Multidão

Foto de joão jacinto

Resto de gente

Sou pedaço de vida,
deitado na sombra de uma multidão,
sou força vencida,
mergulhada e perdida em desilusão,
sou dor viciada,
de choro e de pranto sem poder fugir,
sou no sofrimento,
o espelho do tempo, sem nunca o medir.
Sou desgosto secreto
e incompreendido na palavra sim,
sou um resto de gente,
vergado ao silêncio, não se riam de mim,
sou pobre engeitado,
em nudez de encanto carrego minha cruz,
sou um fado pesado,
sou compasso trinado, sou um canto sem luz.
Se digo o que sinto,
se minto o que sou, não o faço por querer,
não me disfarço e me escondo,
no falso sentido do que acabo por ser.
Se me dou e me desfaço,
se luto esquecido e vivo insatisfeito,
sou no cinzento tristeza,
verbo conjugado no pretérito imperfeito.
Sou um rio parado,
sem margens, sem leito, sem fundo, sem foz...
Uma barca sem remos,
sem redes, sem leme, sem velas, sem nós...
Sou tarde poema,
de versos sem rima, lento de se pôr,
sou no novoeiro,
o que desaparece e se apaga de cor.
Sou um resto de gente,
o que sobra do início, o que falta para o fim,
vergado ao silêncio, não se riam de mim.

Foto de joão jacinto

Chuva

Dia de chuva,
alma triste e molhada,
são rios de rua,
cúpula de mágoa rasgada.
O Sol trocou-se de núvem,
tão cedo entardeceu,
são cheias de ninguém,
enxurradas do eu.
Trovoadas de espanto,
vendavais do meu degredo,
na tempestade desse meu canto
soam os trovões do medo.
Sonhos ansiosos de bonança,
em arrepios de solidão,
acendalham-se de esperança,
lareiras de multidão.
De arco-íris se alterou
o confuso azul do céu,
a vida depressa enxurrou
e o meu dilúvio morreu.

Foto de Emerson Mattos

Lugar

Autor: Emerson
Data: 18/11/05

Deitado sobre a alcatifa verde
Acariciado pela leve brisa
Confortado, contempla a beleza
Viajante, rescindi a tristeza
Da reminiscência consciente

O orbe parece sustar, estagnar
Somente há este lugar
Lugar de repesar, sopesar
E pespegam dizendo
Que é este o meu lugar

Lugar de chorar, emocionar
Lugar de parar, equilibrar
Lugar de ficar, estagnar
Lugar de gritar, extravasar
Lugar de aliviar, desfechar

A assombração da solidão
Espanta o tumulto da multidão
Que muito perturba a exatidão
E vem torturando a concentração
E nesse lugar há organização

Dubiedade exorcizada
Já que isso não leva a nada
Sossego é que muito agrada
Nesse lugar tudo passa
Lugar que acalma, relaxa

Foto de Emerson Mattos

Caos

Autor: Emerson
Data: 13/07/05

De repente um clarão
Uma grande explosão
Cogumelo em emersão
Vejo enorme multidão
Muitos caem pelo chão
Os seus olhos dizem não
A criança estende a mão
Ela chora de montão
Uma imensa confusão

Lá no céu o avião
Ruma a frente um batalhão
São soldados pelo chão
Derrubando o paredão
Sinto grande indecisão
Corro ou fico paradão?
Eu não tenho reação
Ponho a mão no coração
Tanto sangue pela mão
Não vacilo, é ilusão!
É real, peço perdão!

Deus do céu essa nação
Pede agora a salvação
Qual é a situação?
Vejo a interrogação
Que gerou a aversão;
Tiroteio e agressão
Que afligem o coração.
Quem será esse chefão?
Que hoje mata essa nação
Que apenas pede pão

Hoje tem a multidão
Amanhã a solidão
Logo a escuridão
Muitas vidas vão ao chão
Conseqüência da explosão
Violência diga não?
E a paz, cadê então?
Qual será a solução?
Para o fim da confusão...

Foto de Mitchell Pinheiro

Termômetro do sofrer

Quem sofre a solidão de estar sozinho
Sofre apenas por um momento
Quem sofre a solidão entre a multidão
Declina-se por interminável tempo
Quem sofre por não ter conseguido
Sofre com o orgulho de ter buscado
Quem sofre por não buscar o pretendido
Sofre com a vergonha de não ter tentado
Quem sofre entre os bons indivíduos
Sofre pertinho da felicidade
Quem padece com pseudoamigos
Sofre nos braços da falsidade
Quem sofre pela não correspondência de seu amor
Sofre pela vazia metade
Quem sofre pela ausência de amor
Sofre pela completa frialdade.

Foto de Marco Magalhães

Esperando...

Multidão, essa mancha cinzenta,
Nada fixo nesse mar de gente,
Como formigas, de passos sedenta,
Trazem o mundo, que não se sente.

Emerges, alma grita, fico rouco,
Dessa tempestade de mar que cega,
Zumbidos erráticos, a paz me nega,
E que pouco a pouco me deixa louco.

Tudo por dois dedos de conversa,
Onde o tempo deixa de ter pressa,
Colocar a tua mão em minha alma,

E sentir o amor e a paz sem fim,
Por finalmente te ter junto a mim,
Muda a tempestade em onda calma.

