Novembro

Foto de Wilson Numa

Angola

Angola
Minha Terra, minha Mãe
Minha Pátria, minha Nação
De Cabinda ao Cunene,
A Oeste ao Oceano Atlântico,
És linda e inigualável, és única
Tuas paisagens impressionam
Da Baía da Restinga, à Ilha de Luanda,
Das Quedas de Kalandula, às Cachoeiras do Bimba,
Da Ponte da Catumbela, ao Rio Kwanza,
Dá Serra de Leba até ao, Cristo Rei
Do Estádio de Ombaka, ao Estádio 11 de Novembro
Todos teus pontos irresistíveis
Quem os vê nunca poderá esquecer
Obrigado, pela oportunidade que me das
Em viver e estar contigo e em ti,
Como o teu Hino Nacional diz
“Orgulhosos lutaremos Pela Paz
Com as forças progressistas do mundo,
Angola, avante!
Revolução, pelo Poder Popular!
Pátria Unida, Liberdade,
Um só povo, uma só Nação!”
Agora termino dizendo
“Meu coração é o meu País”.

Foto de Hirlana

Sempre!

SEMPRE ESTEVE EM MEUS OLHOS O MOMENTO QUE EU QUIS TE ABRAÇAR.
VOCÊ NUNCA TEVE CERTEZA, MESMO DIANTE DE TODAS AS CERTEZAS E JURAS QUE EU TE OFERECIA.
EU QUIS QUE VOCÊ FOSSE O ÚNICO.
EU QUIS QUE VOCÊ E EU VIVESSEMOS UMA GRANDE HISTÓRIA DE AMOR.
EU DESEJEI ARDENTEMENTE ESTAR NOS TEUS PENSAMENTOS
PEDI A DEUS TODAS AS NOITES PARA SONHAR COM TEU ABRAÇO, COM TUA CHEGADA E, POR MUITAS VEZES, TE AMEI A NOITE INTEIRA E, AO AMANHECER, AGRADECI A DEUS POR, MESMO EM SONHO, TER TIDO VOCÊ.
EU SONHEI COM UM FUTURO ALEGRE E VINDOURO AO TEU LADO E VI ATÉ NOSSOS FILHOS CORRENDO NO JARDIM, EU ATÉ BRINQUEI COM NOSSO CACHORRO!
VIVENCIEI O JANTAR MAIS LINDO DA MINHA VIDA AO TEU LADO E SORRI DA FORMA MAIS ALEGRE QUE MEU CORAÇÃO SENTIU.
POR SUA CAUSA EU AMANHECI SORRINDO AO LER UMA MENSAGEM NO MEU CELULAR.
PRA TI GUARDEI O AMOR QUE EU NUNCA SOUBE DAR A NENHUM OUTRO ALGUÉM. GUARDEI AS BATIDAS PULSANTES DO MEU CORAÇÃO PARA OUVIR TUA VOZ PRONUNCIANDO MEU NOME.
E, EM LUGARES QUE NINGUÉM JAMAIS IRÁ ENCONTRAR, EU ESCONDI TODOS ESSES SONHOS E MOMENTOS, COMO FORMA DE ME REFUGIAR DA TRISTEZA QUE É NÃO TER VOCÊ.
APAGUEI DA MEMÓRIA AS VEZES QUE OUVI PRONUNCIAR DE TEUS LÁBIOS O ‘NÃO’ QUE EU JAMAIS DESEJEI ESCUTAR.
ERA FIM DE NOVEMBRO, VOCÊ SE FOI, VOCÊ QUIS IR. E HÁ TEMPOS ESTOU AQUI, NO MESMO LUGAR, COM OS MESMOS SONHOS E LEMBRANÇAS, ESPERANDO UM DIA EM QUE VOCÊ ME DARÁ NOVAMENTE A CHANCE DE SER FELIZ…

Foto de Paulo Zamora

Várias reflexões do poeta e escritor Paulo Zamora- O POETA QUE MAIS GRAVOU POEMAS (www.pensamentodeamor.zip.net)

Seu espaço
Na perda do próprio espaço é difícil a labuta da vida, quando nos esquecemos de nós mesmos involuntariamente acreditamos que dias melhores virão, somente se persistirmos em carregar nossas próprias cargas. Isso faz sofrer, faz até mesmo você pensar que a vida não tem sentido; mas a sensatez reflete um mundo diferente; olhar para frente, sempre estar esperando...
A liberdade é para todos. A privacidade ajuda nas expectativas dos sonhos. É muito complicado ter que ser torre forte quando já se atingiu um cansaço enorme, e recomeçara a cada dia é tarefa; no entanto existir em maneira tão difícil é saber das missões e acima de tudo, como colocar a fé a frente das situações. Quantas vezes dar a mesma explicação? Quantas vezes as pessoas irão ainda pensar que você está forte e capaz, como se suas chances de ser humano fosse inibida; mas seus direitos são os mesmos.
Na corrente do tempo ficar olhando esse mesmo tempo passar, e sabe que a saída virá no momento exato. Caminhar até lá é um desafio complicado, porque você precisa ainda apreciar a voz dos pássaros quando nada mais está fazendo sentido.
Dizem que vida é assim. Para todos?
A luz do sol ainda brilhará, se ninguém lhe entende, se as pessoas não souberem perceber sua presença, não desista; sei que perder a privacidade é muito desafiador; e quando você sente que não tem mais o direito de pensar em você passa a ser preciso lutar contra lágrimas, tristezas que vem e vão; mas continue na sua estrada, visando vencer a luta com as armas corretas da humildade e da fraternidade. Como lidar com tudo isso? Você acaba descobrindo sozinho, mesmo sendo incompreendido e até mesmo achar que não tem ninguém para lhe entender, ou pelo menos que escute seus desabafos.
Até quando resistir? Torna-se ainda mais difícil ao perceber que ao redor pessoas cobram e cobram, sempre querem algo e você ainda não aprendeu a viver sem se dedicar tanto. Compensa? Dizem muitos sábios que sim. Mas nada teria que comprometer a privacidade, a liberdade enfim. Mas você é um mundo onde somente você sabe o que acontece. Fazer outros sorrir, deixar palavras de esperanças, amar sem preconceito, e quando for a sua vez estar sozinho, simplesmente porque outros acreditam que você é auto-suficiente. Decisões controlam a vida, reconquistar seu espaço requer uma luta árdua, algo que diariamente você aprende, sem saber quando a vitória vem, mas ela vem; apesar de tudo ela vem granjear. Enfraqueceu-se o prazer, distorceram as idéias, mas e o amor? Ele funciona a partir do momento em que é aplicado, ainda mais quando há receptividade da parte de outrem.
Ser sozinho não é o mesmo de estar só. Reflexões contínuas nos fazem girar sem saber aonde chegar. É preciso saber esperar o tempo certo, quando? Onde? Para quem? Com quem? Por quê? A identidade de uma pessoa vem de seu modo de vida, e passar por cima exige um esforço fora do normal, desafia sua paciência, sua moral, seus sonhos, sem saber como vai ser o amanhã. A perda do espaço é reter sua liberdade, ainda mais quando se julga necessário quando já desaprendeu a ser livre com conta de tantos desafios. Minha dica a você é: CONTINUE, PROCURE CAMINHOS AINDA NÃO PRECORRIDOS, VENÇA USANDO ARMAS CERTEIRAS, UM DIA A GUERRA SEMPRE ACABA...
(Escrito por Paulo Zamora em 25 de dezembro de 2010)

