Pancada

Foto de Luiz Islo Nantes Teixeira

PRA QUE SERVEM?

PRA QUE SERVEM?
(Luiz Islo Nantes Teixeira

Pra que servem os seus cabelos
Para amortecer e protégé-los
Quando levam alguma pancada na cabeca
Pra que servem as suas sombracelhas
Elas sao como as telhas
Que nao deixam seus olhos serem alagados na correnteza

Pra que as narinas sao para baixo
Para que nao morramos afogados
No primeiro aguaceiro das chuvas de verao
Pra que nossas orelhas possuem tantas curvas
Sao para que quando mergulhamos nas grutas
Elas nao sejam invadidas pelas aguas do furacao

Pra que meus olhos alcancam tao longe
Para eu descobrir onde se esconde
A mulher dos olhos mais belos criados por Deus
Pra que os meus labios sao tao molhados
Para molhar os seus quando estiverem ressecados
A procura dos meus

© 2008 Islo Nantes Music/Globrazil(ASCAP)
Globrazil@verizon.net or Globrazil@hotmail.com
Brazil - (021) 2463-7999 - Claudio
USA (1) 914-699-0186 - Luiz
http://www.islonantes.com/

Foto de Carlos Lucchesi

Meu Amor por Ela

É meu sonho adolescente em homem de mais idade;
É fixação de fazer a gente
Ver o rosto dela em toda menina morena,
Que caminha pelas ruas da cidade.

É como chuva no sertão;
Que às vezes some, desaparece,
E quando a gente pensa que esquece
Volta de repente, como numa pancada de verão.

É de deixar outros interesses meio de lado,
E até aprender gostar
Daquelas suas blusas de babados...

É teimoso;
Como tentar andar de carro em terreno arenoso.

É raro, como presença de água em areia do deserto,
E complicado como seguir em linha reta,
Em caminho não muito reto.

É pouco exigente;
De até se contentar
Quando não se pode ficar contente.

É alegre, mesmo sendo triste;
De fazer surgir, nos lábios, um sorriso;
Só de saber que Ela existe.

É a contradição do Poeta;
Como linha curva em curva reta.

É conto interrompido,
Pela ausência dos personagens,
Nos seus últimos capítulos.

É meu poema preferido,
Que Deus escreveu
Antes que eu tivesse escrito.

É, de todos, meu maior desafio;
Como querer mudar, sozinho, o sentido das águas de um rio.

É guerreiro;
Como se lutasse pelo Amor dela, com armadura de cavalheiro.

É meu único e difícil caminho;
Sem atalhos, ou desvios...

Foto de Bira Melo

FUI ESPANCADO.

Meu corpo arde e queima,
Como salva de fogos...
Foi ele quem fez isso
Eros, o tal de cupido!
Eu ousara rejeitar sua flechada
E ele se indignara em sua razão...
Resolvendo me espancar,
Chegou bem perto, muito perto
Era lindo e assustador.
Seu arco era cravejado de estrelas
A flecha não sei, não vi, só senti...
Tudo, tudo queimando fora e dentro de mim.
Meu coração petrificou-se,
As lágrimas que rolaram em minha face
Eram de seda ou talvez de cetim,
Eram doce, muito doce
Bem mais que um caramelo de mel,
Não sabia se a pancada doía ou se me afagava.
Suplicava para ele parar,
Foi quando volvi meu olhar aos céus
Que surpresa: Zeus estava a me olhar!
Daí Vênus chegara
E Eros com grande medo dela,
Parou de me espancar.

Em 16/05/2008*

*Direitos reservados.

Foto de DAVI CARTES ALVES

GARIMPAGEM DE DIAMANTES NAS SEARAS DA LITERATURA 4

“ A mulher madura,

... Seus olhos não violam as coisas, mas as envolvem ternamente. A mulher madura é assim, tem algo de orquídea que brota exclusivamente de um tronco, inteira. Não é um canteiro de margaridas jovens tagarelando nas manhãs.

Cada idade tem seu esplendor. É um equívoco pensá-lo apenas como um relâmpago de juventude, um brilho de raquetes e pernas sobre as praias do tempo. Cada idade tem o seu brilho e é preciso que cada um descubra o fulgor do próprio corpo ”

“ Presentear, na verdade, é isto. É dizer: eu não vim apenas te ver, através do meu presente, eu vim permanecer. ”

“ Se quer ir ao cinema as três da tarde, vá. Se quer sair para tomar sorvete ás cinco, vá. Você vai acabar redescobrindo uma certa luminosidade que as manhãs ainda tem e que a tarde tem mais mistérios do que o pôr-do-sol pode nos pintar. ”

“ Ganhei duas crisálidas de borboletas. Aprendi a ver nesses casulos as asas que se desenharão em algum céu. Seguro nas mãos essas formas vivas disfarçadas de vegetal.

