Lua

Foto de Arnault L. D.

Infinitésima

Amor, somente a palavra
já abre uma luz... e é luz.
Uma brisa a soprar nuvens,
que naco de céu já livra
do não azul, que não fez jus
e nos sequestra de reféns.

Mas, foge apenas a menção,
e incide um lusco-fusco,
hiato entre sol e lua,
à vida e morte, faz seção.
No infinitésimo busco
o ar da palavra sua...

Amor, intangível fato,
que contrasta de nuança
o imaginário na imagem,
no retrato o abstrato.
Verbo que ao falar se lança,
e muda os ventos que agem.

Foto de Siby

Laços e abraços

Laços e abraços

Quando a vida parece revirar,
Agitada como o mar na tempestade,
Ou parada, no tédio, vivendo de saudade,
Procura-se algo para se agarrar.

Para se salvar, é preciso se amarrar,
Como amarras, usar laços de ternura,
Pois é certo que o amor ajuda e cura,
Sempre há algo ou alguém para amar.

É como o sol que faz a linda lua brilhar,
De tão longe, com seus raios a abraça,
E na noite escura com sua luz a enlaça,
E a luz do sol através da lua vem nos iluminar.

Somos um pouco sol, um pouco lua,
Quando fortes, muita gente ao redor,
Quando frágeis, precisamos de calor,
E de abraços, como a lua que no céu flutua.

Faço um balanço, jogando laços,
Sonho que brinco com a lua,
Que é minha, que é tua,
Entre laços e abraços.
(Siby)

Foto de ltslima

Sonhos

Os sonhos não morrem
Apenas correm,
Atrás de nossas vidas
Sugando nossas vontades
De abdica-los como o mel
O mel que é sugado por abelhas.
Como o pão
Em fatias lentamente...
Sentindo o sabor do trigo
Em cenas oblíquas.
A lua por testemunha dorme,
A espera do sol
A deitar em leito vazio do amor
Que se foi.
Deito em grama verde
a espera de você
Olhando o claro vulto
Que caminha no céu.
Tento pensar
Mas o frio penetra-me a alma
Esperando sua chegada
Meu trajeto
Será conduzido com flores brancas.
Apenas penso:
Pergunto o porque de tudo
Nunca mal te fiz,
Porque?

Ltslima

Foto de Izaura N. Soares

Almas Desprovidas

Almas Desprovidas - (Soneto)
Izaura N. Soares

Desprovidos dos olhares, desperta
O sono desprovidos de sossego.
Ao som da noite intrigante, o desejo,
De um amanhecer do dia em alerta.

Despreza-se o dia que se aperta
Por uma escura nuvem furiosa,
A Lua, com seu resplendor, a luz formosa
Ilumina, brilha a noite deserta.

Caem os semblantes dos olhares tristes,
Das noites que, mal dormidas em transes,
Recaem sobre elas a insonia que insiste.

Andam tristes as almas desprovidas,
Desprovidas de amor, paz e alegria
Para se esconder-se da luz, que é vida!

Foto de ltslima

Sonhar

Os sonhos não morrem
apenas corre atrás de nossas vidas
sugando nossa vontade de abdica-los
como mel é sugado por abelhas.
Como o pão em fatias
lentamente...
sentindo o sabor do trigo
em cenas obisquas.
A lua por testemunha
dorme, a espera do sol
a deitar em leito vazio
do amor que foi-se.
Deito em grama verde
a espera de você
olhando o claro vulto
que caminha no céu.
Tento pensar
mas o frio penetra-me a alma
esperando sua chegada
meu trajeto será conduzido
com flores branças.
Apenas penso:
e pergunto o porque de tudo
nunca mal te fiz,
Porque?

Ltslima.

Foto de Arnault L. D.

Pedras da Lua

O amor, mesmo consumido
jamais torna-se em nada.
Ele muda o jeito sentido,
torna-se encanto de fada...

Doce a amargar a boca
e aos olhos úmidos brotar,
feito em tristeza; a concha oca
de ser, porém, não mais estar.

O amor está aonde ecoa,
o meu, está em mim, quiçá...
Em não sei está, se escoa,
nalgum lugar do tempo há.

Juntos no oculto, sob a lua,
ouço um eco assim dizer,
palavras doces da voz sua,
antes de tê-la e me esquecer.

Assim, espreito tal um voyer.
Vultos sentir qual foi sentindo,
com olhos da alma mister
reve-la fora ao mundo infindo

No intáctil ainda se ama...
Rir lágrimas secas, velho jogo.
No frio carvão, sopro chama,
logo se inflama e luz o fogo.

Ainda estou em mim guardado,
preservado onde fora aquém.
Tempo, ruas, vez fossilizado,
nas pedras que a memória tem.

Foto de ArielFF

Poesia de papel

Minha poesia já não tem sabor
Não tem cor
Não tem cheiro
E nem vontade

Minha vida já não tem amor
Tampouco dor
Sofrimento
Ou vaidade

Meu domingo não tem sofá
Não tem musica
Não tem lua
E nem saudade

Minha garganta não tem nó
Nem no estômago borboleta
No meu olhar não tem brilho
No meu jardim nao tem violeta

Foto de Daniel Sales Rodrigues

ESTRELA CADENTE

Um dia sonhei tocar o céu
E vi estrelas da cor destes olhos teus
Enquanto a lua sussurrava amor;
Num despertar acordei-me a teu lado,
Segurava tua mão suavemente,
É que no momento do sonho
Eu apanhava uma estrela cadente!

Foto de Alexandre Montalvan

Roubaram-me a luz

Roubaram-me a Luz

Sopra oh vento na minha boca
cálidas gotas de aroma das flores
murmura em cantos com a voz rouca
embaça-me com teus olhos devastadores.

Em outros olhos não vejo os teus
em outras bocas não vejo a tua
desilusão, solidão é mais que adeus
e as nuvens negras escondem a lua.

E é tão pouco o que me resta
migalhas, um mar triste, apagado
escuridão de uma noite funesta
até a luz da lua me é negado.

Neste desejo que consome
que angustia o coração
são as vermelhas nuvens de fantasias
ao me ver naquilo que nem todos se verão

Alexandre

Foto de Arnault L. D.

Enamorado

É doce ao paladar,
das palavras o gosto;
é música ao ouvir
o som que professar.
É brisa para o rosto
o que do amado vir.

É luz a se espalhar,
na noite, a lua cheia;
é beira-mar aos pés,
na maciez, molhar.
É arte à alma. ceia,
clara a vejo, se me és.

É tal desta maneira
que o amor, a revelia,
a coisa que convém
forja tal verdadeira
no que só há em poesia,
como esta que me vem.

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