O abraço das palavras (Amizades)
Algumas pessoas perdem seus melhores amigos por não saberem cultivar, ninguém têm grandes conquistas emocionais se visar somente seus próprios interesses; talvez colocamos as pessoas em bolhas que nós mesmos criamos, mesmo quando elas nem estão presas nessas bolhas. O reconhecimento e a compreensão são detalhes capazes de fazerem durarem os relacionamentos. Consegue observar quantas foram às dedicações a você? Como retribui? Todos gostamos de pessoas que nos entendem, de pessoas que abrem seus olhos para nos verem; e acredito que contigo não é diferente.
Não podemos querer somente receber, temos que nos dar também sabendo depender disso as durabilidades. Dar um elogio quando necessário, ligar de vez em quando para saber como a pessoa está; lembre-se sempre de pessoas que te consideram, sonhe por elas, acredite nelas...
Algumas pessoas perdem seus melhores amigos por não perceberem o quanto essas pessoas precisam também de afagos; e amizade é assunto sério quando respeitamos alguém. Não queremos amigos que nos inferiorizem sempre, conselhos são vitais, mudanças muitas vezes determinam-se radicais; se muitas vezes os bons momentos deixaram de acontecer não culpe somente os outros, olhe para você e analise-se; é impossível receber sem se dar. Os sentimentos sobrevivem à base troca.
Nada tem que ser na mesma medida, basta ser de coração, mesmo sendo pouco o que se tem para dar; ou simplesmente que se perceba sua presença em momentos importantes ou que se julgue necessário. Manter relacionamentos não se pode ser um mar de cobranças ou ter que cumprir um montão de regras, não é nada disso...
O crescimento humano baseia-se em como nos comportamos diante da vida.
Ninguém é sábio sem conseguir compreender, ninguém é inteligente suficiente sem conseguir observar quais são os valores principais de uma vida. Já observou de perto a luta de muitas pessoas que você conhece? Já abriu a mente para ver pessoas ao redor vencendo obstáculos? Manter relacionamentos é cultivar o abraço das palavras.
Não queira que as pessoas sejam inesgotáveis, que não se cansem, que não se deprimem, isso não quer dizer nada quanto a se ter rumos a seguir pela vida; os sonhos especiais estão em mentes brilhantes; no entanto todos sonham...
Pessoas vivem situações diferentes, alguns sofrem mais, outros menos, a carga é pesada para muitos e para outros é leve até demais, mas algo é certo; quando se cultiva um solo as sementes tornam-se árvores frutíferas.
Se não souber cultivar não se perca na ilusão de que as pessoas estarão sempre esperando por você.
Que decisão tomar? Ainda há como salvar seus relacionamentos?
Ninguém é perfeito, entenda, ninguém tem que ser perfeito para você. Amigos são pessoas errantes, ferem em pensamentos e também em atitudes, mas são amigos, lembra-se de quantas vezes alguém especial esteve ao seu lado? Lembranças nos ensinam...
De repente lá está indo uma pessoa querida, se distanciando mesmo sem querer, o porquê pode ser a não percepção do afeto. Enfim, todos os tipos de relacionamentos são assim; dependem de como são tratados.
Algumas pessoas perdem seus melhores amigos sem perceberem...
O perdão abre portas imensuráveis. Assuntos de vida destinam pessoas a crescerem tanto emocional como espiritual, assim como material. O importante é saber a colocação.
Respeitar o espaço dos outros é dividir os gostos...
Não precisamos de pessoas que morram por nós ou que passe todo o tempo nos olhando, queremos simplesmente pessoas que se importam.
Em que necessitamos de mudar? Cada qual se deve pensar nisso.
Infelizmente, algumas pessoas perdem seus melhores amigos...
(Escrito por Paulo Zamora em 15 de novembro de 2010)