... No meu quarto, dependuradas num vaso de samambaias, duas crisálidas me contemplam . Elas sabem, mais que eu, a que horas duas estupendas borboletas sairão do útero do tempo para esbaterem contra as vidraças do dia. ”

“ A trepadeira no terraço, que avança dois-três centímetros cada jornada, seguindo o fio de náilon do tempo, me ensina a direção das coisas. O vento sopra pelas costas de suas folhas e ela navega verde pela pilastra como uma caravela reinventando o seu concreto mar. ”

“ ... Pois não se sabe por que estranhos caminhos de sublimação há pessoas que, embora roxas de levar tanta pancada na vida, têm, contudo, um arco – íris n’alma. ..

Nunca vi o Sol se queixar no entardecer. Nem a lua chorar quando amanhece ”

“ As vezes um texto parabólico e elíptico pode nos dizer mais, que outros pretensamente objetivos ”

“ A historiadora Denise Bernuzzi de Sant’Anna anda fazendo entre nós o elogio a lentidão. A violência tem a ver com a velocidade. É bom pensar nisso. Pela pressa de viver as pessoas estão esquecendo de viver. Estão todos apressadíssimos indo a lugar nenhum.

... Era lento em aprender as coisas na escola, mas quando aprendia algo o fazia com mais profundidade que os demais ... Mas de novo vos digo: sejamos delicados. E, se necessário for, cruelmente delicados. ”

“ Fazer 30 anos é coisa fina, é começar a provar do néctar dos deuses e descobrir que sabor tem a eternidade. O paladar, o tato, o olfato, a visão e todos os sentidos estão começando a tirar prazeres indizíveis das coisas.

É como a ave que canta, não para se denunciar, senão para amanhecer. Chegar aos 30 é hora de se abismar. Por isso é necessário ter asas, e sobre o abismo voar. Fazer 30 anos, bem poderia dizer Clarice Lispector, é cair em área sagrada.

Um dia eu fiz 30 anos..., era um homem e seus 30 anos, um homem e seus 30 corpos, como os anéis de um tronco, cheio de eus e nós, arborizado e arborizando, ao sol e a sós ... Já se sabe que um tempo em nós destila, que no tempo nos deslocamos, que no tempo a gente se dilui e se dilema”

“ Despir um corpo pela primeira vez, é conhecer pela primeira vez uma cidade. E os corpos da cidades têm portas para abrir, jardins de repousar, torres e altitudes que excitam a visitação. .. E como o corpo, querem que alguém as habite com intimidade solar. Porque o corpo do outro não pode ter a sensação de perda, mas a certeza de que algo nele se somou, que ele é um objeto luminoso que a outros deve iluminar.

... frágil pode trincar em alguma parte, e os menos resistentes se partem, quando aquele que os toca, os toca apenas com a cobiça e nunca com a generosa mansidão de quem veio pela primeira vez, e sempre, sempre para amar.”

Pepitas de diamantes, extraídas Do livro:

Coleção Melhores Crônicas – Afonso Romano de Sant ’Anna
Global Editora

poesiasegirassois.blogspot.com

Foto de Paulo Gondim

A figura - (Cordel)

A FIGURA - Cordel
Paulo Gondim
02/04/2007

Tomei um sopapo no meio do peito
Senti o efeito daquela pancada
Caí meio tonto, naquela calçada
Que fica na rua, do lado direito
Tentei levantar, mas não teve jeito
O mundo rodou e fiquei mesmo lá
A dor que senti nem dar pra contar
Deitado fiquei à beira da praça
O povo da rua achava era graça
Da pobre figura que fui me tornar

Um "filho de Deus" esboçou piedade
Me deu um remédio, pra dor na cachola
Passou um sujeito e me deu uma esmola
Pensando que ia fazer caridade
Porém sem saber qual era a verdade
Mas logo saiu e eu fiquei lá
Perdido, esquecido, naquele lugar
Um outro passou e de mim fez piada
Os outros, ali, só deram risada
Da pobre figura que fui me tornar

