Mal

Foto de sonhos1803

Faça algo

Não vou ser uma borboleta morta nas tuas mãos,
Não vou mais viver como irmãos,
Não vou mais te esperar a porta,
Não quero mais escutar o silencio da noite,
Não vou mais lembrar da tua boca na minha,
Não vou mais esperar pra você me dispensar,
Cansei de brincar,
Cansei de tanto ansiar,
Cansei de me consolar com tão pouco,
Cansei de teu jeito morno,
Quero o fogo que me queime,
Quero que se lembre,
Quero que acordes com minha voz,
Quero tudo que puder,
Não me importo mais,
Só quero mais,
Mais de nós,
Ficar a sós,
Ter-te quieto cativo em meus lençóis,
Quero brigar,
Fazer-te parar,
Quero te abraçar,
Ver-te calar,
Quero colar minha boca na tua,
Quero virar a tua rotina,
Quero me afogar,
Queimar,
Mas te fazer gritar,
Prefiro que me odeie,
Se queixe, me deixe,
Faça-me calar, me faça mal, me faça sofrer,
Mas faça logo,
Faça algo.

Foto de Carlos eduardo S. Rocha

Separação

Quero partir sem saudade
Mesmo que o dia me traga lembranças
Desprezo, incomodo, medo e receio
Estou descontente

Praga, víbora, cascavel
Me envenenaste com seu beijo
Perturba os meus sonhos
Aterroriza meu peito

Me mataste de horror
Apunhalaste minhas costas
Com sua faca mascarada
E rasgaste meu coração

Embrulhado feito em pedaços
O sangue vermelho escorre
E o mal que me fez será a minha tristeza.

Carlos Eduardo S. R.

Foto de iDinho

Em cena, um amor


Ah!
Meu coração ainda bate.
Num pedaço insano que passo de momento
A fé dá lugar a vagas gostas deste mal.
O silêncio.

Puro encanta os que hoje me assistem.
Singelo destaca a brancura do salão.
Ingênuo aceita o que todos pensam de si.
Inconformado culpa a ânsia de minha dor.
Mórbido vem curar tuas chagas.

A ferida se fecha.
Num instante vago,
A luz que transpassa a barreira imposta pela dor
Que o amor sofrido traz-te de tempos
Recompõe-te enfim, da vida, a esperança de um novo começo.

Não a feche. Abra.
As cortinas que indicavam em outros tempos
O fim de mais um show, hoje à platéia dá novo sentido.
É meu fim. O palhaço velho, um dia novo, neste antro,
Bem-vindo parece já não mais ser.

O bom ator sabe quando o texto acaba.
A menina moça, que fantasiava o amor perfeito,
Esquece-se do relicário no qual sua vida apostara.
E mais uma vez, no final do ato,
A beleza deste palhaço renega a si mesma.

E como uma história sem fim,
Um beco sem saída põe-se diante da fala esquecida.
- Mas pago-te para isso, palhaço!
- Anime-me.
Uma criança mimada grita do colo do pai.

- Maria!
Aquele homem sua atenção chama.
Mas para quê?
Um segundo inútil vive este amor.
Sua graça já não é a mesma.

Quebro-me em mil pedaços.
O silêncio que toma o lugar à minha mente faz latejar.
Faria bem ir embora, mas algo me segura.
A vinda de um próximo ato, por fim,
Mostra que a vida é bela.

A alegria do palhaço ao rosto dos expectadores emplaca
Um sorriso que ultimamente não via.
E o silêncio então que em poucos detalhes
Esconde-se atrás de uma gargalhada como se na verdade não existisse
Dá lugar à esperança de um momento belo à vida deste coitado.

Quero descansar.
Não bate mais aqui um coração.
Aprendi a viver sozinho, e às críticas elogiar.
O amor da menina que a mim reclamara
A faz esquecer hoje depois de tempos que um dia neste coração um amor fez brotar.

-----

Que próperos oh amada sejam os dias que contigo
de cinco em cinco anos venha a me casar.