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Foto de Ozeias

Os lábios de pitangueira

Antes de tudo, quero deixar bem claro que não sou uma prostituta, nem uma mulher qualquer. Ora, se meu marido tinha uma amante, que era nada mais, nada menos do que sua secretária, por que eu não poderia ter um amante? Bem, eu o perdôo; isso são coisas de instinto de caça do homem. As mulheres também têm os seus instintos. Pelo menos eu.
Sempre que eu ia até a padaria, notava o olhar faminto daquele moleque robusto, tão moço e já com postura de homem. Era vigiada minuciosamente por aquele par de olhos felinos, astutos. Com o passar do tempo, minha ida à padaria deixou de ser apenas à procura de pães. Eu queria também aquele olhar voraz que me despia e comia por inteira. Comecei a ir sempre aos horários em que ele estaria lá depositando os pães frescos na vitrine, para que pudéssemos ter nossas trocas de olhares secretas.
Na cama, em vez de meu marido, fazia amor com o padeiro. Em mente, o chamava, mesmo sem saber seu nome. Já não agüentava mais de desejo, então decidi tomar providência.
Eram seis horas da tarde, quase hora do seu expediente encerrar. Tomei meu banho e saí para a varanda, à espera dele. Eram seis e vinte quando eu o avistei sair do estabelecimento.
- Ei, moleque!-Gritei.
Ele me olhou, curioso. Apontou o dedo para si, como se estivesse perguntando se eu o havia chamado. Respondi que sim. Desconsertado e sem jeito, ele veio em minha direção.
-Sim?
- Será que você poderia me dar uma ajudinha ali dentro?
Ele ficou hipnotizado pelo meu vestido azul claro, meio transparente, que o permitia ver os meus seios. Pigarreou antes de falar.
-Sim, claro...
- Então venha.
Deixei que ele entrasse primeiro. Assim que entrei, fechei a porta e deixei meu vestido cair. Seus olhos esbugalharam-se e ele ficou imóvel. Tentou dizer algo, mas nada saiu daquela boca. Olhava-me de cima a baixo.
- Qual... Qual é... O que posso fazer para ajudá-la?
- Quero que me devore. Sou todinha sua, moleque- Disse deslizando minha mão sobre o meu corpo, parando em minha boceta. Dei um sorriso malicioso para ele, que engoliu em seco. Caminhei em sua direção, que recuou alguns passos, até que suas costas encontraram a parede.
Peguei suas mãos, que estavam frias e trêmulas, e levei-as até os meus seios, dando lentas voltas. Seus olhos se fecharam. Desci com elas pelas minhas curvas, depois as levei diretamente à minha boceta, agora úmida. Levei seus dedos úmidos até a minha boca e comecei a lambê-los. Depois, novamente peguei suas mãos e as depositei sobre minhas nádegas.
Até então, as únicas poções de massa que aquele rapaz havia manejado eram apenas as dos pães. Acostumado apenas a eles, ele apertou minhas nádegas fortemente com suas másculas mãos e começou a remexê-las como um padeiro experiente.
- Tá gostando, moleque?-Perguntei.
Ele não tinha voz. Suas mãos pareciam tremer mais; eu podia ver o suor deslizando por sua testa e seu pomo de adão subir e descer a cada engolida em seco que ele dava. Seus olhos de devorador brilhavam.
-Beije- Ordenei manhosa, empinando minhas nádegas em direção ao seu rosto.
Os lábios daquele pivete eram experientes. Mas eu tinha certeza que não era graças às mulheres, mas sim às pitangas e mangas que eram cultivadas em seu quintal.
Ouvimos um barulho do lado de fora. Assustado, ele afastou-se rapidamente, tentando recompor-se. Ver sua expressão de espanto fez com que eu risse, deixando-o ainda mais sem graça.
- Fica calmo, molequinho, meu marido não volta hoje.
Eu estava mentindo, meu marido poderia chegar a qualquer hora, mas ainda estava muito cedo para ele retornar. Ele nunca havia chegado em casa naquele horário, não seria naquele dia que ele chegaria.
- Vem de novo- Disse empinando-me novamente, acariciando as nádegas úmidas pela saliva dele.
Hesitante, ele foi aproximando-se lentamente até que novamente aqueles lábios já estavam a me lambuzar.
Na cama, comprovei que ele era completamente inexperiente. Ainda assim, tinha uma pegada forte. Fez-me gozar duas vezes. Primeiro, com sua língua; depois, com seu protuberante pênis.
Antes de partir, perguntei-lhe seu nome.
- Ernesto- Respondeu-me ele já na porta.
- O meu é...
- Marta!- Completou sorrindo.
Fechou a porta. Alguns instantes depois, enquanto estava no meu banho, Jorge chegou.
Jorge era advogado e estava envolvido num caso muito complexo. Com isso, passava o dia todo trabalhando, sem direito a pausa para o almoço ou café. Naquela noite ele estava cansado demais para me procurar.
- Amor, cheguei.
- Jorginho, meu amor, eu tive que dar uma saída e cheguei agorinha há pouco. Nem deu tempo de aprontar a janta, ainda. – Gritei do chuveiro.
- Tudo bem, eu estou sem fome. Vou tomar um banho e dormir, porque o dia hoje foi longo!
Desliguei o chuveiro.
- Quer que eu te dê banho?
Ele riu.
- Não precisa, amor. Estou cansado, mas não morto.
-Sei essa sua canseira- resmunguei baixo enquanto eu me enxugava. Era óbvio que ele transou com a secretária dele.
Durante a noite, enquanto ouvia os roncos do meu marido, tentei reproduzir os gemidos do moleque. Olhei para Jorge e tive uma espécie de remorso que logo se foi ao pensar na secretária com jeitinho de ingênua que tantas vezes fora a aquela casa nos jantares e almoços. Sob os roncos no quarto e gemidas em mente, adormeci.
** *
Mal dormi naquele dia. Não conseguia acreditar que havia transado com a musa inspiradora de minhas masturbações. Meu coração pulava a cada momento em que as imagens daquela tarde me vinham em mente. Minhas mãos nos seios fartos, em sua boceta molhada... Meu amigo Alfredo tinha que saber de tudo.
- Seu mentiroso duma figa!-Disse-me Alfredo, após eu ter lhe contado toda a história.
- Eu juro pra você. Ela me chamou pra ajudá-la em sua casa. Quando entrei, ela tirou a roupa e transou comigo.
- E por que eu acreditaria? Ela é a mulher do advogado, você acha que, se ela fosse trair ele, ela trairia logo com você? Além do mais, ela deve ter uns quarenta anos, não seria louca de se deitar com alguém da nossa idade.
Quando abri minha boca para falar, vi aquela figura graciosa surgindo na esquina, vindo em nossa direção com um sorriso no rosto. Marta...
-Olá, meninos...
-Oi- Disse Alfredo surpreso.
- Será que alguém de vocês poderiam me ajudar a trocar a luz da cozinha?-Perguntou dirigindo um olhar sugestivo para mim. Era como se os olhos dissessem “se ofereça!”.
-Eu!-Respondi no mesmo instante.
Alfredo olhou para ela, depois para mim, desconfiado.
- Ótimo! Dá licença pro seu amigo me dar uma ajuda?
-Claro- Alfredo forçou um sorriso.
Quando nos afastamos, pude ver a expressão de incredulidade no rosto dele.
Naquela tarde, transamos duas vezes.
- Você fuma?-Perguntou-me ela, que havia acabado de acender seu cigarro.
- Não.
- Qual sua idade, mesmo?
-Dezesseis.
Ao ouvir minha idade, ela engasgou-se e apagou o cigarro.
-Quer dizer que estou transando com um pivete que nem idade de homem tem?-Tapou os seios com lençol, como se estivesse envergonhada.
