado de lembranças onde o presente se fundia em uma imagem com o olhar perdido na platéia.

Teus olhos sorriam as manifestações enlouquecidas, gritavam teu nome em todos os tons, gestos, mãos erguidas, cartazes, onde os pedidos nítidos requeriam tua atenção... teus olhos vagavam acompanhando em um misto de alegria e encantamento.
Olhos para o flash, foi como me disse um dia. Que era um olhar reservado á todas outras garotas do mundo... que para mim sempre seria um único e eterno olhar.
E agora? Que olhar era este? De flash? E se pudesse me ver, me olharia de novo como se tivesse me inventado? Como se tivesse me feito nascer a partir de teu olhar?

Levantei-me cambaleante, tonta, ouvindo o frenesi se tornar mais acentuado, você jogava rosas...a toalha que usou para secar teu rosto...como se doasse um pouco de você...e tudo de mim.

Às vezes vivemos em minutos, muito mais que em dias ou meses, minha mente parecia entorpecida diante da lente que deixava você tão perto quanto eu queria estar, teu rosto, teu sorriso, teu corpo... você do jeito que eu sempre amei... no mundo que não conhecia...no palco...na fama...tua vida, tua carreira, teu destino.

Sai caminhando devagar, virar as costas me custou muito... muito mesmo... nunca saberá o quanto...
A menos que um dia queira assistir um show... em um palco diferente... cheio de galhos e flores... talvez se quiser se juntar á platéia dos passarinhos... ouvindo somente o som de minha flauta, que mesmo tocando baixinho pode-se ouvir além do horizonte...

Fernanda Queiroz
Direitos Autorais Reservados

Foto de pedacinhos de mim poemas

Em Busca

Os pingos da chuva sobre as folhas
de uma árvore solitária assim como eu
Mistura-se com a minha saudade...
Há um caminho sombrio e longo
Como posso resistir a tamanho mistério
que me excita e me leva a seguir?!...
Procurar o quê?
Como saber quem tu és?
Tu és a essência
extraída de tudo que se faz existir.
Dia, noite, tempo, mundo
Partículas de cores
Amores...
Uma palavra perdida no ar
fragmentos de um tempo
amor latente.
Um pedaço de mim ao longo desse caminho
Não vou desistir, quero prosseguir
aqui, acolá, procurando, hei de encontrar!
Hoje já não sei quem eu sou,
possuída pela febre desse louco amor
Que me faz percorrer caminhos desconhecidos,
no meio da chuva...
Na busca incessante de um amor perdido
perdido no tempo...
Mas, que vive em mim.

Autora: Célia Torres

Foto de miguel fernandes

Naquela tarde

Neste momento olho para a janela e quando vejo a chuva a cair e a bater no vidro busco inspiração... tudo e nada me sai...parece-te estranho... confuso até... Creio estar naqueles dias...dias em que tudo parece turvo e cinzento, mesmo quando olho para as árvores do jardim que transbordam de tons de Outono, ora com folhas vermelhas de paixão ou amarelas como os girassóis num campo de Verão.

E assim...
procuro-te no vazio ...
na luz que me guia,
talvez me perca,
talvez escute a razão,
prefiro ignorar...

as palavras brotam...
numa insustentável leveza...
pairam no ar como partículas de átomos
somam-se as dúvidas e subtraem-se as certezas...
nada se conclui...
apenas o fogo que me atiça
me aquece a alma nesta tarde
gélida, nostálgica

ora ...
na cama, os beijos que saem da
tua língua descem em torno do meu
corpo que transpira de desejo...
loucura, mas doce, como o mel
das tuas palavras
que no escuro da noite
soam como flautas de vento
criam melodias... jamais escutadas
apenas por aqueles que ousam amar
sem destino ...correndo contra o tempo
contra tudo e todos...
enfim...
são os cheiros animalescos, feromonas,
dos gritos do interior, emanadas
numa imensidão .. num abismo
e perdidos soltamos um suspiro entre espasmos
orgásmicos... iguais aos teus...
quem me dera ver o mar contigo
escutar as ondas e sentir a espuma nas mãos
molhar os pés e deixar a areia escorrer
entre os meus dedos
entrelaçados nos teus
e agarrados aos laços do teu coração
e tu? queres ver o mar comigo?
vem... se te pedisse muito
escutavas o meu pedido?
por vontade?
chamo o teu nome
procuro criar algo...
num embalo ... surge isto

O poder dos teus lábios que libertam os beijos
o suor do teu corpo e o teu olahr ténue,
deslumbram-me e tu vens
perturbar o meu sono...

e eu como fico?
perdido, sem rumo
procurando o meu norte!

A ti...

Foto de Rosye

Segredos...

