Paraíso

Foto de cafezambeze

JOÃO PIRISCA E A BONECA LOIRA (POR GRAZIELA VIEIRA)

ESTE É UM CONTO DA MINHA DILETA AMIGA GRAZIELA VIEIRA, QUE RECEBI COM PEDIDO DE DIVULGAÇÃO. NÃO CONCORRE A NADA. MAS SE QUISEREM DAR UM VOTO NELA, ELA VAI FICAR MUITO CONTENTE.

JOÃO PIRISCA E A BONECA LOIRA

Numa pequena cidade nortenha, o João Pirisca contemplava embevecido uma montra profusamente iluminada, onde estavam expostos muitos dos presentes e brinquedos alusivos à quadra festiva que por todo o Portugal se vivia. Com as mãos enfiadas nos bolsos das calças gastas e rotas, parecia alheio ao frio cortante que se fazia sentir.
Os pequenos flocos de neve, quais borboletas brancas que se amontoavam nas ruas, iam engrossando o gigantesco manto branco que tudo cobria. De vez em quando, tirava rapidamente a mão arroxeada do bolso, sacudindo alguns flocos dos cabelos negros, e com a mesma rapidez, tornava a enfiar a mão no bolso, onde tinha uma pontas de cigarros embrulhadas num pedaço de jornal velho, que tinha apanhado no chão do café da esquina.
Os seus olhitos negros e brilhantes, contemplavam uma pequena boneca de cabelos loiros, olhos azuis e um lindo vestido de princesa. Era a coisa mais linda, que os seus dez anos tinham visto.
Do outro bolso, tirou pela milésima vez as parcas moedas que o Ti‑Xico lhe ia dando, de cada vez que ele o ajudava na distribuição dos jornais. Não precisou de o contar... Demais sabia ele que, ainda faltavam 250$00, para chegar ao preço da almejada boneca: ‑ Rai‑de‑Sorte, balbuciava; quase dois meses a calcorrear as ruas da cidade a distribuir jornais nos intervalos da 'scola, ajuntar todos os tostões, e não consegui dinheiro que chegue p'ra comprar aquela maravilha. Tamén, estes gajos dos brinquedos, julgam q'um home não tem mais que fazer ao dinheiro p'ra dar 750 paus por uma boneca que nem vale 300: Rais‑os‑parta. Aproveitam esta altura p'ra incher os bolsos. 'stá decidido; não compro e pronto.
Contudo não arredava pé, como se a boneca lhe implorasse para a tirar dali, pois que a sua linhagem aristocrática, não se sentia bem, no meio de ursos, lobos e cães de peluxe, bem como comboios, tambores, pistolas e tudo o mais que enchia aquela montra, qual paraíso de sonhos infantis.
Pareceu‑lhe que a boneca estava muito triste: Ao pensar nisso, o João fazia um enorme esforço para reter duas lágrimas que teimavam em desprender‑se dos seus olhitos meigos, para dar lugar a outras.
‑ C'um raio, (disse em voz alta), os homes num choram; quero lá saber da tristeza da boneca. Num assomo de coragem, voltou costas à montra com tal rapidez, que esbarrou num senhor já de idade, que sem ele dar por isso, o observava há algum tempo, indo estatelar‑se no chão. Com a mesma rapidez, levantou‑se e desfazendo‑se em desculpas, ia sacudindo a neve que se introduzia nos buracos da camisola velha, enregelando‑lhe mais ainda o magro corpito.
‑ Olha lá ó miúdo, como te chamas?
‑ João Pirisca, senhor André, porquê?
‑ João Pirisca?... Que nome tão esquisito, mas não interessa, chega‑te aqui para debaixo do meu guarda‑chuva, senão molhas ainda mais a camisola.
‑ Não faz mal senhor André, ela já está habituada ao tempo.
‑ Diz‑me cá: o que é que fazias há tanto tempo parado em frente da montra, querias assaltá‑la?
‑ Eu? Cruzes credo senhor André, se a minha mãe soubesse que uma coisa dessas me passava pela cabeça sequer, punha‑me três dias a pão e água, embora em minha casa, pouco mais haja para comer.
‑ Então!, gostavas de ter algum daqueles brinquedos, é isso?
‑ Bem... lá isso era, mas ainda faltam 250$00 p'ra comprar.
‑ Bom, bom; estás com sorte, tenho aqui uns trocos, que devem chegar para o que queres. E deu‑lhe uma nota novinha de 500$00.
‑ 0 João arregalou muito os olhos agora brilhantes de alegria, e fazendo uma vénia de agradecimento, entrou a correr na loja dos brinquedos. Chegou junto do balcão, pôs‑se em bicos de pés para parecer mais alto, e gritou: ‑ quero aquela boneca que está na montra, e faça um bonito embrulho com um laço cor‑de‑rosa.
‑ ó rapaz!, tanto faz ser dessa cor como de outra qualquer, disse o empregado que o atendia.
‑ ómessa, diz o João indignado; um home paga, é p'ra ser bem atendido.
‑ Não querem lá ve ro fedelho, resmungava o empregado, enquanto procurava a fita da cor exigida.
0 senhor André que espiava de longe ficou bastante admirado com a escolha do João, mas não disse nada.