- Me desculpa, pensei que você soubesse minha idade. – Ia me levantando da cama, quando ela segurou meu braço e sorriu.
- Seu bobo, você pode até não ter idade de homem, mas tem o necessário que muitos, mais velhos que você, não tem. -Me beijou, depois recostou sua cabeça no meu peito, arranhando levemente meu braço.
Permanecemos assim calados por um longo tempo. Ouvíamos nossa respiração e os passos das pessoas lá fora.
- Até quando?- Perguntei, quebrando o silêncio.
- Até quando o quê?-Parou de me arranhar olhando para mim.
- Até quando vamos nos encontrar?
- Para de pensar nisso, seu bobo. Até quando nós dois quisermos.
- E se eu ainda quiser e você não?
Apesar de eu ter falado sério, ela riu. Senti-me incomodado por ela não ter levado a conversa a sério. Ao ver minha expressão, ela perguntou o que havia.
- Nada.
- Vamos, diga, meu molequinho.
- Você não está me levando a sério.
- Ora essa, esqueça isso de até quando. Se depender de mim, vamos ficar assim até você se cansar de mim.
- Mas eu não vou me cansar.
- Está vendo? Pra que se preocupar, então? Agora vá que meu marido está pra chegar. –Levantou-se da cama e saiu do quarto. Logo ouvi o barulho do chuveiro. Despedi-me dela beijando sua calcinha que estava caída ao pé da cama.
Quando saí da casa, vi a figura de Alfredo sentado na calçada da esquina. Ao me ver, ele levantou-se rapidamente com um sorriso largo e veio em minha direção.
- Então é verdade mesmo?
- Agora acredita?
Ele balançou a cabeça euforicamente. Seus olhos vibravam.
- Bico calado entendeu? Nem pense em dizer isso pra ninguém.
- Eu não sou dedo duro!
Enquanto caminhávamos, Alfredo, curioso de tudo, queria saber todas as coisas sobre mulher e sexo, como se eu fosse experiente.
- Você é muito sortudo!-Repetia ele a todo instante.
- Não se preocupe, você também vai fazer isso.
Despedi-me dele com mais uma advertência de que ele não dissesse absolutamente nada sobre aquilo.
Certa vez, enquanto eu acendia meu cigarro-Sim, eu comecei a fumar- após uma intensa transa, Marta perguntou-me se eu havia falado algo sobre o nosso caso para meu amigo Alfredo.
- Não- Menti- Por quê?
- Já reparou como ele nos olha? É como se soubesse...
- Vai ver ele desconfia.
- Aquilo não é olhar de desconfiança, é de certeza. – Pegou o cigarro de minha boca, tragou- Ele passa aqui em frente olhando pra cá, como se estivesse procurando alguma coisa.
- Vai ver ele também gosta de você.
Ela riu, depois voltou ao seu tom sério.
- Você não disse nada mesmo, não é?
- Claro que não, medrosa. Por que eu falaria? –Disse acariciando seus cabelos negros.
- Não sei. Vocês moleques gostam de contar vantagem de garanhão.
Tomei o cigarro de suas mãos e o apaguei no piso de madeira do quarto.
- Vou te mostrar que não preciso tirar vantagem de garanhão!
Transamos mais uma vez, só que dessa vez, com uma força que jamais havia feito antes. Pensei que ela fosse reclamar, mas parecia estar gostando. Chamou-me de coisas que jamais imaginei ouvir de uma mulher.
Ao sair da casa, encontrei-me com Alfredo dobrando a esquina, como se estivesse vindo da mesma direção que eu.
- Alfredo!
Notei que ele assustou-se ao ouvir chamá-lo, mas virou-se para mim com uma expressão de surpreso.
- Ernesto, garanhão!- Cumprimentou-me.
- Marta está desconfiada de que você sabe sobre nós.
- Como?
- É culpa sua! Você olha pra ela como se soubesse de alguma coisa, passa pela casa, curioso como se já soubesse que eu estaria lá. Seja mais discreto, porra!
- Desculpe, Nesto.
- Tudo bem , mas fique na sua. Não posso nem imaginar se ela souber que eu te contei.
***
Foi inacreditável a rapidez com que o moleque foi ganhando experiência na cama. Em poucos dias, ele já sabia as manhas para me deixar completamente louca. O que é pior, ele soube como entrar em mim, impregnar-se em minhas entranhas, tatuar-se em minha alma. As coisas estavam tomando outro rumo. Já não era mais apenas um desejo, uma atração, era um fogo que queimava meu peito e carbonizava qualquer razão que me viesse à cabeça.
Seu rosto infantil, seu olhar devorador, seu corpo esbelto, suas palavras doces e engraçadas me prendiam a cada dia mais e mais. Estar ao lado dele me trazia uma sensação que eu jamais havia sentido antes. Era como se ele fosse meu protetor, como se aqueles tenros e torneados braços que me envolviam fossem uma fortaleza. Contava-me histórias engraçadas, chegava a até recitar poesias. Por vezes, me surpreendia com propostas absurdas.
- Você fugiria pra viver comigo?
- Aceitaria um filho meu?
Eu sempre achava graça o que fazia com que ele ficasse um pouco chateado. Depois, nas madrugadas em que ele me assombrava, ficava pensando em suas propostas. Eu me repreendia quando, ainda que em pensamento, dizia-lhe que sim.
Quando me deitava com Jorge, tinha uma estranha sensação, como se estivesse traindo meu moleque, não o contrário.
- Você está bem?-Perguntou-me meu marido assim que terminamos de transar.
- Sim, por quê?
- Faz dias, você quase não fala. Na cama está mais acanhada...
- Impressão sua, meu amor- Disse forçando um sorriso e beijando-lhe. Depois voltei aos meus pensamentos. Em poucos instantes, Jorge já roncava.
Como não conseguia dormir, decidi tomar um ar fresco na varanda. Recostei-me no balaustro e fechei meus olhos, sentindo o vento soprar meu rosto. Quando abri, assustei-me com a figura do amigo de Ernesto. Ele me olhava com malícia e um meio sorriso desabrochado. Ficou assim por alguns instantes, depois cumprimentou e saiu caminhando. “ Impossível ele não saber de nada. Ou o moleque mentiu, ou ele nos espiona”, pensei voltando nervosa para dentro. “Amanhã darei um jeito.”
No outro dia, decidi dar uma volta pelo bairro, a fim de encontrar o amigo do meu moleque. Não demorei muito a encontrá-lo sentado com outros garotos na praça jogando baralho. Caminhei em sua direção.
- Sua mãe pediu pra te dar um recado. Está te chamando. –Menti.
- Minha mãe?- Indagou confuso.
- Sim. – Respondi-lhe dando meia volta e caminhando lentamente. Em poucos segundos, podia ouvir seus passos apressados atrás de mim. Quando ele já ia passando por mim, disse-lhe que era mentira.
- Se minha mãe não está me chamando, o que é então?
Disse-lhe que precisava tratar de algo muito importante e que precisava ser já. Levei-o para minha casa e pedi para que ele se sentasse e me esperasse, enquanto fui à cozinha buscar suco e biscoitos. Quando voltei, o encontrei com um sorriso ansioso no rosto, que logo se desfez ao me ver com a jarra e a bandeja. Parecia esperar outra coisa.
- O que a senhora quer?- Indagou enquanto pegava um biscoito.
- O que você sabe sobre mim e o seu amigo?
Ele parou de mastigar por um momento, depois olhou para o pé do sofá e respondeu que nada.
- Nada? Ora, vamos, diga.
- Eu juro. O que há entre vocês dois que eu deveria saber?
- Bom, nada... Vamos, não minta que eu sei que você sabe!
- Eu não sei de nada, te juro!
- Que pena... Seria tão mais legal se brincássemos nós três...
