Monólogo

Foto de Carmen Vervloet

Sobre o Outro Ser

A vida passa com nuvens de tristeza,
espinhos dilaceram o lírio que brotou!
O grito passa batido,
ninguém percebe o eco que ficou!

Tem momentos que a hora é de ausculta
ao coração do outro ser...

Ouvidos abertos, interlocutor apressado!
Interrompa o monólogo egoísta,
o diálogo desbotado
e ouça... ouça a voz do seu irmão!
Um coração tímido e aflito
aguarda toda atenção.

Mais ouvido que garganta
e a dor deixará de ser eterna
e a energia que se espraiará
será de paz e amor!

Foto de SANDRA FUENTES

TRINTA SEGUNDOS

Vivendo num filme de trinta segundos esperando o apagar das luzes dou início a uma longa conversa comigo mesma percebendo uma aglutinação de poetas na minha mente prisioneira começo o monólogo e fagulhas de equívocos entram pelas frestas da janela quando tudo dorme e a madrugada faz silêncio eu tento uma poesia exorcista contundente-convincente-eloquente recomeço a busca procurando letras como se fossem cápsulas de analgésico de efeito instantâneo para um corpo bipolar e continuo a vigília enquanto o filme passa aguardo tentando não recordar o pretérito-mais-que-perfeito de um amor eterno e efêmero rogando para que depressa amanheça.

Sandra Fuentes

Foto de Edson Milton Ribeiro Paes

"MONÓLOGO DO VELHO MOTOQUEIRO" " DE CARA PRO VENTO"

“MONÓLOGO DO VELHO MOTOQUEIRO”
“DE CARA PRO VENTO”

Cento e cinqüenta no velocímetro...
Tenho pressa...
Minha idade é meu termômetro...
Atropela-me!!!

Quase sessenta na certidão...
Ainda dá tempo...
Vou correr da solidão...
Vou acelerar meus sentimentos!!!

Vou atrás do meu eu...
Vou encontrar comigo...
Vou de encontro ao que é meu...
Não tenho medo do perigo!!!

O vento bate mais forte...
Já é hora de abastecer...
Estou rumando pro meu norte...
Quero meu limite conhecer!!!

Cento e cinqüenta no velocímetro...
Que maravilha...
A velocidade é meu delírio...
Estou de volta na trilha!!!

Vou conhecer o jovem...
Que há muito deixei de ser...
Estou reunindo coragem...
Para a morte entender!!!

Que esta reluzente companheira...
Me leve através do caminho...
Um caminho que me de a certeza...
De encontrar meu destino!!!

Cento e cinqüenta no velocímetro...
Estou chegando...
Já reconheço eu menino...
Estou chorando!!!

Chorando de alegria...
Ou talvez de saudade...
A vida me deu uma anistia...
Para entender o que é idade!!!

Dento e cinqüenta por hora...
É pouco...
Não tenho mais medo do agora...
Estou louco!!!

Estou indo atrás da juventude...
Que teima em escorregar por entre os dedos...
Vou viver na plenitude...
Sou o carrasco dos meus medos!!!

Vou enrolar o cabo...
Vou engolir asfalto...
Vou ver a vida de fato...
Vou viver lá no alto!!!

Cento e cinqüenta no velocímetro...
Já é hora de acelerar mais...
O caminho esta tão lindo...
Desistir, jamais!!!

Foto de Edson Milton Ribeiro Paes

" MONOLOGO DO POLITICOPATA IDIOLITICO "

“MONÓLOGO DO POLITICOPATA IDIOLITICO “

Que faço eu com este monte de milhões...
Que faço eu nesta mansão sozinho...
Que faço com este monte de puxa sacos...
Que faço eu com com este monte de desatinos!!!

Por onde ando de cabeça erguida sinto vontade de correr...
Por onde ando minha historia me persegue...
Por onde ando testemunhas do meu pouco envolver...
Por onde ando não há cidadão que não me negue!!!

