Olhando janela fora,
Vejo a estreita linha do horizonte
Onde o sal das ondas beija as nuvens cinzentas,
Onde o enraizado das marés completa o infinito do céu.
Vejo a interminável paixão do mar pelo céu,
O desejo de um amor proibido,
Raios eléctricos de lágrimas sofridas
A raiva da injustiça dos Deuses.
Os braços do Oceano agarram as núvens
Em tentativas desesperadas
Um forte raio impede um abraço.
Para saciar um amor,
Um simples abraço.
Ó Posseidon,
Deus supremo dos mares,
Porque impedis vós
A união de um amor tão forte?
Porque não entendeis vós
O coração do Céu e da Terra
Tudo o que existe.
Por que não permitir a conjugação eterna
Do Topo e do Chão do mundo?
E responde Posseidon:
Vedes vós de modo errado
Entre o Alto e o Baixo há um amor eterno.
Gotas de mar ascendem e se fundem com o céu
As nuvens que olhais são o fruto do carinho
Do mar pelo céu.
Tempestades e chuvas serão então
A correspondência do céu ao mar.
Jamais digais vós que um amor tão lindo seja proibido.
Raios de Júpiter
São impedimentos de desentendimentos.
De cada vez que vedes trovejar
Estará o Deus dos Deuses a aproximar estes dois amantes.
Quando sentirdes algo com tamanho poder
Será quando estareis apaixonado.
Quando a palavra "Amo-te" poderá ser proferida.
Quando subirdes vós aos céus
E descerdes aos mares
Só para amar a tua metade.
Olho eu então para o horizonte
E vejo um verdadeiro amor
De onde vem o amor
Para onde vamos nós os dois
Tudo o que sinto por ti...