Depois de pagara boneca, meteu‑a debaixo da camisola de encontro ao peito, que arfava de alegria. Depois, encaminhou‑se para o café.
‑ Quero um maço de cigarros daqueles ali. No fim de ele sair, o dono do café disse entre‑dentes: ‑ Estes miúdos d'agora; no meu tempo não era assim. Este, quase não tem que vestir nem que comer, mas ao apanhar dinheiro, veio logo comprar cigarros. Um freguês replicou:
‑ Também no meu tempo, não se vendiam cigarros a crianças, e você vendeu-lhos sem querer saber de onde vinha o dinheiro.
Indiferente ao diálogo que se travava nas suas costas, o João ia a meter os cigarros no bolso, quando notou o pacote das piriscas que lá tinha posto. Hesitou um pouco, abriu o pedaço do jornal velho, e uma a uma, foi deitando as pontas no caixote do lixo. Quando se voltou, deu novamente de caras com o senhor André que lhe perguntou.
‑ Onde moras João?
‑ Eu moro perto da sua casa senhor. A minha, é uma casa muito pequenina, com duas janelas sem vidros que fica ao fundo da rua.
‑ Então é por isso que sabes o meu nome, já que somos vizinhos, vamos andando que se está a fazer noite.
‑ É verdade senhor e a minha mãe ralha‑me se não chego a horas de rezar o Terço.
Enquanto caminhavam juntos, o senhor André perguntou:
- ó João, satisfazes‑me uma curiosidade?
- Tudo o que quiser senhor.
- Porque te chamas João Pirisca?
- Ah... Isso foi alcunha que os miúdos me puseram, por causa de eu andar sempre a apanhar pontas de cigarros.
‑ A tua mãe sabe que tu fumas?
‑ Mas .... mas .... balbuciava o João corando até a raiz dos cabelos; Os cigarros são para o meu avôzinho que não pode trabalhar e vive com a gente, e como o dinheiro é pouco...
‑ Então quer dizer que a boneca!...
‑ É para a minha irmã que tem cinco anos e nunca teve nenhuma. Aqui há tempos a Ritinha, aquela menina que mora na casa grande perto da sua, que tem muitas luzes e parece um palácio com aquelas 'státuas no jardim grande q'até parece gente a sério, q'eu até tinha medo de me perder lá dentro, sabe?
‑ Mas conta lá João, o que é que se passou com a Ritinha?
‑ Ah, pois; ela andava a passear com a criada elevava uma boneca muito linda ao colo; a minha irmã, pediu‑lhe que a deixasse pegar na boneca só um bocadinho, e quando a Ritinha lha estava a passar p'ras mãos, a criada empurrou a minha irmãzinha na pressa de a afastar, como se ela tivesse peste. Eu fiquei com tanta pena dela, que jurei comprar‑lhe uma igual logo que tivesse dinheiro, nem que andasse dois anos a juntá‑lo, mas graças à sua ajuda, ainda lha dou no Natal.
‑ Mas ó João, o Natal já passou. Estamos em véspera de Ano Novo.
‑ Eu sei; mas o Natal em minha casa, festeja‑se no Ano Novo, porque dia de Natal, a minha mãe e o meu avô paterno, fartam‑se de chorar.
‑ Mas porquê?
‑ Porque foi precisamente nesse dia, há quatro anos, que o meu pai nos abandonou fugindo com outra mulher e a minha pobre mãe, farta‑se de trabalhar a dias, para que possamos ter que comer.
Despedíram‑se, pois estavam perto das respectivas moradas.
Depois de agradecer mais uma vez ao seu novo amigo, o João entrou em casa como um furacão chamando alto pela mãe, a fim de lhe contar a boa nova. Esta, levou um dedo aos lábios como que a pedir silêncio. Era a hora de rezar o Terço antes da parca refeição. Naquele humilde lar, rezava‑se agradecendo a Deus a saúde, os poucos alimentos, e rogava‑se pelos doentes e por todos os que não tinham pão nem um tecto para se abrigar., sem esquecer de pedir a paz para todo o mundo.
Parecia ao João, que as orações eram mais demoradas que o costume, tal era a pressa de contar as novidades alegres que trazia, e enquanto o avô se deleitava com um cigarro inteirinho e a irmã embalava nos seus bracitos roliços a sua primeira boneca, de pronto trocada pelo carolo de milho que fazia as mesmas vezes, ouviram‑se duas pancadas na porta. A mãe foi abrir, e dos seus olhos cansados, rolaram duas grossas e escaldantes lágrimas de alegria, ao deparar com um grande cesto cheinho de coisas boas, incluindo uma camisola novinha para o João.
Não foi preciso muito para adivinhar quem era esse estranho Pai Natal que se afastava a passos largos, esquivando‑se a agradecimentos.
A partir daí, acrescentou‑se ao número das orações em família, mais uma pelo senhor André.
GRAZIELA VIEIRA
JUNHO 1995