Atos e atitudes de descaso...
Gestos e proferimentos de superioridade...
Na solidão de meus pensamentos sou eu quem cai...
Na multidão de insatisfeitos da minha indignidade!!!

Sou sim escória deste sistema...
Sou sim um verme da Nação...
Esta Nação que me sustenta...
E eu tão desavergonhadamente lhe mordo a mão!!!

Esta não é tão somente a minha vida...
É a historia de todo político Brasileiro...
Onde a corrupção e o crime têm guarida...
E ser chamado de desonesto é até lisonjeiro!!!

E a este povo eu dou um conselho...
Não votem em ninguém...
Anulem o voto ou partam pro estrangeiro...
Político neste Pais não vale um vintém!!!

Foto de Gideon

Abismo de Amor

De que é feito um homem, senão da esperança de ter uma grande mulher?
No entanto quando estamos diante de uma grande mulher sentimos-nos pequenos, dependentes.

Muitas mulheres passam, no dia-a-dia, por nós homens.
Diante de algumas delas postamo-nos como superiores, sabichões e até mesmo, às vezes, arrogantes.
Mas quando meio sem esperar nos deparamos com uma grande mulher tudo desmorona, tudo é posto aos pés.
Se falávamos bem e impostadamente agora falamos baixinho, rouco e gaguejantes.
Se tínhamos tantas "conquistas" e vitórias para nos gabar, agora achamo-nos vazios de palavras
e buscamos desesperadamente na memória fatos que possam impressioná-la e nada, nada surge de importante.
E aí, quando pior, desandamos em falar besteiras e baboseiras como verdadeiros idiotas diante de uma grande mulher...

Se sabíamos tantos galanteios e palavras de efeitos, agora não nos atrevemos em tentar pronunciar um elogio sequer.
Ele sai meio avexado e logo baixamos o nosso olhar para não ver a possível reação de desprezo no rosto dela... Enfim, sabemos claramente quando estamos diante de uma grande mulher.

Dias destes estive diante desta grande mulher.
Além de tudo o que escrevi acima tinha vontade de ficar olhando-a infinitamente, reparando em cada detalhe que forma o seu belíssimo rosto, semblante, corpo, mãos...
Ah, as mãos, estas ela me ofereceu como um presente que rápido e sabiamente agarrei-as, e pus-me a acariciá-las. Tentei desesperadamente armazenar na memória do amor cada sentido do contato que experimentei.

Depois das mãos veio o corpo procurando o carinho e o contato acolhedor impulsionado pelo bendito frio do teatro João Caetano.
Senti-me um rei, um super-homem, um feliz-homem, um sei-lá-o-que-homem, mas muita coisa de homem quando a tive em meu ombro algemada às minhas mãos agora sôfregas e impacientes... (sei que ela notou).
A cada frase da Fernanda Torres, que seria meramente uma pronúncia do monólogo frenético que se desenrolava na peça, transformava-se pelos meus dedos em afagos urgentes de carinhos sinceros, de prazer, de vida, de esperança...

O olhar da grande mulher é penetrante, mas paciente.
Entrecortado por um piscar em câmera lenta sem, contudo, desviar o foco do alvo, o pobre e pequeno homem, que tenta encolher-se, esconder-se de diante de tamanha grandeza.

Claro, ela talvez não perceba que seja grande, penetrante, impostadora, perturbadora...
Por outro lado não sou e nem me sinto pequenino e frágil, mas diante da grande mulher cá estou eu meio desequilibrado, trôpego e louco para ser sua vítima mais uma vez.
Vítima talvez do seu amor...

Aonde iria mergulhar? Penso. Será profundo este abismo de amor ou seria apenas um reflexo de uma imagem distorcida pela inflexão da imagem no abismo?

Vou apressar-me em arranjar um pára-quedas para me proteger e tentar pousar suave neste inevitável precipício da paixão, que talvez eu esteja prestes a cair.

Foto de Gideon

Um Abismo de Amor

De que é feito um homem, senão da esperança de ter uma grande mulher?
No entanto quando estamos diante de uma grande mulher sentimos-nos pequenos, dependentes.