A você Anna. Com amor,
dinho.

Foto de allynne

Até mais!!!

Às vezes a distancia ajuda a gente perceber o quanto uma pessoa é importante pra nós... Por isso guardarei meus sentimentos e irei pra longe de você sem olhar pra traz, sei que a nossa historia não termina aqui, mas você está me fazendo mal, preciso me afastar, você não deve nem imaginar o mal que me fez, você esta tão longe de entender que te amo de verdade... Mas preciso deixar uma coisa bem clara, tudo muda, pessoas mudam e principalmente sentimentos mudam, então não demore muito pra perceber a falta que eu faço pra você, porque pode ser tarde demais...

Foto de BI_BI

solidao... ou confusao....????

Sentado a beira de um lago
Olhando o sol se por
vendo as lagrimas cair de um lado
Brincando calmamente com uma flor,
Sera que bem-me-quer??
Sera que mal-me-quer??
Eis a pergunta que bate
La no fundo do coracao
Sentindo a saudade
De uma louca paixao.
Oh triste solidao...
Como podes me dominar???
Nem sei aonde ir,
Nem mesmo o que pensar???
Sera que tudo nao se passa
De uma tremenda confusao
O que esta acontecendo
Com meu pobre coraçao???
Esta sofendo novamente de um amor
De uma grande ilusao!!!

Foto de Izaura N. Soares

O mais belo sonho

Autor: Izaura N. Soares

Das noites mal dormida...
Um sono inquieto...
Me entrego nas lembranças
De um sonho que não sonhei.

De todos os sonhos que vivi
O mais belo foi quando te conheci
Você sentado à beira da praia com
Um olhar envolvente, e logo os
Meus olhos procuravam por ti.

Todos pensamentos bons que tive
Neles você sempre esteve presente,
Com um sorriso maroto, cheio de
Vida e emoção parecendo um
Garoto inocente.

Quero viver intensamente a magia
Desse amor,
A magia desse encanto,
Explodi-me de desejos,
Voar para o mundo de sonhos...

E quando o Sol se pôr,
A escuridão da noite chegar,
Sempre haverá uma luz à acender;
A chama desse amor!

Foto de joão jacinto

Retalho de gente

Sinto-me retalho de gente,
objecto desvalorizado,
chuva batida a vento,
tecto sem telhado,
palavra não dita,
forno que não esquenta,
voz que não grita,
boato que se inventa,
gota no charco,
árvore já morta,
violino sem arco,
quinta sem horta,
pele mal amada,
espectáculo sem artísta,
qualidade não controlada,
palhaço malabarista,
tv a preto e branco,
relógio sem ponteiros,
pirata manco,
tiros não certeiros,
corno manso,
intriga mal parida,
mudo ganso,
sapato de alma partida,
cadelabro sem velas,
dia, de noite apagado,
ombreiras sem janelas,
nevoeiro cerrado,
bosta de besta,
cão rafeiro,
verga entrelaçada de cesta,
pantomineiro,
mosca sem asas,
copo sem bebida,
rua sem casas,
beco sem saída.

Foto de joão jacinto

Mortais pecados

Olho-me ao espelho, debruado de talha,
luminosamente esculpida, dourada
e pergunto-me ao espanto das respostas,
na assumida personagem de rainha má,
quem sou, para o que dou, quem me dá.
Miro-me na volumetria das imagens,
cobertas de peles enrugadas,
vincadamente marcadas,
por exageros expressivos,
de choros entre risos,
plantados nos ansiosos ritmos do tempo.
Profundos e negros pontos,
poros de milimétricos diâmetros,
sombras cinzentas, castanhos pelos,
brancas perdidas entre cabelos,
perfil de perfeita raiz de gregos,
boca carnuda, gretada de secura,
sedenta de saudosos e sugados beijos
de línguas entrelaçadas,
lambidelas bem salivadas.