Foto de luiggibolonha

Comeram o Fruto da Árvore do Conhecimento e Criamos o Capitalismo

Comeram o fruto da árvore do conhecimento e criamos o capitalismo, assim destruímos o amor e descobrimos a dor, da fome, da sede, da ansiedade em comprar, da felicidade em competir e julgar.
Com a agressividade da concorrência das empresas, onde não podemos ter dignidade, temos que estudar, estudar e estudar, se profissionalizar, aprender a falar em outras línguas, para se comunicar, sendo que não conversamos mais com os nossos pais.
No intuito de conseguir um emprego, mas temos que trabalhar como estagiários palavra dada é sinônimo de escravos, para adquirir experiência e possuir uma referencia, somos contratados, passamos anos trabalhando quase nossa vida útil inteira, sempre querendo que o mês passe e o ano acabe, para terminar de pagar o que não mais vai acabar. Esquecemos os nossos valores, perdemos o nosso caráter, celebramos os inúteis desejos, e a incapacidade de se contentar com aquilo que realmente queremos, para conquistar aquilo que os outros desejam, para apenas se mostrar melhores, e se sentirem piores! A vida era fácil quando criança, até começarmos a raciocinar, que ironia, não queríamos o conhecimento, agora sofremos por dentro com um sorriso exposto no rosto!
Todo esse tempo para ganhar dinheiro e comprar objetos sem valores morais, aquecendo a economia dos paises sem diretrizes, humanas, destruindo a beleza da nossa natureza. O amor das pessoas, a felicidade em apenas ter uma vida simples e modesta.
O que não entendo é a desvalorização da razão da nossa existência, do amor, da convivência a troca de experiência.
Somos o fruto do que deveria ser o amor dos nossos pais, já fomos á esperança de um dia trazer-mos Paez.
Talvez a esperança nunca acabe, mas estamos sentados esperando “Deus”, dar uma solução para o problema da sua criação.
O vazio que sentimos por dentro, ainda não paramos para pensar o que verdadeiramente vai nos completar, mas lá no fundo sempre sabemos, por pior que seja admitir o que queremos.
Não quero que pensem que sou diferente, também estou sentado, escrevendo, tentando abrir a sua mente.
Para que veja alem da nossa imagem e semelhança, e perceba o calor do amor, nascemos dele, vivemos dele, a morte não deveria ser uma dor, mas sim o final de uma vida cheia de esplendor.
Gastamos muito tempo, para trabalhar, construir e chegar no “paraíso”, da onde nuca saímos, apenas o modificamos, hoje ele é conhecido como Planeta Terra.
Mas o mais engraçado é que passamos a vida inteira para sentir o amor, que deixamos com rancor.