Ele engasgou-se. Seus olhos se mostravam surpresos. Aproximei-me dele, sentei ao seu lado e sussurrei em seu ouvido.
- Tem certeza de que ele não falou nada?-Passei a mão por sobre o volume que já se mostrava em sua calça.
- Bom... Já que a senhora insiste... Ele me contou que vocês dois tem um caso, mas eu não acreditei... Ai!
Minha mão apertava com força o seu pênis.
- Escuta aqui, moleque, se você abrir esse bico pra alguém, eu juro que te capo, ouviu?
- Sim, ai!- Sua expressão era de dor.
- Agora vai!
Ele levantou-se mais do que depressa e saiu disparado pela sala.
Então meu moleque havia mentido para mim. Será que ele não pensou no que poderia acontecer se o seu amigo resolvesse abrir a boca? Minha cabeça já começava a doer, tamanha a raiva. Iria terminar tudo, acabar com aquela insanidade perigosa naquele dia. Decidi esperá-lo ali mesmo no sofá.
Quando ele chegou, veio sorridente em minha direção. Levantei-me rapidamente e, com toda a força que podia, esbofeteei-lhe.
- O que foi?-Perguntou massageando o rosto, com os olhos d´água.
- Seu moleque irresponsável! Você disse tudo praquele seu amigo, não é? Você não tem ideia do risco que você colocou a gente? Se ele resolve abrir a boca por aí, estamos mortos!
- Eu não disse nada.
- Seu mentiroso, cínico, ele confirmou!- Disse tão alto que parecia um grito.
Ele fitou o chão, silencioso.
- Me desculpe, amor...
- Não vou te desculpar, seu imbecil. Vocês homens, quero dizer, crianças! Agora saia já daqui que não quero ver você!- Minha cabeça parecia explodir. Lágrimas escorriam pelo meu rosto.
Ele abriu a boca para dizer algo, mas antes que saísse alguma palavra, eu ordenei que ele saísse tão braviamente que minha garganta chegou a doer. Cabisbaixo e ainda massageando o rosto, ele saiu pela sala. Assim que porta se fechou, caí aos prantos no sofá. Por que é que ele tinha que ter feito aquilo? Não estava bom aquele segredo só nosso? Tomei um remédio e fui para uma ducha fria.
***
A dor da bofetada que Marta me deu não foi nada comparada a da idéia de não tê-la em meus braços naquela tarde, nem nas que viriam. Eu estava furioso comigo e com Alfredo. Por que é que eu não guardei segredo? Eu não sabia o que fazer. Chorava copiosamente enquanto caminhava de volta pra casa. Decidi dar uma volta até que eu me acalmasse, antes de retornar para casa.
Enquanto caminhava, vários pensamentos me vieram. Entre eles, o de esganar Alfredo com minhas próprias mãos. Ou então de amarrá-lo num tronco e chicoteá-lo até a morte. Tantas foram as formas de sua morte que me viera a cabeça, que logo decidi como ia fazê-lo. A porradas! Sim, ia socá-lo tanto no rosto que iria desfigurá-lo! Minhas mãos cerravam, meus dentes apertavam os lábios a cada acesso de raiva que me viam junto com essas idéias.
Quando virei a esquina da praça, notei a figura de Alfredo no meio do grupo de sempre. Com as têmporas aos pulos e dentes e mãos cerradas, corri em sua direção. Ao me ver, ele levantou-se rapidamente assustado, como se soubesse o que iria acontecer a seguir. Antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, desferi-lhe um soco na boca. Ele cambaleou de lado e logo caiu. Levantou-se e veio em minha direção tentando revidar, mas antes de o fazer, chutei-o fortemente na barriga, derrubando-o no chão, sem fôlego. Antes de eu investir pra cima dele, os meninos me separaram. Furioso, eu tentava me soltar aos gritos.
- Me larguem que eu vou quebrar a cara desse fofoqueiro filho da puta!
- Pelo amor de Deus, Ernesto, o que deu em você?-Perguntou-me Pablo, espantado com minha fúria.
Não conseguia dizer mais nada a não ser “me larguem”. Enquanto eu tentava me soltar, olhava furiosamente Alfredo, que se contorcia de dor no chão.
- Tirem o Alfredo daqui!-Disse Pablo afastando-me de perto dele.
Em poucos segundos, levaram Alfredo dali. Tentei me desprender de Pablo para que pudesse socar o fofoqueiro novamente, mas eu não conseguia. Demorou bastante tempo para que eu pudesse me controlar. Sentei-me no banco ofegante, abaixei minha cabeça e voltei a chorar novamente.
À noite, não consegui dormir. A imagem de Marta me vinha toda vez que eu fechava meus olhos. Seus seios rijos, sua pele alva com algumas pintas que ornavam seu ventre e pescoço, suas nádegas volumosas, seu quadril largo, carnudo, seus lindos lábios avermelhados pelo batom, sua boceta úmida, o perfume das colônias em sua pele, dos cabelos negros... Mordi o travesseiro de raiva.
O cheiro de manga no quintal fez com que eu me recordasse do dia em que, nus no chão da sala, enquanto eu levava a manga em minha boca, ela tomou-a de mim, descascou-a e começou a lambuzar-se.
- Vem chupar. –Disse enquanto deslizava a fruta por entre seus seios. Depois apertou a manga em cima de sua boceta, de modo que o caldo se concentrasse nela. Enquanto eu a chupava, sentia-a tremer, diante do enorme prazer. Logo, o doce da fruta perdeu sabor diante do gozo dela. Depois fomos nos banhar, onde lhe ensaboei a boceta e as nádegas.
Levantei-me da cama e segui para o quintal à procura da manga que eu havia acabado de ouvir cair sobre as folhas. Assim que encontrei, segui para o banheiro me despindo rapidamente. Comecei a chupar a fruta, deixando o caldo derramar sobre o meu corpo. Enquanto eu me lambuzava, masturbava-me relembrando do corpo melado de Marta. Quando gozei, entreguei-me à dor da realidade de não tê-la mais.
***
Eu não estava odiando meu moleque, mas não conseguia perdoá-lo por ter colocado nós dois em risco. Decidi nos separar para protegê-lo, mais do que a mim. Só Deus sabe o que aconteceria com ele se meu marido soubesse de alguma coisa.
Por três vezes ele veio aqui em casa se desculpar, mas eu não o quis ouvir. Dispensei-o dizendo-lhe coisas grosseiras. Da última vez, quase não resisti àqueles olhos vorazes que me fitavam com tristeza. Por alguns segundos, pensei em convidá-lo para entrar e matar toda aquela vontade de tê-lo novamente, mas aí me veio a imagem dele caído no chão com uma bala no peito. Estremeci.
-Saia daqui, agora!-Enxotei-lhe do portão.
Jorge teve que fazer uma viagem de repente, pois ele precisava acertar alguns detalhes para o adiantamento de um tal processo.
- Quantos dias?
- Quatro.
Decidida a não ficar sozinha, liguei para minha prima convidando-a para passar alguns dias comigo. “Eu bem que gostaria, mas a tia Adelaide está aqui”, desculpou-se ela. Eu sabia que se eu ficasse aqueles dias sem meu marido, eu não resistira à tentação de perdoar o meu moleque.
Antes de meu marido sair, tomamos um drinque. Quando ele saiu, continuei a beber. Eu já havia esvaziado quase meia garrafa de uísque. Consultei o relógio, estava quase na hora da padaria fechar, então fui para a varanda. Não demorou muito para que eu o visse saindo do estabelecimento, a passos lentos, meio cabisbaixo.
- Ei, moleque!-Ele parou, olhou para mim e sorriu. Depois veio caminhando apressadamente em minha direção.
- Você está me desculpando?
- Não seja bobo e entre aqui.
