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Movimento

Foto de Graciele Gessner

O Movimento da Dança. (Graciele_Gessner)

"Dançar é como estar no ato do amor. O corpo em total movimento demonstra a sensualidade do corpo feminino. Tudo fica visível aos olhos de quem está a observar."

04.10.2009

Escrito por Graciele Gessner.

*Se copiar, favor mencionar a devida autoria. Obrigada!

Foto de Osmar Fernandes

Aparição do Capeta

Certo dia, noite escura, num terreno baldio, próximo da Igreja Católica, três moleques levados pegaram uma abóbora e fizeram dela uma caveira... Fixaram uma vela acesa em cima de um toco e a puseram por cima. Ficou parecendo o demo, o capeta mesmo!
A missa acabaria às vinte horas. Os fiéis que passariam por ali, a pé, certamente a veria. A caveira ficou num ponto estratégico, bem na esquina.
O pessoal ao sair da missa, ao vê-la, gritou: “Valha-me Deus! Jesus tende piedade! Minha Nossa Senhora da Aparecida! Salve-me Senhor!
Foi gente pra todo lado... Os três capetas caíram na gargalhada... Quando o local esvaziou, saíram da moita e se depararam com um corpo estendido no meio da rua. Joãozinho, o nanico, gritou: “É dona Julieta! Ela tá mortinha da silva! E agora?! Estamos fritos!!!” Pedrinho, o gago, disse: “Vixe, agora lascou tudo!!! Vou deitar o cabelo!!!” Luquinha, o mala, disse-lhes: “Calma aí seus frouxos, ninguém viu a gente! Não vai nos acontecer nada!!! Ela morreu de susto! E daí?!... Vamos tirar a caveira dali e vamos embora.”
Feito leopardos esconderam os apetrechos do Demo e deitaram o cabelo...
Não demorou muito e a polícia chegou ao local. D. Julieta foi levada ao hospital, acordou do susto, foi medicada e falou: “Meu Deus o que era aquilo?! Eu preciso falar com o Padre Bento!... Era o Demo! Valha-me Deus!!!”
O médico e a enfermeira diziam para ela ficar calma porque na idade dela era normal ver coisa que não existe... Deram-lhe um calmante e a fizeram dormir até o dia seguinte.
A notícia ganhou a cidade que Dona Julieta tinha batido as botas... Os três capetas estavam assustados e escondidos nas suas casas.
O pai do Joãozinho disse para esposa: “Bem, Dona Julieta viu o capeta e morreu! Estão falando que o Demo veio buscá-la. Faladeira como é, não duvido nada... Amor, toma cuidado, viu!
- Tá louco, homem, eu não falo da vida de ninguém não!
O marido deu uma risadinha maliciosa e foi trabalhar.
O investigador de polícia fazia uma busca no local do crime e achou um chinelo de tamanho trinta três. Era a pista que tinha em mãos.
Chegou na delegacia e disse ao Delegado:
- Senhor, aqui está à prova do crime!
Dr. Clécio riu, e lhe disse:
- Quer dizer que o capeta esqueceu um chinelo e saiu correndo pro inferno! KAKAKAKAKAKAK (RIU TANTO QUE SE ENGASGOU...). Vá amolar outro, Cido! Tenho mais o que fazer nariz de Pinóquio! Cada uma que me aparece! Você não percebe que essa cidade está de perna pro ar... Se esse povo não melhorar Deus vai aniquilá-la assim como fez a Sodoma e a Gomorra.
O Investigador abaixou a cabeça e saiu chateado e pesou: “Vou pegar o desgraçado que fez isso com a minha avó... Ateu eu não sou não, mas acreditar que isso é obra do Demo já é demais para minha inteligência.”
O Padre Bento assim que soube do acontecido entrou no terreno baldio e fez uma devassa, procurou por todo lado e achou a cabeça de mamão e a vela jogados debaixo dum pé-de-mato, e disse a si: “Eu sabia que não tinha diabo nenhum nessa história! Esse meu povo inventa cada uma! Perdoai-os ó Deus!!!”
Com a notícia da aparição do capeta a Igreja superlotou e o dízimo aumentou sobremaneira e o Padre ficou pensando se dizia ou não, no sermão, sobre a cabeça de mamão... Pensou... E, calou-se.
Os três capetas se reuniram e Luquinha disse:
- A velha não morreu... Com o susto desmaiou. Dona Julieta sairá do hospital hoje à tarde.
Pedrinho, o gaguinho, disse:
- Mas a polícia está investigando. O que nós fizemos é crime. Se a polícia descobrir quem fez isso, a cidade toda ficará sabendo... Nós vamos ser linchados!
Joãozinho, o nanico, disse:
- Eu sou coroinha, vou me confessar com o Padre Bento e vou lhe contar tudo. Se o meu pai souber disso vou levar uma peia, uma surra daquelas de tirar o coro.
Os dois amigos disseram juntos:
- Você não tá nem doido! O Padre nos mata!
Joãozinho:
- Eu tô com medo!
Os três amigos fizeram um pacto: “Nunca contariam sobre a caveira pra ninguém, levariam esse segredo para o túmulo.”
Joãozinho confidenciou: “Perdi um pé do meu chinelo, presente do meu pai, fui na data procurar e não achei. Temos que achar o chinelo logo.”