Foto de Carmen Vervloet

Mágico Sorriso

Mágico Sorriso

Arma de sedução,
espelho da emoção
liberta a alma
que vagueia calma,
feliz, acariciando corações...
Palavras perdem o sentido
o calor é mantido
estrelas brilham no céu
a lua mostra-se sem véu
seduzida pelo mágico sorriso
que faz da vida um paraíso!

Enigmático, puro, cativante,
ambíguo, terno, distante,
complacente, alegre, malicioso,
irônico, sutil, caloroso...
Derrete o gelo,
transpõe bloqueios,
abre cerradas portas,
suprime a indiferença,
anuncia a querença!

Essencial no amor
sinaliza o olhar que conquista...
Um eterno alquimista,
encanta e arrebata
à primeira vista!

Ilumina o rosto com alegria,
é o mestre da magia...
Atrai para si o inatingível!

Carmen Vervloet
Todos os direitos reservados à autora.

Foto de wandersonfeliz

amar a ti no sempre

gosto de olhar-te nos olhos
E ver os céus e os vales que deles escorrem
O perfume liquefeito que emana da sua alma
os sutis gestos da tua face calma
estudo minunciosamente cada vão movimento
Tua voz desfeita em ternura e alucinógena
Percorre os túneis frágeis do meu pensamento
Quando te sinto...não sou eu mesmo
Sou todo sensações espalhada em dolências e encanto
A virtude torna-se em mim uma canção instante
Calço e visto-me de tí...vejo-me perfeito
Mesclo toda mágica matéria e ares que nos envolve
Deleito-me nas ruas dos teus beijos
Me leve aonde qiseres ao ter-me em seus braços
Ensina-me a ser uma estrela dentro de seu paraíso
dentro de seu nobre corpo...
Ensina-me a viver de tí eternamente
Mesmo que quando não te veres
seja sempre em mim um mundo realizado
de nossas vidas juntas
no sempre
E mais no além....

Foto de valentina

AMOR E HARMONIA

Meu olhar no teu olhar,
Minha boca em teu sorriso,
És meu porto, meu abrigo,
Meu intimo paraíso.....

Como é bom viver assim:
Imersos em harmonia,
Coração a coração,
Amor pleno, dia a dia

Te amo Meu

Foto de André R. Ribeiro

AMOR

O amor é lindo, tão lindo quanto o nascer do sol, o brilhar das estrelas e a grande imencidão do horizonte.

Pois com todas essas formas de amor no paraíso da vida.

É com você que quero ficar, ouvindo o cantar dos pássaros para o nosso amor despertar.