Apressadamente, ele abriu o portão e veio de encontro a mim. Nós nos abraçamos ali mesmo, na varanda.
- Eu te amo tanto- Disse-me ele, apertando-me em seus braços ainda mais.
- Eu também, moleque. – Disse beijando-lhe ali mesmo. Peguei sua mãe e o levei para a sala. Antes de fechar a porta, vi que a vizinha nos olhava da janela, curiosa. Forcei um sorriso para ela, que me olhava com desaprovação.
Naquela tarde, fizemos amor como nunca. Ele me apertava como se quisesse nos unir, me penetrava como se quisesse estar dentro de mim, dizia-me coisas bonitas que me excitavam ainda mais.
- Te quero muito, meu moleque. Eu te quero até morrer. –Repetia-lhe essas palavras em meio às gemidas.
Transamos na sala, no quarto e no banheiro, quando fomos nos banhar.
- Volta amanhã?-Perguntei.
- Sempre!-Disse-me ele com seu sorriso.
Naquela noite, pela paz de tê-lo novamente e pela meia garrafa de uísque, adormeci logo.
Em todos os dias em que meu marido esteve de viagem, transei com meu moleque. Esses dias foram longos e curtos, ao mesmo tempo.
Quando Jorge chegou, foi como se tivesse acabado de sair. Mesmo assim, fingi empolgação e exclamei “amor”, assim que a porta se abriu. O abracei e disse que estava morrendo de saudade e louca para fazer amor com ele.
- Dá pra ser depois? Agora estou cansado da viagem. –Disse deixando sua mala no chão, indo em direção ao banheiro.
Enquanto ele se banhava, comecei a retirar seus pertences da mala. Enquanto retirava as peças, cheirava-as a fim de detectar algum outro perfume; e detectei. Quase todas as peças tinham o mesmo perfume estranho- que, na verdade não era tão estranho assim, pois eu o conhecia, e muito bem!-, que eu sabia quem pertencia: sua secretária. Estava na cara que ele não viajou a negócios, mas sim por diversão.
***
Eu estava tomando meu café da manhã antes de ir para a escola, quando meu pai sentou-se à mesa com um olhar que eu jamais havia visto antes.
- É verdade isso o que estão falando por aí?
Parei meu copo de café na metade do caminho.
- O que estão falando, pai?
- Que você anda de caso com a mulher do advogado.
- O quê?! Quem disse isso?
- O povo!
-Mas é mentira, pai.
- Eles não iam inventar uma cosia dessas. Tantas moças da sua idade, bonitas, e você cria caso com a mulher do advogado? Aquela desavergonhada!- Meu pai estava nervoso.
- Ela não é desavergonhada!- Disse socando a mesa, mas logo me arrependi. Ele me olhava, incrédulo.
- Então é verdade, não é?-Acusou-me meu pai. – Você tem ideia do que vai te acontecer se ele souber que mulher dele anda traindo ele com um moleque? É morte na certa!
A essa altura, minha mãe já havia aparecido na cozinha e me olhava preocupada.
- Eu liguei pra tia Joana. Você vai pra casa dela.
- O quê?- Levantei-me de um salto- Quando?
- Na semana que vem. Sem discussão- Disse-me meu pai.
- Eu não vou a lugar nenhum!- Saí apressado da cozinha com minha mochila, fechando a porta com violência. “Só pode ser Alfredo!”, pensei.
***
Desde o dia em que Ernesto me fez passar aquela vergonha em meio aos meus amigos em plena praça, jurei a mim que eu não sairia na pior. Pensei em contar ao advogado que sua esposa estava ficando com outro homem, mas vi que Ernesto e ela não estavam mais juntos, o que faria com que o que eu dissesse parecesse mentira. Eu sabia que a volta dos dois seria só uma questão de tempo; era só a tempestade se acalmar.
Assim, passei a vigiar cada passo de Ernesto.
Uma vez, quando o vi se aproximar da casa da esposa do advogado, logo me animei: Eu poderia me vingar! Mas logo vi que não ia ser tão fácil assim, pois a forma como ela falava com ele e o olhava era dura, como se ainda as coisas não estivessem bem. As outras duas vezes também foram a mesma coisa. Na última, por um momento, pensei que ela fosse arrastá-lo para dentro e transar com ele, mas logo ela o enxotou.
Assim os dias foram se passando até que no fim de um de seus expedientes, o vi caminhar em direção à casa do advogado. Lá estava ela da varanda, chamando-o. Rapidamente, ele correu para dentro da casa. Os dois se abraçaram e, para minha surpresa, se beijaram ali mesmo. Depois sumiram de vista. Bingo!
Novamente, eles voltaram a se encontrar como antes e aquele fato não pareceu ser uma descoberta só minha, mas como das outras pessoas, também. Logo as mexeriqueiras da cidade começaram a falar sobre a mulher do advogado e um rapaz padeiro. Já era hora do advogado saber, mas por mim.
Escrevi uma carta anonimamente explicando-lhe tudo e a deslizei por baixo da porta, de madrugada. No outro dia, ele saberia de tudo.
***
Quando meu moleque chegou, não trazia aquele sorriso costumeiro, nem aquele olhar vivo, mas sim uma expressão de tristeza.
- O que houve?-Perguntei.
- As pessoas sabem sobre nós- Disse-me ele, sério e cabisbaixo.
- Como assim?- Perguntei. Mas logo me veio a resposta: a vizinha. Estava claro! No dia em que eu, bêbada, beijei-o na varanda ela viu. Eu não conseguia falar.
- E meus pais vão me tirar da cidade.
O quê? Não podia ser! Eu não queria ficar longe do meu moleque, meu amor... Comecei a chorar.
Ele veio em minha direção e me abraçou, também chorando.
- Eu não quero me afastar de você. Prefiro morrer a sair daqui. Eu te amo!
- Eu também, meu amor. Também não vou agüentar ficar longe de você.
- Isso foi coisa do Alfredo!- Ele levantou-se bravo, com as mãos em punhos. – Eu vou matá-lo!
- Não, não foi ele, foram os vizinhos. Eu sei que eles nos viram na varanda, naquele dia. – Abracei-o- Venha, por favor, sou sua, meu moleque.
Fizemos amor ali no sofá, sem nos preocuparmos com a chegada do Jorge. Ficamos deitados ali, nus, em silêncio.
Embora não estivéssemos dizendo uma só palavra, podíamos nos ouvir. Nossos corações batiam descompassados. Nossos olhares se encontravam, sorriam para si, diziam coisas que jamais compreenderíamos, se fossem ditas em palavras.
Mas o que estava acontecendo comigo? Por mais que aquele lado racional me dissesse para mandá-lo embora, meu coração e minha boca não o faziam. Era tarde demais, eu simplesmente sabia que não mais ficaria sem ele.
Eu não queria ficar sem ele, preferia a morte.
-Eu também- Disse-me ele. Fechando seus olhos, dando um longo suspiro antes de adormecer em meu peito.
***
"Na noite de ontem, uma tragédia se abateu sobre a cidade de Baixo Guandu. Uma mulher de quarenta e três anos e um jovem de dezesseis morreram a tiros e depois foram carbonizados durante o incêndio na casa em que os dois se encontravam. Segundo as testemunhas, as duas vítimas mantinham relações sexuais.
As testemunhas dizem que o marido da vítima teria chegado em casa alterado por volta das dezenove horas e encontrado a esposa com o jovem. Seguiu-se uma longa discussão, depois se eles ouviram quatro disparos, depois sentiram um forte cheiro de fumaça. O marido da vítima está sendo procurado pela polícia.
Os pais do jovem estão abalados. Amigos e vizinhos também não se conformam com a tragédia."
Jornal O Estado, 22 de Novembro de 1973.