Os amigos não deram importância nisso e foram embora.
O investigador conhecia todo mundo da cidade, saiu de casa em casa perguntando se aquele chinelo pertencia a alguém daquela residência.
Luquinha ficou com os olhos estatelados ao vê-lo em sua casa perguntando à sua mãe se ela não tinha dado falta de um pé de chinelo.
Luquinha reuniu seu bando imediatamente e disse:
- Vamos roubar aquele pé de chinelo hoje à noite. Cido vai sempre jogar no Tunguete... Vamos aproveitar esse momento e vamos em sua casa buscar o pé de chinelo. Não tem outro jeito. Ou fazemos isso ou esse sujeito vai descobrir tudo.
O Delegado foi à Igreja e logo após a missa disse ao Padre Bento: “Padre o meu investigador tem uma prova cabal do malfeitor... Creio que dentro de poucas horas iremos elucidar o caso.”
- Meu filho, que prova é essa?
- Respeito-lhe demasiadamente Reverendo, mas isso é segredo de Estado, não posso dizer de jeito nenhum.
- Mas meu filho, eu sou o Pároco, pode me falar, vou guardar segredo... Quantas vezes você já se confessou comigo?!
- Padre Bento isso não é um pecado, é segredo profissional.
- Meu filho, eu lhe vi nascer, lhe batizei, lhe crismei, foi meu coroinha... Vai ter coragem de fazer isso comigo? Conta-me logo que prova é essa?!
- Conto não! Não posso!... O senhor pode falar sobre as confissões dos fiéis?
- Claro que não! Você tá doido, perdeu a cabeça. Jamais violarei o segredo do Confessionário. Exerço minha função com a fé em Deus e obedeço piamente com o que preceitua no CANON 1388 (1), que diz: O confessor que viola diretamente o sigilo da confissão incorre um sententiae (automática latae) excomunhão reservada à Sé Apostólica.
- Eu também não posso falar sobre essa prova! Não posso violar a confiança do meu investigador, estaria cometendo um crime.
O Delegado foi embora com a pulga atrás da orelha e pensou: “Por que tanto interesse do Padre nessa prova?!”
Paulinho viu seu filho descalço e lhe disse:
- Joãozinho, cadê seu chinelo? Já lhe dei de presente para não ver você descalço... Não ande descalço menino! Vá calçar o chinelo agora!!!
Joãozinho correu na casa do amigo e lhe pediu o chinelo emprestado, e Carlos lhe disse: “Mas você tem que me devolver logo, senão meu pai me dá uma surra se me ver descalço também.”
Pedrinho era muito religioso e naquele dia às dezessete horas resolveu se confessar com o Padre... Contou tudo e admitiu que estava com medo do investigador descobrir toda a história, porque seu amigo tinha perdido um pé do chinelo que ganhara de presente do pai.
Padre Bento pensou: “Mas Cido é ateu... Tenho que dar um jeito de calar a sua boca...”
O Padre arquitetou um plano e mandou o seu Sacristão chamá-lo, urgentemente... Rubens, o puxa-saco do Padre Bento foi à casa do investigador e disse-lhe:
- Cido, o padre Bento quer vê-lo, agora, já. Ele disse pra você ir lá, correndo, imediatamente, agora mesmo!
- Mas, que diabos o padre quer comigo? Num devo nada para Igreja... Nem em Deus não sei se acredito?!
- Não fala assim não rapaz! Deus é tudo e tudo é amor. O padre não tem diabo nem um. Vai logo e saberá. Quando o padre chama é como se fosse Deus nos chamando, né?!
- Fala pra ele que mais tarde eu passo por lá.
Dona Julieta visita o padre Bento e lhe diz: “Padre, eu nunca vi bicho mais feito no mundo que aquele. Era o Demo, o Demônio em pessoa!... Minha Nossa Senhora da Aparecida! Eu fiquei frente a frente com o Demo, Padre!... Eu já preparei uma novena. Vamos começar amanhã cedo... Padre, eu disse para os que me visitaram no hospital que se o Demo está nos visitando é porque estamos sem fé, é um sinal dos céus. Por isso vamos fazer a novena!”
Aquele acontecimento abalou a cidade. Nas ruas, nos bares, nas casas, nas roças, nas Igrejas, em todo lugar o boato corria solto: “O Demo está fazendo tocaia na nossa cidade!”
O Padre Bento ficou com a consciência pesada e pensou “Será que devo falar sobre essa história hoje na hora do sermão? Será que devo levar o assunto ao Bispo?!”
Dona Julieta foi rezar e depois foi para sua casa...
As Igrejas protestantes começaram a fazer cultos durante o dia todo. Até os ateus temeram... A cidadezinha pacata acordou... Era gente acendendo velas no Cruzeiro do Cemitério... Despachos nas encruzilhadas... Novenas... Enfim, os religiosos se mexeram de forma jamais vista naquele lugar. Em todas as Igrejas as oferendas aumentaram significativamente. O comércio de produtos religiosos vendia como nunca.
A palavra numa das Igrejas Protestantes era brilhante e dizia:

Ezequiel [Capítulo 28:13-18]

Tu estiveste no Éden, jardim de Deus ;cobriste de toda pedra preciosa: A cornalina, o topázio, o ônix, a crisólita, o berilo, o jaspe, a safira, a granada, a esmeralda e o ouro. Em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados. Eu te coloquei com o querubim da guarda; estiveste sobre o monte santo de Deus; andaste no meio das pedras afogueadas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até o dia em que em ti se achou iniqüidade. Pela abundância do teu comércio o teu coração se encheu de violência, e pecaste; pelo que te lancei, profanado, fora do monte de Deus, e o querubim da guarda te expulsou do meio das pedras afogueadas. Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei, diante dos reis te pus, para que olhem para ti. Pela multidão das tuas iniqüidades, pela injustiça do teu comércio profanaste os teus santuários; eu, pois, fiz sair do meio de ti um fogo, que te consumiu e te tornei em cinza sobre a terra, aos olhos de todos os que te vêem.

Mateus [Capítulo 4:1-11]

Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo Diabo. E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome. Chegando, então, o tentador, disse-lhe: Se tu és Filho de Deus manda que estas pedras se tornem em pães. Mas Jesus lhe respondeu: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus. Então o Diabo o levou à cidade santa, colocou-o sobre o pináculo do templo, e disse-lhe: Se tu és Filho de Deus, lança-te daqui abaixo; porque está escrito: Aos seus anjos dará ordens a teu respeito; e eles te susterão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra. Replicou-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus. Novamente o Diabo o levou a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles; e disse-lhe: Tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares. Então lhe ordenou Jesus: Vai-te, Satanás; porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás. Então o Diabo o deixou; e eis que vieram os anjos e o serviram

E o pastor encerrava seu sermão dizendo: “Na casa do senhor não existe satanás, Xô satanás! xô satanás!”