Muitas mulheres passam, no dia-a-dia, por nós homens.
Diante de algumas delas postamo-nos como superiores, sabichões e até mesmo, às vezes, arrogantes.
Mas quando meio sem esperar nos deparamos com uma grande mulher tudo desmorona, tudo é posto aos pés.
Se falávamos bem e impostadamente agora falamos baixinho, rouco e gaguejantes.
Se tínhamos tantas "conquistas" e vitórias para nos gabar, agora achamo-nos vazios de palavras
e buscamos desesperadamente na memória fatos que possam impressioná-la e nada, nada surge de importante.
E aí, quando pior, desandamos em falar besteiras e baboseiras como verdadeiros idiotas diante de uma grande mulher...

Se sabíamos tantos galanteios e palavras de efeitos, agora não nos atrevemos em tentar pronunciar um elogio sequer.
Ele sai meio avexado e logo baixamos o nosso olhar para não ver a possível reação de desprezo no rosto dela... Enfim, sabemos claramente quando estamos diante de uma grande mulher.

Dias destes estive diante desta grande mulher.
Além de tudo o que escrevi acima tinha vontade de ficar olhando-a infinitamente, reparando em cada detalhe que forma o seu belíssimo rosto, semblante, corpo, mãos...
Ah, as mãos, estas ela me ofereceu como um presente que rápido e sabiamente agarrei-as, e pus-me a acariciá-las. Tentei desesperadamente armazenar na memória do amor cada sentido do contato que experimentei.

Depois das mãos veio o corpo procurando o carinho e o contato acolhedor impulsionado pelo bendito frio do teatro João Caetano.
Senti-me um rei, um super-homem, um feliz-homem, um sei-lá-o-que-homem, mas muita coisa de homem quando a tive em meu ombro algemada às minhas mãos agora sôfregas e impacientes... (sei que ela notou).
A cada frase da Fernanda Torres, que seria meramente uma pronúncia do monólogo frenético que se desenrolava na peça, transformava-se pelos meus dedos em afagos urgentes de carinhos sinceros, de prazer, de vida, de esperança...

O olhar da grande mulher é penetrante, mas paciente.
Entrecortado por um piscar em câmera lenta sem, contudo, desviar o foco do alvo, o pobre e pequeno homem, que tenta encolher-se, esconder-se de diante de tamanha grandeza.

Claro, ela talvez não perceba que seja grande, penetrante, impostadora, perturbadora...
Por outro lado não sou e nem me sinto pequenino e frágil, mas diante da grande mulher cá estou eu meio desequilibrado, trôpego e louco para ser sua vítima mais uma vez.
Vítima talvez do seu amor...

Aonde iria mergulhar? Penso. Será profundo este abismo de amor ou seria apenas um reflexo de uma imagem distorcida pela inflexão da imagem no abismo?

Vou apressar-me em arranjar um pára-quedas para me proteger e tentar pousar suave neste inevitável precipício da paixão, que talvez eu esteja prestes a cair.

Foto de Raiblue

Fotográfica (mente)

.
.

Por trás de um retrato
Um passado de voz rouca
Desgastado pelo tempo
Foto em preto e branco
Me olhando da cabeceira da cama
Eloqüente silêncio
Sem emoção aparente
Alma enquadrada
Na antiga moldura
Dos sonhos perdidos
Estrelas adormecidas
Dores aprisionadas...
Num canto do quarto
Você ainda tenta me alcançar
Mas é preciso atravessar
A penumbra que restou
Quando você me tirou o céu...
Sem estrelas
Sua foto agora parece morta
Não há como ajustar
O brilho já passado
Um vídeo desativado
Mas você insiste em existir
Em restaurar a fina película que sobrou
Contrariando os dias
Como uma mágica noite
Na coerência das incoerências
De todos os grandes amores...

(Raiblue)

Poema inspirado no'Monólogo P & B' do poeta Thiers Rimbaud.