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Pluma

Voando...
Me sinto flutuar...
Como uma pluma solta no espaço,
levada pela brisa do vento.
Solta no ar...
cabeça nas nuvens,
Mente distante a lembrar.
Apenas um pensamento
me desperta nesta imensidao,
Sonhando...
faço mil planos,
insisto em nao acordar..
Preciso continuar levitando
carregada nos braços do vento..
Solta no ar a flutuar.
Meus pés nao tocam o chao.
Sou pura magia,
sou inspiração e respiração.
Preciso pousar em campo seguro.
Minha mente desperta no amanhecer
Mas meu corpo sente-se leve.
perdida em pensamentos
sentimentos vagam em minha mente.
É em voce que penso
e que faz meu coração pulsar
enquanto eu flutuo
como uma pluma solta no ar.......
(Aira, 26 de Novembro de 2010)

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Alma de minha Alma

Quando cheguei aqui, sentia-me só, faltava algo em mim. Não sabia o que poderia ser; Um vazio enorme, que nenhuma loucura poderia preencher!
Sempre me achei incompleta, sempre faltou algo em meu coração, um pedaço que procurei pelas esquinas da vida.
Me iludi, enganando meu coração ao procurar em outros rostos aquilo que nem eu mesmo sabia, até que o espelho me disse para desistir.Apesar de inconformada, aceitei e não persisti nesta procura, talvez meu pedaço não existisse. Seria fruto de minhas ânsias, de meus sonhos!...
Mas eis que aparece o destino, intrépido e moleque como ele só. Sem me dizer nada, no seu silêncio eterno, me trouxe você, tão carente e imperfeito como eu.
Aos poucos, aprendemos com nossos erros, aprendemos a ver o belo nas nossas imperfeições. Somos duas almas imperfeitas, somos almas de nossas almas, nossas imperfeições se completam.
Compreendi que o amor é ilógico, não tem idade, não tem tempo para acontecer. Não tem lugar, nem se submete a nenhuma regra. Sua única regra é ser, custe o que custar
Ah! o amor! Esta energia sem fronteiras! Nos acalenta e nos transforma o modo de viver. Esta agonia dentro de minha alma, somente termina quando você está ao meu lado! Somente ao teu lado meu coração se acalma. Somente ao teu lado eu me completo...
(Aira, 24 de novembro de 2010 )