O Investigador chegou à Casa Paroquial, adentrou, foi imediatamente atendido pelo Padre Bento que o levou ao seu escritório e lhe disse:
- Meu filho, eu lhe peço encarecidamente que pare com a investigação sobre a aparição do Capeta.
- Padre o senhor está me pedindo algo que não posso atender.
- Por que meu filho?
- Padre, eu quero pegar o desgraçado que fez isso com a minha avó. Ela quase bateu as botas... Tenho certeza que não tem nada a ver com coisa doutro mundo. Isso foi coisa de moleque, de vândalo; brincadeira de mau gosto... Se não fizermos alguma coisa para punirmos esse tipo de “brincadeira boba, idiota”, ainda vamos perder um ente querido. O senhor não acha?
- Meu filho, nem tudo parece o que é. Deus tem desígnios que só pertence a Ele. Veja o movimento da nossa cidade!... O povo voltou à igreja, voltou a ter medo dos castigos de Deus. Isso vai fazer a criminalidade zerar. Nunca se viu tanta reza por aqui. O povo voltou a temer a Deus! Os meninos e as meninas voltaram para o catecismo. O fervor da fé voltou a tomar conta da nossa cidade... Nunca vi você na missa. Falam que é ateu... Mas, pare com essa investigação?
- Padre Bento, eu sou agnóstico... Não estou lhe entendo! O que tem a ver uma coisa com a outra?
- Meu filho, eu sei que você é um exímio Investigador de Polícia, mas essa história não pode ir adiante. Pare de investigar... Essa história acabou fazendo um milagre por aqui. O povo voltou a ter Deus no coração. Isso não é bom?
- Padre, eu acho que o senhor está sabendo demais... Já descobriu a verdade?
- Não!!! Vieram me dizer que você anda perguntando nas casas se alguém deu por falta de um pé de chinelo.
- É verdade! Eu achei um pé de chinelo novinho em folha naquele matagal, local do medo. Vi muitos pisados por lá... De pés pequenos... E, cheguei à conclusão que tem mais de um moleque envolvido nessa tramóia. Padre, eu vou achar o criminoso que quase matou minha avó, custe o que custar!
O Padre franziu a testa, várias vezes, e pensou: “Vou ter que falar com o superior desse traste e pedir para que o transfira daqui.”
O Investigador foi embora e não hesitou em dizer para o delegado sobre a sua visita na Casa do Padre:
- Doutor, eu estou vindo da casa do padre...
- Que diabos você estava fazendo na casa do Bento?!
- Eu fui lá porque ele mandou me chamar... Estranhei, mas... O senhor sabe, Padre é Padre, enfim.
- E o que a Igreja queria contigo?
- Só faltou se ajoelhar pra mim Doutor... Implorou para eu parar com as investigações sobre a aparição do capeta.
O Delegado coçou seus poucos cabelos da cabeça e disse: “Aí tem coisa!” E disse ao Cido:
- Você me traga o pé de chinelo e me entrega ainda hoje.
- Doutor ele está aqui na minha mochila, pega!
- Então essa é a prova que temos?... Pois é, a partir de hoje em diante essa investigação é minha. Você está fora desse caso. Vai cuidar de descobrir quem roubou o Jumento do Zé, que ele está me enchendo o saco e até hoje você não descobriu nada.
O Investigador de Polícia sem ter o que dizer, simplesmente obedeceu seu superior e saiu à procura do ladrão do Jumento...
O Doutor Clécio foi ter com o Padre Bento cinco dias depois e disse:
- Padre eu tenho a prova do crime aqui em minhas mãos e já descobri tudo. Vou prender quem fez isso.
- Doutor Delegado o senhor tem o quê em mãos?
- Eu tenho o pé de chinelo.
- Pé de chinelo!!! O que isso tem a ver com a aparição do Capeta?
Padre, isso tem tudo a ver! É a prova que não existe Capeta nenhum, isso provavelmente foi armação de quem não tem o que fazer na vida e fica assustando as pessoas de bem.
- Esse chinelo não prova nada. Qualquer pessoa pode ter ido naquele matagal e o esquecido.
- Será Padre?!
- Claro meu filho!
Padre, o senhor está muito interessado no encerramento dessa investigação, por quê?
- Não meu filho, eu não estou não! Mas, se você pensar bem, depois que viram o Capeta, a cidade melhorou muito. A Igreja não cabe de tanta gente nas missas. Não se falou mais de roubos, mortes, vadiagem, etc. Nunca vendeu tanto produto religioso como agora. Pense no sossego que nossa cidade vive hoje!
- É Padre Bento, pensado por esse lado o senhor está coberto de razão. Minha delegacia está um deserto, nem um B.O, nem de briga de casal. Nunca vi tanta calmaria em nosso Município.
- Então, pra quê elucidar esse episódio? Deixa o povo pensar que o Diabo está de olho bem aberto e bem pertinho de cada um.
- Mas, Padre Bento, o Capeta não anda de olhos arregalados pra todo mundo mesmo, doido para tomar conta da nossa alma?!
- Sim... Mas essa já é outra história...
O Delegado deu o pé de chinelo para o Padre e deu o caso por encerrado.
O Padre chamou Joãozinho e lhe deu o pé de chinelo e lhe disse: “Vê se não o perde mais...”
Os três capetinhas voltaram a participar assiduamente de todas as missas e a ajudar o Padre no catecismo.
Toda vez que o povo fraquejava, desanimava, deixava de ir à missa, a aparição do Capeta era automática.