Foto de chrsantos

Passado

A minha alma vaga triste e solitária na escuridão de minha vida a procura da esperança.
Pois o sol já não nasce mais perante aos meus olhos.
Aonde a tristeza me cega com a dor.
O brilho já não existe, pois foi embora junto com a esperança de te-lo em meus braços.
O meu corpo vaga em meio a multidão em busca da vida.
Da vida que continha os seus olhos quando se encontravam com os meus.
Eu já não sou capaz de viver.
Pois não me restam forças para suportar a dor que corroe o meu coração e me dilacera a cada segundo.
Me tornando incapaz de reagir.
Como se eu fosse conduzida pelo vento
Pela monotonia de cada dia que passa sem perceber.
Que são intermináveis e tortuosos.
A noite aonde eu me refugio em minhas lembranças.
Tentando achar a razão, a saída.
Em meio as minhas lagrimas tento esquecer o passado.
O passado que é o meu presente, a minha conduta, a minha ilusão.
O passado que abriga os meus mais singelo sonhos e as minhas mais belas recordações.
O passado aonde existia a alegria
Aonde a luz irradiava como um arco-íris cheio de cor.
Que aquecia o meu coração e felicitava a minha alma
O passado aonde existia você.
Aonde os sonhos eram realidades.
E a dor já não existia, pois nossas almas eram conduzidas pela alegria.
O passado que deixou em meu coração o calor do teu amor
E a dor de perde-lo
Pois a vida nos uniu e nos separou
E aos pedaços que de mim restou
Sobrou apenas a tristeza e a solidão
De se chorar pôr um amor em vão.

Christiane Santos

Foto de TrabisDeMentia

Retrato

Perdido no meio da multidão
Assim me sinto
Assim me sento
Fico olhando atento os rostos de quem passa
Esperando em algum momento cruzar com o seu
E eu, nesta praça, nesta solidão
Vou matando o tempo com suas mãos
Tapando meus olhos
Tocando nas minhas
Escrevendo estas linhas...
E nisto voçê não vem, não tem como
Não sei porque que insisto
Não sei porque que espero
Porque que minhas mãos esfrego
Porque que me comporto como um louco
Achando nas pedras da calçada algum conforto
Alguma companhia
Para dois dedos de conversa até ser dia
E voçê não chega, não tem como
E como doi
No bolso o seu retrato que não guardo
No peito a sua voz que não me lembro
E no meio da multidão que já se foi
Assim me sinto
Assim me sento

Foto de angela lugo

Acaso

Bastou simplesmente um olhar
Para sentir um calor dentro do meu ser
E saber que era você que faltava
Dentro da minha vida

Breves palavras, um café...
E tudo transformou-se
Pessoas que passam
Não vejo ninguém

Somente consigo ver você
Muito barulho a nossa volta
Não ouço nada
Somente ouço você

Caminhamos na multidão
Não vejo ninguém
Só existe você a meu lado
Todos desaparecem diante de você

Um leve beijo
Um toque no corpo
Um estremecer na alma
Coração que acelera

E te perco na multidão
Desespero que invade a alma
O começo de um amor
Sem limites, sem cobranças,

Somente duas almas
Que se encontram
E sem saber o porquê
Apaixonam-se

Fim dos dias vazios
E amargurados
Da tristeza constante
Das manhãs tenebrosas

Sem ninguém para pensar
Nos dias futuros
Terei manhãs e dias felizes
Pois tenho você meu amor

Para pensar...
Para sonhar...
Para amar...
Como foi maravilhoso te conhecer

Foto de Camillinha

Ex Mortis

Ao telefone caminho, ouço uma voz de mansinho, a anunciar: Ele morreu. Então dou um sorriso, e paralisada, a desfaço em câmera lenta...
Sorriso desfeito, uso preto por hábito, para seguir a etiqueta. Passo o meu perfume e caminho para a Av. Angélica, sentido Cemitério do Araçá.
Mas na esquina famosa, Angélica x Higienópolis, os meus pés já não querem caminhar. Levanto o direito para a frente, mas para a direita ele insiste em ficar. O esquerdo com força movida, também sai destemida, para a direita então.
Paro, respiro, acendo o cigarro, sem lembrar que já tenho outro aceso na mão, e deixo-me movimentar aleatóriamente seguindo meus passos. Jogo um dos cigarros no chão, ao primeiro olhar e ao falar da senhora: vício igual nunca vi.
Meus pés me conduzem, e o coração acelera, até a perfeita visão.
São pelo menos trezentos outros como ele, que vejo na tarde de shopping, uma multidão.
Só então compreendo, que quero sua imagem viva, ainda que na memória para sempre, a sorrir, simplesmente ou de forma forçada, para mim.
Que enterro que nada, nunca velar o amado, eis uma grande lição.
Caminho no shopping, tarde inteira, sorrindo para os moços faceiros, sorveteiros,pipoqueiros.
Quem disse que não há vida após a morte, quem disse que não somos fortes, que imortalidade não há?
Vejo-te inteiro onde quero, rompendo todo o mistério, do interior de um caixão.
E danço demasiada, toda enlutada, de uma cor de dor.
Ganho cachecóis pois é frio, e os homens de verdade, só por caridade, tentam me cobrir. Verde, azul, rosa, roxo, amarelo, infinita caixa de lápis de cor.
Já não tenho o preto na veste, sou arco íris celeste, pós chuva, em dia de calor.
Hoje tua memória é varal, multicolorido afinal, que sequer é um adeus, pelo silêncio e pelo tu, tu, tu, tu... do telefone após anunciar... morreu "tu"!

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