Foto de Dennel

Dia e noite, floresce o desejo

Sinto tua suave e doce fragrância
Recém saída do banho com os cabelos molhados
Ousada, fogosa, atrevida, me dominando
Roçando teus belos e fartos seios em meus lábios
Mordisco a ponta da tua orelha
Aspiro o perfume inebriante do teu sexo, hum...

Desço com a língua em teu corpo
Até encontrar a fonte de prazer maior
E aí detenho-me longamente...
Uma criança feliz no parque de diversões.
Vivemos uma suave e doce conjugação de prazer
Adentramos em um paraíso!

Quando menos percebemos, encontramo-nos
Em um inferno de explosões
De risos, prazeres e fantasias realizadas
Vencidos pelo cansaço, dormimos abraçados
Murmurando palavras de amor

Despertamos! O sol tímido espia pelas frestas da janela
Desejando teu corpo, que possuo
Desejando teus beijos que me são ofertados
Desejando tuas palavras a mim dirigidas
Desejando e nada tendo
E assim ele vai embora zangado

Vingativo, chama a chuva em seu auxilio
O que importa? O som da chuva nos embala
Para mais uma partida de amor
Agora é a chuva que teimosa, invejosa
Tenta adentrar pelo telhado
Tenta nos seduzir com o seu frescor

Prometendo banhar nossos corpos suados
Prometendo lavar nossos pecados
Que temos prazer em cometer
Não aceitamos a oferta da chuva
Que vai embora, mandando a noite
Que tenta nos envolver na escuridão

Que tenta nos assustar com seus mistérios
Inúteis suas investidas, fracassam suas tentativas
Nos aproximamos mais ainda
Recomeçamos tudo de novo
Em um longo e ardoroso beijo
Nos envolvemos em desejos

Juraci Rocha da Silva - Copyright (c) 2009 All Rights Reserved

Foto de Débora Ennes

Hoje sonhei com você.

Foi um sonho lindo de se ter,
nós estavamos juntos no paraíso,
de la podiamos avista o abismo,
hoje sonhei com você,
um dos melhores sonhos que tive até aqui,
como faço para te ensinar a me amar?!,
se você só me tem
quando desejar.

Você é a jóia mais rára que Deus colocou no meu caminho,
sem você tudo se torna frio,
sonhos se tornam pesadelos,
meu coração vira uma pedra de gelo,
chora até derreter na solidão,
no vazio da paixão.

Hoje sonhei que era feliz,
que você disse que eu era tudo que você sempre quis,
mas nada é capaz de controlar a realidade dos sonhos,
que se pode sonhar.

Fiquei fascinada com seu encanto,
com seu sorriso,
com seu jeito de me olhar,
pena que eras um sonho,
pena que jamais vou poder te amar.

Débora Enes.

Foto de Joaninhavoa

VERSAI O AMOR!

*
VERSAI O AMOR!
*

Óh Musas deste jardim encantado
cantai o amor
Pois não há nada que se lhe compare
a não ser a dor
de quem jamais teve o doce deleite
divino
A fonte de todas as fontes a jorrar
do ninho

Versai o amor!
Ele é nobre e merece ser
honrado
Sentimentos do coração sejam
louvados
Turbilhão de ondas! Medram
punhados
Sem lançar anzol há que esperar
sentado

Uma vida simples
Com paz e sol um paraíso
Encantado!

Que mais será preciso
Para além de tudo o mais
Sendo o anzol e te trazer pescado.

Joaninhavoa
(helenafarias)
18/05/2009

Foto de Joaninhavoa

Sonho acordada...(III)

Sonho acordada... (III)

Um mundo um paraíso
uma paisagem
Divina! Onde a linha
do horizonte se confunde
adentrando o céu...
Vou nessa estrada
onde a vida transborda
e se ramifica! Achando
que sou eu
Sinto que não estou só
Alguém me dá a mão
quando acordo
deste sonho
Acordada.

Joaninhavoa
(helenafarias)
17/05/2009

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