Osmar Soares Fernandes

Foto de sergiomorsan

A CIDADE ESCONDE

A cidade se esconde no escuro
Da rua deficientemente iluminada
Encontra-se a calçada e o muro
Totalmente destruída e pichada

Favelas urbanas camufladas
Cinderela do desconhecido
Singulares e também malfadas
Quando me apanho adormecido

Na varanda na rede lá de casa
Onde me encontro tranqüilo
É de onde eu vejo a muralha
Que tive de pular desde menino

Pra me livrar da emboscada
Tive que ser mais ativo
Ao movimento que separa
O humilde do grã-fino

Sérgio Morsan

Foto de pétala rosa

MAGNÓLIAS

MAGNOLIAS

Pinto magnólias na harmonia duma tela
pinto as tuas caricias, o teu beijo e
a madrugada.

Que manhã com cheiro a jasmim, salpicada
de margaridas de flautas e ondulando
num esvoaçar de colibri.

Nas trevas aclaradas de cheiro e beija-flor
nessa miragem estavas lá
no ontem entre a laranja e o mel
entre o sossego e corais imaculados
de bordados e marfim, estavas lá,
senti o teu intenso sangue
na neblina do teu poema.

A tua loucura preenche o meu ventre de palavras
que escrevo no azul dum sonho feroz.

Não sentes a seda em desalinho na cama redonda
onde te despi e te pensei amar?
Não, não deves sentir porque o teu deserto
é onde respira o silencio duma flor...

Ah poeta acrobata da vida
feiticeiro de buzios e conchas
o teu desalinho incendeia os seios fartos
do meu corpo, numa maré de linho e cristal.

Deitas-te na nuvem numa caricia abandonada
rente ás mãos que tocam a pele, a tua pele
nos lábios inchados de beijos e ninfas em perfeito
movimento.

Em sobressalto, espero que a madrugada te acorde para mim...

Amália LOPES

1 SETº 2009

Foto de carmencunha

MINHA ALMA GÊMEA

ALGO A VOCÊ!MINHA ALMA GÊMEA.
NO MOVIMENTO, UM PRAZER.
NESTE PRAZER, ENCONTREI VOCÊ!
UMA ESTRELA A BRILHAR,
UM AMIGO A ME ENSINAR,
UM AMANTE PARA AMAR.

AMO-TE, MINHA ALMA GÊMEA,
VOCÊ É COM CERTEZA O SER ESPECIAL
QUE ILUMINA MINHA VIDA

VOCÊ É A PESSOA CERTA.
EU SEI QUE ISTO É DESTINO,
E, TENHO O MELHOR DO MUNDO.
VAMOS FICAR JUNTOS DURANTE TODA A VIDA.

EU SEI QUE ISTO É DESTINO...
A MINHA ALMA GÊMEA.
SÓ PENSO EM VOCÊ.
EU SEI QUE VOU FICAR COM VOCÊ PARA SEMPRE
EU PRECISO DE VOCÊ AQUI!
EU SÓ PENSO EM VOCÊ.
PRECISO DE VOCÊ DESPESPERADAMENTE.

MEU AMOR, MEU DESTINO.
SUBLIME MISTÉRIO DO AMOR
A POESIA DO EU, DO AMOR, DA PAIXÃO,
DA VIDA.
O AMOR DESCEU DO CÉU E TOCA O MEU CORAÇÃO
PARA VIVER COM VOCÊ A POESIA
DO DESLUMBRAMENTO DAQUILO QUE É REALMETE NOSSO,
NUNCA SE VAI PARA SEMPRE. “AMO-TE”!

Foto de baraodecampos

Dançando na Noite

Dançavas na noite uma dança sem movimento,

corrias na direcção da madrugada,

em busca de um lugar teu...

palavra após palavra, descobrias um sentido

para manteres os olhos abertos...

O rubor do teu rosto, transparecia surpresa,

como se todas as manhãs

fossem reconhecidamente virgens e virginais...

Melancólica, a palavra suspensa

caminhava para o seu destino último...

O fogo flutuava em formas múltiplas,

indiferente à paisagem do teu verdadeiro ser...

Noite dentro da noite,

a madrugada rompia o seu derradeiro véu,

pausavas a vida, como quem suspende a respiração...

Absurda, a manhã orvalhava,

enquanto as lágrimas espreitavam,

cintilantes na boca do teu olhar...