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Versos e Reversos II

Por me dar mais um carinho
Fico aqui todo feliz
Encontrei o meu cantinho
E os meus planos eu refiz

E os meus planos eu refiz
Depois de conhecer voce
Agora sou bem mais feliz
Só tenho que agradecer

Só tenho que agradecer
Caminho de duas mãos
É tão bom enriquecer
A cabeça e o coração

A cabeça e o coração
ja me sinto agradecida
ter você meu amigao
aparecido em minha vida.

Aparecido em minha vida
Esta musa radiante
Me provoca,tão querida,
A levar a trova adiante

A levar a trova adiante
Será que consigo acompanhar
Um poeta tao brilhante
e sempre a me provocar...

E sempre a te provocar
Mas não é para que suma
Na brincadeira do trovar
Pode preparar mais uma

Pode preparar mais uma
Com uma rima caprichada
Esta brincadeira ruma
Prá cerveja bem gelada

Pra cerveja bem gelada
embora nao costuma beber
Já estou acostumada
a escrever...e escrever.
(Aira e Alsione 24 de Novembro de 2010)

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Versos e reversos 1

Pra engrossar essa corrente
E não ficar isolado
Formule em sua mente
Um versinho bem bolado

Um versinho bem bolado
nao sou muito boa nisto
mas pra nao ficar isolado
voce tbem é bem visto...

Você também é bem visto
Com os versos que produz
Afinal, meu amigo
Cada mensagem tem sua luz.

Cada mensagem tem sua luz
isto é uma grande verdade
Ja nos mostrava Jesus
c/amor e fraternidade

Com amor e fraternidade
Bem melhor de se viver
Praticar solidariedade
Bandeira do bem querer

Bandeira do bem querer
bandeira da amizade
pode até nao parecer
mas ja te admiro de verdade

Mas já te admiro de verdade
Recíproco o sentimento
Um esteio da comunidade
Que voltou num bom momento

Voltei em bom momento
Ja estava com saudades
E ter este sentimento
ja me traz felicidades.

Já me traz felicidades
A chuva que cai lá fora
Eu relembro a mocidade
Que há muito foi embora

Que há muito foi embora
Mas são boas recordações
E é tào bom lembrar agora
Pois aquece os corações
(Aira, 24 de novembro de 2010)

Foto de airamasor

Bom humor e amizade.

Bom humor e muito Axé,
Sempre foi o meu lema
de sempre ter muita Fé
para nao ter problema.

Para nào ter problema
Já bastou este sorriso
Que abala o sistema
Mas não gera prejuízo

Mas nao gera prejuizo
isto nao quero causar
pois este meu sorriso
está aki pra lhe agradar

Está aqui prá me agradar
Bota então, agrado nisto
Neste tópico a enfeitar
Com um sorriso nunca visto

Com um sorriso nunca visto
nossa fico até lisongeada
se isto fosse imprevisto
acharia que sou admirada.

Acharia que sou admirada...
Que modéstia desta musa
Sempre tão reverenciada
Pois simpatia ela usa

Pois simpatia ela usa
sim uso mesmo, eu nao nego
e me chamar de Musa
so levanta o meu Ego.

Só levanta o teu ego
E eu adorei o resultado
Que agora eu carrego
De te ter feliz deixado

De me ter feliz deixado
Nossa, vc nao sabe o qnto...
Vc é um amigo, um achado
pra toda vida garanto....

Prá toda vida garanto
É fecunda uma amizade
Os sorrisos e o pranto
Se misturam de verdade

Se misturam de verdade
os sorrisos, mas sem pranto
por que ter sua amizade
é uma alegria e tanto.

É uma alegria e tanto
sentir tanta simpatia
Alsione e Vera, entretanto
Numa perfeita harmonia

Numa perfeita harmonia
É isso aí, amizade
Vamos desfrutar, com alegria
Essa feliz fraternidade

Essa feliz fraternidade
A trova sempre provoca
Fica tudo na igualdade
Bons sentidos ela evoca

Bons sentidos ela evoca
Temos é que agradecer
uma amizade como a nossa
é muito facil acontecer.

É muito fácil acontecer
Isso já a gente sente
Alguém mais aparecer
Pra engrossar essa corrente.
(Aira e Alsione, 23 de novembro de 2010)

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Um Novo Horizonte

Em um jardim sem flores
dançava uma linda borboleta
muito pequena...
Tão triste e sozinha
e suas lágrimas regavam o solo
sobrevoava e procurava
mas sabia que ali não era seu lugar
sonhos e pensamentos
ela imaginava um novo céu
onde o sol acordava sorrindo
e as flores dançavam
conforme o vento soprava
onde pássaros cantavam livres
Um dia acordou
e encontrou outra borboleta
que pensava como ela
e ambas voaram em direção ao sonho
no começo assustadas com o desafio
mas um pouco mais tranqüilas
pois ambas haviam descoberto
outra borboleta que pensava como ela
Chorou tantas vezes
choro de encantamento
e da solidão que havia tomado conta
que havia contaminado seu coração
Mas sua amiga borboleta
um pouco maior
cativou sua alma...fez a ver um mundo novo
e ouviu bem do fundo do coração
uma doce voz lhe dizia
Agora você pode voar...pode acompanhar...
viver novamente ao lado de alguém especial
que coloquei para voar contigo bem alto
e conhecer novos jardins
descobrindo outros aromas e cores
ao lado de outra borboleta
Sentindo paz e graça
E o sol aquecendo o coração dos dois
Ambas conseguiram libertar-se dos medos
das feridas deixadas pelo passado
Conseguiram encontrar a felicidade e a liberdade
ambas encontraram uma na outra o amor que faltava
a companhia certa e caminhar...voar lado a lado...
sem medo de mais nada!
(Fouquet, 16 de novembro de 2010)

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