Tenho comigo
montes de carinhos guardados
milhões de desejos apagados
segredos escondidos
procurados
por mim não encontrados
segredos
glórias de espera
flor de jasmim
perfume de alecrim
começo de uma história
que chama por mim.

Tenho comigo
montes de silêncios de sonhos
segredos meus encantos
fantasias são alegrias
escondidos num pedaço de história
atrás da agonia
outros medrosos
cheios de angústias
partículas e tormentos
cheios de ilusões de momentos
que nunca vivi.

Tenho comigo
a voz que me chama
segredos cativos
são sonhos queridos
que me enfeitiçava
saídos pra fora de mim
onde eu
fugidia do nada
sentia segredos trazidos
da alvorada são lágrimas
segredos do frio
do doce e salgado
enraízada em pequenos tormentos
meus momentos.

Tenho comigo
segredos imperfeitos e arruínados
segredos passados
marcas ficaram profundas
em cada pedaço de mim.
lábios que sorriem
num rosto corado
peito destruído
passado imperfeito
saudade é grito
segredos são o vazio da ilusão
estranha sensação
que alimento
segredo de uma paixão
incapaz de expandir
nos teus olhos
o brilho dos meus
quase a medo.

Tenho comigo
todos os segredos sentidos
segredos de uma derrota
ou de uma glória
despedida que é partida
amizade de amor sofrida
paixão de amor que é dor
segredos de amor que é peso
é medida pesadelo de vida
desespero ficou consagrado
neste segredo de vida.

Autora: Rosye

Foto de Rosye

Perdida nas palavras que canto, na esperança das que não digo...

Mar, mar azul… lindo mar
Para onde levas meus sonhos…
Esquecidos gritos de amor que são dor
São lágrimas abraços do teu olhar
Sol azul do meu sentimento…
… e ando eu por aqui perdida…
… nesta estrada colorida…
São sonhos de amor são vida
Que calo em meu pensamento…
… por onde estás tu passeando?
Por aí esquecido no tempo!
Sentimento perdido que soltas ao vento
É água é vida é mar que se agita
Palavras que agora canto
São lágrimas minhas são dor
De um coração perdido
…amor que calo e não falo
… silêncios de esperança… ar que respiro
É minha estrada
É meu caminho
Onde me perco em teus abraços
São sonhos que hoje eu canto
Para atar todos os laços…
e… beber dos beijos teus…
Não sei que faço nem que digo
Nem por onde eu caminho
Assim perdida nesta esperança sentida
Inquietude da minha vida
É vento é luz que bate em meu rosto
Ora por vezes… é quente… é frio
… mas dele eu já nem preciso!
Palavras que já não digo
Mar de segredos… de amor…
… e ando eu por aqui perdida no teu sorriso
… alvorada… no meio do sentimento
Que queima meu pensamento
E andas… por entre campos de rios…
… água… que no fundo do mar se deita
Água azul de uma nascente
Que brota em lágrimas na minha mente
São gotas de sal pequenas partículas
Que tornam este amor azul do mar imenso
Ando eu por aqui perdida de amor
E tu? Por onde andas?
… loucura… sufoco de sonhos luzentes…
… lágrimas soltas, suspiros…
Não sabes que já estou cansada,
De cantar versos que escrevo
… distâncias… ao longe… lá longe…
Magia de amor
Que o ar me oferece hoje
Me engana me aquece me esquece
És sol! És astro! És o rei da minha vida!
Que toca este mar esquecido
E, brinco… brinco…
Comigo, contigo eu já não posso
Palavras mais eu não digo
São letras quedas e mudas, silêncios
São vidas, paixão …
Que andas tu a fazer…
… á deriva no mar…
… das palavras salgadas que deixo ficar…
No brilho desse teu olhar ando eu por aqui
Perdida nesta imensa praia faz tempo
Caminho assim descontente,
Procuro esse amor que só arde por dentro
Sorriso é meu céu que muda de cor a cada momento
Invade meu peito, acalma meu corpo
Desejo que é dor, dor é somente
Assim perdida eu vou caminhando
Nesta corrida da vida
Caminho para ti e tu, estarás tu a fugir…
… água, água salgada que sai daqui de dentro
Lágrima minha de amor é dor encontrada no mar
É lágrima salgada que por ti canta…
… canta ou chora esta canção bela por ti
Neste sol de espera onde o amor fala… fala…
Sem saber das estrelas, e eu…
… sempre atrás delas… mas elas… as estrelas,
Essas também mudam de lugar
Onde estavam, agora já lá não estão
Partiram como partiu a minha paixão
Mas esquecem que o amor é só para quem tem coração!
E procuro por ti, assim
Aqui perdida nesta canção que hoje escrevo
Onde a vida me ensina este canto
Estas palavras que brincam de dor
Que sentem que sonham que esperam
Mas que por aqui andam perdidas…

Autora: Rosye

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