O tempo correu, a tarde chegou
E quase ninguém olhava pra mim
Ninguém perguntava de onde é que vim
E pouco importava pra onde é que eu vou
O que ocorrera e como é que estou
Então acordei e me pus a pensar
Como foi que cheguei naquele lugar
Se nem eu sabia o que me ocorreu
Se nem o sopapo eu sei quem me deu
Só sei da figura que fui me tornar

Mas essa figura tão rude e tão feia
Ergueu a cabeça, se pôs a olhar
O povo passando pra lá e pra cá
Calado, sisudo, com cara de "meia"
Se ali tinha vida ou se a vida era alheia
Pensei cá comigo: vou me levantar
Vai ser “uma briga”, mas eu vou tentar
Um pé para frente, um outro pra cima
Bati na parede e no poste da esquina
Mas essa figura de pé vai ficar

A tarde findou e a noite se fez
E eu já de pé, para rua andei
No meio da praça, num banco sentei
Mais uma esmola me deram outra vez
Eu não entendi, porém fui cortês
E o povo passava pra lá e pra cá
Algumas pessoas ficavam a me olhar
Eu desconfiado, sem saber por que
Ai percebi e fui também ver
A pobre figura que fui me tornar

Da praça, eu sai com a minha tristeza
Andei pelas ruas, no meu desalinho
Vereda ou picada pra mim foi caminho
Na minha viagem de pura incerteza
A noite avançada me trouxe fraqueza
Porém, mesmo assim, não parei de andar
Sem destino certo e aonde chegar
Levando comigo as dores do mundo
Tão fraco, tão feio, igual moribundo
Essa pobre figura que fui me tornar

Eu dormi um sono, num canto qualquer
E só acordei com o clarão do dia
Rezei um “Pai nosso”, uma “Ave Maria”
Acendi logo um fogo e fiz um café
O sol clareou e eu já de pé
Saí apressado, me pus a andar
Com a leve certeza de que vou chegar
Num porto seguro, tão certo pra mim
Que me dê guarida e que possa enfim
Sair da figura que fui me tornar

E por todos caminhos, por onde passei
Tristezas vivi, não vi alegria
Vi pouca coragem, mas vi covardia
Amor, compaixão eu não encontrei
Porém, mesmo assim, aqui eu cheguei
De volta pra terra, que é meu lugar
Daqui eu não saio, aqui vou ficar
Mostrar para o mundo o fim da amargura
O renascimento dessa criatura
E a NOVA FIGURA que vai se tornar!

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Publicado no Recanto das Letras em 05/04/2007
Código do texto: T438374

Foto de ricardocatalunia

vai ser melhor...

Não sei o que sinto
A pancada foi forte
Decepção que destruiu a emoção
Pode ser falta de sorte.

Como ser falta de sorte!
Se empenhei ao maximo
Dei tudo de mim e mais um pouco
Se sempre permaneci bem próximo.

Hoje tento com outra.
Acho que me engano.
Pensando que será igua.l
Me frustro nos mesmos planos.

Chega de planos!
Desisti, é tudo decepção.
Interesse sem emoção.
Sem amor...
Sem companheirismo...
Só medo da perda.
Só medo do fim.
Só medo de tentar.
De se machucar.

Foto de Anjinhainlove

Eu era tão jovem

Eu era tão jovem
E tão cega.
Levaste-me do meu lar
E nem me aconchegaste.
Fui levada por um amor cego.
Oh! Porque não vi mais cedo…
Que era tudo uma mentira
Cada beijo uma flecha
Cada toque uma pancada
Cada palavra trocada em vão
Foi atirada ao vento.

Eu era tão jovem
Mas nunca consideraste
Levaste a minha vida contigo
E não ma deixaste viver.
Agora vivo um futuro
Que já deveria ser um passado.
Levaste a minha vida
Sem remorsos
Sem amor
Levaste a minha vida
E nunca ma devolveste
Resta-me viver uma nova.

Eu era tão jovem
Tinha uma vida pela frente.
Mas nunca vi nada
Pois foi um futuro negro.
Ensinaste-me o que era o sofrimento
Ensinaste-me o que era a dor
Mas o amor, esse
Foi o meu maior professor.

Eu era tão jovem
Mas só agora vivo a minha juventude
Longe de ti, longe de tudo
Vivo uma esperança renovada.
Dezassete anos de tristeza
E só agora abri os olhos
Ao arco-íris da vida.

Eu era tão jovem
Era apenas uma menina
Fizeste de mim uma mulher
Com garra suficiente para vencer.

Eu era tão jovem
Mas só agora me sinto viva.

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