Valeu,Thiers!!Que nunca seque essa fonte...onde quero sempre me embriagar...e delirar....sempre...ab surdamente....hehe
Beijos blue,meu lindo poeta !
rai

Foto de Raiblue

Teatro Cotidiano

Nunca fui santa
Ando pelas raias da loucura
Não sou nenhum modelo feminino
Identifico-me com as mulheres do Modigliani
De traços imperfeitos e alma nua...
Da Monalisa talvez tenha o riso
Cheio de mistérios e de nuvens
Sou feita de azul
Céu profundo das telas do Magritte
Minha vida ,um encarte
Com cenas improvisadas, inventadas
Teatro cotidiano, monólogo
Sem título nem prólogo
Tudo em mim vaza
Não tenho margens
Sou peça inacabada
Entrelinhas , minha estrada...
Se quiserem um perfil de mim
Talvez uma tela do Dali
Possa revelar-me
Ali, do outro lado da realidade
Onde sempre estou
A me procurar
Em cada fragmento
Desse mosaico moderno
Retalhos colados
Do meu ser despedaçado
Sempre pronto
Para uma nova composição de mim...

(Raiblue)

Foto de myrian

Voce

Tira o roupão;
Deixa ver teu corpo;
deixa ver a cicatriz da virilha;
Deixa que alguém passe pelos músculos da razão;
Deixa que explorem teu corpo vivo;
Deixa que te façam tudo e que dele brote a canção ou hino ou a ópera ou
mesmo o tango.
Deixa que te toquem que te vejam
Deixa que te xinguem, e que desse monólogo presente surjam juízos.
Deixa que te olhem, mostra tudo, sem ambigüidade.
Deixa que tudo seja descoberto.
Deixa que te chamem,
Deixa que te abandonem....
Ouve sempre
Não acates por ti só, nunca!
Vinga sempre.
Olha pra tudo, Vê tudo
Põe a roupa sob o corpo vivo e limpo.
- Sente a emoção da cicatriz saliente.
- Cura-a!
Raciocina sobre os músculos e os instintos.
Canta a canção tua.
Mostra a parte doída.
Responde tudo
Abandona a carapaça.
Veste o que te dão.
Rasga o que te incomoda.
Fura o que te esconde.
Escandaliza a tua vergonha
Pisa a tua moral.
Desmoraliza tua verdade.
Chora da alegria,
Não importa a reação.
Pisa na tristeza,
Faz dela catalisador para o conhecimento.
Ama
Beija.
Morde.

Myrian Benatti

Foto de Maria Mariah

Solidão Barata

Por onde escapas?
Se lhe fecho o cerco,
Se lhe envolvo os braços,
Se lhe beijo a boca e lhe roubo o fôlego.

Por que se engana?
Reinventando a vida,
Distorcendo os fatos... se iludindo a toa.

Vá! Saia por minhas entradas... já não há hora marcada!
Divirta-se com minhas normas de conduta.
E se assim lhe aprouver...
...esqueça que minhas mágoas também são suas!

Se os sapatos já não lhe servem... fuja!
E brinde sua solidão, seus medos... desatinos!
Em meio a falsos pudores, beba das palavras soltas,
perdidas no céu da boca... tênue instante sonhado
entrelaçado em teus medos castos.

Vá! Já não lhe prendo em meu bolso... calabouço.

Brinque diante ninfas...
...iludindo-se entre seus “terços”.
Momento... rente à perfeição!
Mentira! Doce loucura que lhe afaga a alma...
...em meio falsas gentilezas.

Fuga... precipício... sensações!
E quando não mais suportar o mundo nas mãos...
...quando seu deus não mais lhe bastar...
...nada! Não haverá nada além de uma solidão barata.

Não!
Não se cale diante minhas interrogações... interjeições... vírgulas e reticências.
Não se perca em “meias pontuações”!
Não é essa sua oração principal. Não!
Não se curve ao meu monólogo... pois,
Seu silêncio já não diz nada.

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