Foto de wandersonfeliz

amar a ti no sempre

gosto de olhar-te nos olhos
E ver os céus e os vales que deles escorrem
O perfume liquefeito que emana da sua alma
os sutis gestos da tua face calma
estudo minunciosamente cada vão movimento
Tua voz desfeita em ternura e alucinógena
Percorre os túneis frágeis do meu pensamento
Quando te sinto...não sou eu mesmo
Sou todo sensações espalhada em dolências e encanto
A virtude torna-se em mim uma canção instante
Calço e visto-me de tí...vejo-me perfeito
Mesclo toda mágica matéria e ares que nos envolve
Deleito-me nas ruas dos teus beijos
Me leve aonde qiseres ao ter-me em seus braços
Ensina-me a ser uma estrela dentro de seu paraíso
dentro de seu nobre corpo...
Ensina-me a viver de tí eternamente
Mesmo que quando não te veres
seja sempre em mim um mundo realizado
de nossas vidas juntas
no sempre
E mais no além....

Foto de Joaninhavoa

O ACORDÉON.

*
O ACORDÉON.
*

O acordeon abre em fole
como um leque de abanar
E a música invade o lugar

Minha mente ali presente
convida-me a dançar
aos sons mais variados

Toscos são os movimentos
Cintilantes pratas cores das saias
vermelhos tecidos a roçar

Sedas acetinadas sargens
Voluptuosas! Rodopiando
sem parar

Dançam as gentes do lugar
e lá das redondezas e das terras
mais distantes! Todas ali vão dançar

É a música dos acordes
De um acordeon que chama
Num choro alegre triste e belo

Solta a magia no ar
Como um perfume encantado
Um movimento partilhado

Joaninhavoa
(helenafarias)
22/05/2009

Publicado no Recanto das Letras em 23/05/2009
Código do texto: T1609899

Foto de Jessik Vlinder

O Olhar de um Anjo

Eu sempre costumo admirar as estrelas da janela do meu apartamento. O movimento é fraco, a rua é tranquila, o frio é aconchegante e o estalo dos trilhos ao passar o metrô soa como sininhos em meu ouvido. Já é um som familiar.
Interessante que eu sempre via um homem, sentado sempre na mesma cadeira, olhando sempre pela mesma janela, vestido sempre com o mesmo casaco branco, tão alvinho que parecia neve. Mas era mais que coincidência porque fosse cedo, fosse tarde ele passava. Bastava debruçar-me na janela que o via no primeiro metrô que viesse. Não dava para vê-lo muito bem. O capuz escondia seu rosto e ele nunca me via! Apenas percebia que fixava seu olhar em um ponto distante. Era mórbido... era suave....
Mas um dia, um dia ele olhou pra mim! Mas não estava no metrô, estava sentado no trilho do metrô! Parecia que ele me esperava. Estava de uma forma tão indolente, transmitia paz. Não lembro perfeitamente, só sei que quando dei por mim, estava paralisada diante daqueles olhos azuis... ele era tão lindo! Tinha uma face perfeita! Não a tocava, mas a sentia, e era tão delicada. Não o ouvia, mas o compreendia, e era tão brando... tinha uma voz tão serena. Não estava em seus braços, mas era como se naufragasse na maciez das nuvens e era tão frágil e ao mesmo tempo tão firme. Não o beijei, mas senti me minha boca o gosto da magia dos sonhos e deliciei-me do mais puro e eterno sabor da felicidade divina... minha vida não pertencia mais a mim. Naquele momento eu entreguei minha alma a um ser inexistente... indecifrável... Eu plantava um jardim numa estrela apagada. Eu tingia o arco-íres numa tela branca. Estava-me suicidando para ressuscitá-lo...
Não sei exatamente o que aconteceu naqueles instantes. Não sei o que veio depois daquilo. Lembro apenas de ter acordado cheia de paz na manhã seguinte. A única certeza que tenho, é de que para a senhora que mendigava, para as crianças que brincavam, e para todos que passavam, aquele foi apenas um olhar. Mas para mim, foi o renascimento da Esperança vindo dos olhos de um anjo...

Foto de Joaninhavoa

Vou-te caçar!

*
Vou-te caçar!
*

A natureza é bela
em todo seu esplendor

E no céu a corte
toma o rumo que é seu lugar

Não há rei sem rainha
sem gente para acompanhar

A noite é fascinante
Garanto! Às vezes começa num olhar

Ou num sorriso imenso
em forma de mistério para desvendar

E eu só sei que mexe
cá dentro do meu coração

Todo esse movimento
Sinto e vejo! Ao descrever no céu a corte

A lua e o sol
e todas as estrelas lá do infinito

E eu só sei
"Estrela! Vou-te caçar."

Joaninhavoa
(helenafarias)
25/04/2009

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