Olho fixado no meu próprio olhar,
de cor baça tristeza,
desfocando a máscara, de pálido cansaço
e não resisto ao embaraço de narciso;
sou o Deus que procurei e amei,
em cumprimento do milagre
ou o mal que de tanto me obrigrar, reneguei?
Sou o miraculoso encantador a quem me dei
ou a raposa velha, vaidosa, vestida de egoísta,
com estola de alva ovelha, falsa de altruísta?

No meu lamento, a amargura porque matei;
sangrando a vítima, trucidei-a em ranger de molares,
saboreei nas gustativas variados paladares,
viciadas no prazer da gula do instintivo porco omnívoro.

Rezo baixinho, cantarolando, beatas ladainhas
de pecador que se rouba e se perdoa,
a cem anos de encarceramento.

No aliciamento cobiçante de coxas,
pertença de quem constantemente
me enfrenta, competindo nas mesmas forças,
traindo-me na existência do meu possuir,
viradas as costas, acabamos sempre por fingir.
Entendo velhos e sábios ditados,
não os querendo surdir em consciência.
Penso de mim, a importância de mais,
que outros possam entender,
sendo comuns mortais,
minha é a inteligente
certeza do enganar e vencer.

Sadicamente bofeteio
rechonchunda face de idealista tímido,
de quem acredita e se deixa humilhar,
dá-me a outra, para também a avermelhar.

Vendo-me a infinitas e elegantes riquezas,
de luxúrias terrenas, orgias, bacantes incestuosas,
sedas, glamour, jóias preciosas,
etiquetas de marca,
marcantemente conotadas
que pavoneiam a intensa profundidade da alma.
Salvas rebuscadas, brilhantes de pesada prata,
riscadas de branco e fino pó.
Prostitui-me ao preço da mais valia,
me excita de travesti Madalena,
ter um guru para me defumar, benzer e perdoar,
sem que me caía uma pedra na cauda.

Adoro o teatro espectacular,
encenado e ensaiado em vida,
mas faço sempre de pobre amador,
sendo um resistente actor.
Escancaro a garganta para trautear,
sem saber solfejar.
Gargarejo a seiva da videira,
que me escorre pelo escapismo do meu engano,
querendo audaciosamente brilhar,
descontrolando o encarrilhar,
do instrumento das cordas da glote,
com a do instrumento pulmunar
e desafino o doce e melódico hino.

Sou no vedetismo a mediocridade,
que se desfaz com o tempo,
até ser capaz de timbrar,
sem ser pateado.

Acelero nas viagens
que caminham até mim,
fujo do lento e travo de mais.
Curvas perigosas, apertadas,
que adrenalinam a fronteira do abismo.
Fumo, bebo a mais
e converso temas banais,
por entre ondas móveis,
que me encurtam a pomposa solidão,
nada é em vão.

Tenho na dicção um tom vibrado e estudado,
de dizer bem as palavras que sinto,
mas premeditadamente minto
e digo com propósito sempre errado.
Sou mal educado, demasiado carente,
enfadonho, que ressona e grunha durante o sono.
Tenho sempre o apreçado intuito do saber,
do querer arrogantemente chamar atenção,
por me achar condignamente o melhor, um senhor,
sem noção do que é a razão e o ridículo.
Digo não, quando deveria pronunciar sim.
Teimosamente rancoroso, tolo,
alucinado, perverso, mal humorado,
vejo em tudo a maldade do pecado.
Digo não, quando deveria embelezar a afirmação.

Minto, digo e desfaço-me de propósito em negação.

Mas fiz a gloriosa descoberta do meu crescer,
tenho uma virtuosa e única qualidade;
alguém paciente gosta muito de mim.

Obrigado!

Tenho de descansar.

