Mar

Foto de Poetando

A sonhar

Deitado na cama adormeço
Contigo começo a sonhar
Que andamos de mão dada
Á beira mar à noite a passear
Numa noite estrelada
Com a luz da lua a iluminar
Abraço-te contra mim
Com desejo te ali te amar
Sonho mais lindo que tive
Não me sai do pensamento
Foi um sonho maravilhoso
Passear contigo á beira-mar
Como nos podíamos aí amar
De manha quando acordei
Quando abri os olhos e não te vi
Nem imaginas como eu fiquei
Sonho louco em que te amei
Não me sai do pensamento
Como estive contigo a sonhar
Nem me esqueci ainda
De quando te comecei a amar
Foi num dia que estava sozinho
Quando estava contigo a falar
Desde essa noite até hoje
Não te deixei mais de amar
Não saíste mais do pensamento
Contigo levo noites a sonhar
Seja a fazermos amor
Ou a beira-mar a passear

De: António Candeias

Foto de Jardim

te busco em todas as outras

te busco em todas as outras
no áspero, sinuoso rio dos abraços.
às vezes vejo tuas mãos
outras são teus pelos, outras
teus lábios iguais ao teu sexo.
a vida explode
por todas as frestas da cidade:
pernas, bocas, seios, bundas.
sou apenas carne e osso.

como era teu nome?
helena, vera
sara, daniela?

perdeu-se na desordem
de tantas noites e tantos dias,
perdeu-se na enxurrada
dos acontecimentos.

que importa um nome
a esta hora da noite?
que importa um nome
sob este teto
diante dos copos e talheres
e lâmpadas e torneiras?

quanta coisa se perde
nesta vida,
este deslumbramento que me conduz
por avenidas e vaginas
a me consumir
em noites subterrâneas.

caminhavas comigo
por esquinas de assombro,
teu fogo perpétuo
aguardando que o dia viesse
enquanto nos perdíamos
em sorrisos, em carícias,
em conversas, no amor
feito sem pressa.

desvelo, promessas,
e os carinhos mais doces
e mais devassos a explodir
no centro de tuas coxas,
no profundo de tua noite ávida.

gosto de orelha e de vagina
em minha boca,
língua no cu,
nos pentelhos.
sua maciez chegava
voando por sobre o instante,
por sobre o mar, por sobre o fumo,
sobre a primavera,
quando colocavas
tuas mãos em meu peito
como duas asas.
quando tuas mãos tocavam as minhas
se detinham
como se muito antes
já as tivessem tocado,
como se antes de aqui estar
já houvessem chegado.

nesta cama, selvagem e doce,
eras entre o prazer e o sonho,
entre a fúria e a calma.
ainda quando não existias
eu já te buscava,
buscava em tua boca
o sabor de tua íntima vida.

longe de ti
sigo pulsando como um relógio
entre automóveis e motos ,
entre outdoors,
nos shoppings,
nos bares,
pulsando no meio da noite.
sob o sol, sob a chuva,
debaixo das roupas,
debaixo da pele.

que importa um nome?
posso te chamar nuvem.
posso te chamar horizonte.

Poema do livro Amores Possíveis
A venda em http://sergioprof.wordpress.com
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Foto de Moisés Oliveira

Passarinho

As lágrimas todas secaram, não há mais água a escoar, como o rio que no mar termina, desembocaram em seu olhar.

Não há mais data marcada, nada de dia ou solução, minha nova amiga está sempre comigo, te apresento a solidão.

seu jeito bobo de me olhar nos olhos, eletrifica o meu bem estar, o mesmo sorriso que ao vivo encanta, na memória me faz chorar.

meu passarinho voou pra tão longe, de onde está já não vai voltar, é lindo te ver passarinho, colorindo o céu, livre pra voar.

Foto de Cid Rodrigues Rubelita

Quando você chegar...

Quando você chegar...
Com sua singular simplicidade,
Tudo em mim vai aflorar
Num universo de felicidade.

Feito os lírios sob a neblina,
Enfeitados na florada,
Os meus olhos, em ti minh’amada,
Fixados nesta beleza que fascina.

Em mim um turbilhão de sentimentos,
Como refugiado ao retornar à pátria,
Vou te olhar por tanto tempo!
Até que eu me recupere a fala.

Quando você chegar...
E me envolver na sua essência,
As estações do ano vão disputar
A vez para estar na sua presença.

Quando você chegar...
Acho que estarei feito arco-íris,
Que colhe as cores do céu e do mar
Só para ser e te fazer feliz.

Quando eu chegar perto de você
Toda energia positiva do universo,
Toda poesia de meus versos,
Todo amor que cultivamos na distância,
Toda saudade contida na esperança:
Tudo isso fará de nós um só ser.

Quando você chegar...
Vou tomar passiflora,
Vou inundar meus olhos,
Vou levar lenço de seda,
Vou lhe presentear com orquídeas.

Vou rezar pelas nossas vidas.
Pode ser que suceda
Que eu me deságue em choros
Diante de sua paz minha senhora
Quando você chegar.