Foto de TrabisDeMentia

Poema chato

Tem poema chato
Que fala e não diz nada
A pessoa começa a ler
E vê-se logo que não tem jeito nenhum
Está mal estruturado
E é chato
E depois a pessoa se farta de ler
Cansa logo ao principio
Pois não tem jeito nenhum e não diz nada também
E se prestarmos atenção ele nem rima
E mesmo quando rima é uma rima sem clima
Que tá sempre em cima da rima de cima
Que quer rimar e rimar
E é tão chata que faz chatear
De tão chata que é
È mesmo! Tem poema assim sim
Dando em cima de mim se repetindo
Poema chato assim não dá pra ler até ao fim
E pior é quando tem erro otorgáfico
Erro otorgáfico e fica se repetindo
Coisa chata
Aí a gente dá um fora nele e passa para outro
Outro poema
Um poema melhor estruturado
Que esteja um pouco melhor rimado
Que não seja tão pesado
Mas que ainda assim será desajeitado
Pois tem vezes que é forçado
E os tempos não batem certo
E o que ele quer dizer é incerto
E tudo o que diz fica aberto
E para rimar ele diz "decerto"
E para finalizar o esquema
Ele muda de tema
E passa o dilema
Para um outro poema
Um poema que
Embora não diga nada
Já diz algo a muita gente
Sua rima é acertada
Sua estrutura coerente
Mas deixai ele crescer
Em tamanho e qualidade
E aos seus olhos irão ver
Um poema de verdade
Ele vai ganhando uma postura
Que encanta quem o lê
Ganha logo uma doçura
Vá-se lá saber porquê
E de repente se sustem
Olhem olhem que lá vem
Shhh...
O poema se solta
Desamarra os seus cabelos
Olhai! Vê-de que belos!
Que singelos!
Que bom que é lê-los!
Eles escorrem para papel
Como a tinta de um pincel
Escorre para a tela
E lá vai ela
Livre encantada e bela
Despreocupada!
Pintando a aguarela
Com mãos de fada!

Foto de Joao Fernando

FOI BOM

*O que era apenas pra ser uma brincadeira...
Uma transa e nada mais!
Foi crescendo, crescendo, me absorvendo e,
De repente eu me vi assim completamente seu
Vi a minha força amarrada no seu passo
Vi que sem você não tem caminho, eu não me acho
Vi um grande amor gritar dentro de mim como eu sonhei um dia

Quando o meu mundo era mais mundo
E todo mundo admitia
Uma mudança muito estranha
Mais pureza, mais carinho, mais calma, mais alegria
No meu jeito de me dar*

Guardo dos teu lábios as marcas do beijo ainda tímido
Embora, envolvente ficou no ar... Se perdeu no ar da inocência
Havia tanta coisa nesse momento pra se dar
Mas o tempo e o espaço foram implacáveis
E nos deixou ainda mais confusos e, ao mesmo tempo esperançosos

Há ainda sim a esperança de que tudo dê certo
Os seus olhos e os meus provam isso
Nossos corações estão à beira da rampa
Prontos pra mergulharem no mar da entrega e da paixão

Foi muito lindo... Foi ver você ali na minha frente
Quando te vi o aperto do coração foi inevitável
Havia as pessoas, os sons, o movimento mas,
Nesse momento só havia você e nada mais
Como és linda! Tanto quanto eu imaginei

Quando toquei nos teus braços meu corpo estremeceu
Senti uma espécie de alívio e tensão ao mesmo tempo
Alívio porque finalmente consegui te tocar
Tensão porque minhas palavras se calaram
Tanto queria dizer e nada disse

Disfarçei o meu olhar, os meus gestos
A minha ansiedade e os meus desejos
Não porque quisesse, mas foi inevitável
Pelas pessoas que alí estavam... Pelo medo também
Medo de que não me quisesse
Medo de que não me aceitasse

Procurava todos os motivos pra ficar ao seu lado
Queria dançar com você... Me colar no seu corpo
Beber da sua bebida... Me embriagar da sua presença
Sentar ao seu lado e sentir o seu cheiro

Tudo foi muito rápido ou, corria o risco
De falar tudo rapidamente e ser mal compreendido
Ou falava devagar e ver que o tempo não ia permitir falar tudo
Não havia outro jeito
O que restou foi a expontaneidade e a emoção...
Mas foi bom... Muito bom. FOI BOM! Foram as suas últimas palavras

* Parte da letra da música "sonhos" de autoria de Peninha.

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