Foto de Mitchell Pinheiro

Rainha da Primavera

A rosa é a rainha das flores
Formosa que encanta o olhar
Valiosa que inspira amores
Serena como as ondas do mar

A rosa reflete cuidado
Simboliza a visão da pureza
Oferta seu néctar adocicado
E exala o perfume da natureza

Mas ao reclamar o trono das maiores qualidades
Muito grandemente se ilude a pobre rosa
Pois a mãe das mais belas virtudes da humanidade
És flor muito mais honrosa

A dona do néctar mais doce que acalma o mais indomável
De pétalas perenes que exalam perfume inigualável
És mãe! flor que floresce do céu e semeia o amar
Que renasce na gestação e vive pra cuidar

Minha mãe és a rainha do mais belo jardim mundano
Nao existe mais perfeita flor
Que quando erra, erra amando
E conserta seus erros com amor.

Não há vida sem essa flor graciosa
Quem tem mãe nunca está sozinho
Tem o néctar, o perfume e a pureza da rosa
E um abraço protetor que nunca ofertará espinhos.

Mitchell

Foto de Gui❤Lari

Você é tudo que eu preciso

Uma década se passou
e a chama que arde em meu peito
está mais acesa do que nunca
o gigante adormecido despertou
voltamos a nos encontrar

Que essa explosão de sentimentos
Indescritíveis, inexplicáveis
Renasçam
Surgindo como o nascer de um novo dia
Brilhante e iluminado

Pois quando eu me afogava
Em um mar de solidão
Você ressurgiu
Resgatando meus sonhos
Trazendo-me a alegria de viver

Amadurecemos!
Sabemos onde precisamos chegar
E o futuro, que exista!
Incerto, secreto
Viveremos o presente

Insistentemente ou inconscientemente
Nossos sentimentos se completam
Amor proibido
Amor Bandido
Que rouba minha paz

Quero vive-lo intensamente
Que nossos lábios
Finalmente se encontrem
E sem pudores
Saciaremos o mais profundo desejo

Loucos, insanos!
Quem sou eu pra falar
Nasci, cresci e te conheci.
Na mais bela das noites
Apaixonei-me

Dos seus lábios surgiu a ideia
Disse que éramos namorados
Enfeiticei-me pelo seu sorriso
Descobri que afinal...
Você é tudo que eu preciso

Foto de Arnault L. D.

Mosaico

Algo em mim é a terra
e algo de mim é o ar.
Trago em mim campo e serra,
espuma da onda a espraiar.

Cresceu comigo a estrada,
passos, trama em desalinho.
Qual linha a tecer fiada
e me fez assim, caminho.

Algo em mim é a terra
e algo de mim é o mar.
Trago confim o que encerra,
velhos passeios do lugar...

Planta de longas raízes
ligada ao berço a distância,
nutre a seiva, reprises
do viver, lar e infância.

Algo em mim é a água,
bebida, sentida, igual.
Oceano, chuva, mágoa,
mar, suor e lágrima... sal.

Sou também a minha casa,
cidade, bairro, a rua...
Donde fui, e criei asa,
cada, em mim, continua.

Foto de Costa e Abrantes

Voltei

Voltei

Eu voltei sem investimentos parcos do narrar
Querendo em demasia sua boca beijar
Tua região íntima apalpar
Nadar em teu corpo mar
Até me afogar

Engolir água e mais águas
Até me viciar
Eu quero voltar
Para brincar
Ver-te pular
Analisar o teu cavalgar

É vultoso cunhar
Quando eu começar
Não pararei de te amar
Mordiscar
E gozar
Dentro, fora
Aqui e acolá
E só para variar
Deixe-me o teu ânus
Penetrar
Porei devagar
O teu mel irá transbordar
Eu irei me afogar
De tanto contigo trepar

Foto de Siby

Laços e abraços

Laços e abraços

Quando a vida parece revirar,
Agitada como o mar na tempestade,
Ou parada, no tédio, vivendo de saudade,
Procura-se algo para se agarrar.

Para se salvar, é preciso se amarrar,
Como amarras, usar laços de ternura,
Pois é certo que o amor ajuda e cura,
Sempre há algo ou alguém para amar.

É como o sol que faz a linda lua brilhar,
De tão longe, com seus raios a abraça,
E na noite escura com sua luz a enlaça,
E a luz do sol através da lua vem nos iluminar.

Somos um pouco sol, um pouco lua,
Quando fortes, muita gente ao redor,
Quando frágeis, precisamos de calor,
E de abraços, como a lua que no céu flutua.

Faço um balanço, jogando laços,
Sonho que brinco com a lua,
Que é minha, que é tua,
Entre laços e abraços.
(Siby)

Foto de P.H.Rodrigues

Pancada

Hoje, só hoje, abre os olhos
abre a boca, olha o teto
senta-se, olha, olha e fica quieto.

Só hoje. Levanta-se, caminha
até a janela, e olha, olha reto
olha o mar, olha o céu, olha atento.

Só hoje, só por hoje, bate nas bochechas
ficam vermelhas, esfrega os olhos
boceja, mexe no cabelo, sorri, faz uma careta,
eletrocuta-se, retira-se do mundo, dos sonhos.

Age como um fóton em movimento
o quarto teu torna-se pequeno
torna-se elétron agitado, sente-se obrigado
sente-se contentemente necessário, saltar de camada.

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